terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Promulgar ou a vã gloria de protestar!


E prontos lá passámos umas horas em ansiedade (à brava!) a espera do que tão importante tinha o nosso primeiro - ai perdão - presidente para dizer. Desta vez já sabíamos que não era sobre a resignação nem nenhuma doença maligna que soprava para os lados de Belém mas tão só o estatuto do imperador ming dos açores... pronto é só da região autonóma mas da maneira que Cavaco fala parece que é uma coisa proveniente das entranhas do mal.

Falou, ameaçou, falou, barafustou, ameaçou outra vez e no fim sempre o mesmo desfecho.. faz lembrar o Sr. Augusto da mercearia: - Ai menino isso é muito difícil de arranjar, mas vamos ver o que se arranja!

Chegados ao dia não falha... promulga sempre!

domingo, 28 de dezembro de 2008

Vírus ataca jornalistas

O Pedro Correia chama a atenção para um mal que ataca o jornalismo. Infelizmente, não é só com a gripe. O vírus estende-se a quase todas as notícias. Não há acontecimento passado em Portugal que não seja acompanhado com as expressões que mostram bem a pequenez mental do país. São do género "no nosso país", "o nosso presidente", "somos os mais... (qualquer coisa relacionada com sondagens)", e mais, muito mais.
O jornalismo, em Portugal, ainda não percebeu que o país é de imigrantes. E esses imigrantes lêem jornais, ouvem a rádio e escutam, com a devida atenção, as notícias na televisão. Muitos até votam, imagine-se, e têm nacionalidade portuguesa, apesar de se considerarem pertencentes a um outro país. Mas não são estranhos por cá. São apenas estrangeiros.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

A outra forma de não escrever "estagnação"

A agência Lusa noticiou que o governo espanhol vai aumentar o salário mínimo em 3,5 por cento. No mesmo "take", a agência noticiosa tratou de recordar que o Governo português também decidiu aumentar o salário mínimo, mas em 5,6 por cento.
A notícia seguinte da Lusa contava que Moscovo vai apoiar 295 empresas para "contrariar os efeitos da crise" e até já publicou a lista das contempladas. Mas, ao contrário do salário mínimo, a Lusa "esqueceu-se" de fazer a comparação com Portugal e nem sequer fez referência aos apoios do Governo português.
Nem só de "estagnação" se fazem "notícias" na Lusa.

O Mundo ao contrário

O PCP recusou-se a comentar, para a comunicação social, a mensagem de José Sócrates com o argumento que "estamos no natal e, por isso, não se fala de política".

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Os assessores de porra nenhuma - 2

A Câmara de Sines queixa-se ter solos contaminados e culpa o Ministério do Ambiente por ignorar o assunto. Resposta de uma assessora do ministro do Ambiente à pergunta de um jornalista da TSF:

"Vou saber o que se passa, ligue-me daqui a meia hora".

Meia hora depois, a assessora tinha o telemóvel desligado. Nas horas seguintes, continuava na mesma.
Um ordenado de um assessor anda à volta dos 3.500 euros/mês.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Os assessores de porra nenhuma

Os jornalistas brasileiros usam amiúde uma expressão sempre que se referem a um determinado assessor que só serve para empatar. Chamam-lhe ASPONE: Assessor de Porra Nenhuma.
Na série "Sim, sr Ministro", o chefe de gabinete defende a teoria que um bom assessor é aquele que nunca responde às questões dos jornalistas, provocando cansaço e, como consequência, uma desistência.
Isto vem a propósito do verdadeiro exército de assessores, quase todos ex-jornalistas, que formiga os ministérios. Esta noite, antes das 23horas, tentei falar com Manuel Pinho. Pensando que um assessor, no caso uma assessora, serviria para alguma coisa, tentei primeiro o contacto com ela. Simpática, prometeu falar com o ministro e depois daria uma resposta. Minutos depois voltei a ligar. Não atendeu. Fiz uma segunda tentativa, também sem sucesso. Tentei uma terceira vez e... nada. Decidi ligar directamente para o ministro. Sucesso. Manuel Pinho foi entrevistado, contou-me o que sabia, evitou falar sobre o que não lhe interessava. O normal, portanto.
A Aspone, a esta hora, deve estar, deleitada, a ver o "Sim, sr Ministro".

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Já é da casa

Pedro Silva Pereira esteve esta noite na SIC-Notícias. Desconfio que o ministro da Presidência conhece tão bem as cadeiras dos estúdios do canal de Carnaxide como as do seu gabinete.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Até Sócrates já foi uma criança

A partir de agora é assim: o primeiro-ministro apenas se pronuncia sobre um tema da actualidade depois de obrigar quem o escuta a ouvir uma reflexão íntima sua.

A meio do Jornal da Tarde da RTP a emissão passa para Sabrosa, em Vila Real, onde José Sócrates participa no lançamento da primeira pedra do centro de estudos Miguel Torga, com a apresentadora a dizer que “mais do que as inaugurações impõe-se um comentário do primeiro-ministro a questões de actualidade”.

Era bom, era. A bola passa para a repórter no local:

“Impõe-se naturalmente esse comentário a questões da actualidade, mas o primeiro-ministro aceitou falar em directo com a RTP mas fazendo essa homenagem a Miguel Torga (ou seja, Sócrates impôs como condição falar antes sobre Miguel Torga), o homem que (aqui ela vira-se para Sócrates), já o ouvi dizer, o marcou, o ajudou a conhecer-se a si próprio e a Portugal”.

“Sabe, Miguel Torga ensinou-me pela primeira vez a beleza que pode conter a palavra fraga. Eu vinha com o meu pai, na minha infância, para Trás-os-Montes…”, e lá prosseguiu a descoberta em directo do lado humano do PM, enquanto Pedro Sousa Pereira observava com o seu sorriso giocondiano.
Se Sócrates lhe toma o gosto ainda acabamos com um programa qualquer inspirado no "Aló Presidente", do seu amigo Hugo Chavez.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

E a Madeira aqui tão perto

Hoje foi um dia histórico na Assembleia da República. O PSD, ainda ferido por ter tido deputados faltosos a semana passada, resolveu pedir a votação imediata do estatuto dos Açores logo a seguir ao final do debate. Alguém do grupo pegou na aritmética e reparou que os deputados do PS não estavam todos presentes o que daria uma vitória estrondosa a quem já tinha anunciado a abstenção.
Aflitos com o que, de facto, poderia dar, os socialistas atrasados começaram a entrar aos magotes, em grupos de três, quatro e até seis. Para o espectáculo, o PSD optou pelo barulho. Resultado: os trabalhos foram suspensos e a mão protectora do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, permitiu a votação depois das 12horas, garantindo que o rebanho socialista estaria presente.
Mal recomeçou a sessão, Jaime Gama fez um dilacerante apelo:

"Senhores deputados, por favor, peço que não saiam da sala!"

Com a devida obediência, os deputados votaram, fila a fila para que não houvesse dúvidas e se acalmassem os nervos. O estatuto político-administrativo dos Açores foi aprovado. Desta vez, com a novidade de ter a abstenção do PSD quando antes tinha votado favoravelmente. As objecções do Presidente da República caíram assim em saco roto.
Para história, de facto, fica o dia do ano mais atribulado da Assembleia e a agitação transformada em espectáculo para se ver numa televisão mais logo à noite.

Os poetas vivem noutro mundo

Manuel Alegre em entrevista à RTP, ontem à noite:

"Ainda não sou o Presidente da República"

E acham mesmo que alguém daria pela diferença?

É «muito pouco provável» continuar deputado, diz Manuel Alegre.

Conhece o teu inimigo


A frase é atribuída ao sábio-guerreiro chinês Sun Tzu.

Uma máxima desenvolvida por Sócrates e pelo seu governo da seguinte forma: “se for fraquinho rebenta-o todo; se for maior que tu, finge que és mau, mas depois pede desculpa e explica-lhe que estavas a brincar”.

Com os professores e os trabalhadores por conta de outrem que tenham as contas com o fisco em atraso, o governo é implacável na réplica verbal, intransigente na postura política.

Com a banca, foi o que se viu. Teixeira dos Santos avisou que o governo podia retirar as linhas de crédito concedidas aos bancos, porque as mesmas tardam em chegar aos destinatários finais.

A banca franziu o sobrolho e Teixeira dos Santos não só recuou, como até prometeu mais apoios.

O cúmulo da parvoíce é...

...uma cidade onde praticamente não neva (e a pouca neva que cai derrete de seguida) pintar os passeios de branco. Parece rídiculo, mas acontece mesmo, naquela a que alguns chamam a "capital da Europa"...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A "lupa" está desfocada

O PSD, na Assembleia da República, quer ouvir o conselho de redacção da agência Lusa, por causa das declarações do director feitas ontem. Bem, não todo o PSD. Há pressões sociais-democratas feitas sobre os deputados para "esquerecem o assunto".
Há uma razão para isso: o que importa mesmo é assegurar, custe o que custar, a ordem perfeita. Hoje manda o PS, amanhã manda o PSD e o Tratado de Tordesilhas do Bloco Central não pode ser riscado. Há sempre muitos lugares para preencher.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Juntos na desgraça

O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, esteve mais de 15 minutos a explicar ao líder parlamentar do CDS, Diogo Feio, como se chefia uma equipa amputada de um elemento. Foi comovente ver a solidariedade do dirigente comunista, que o ano passado ficou sem a deputada Luísa Mesquita, transmitida ao dirigente centrista que, esta semana, viu "fugir" o deputado José Paulo Carvalho.

Importa-se de repetir?

A votação do Parlamento Europeu contra a semana laboral de 65 horas constituiu uma oportunidade para Vieira da Silva recordar orgulhosamente que, quando em Junho os governos dos 27 aprovaram o diploma, “a posição do governo português não foi favorável, não estivemos na maioria que aprovou este consenso”.

Repare-se na subtileza: Vieira da Silva não diz que Portugal esteve contra, diz apenas que não esteve a favor. “Como sabem, pelas regras do funcionamento do Conselho o que conta é a quantidade de votos a favor”, explicou o ministro em tom paternal. E tem toda a razão. Não obstante conhecerem estas regras tão bem como os representantes portugueses, a verdade é que as delegações espanhola e grega presentes naquela reunião votaram contra (apesar de o ministro dizer que "não, não é verdade"), tal como atesta um documento do Conselho da União Europeia, onde se pode ler igualmente que Portugal esteve entre os cinco países que se abstiveram.

O diploma que permite dilatar a semana de trabalho até às 65 horas e, em alguns casos, até às 78, tinha a aprovação assegurada, mas aqueles dois países não quiseram deixar de se demarcar de tal decisão.

Talvez por discordarem da tirada deixada por Vieira da Silva hoje em Bruxelas:

“Não há distinção nenhuma entre o voto contra e a abstenção”.

Olhe que há, olhe que há…

A agência pela "lupa" dos deputados

O director da Agência Lusa, Luís Miguel Viana, está a ser "apertado" pela oposição, numa comissão parlamentar, por causa da forma como a agência noticiosa - a única portuguesa - conta como andam as glórias do Mundo. Os deputados do PSD estiveram todos presentes, mas três deles passaram o tempo na conversa, a rir e a mascar pastilhas elásticas; os deputados do PS mantiveram-se calados quase todo o tempo e só interromperam o silêncio para "salvar" o director da agência. O deputado do PSD, Luìs Campos Ferreira, ameaça ir "fazer uma sesta" quando chegar a hora dos socialistas intervirem e ofereceu um dicionário à comissão onde estão definidas as palavras "estagnação" e "expansão".
Luís Miguel Viana não responde ao facto do computador "magalhães" ser o campeão das notícias da Lusa em 2008, mas reconhece ter falhado sobre os Açores e sobre a estagnação da economia. No entanto, o director da agência garante que nunca proibiu o uso da palavra "estagnação". E nega ter tido tratamento diferente nas entrevistas de José Sócrates e de Cavaco Silva.
Ah para que se saiba o que está em questão:
O computador Magalhães teve mais notícias do que os professores e o seu conflito com o Ministério da Educação.
A Lusa preferiu substituir a palavra "estagnação" económica por "expansão" perante um crescimento de 0,1 por cento.
Dois antes das eleições nos Açores, a Lusa descobriu que o desemprego tinha sido reduzido nas ilhas e pediu um comentário ao membro do Governo de Carlos César.
A entrevista de José Sócrates, à TSF e ao DN, teve um tratamento completamente diferente na agência do que a entrevista de Cavaco Silva, ao jornal Público".

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Só sei que nada sei

O presidente da Autoridade da Concorrência (AdC), Manuel Sebastião, está na Assembleia da República a apresentar um relatório preliminar. E com uma única conclusão: não há conclusões. Sobre alegados abusos de posição da Galp: zero; sobre o fenómeno da gasolina subir à velocidade do aumento do preço do crude e o contrário não se verificar: zero; sobre alegado cartel das empresas petrolíferas: zero; sobre os painéis nas auto-estradas, há uma notícia: a AdC verificou que há atrasos; sobre as queixas dos aumentos exagerados, há uma única resposta: nos outros países também há queixas idênticas. Em resumo, Manuel Sebastião foi à Assembleia da República apenas dizer isto:

" Tamos (sic) a olhar para os números, tamos (sic) a olhar para os lados, tamos (sic) a analisar, não gostaríamos de dizer nada neste momento. Observamos que realmente o mercado ten vindo a baixar e o preço do gasóleo está abaixo do um euro".

Bem, sem desprimor para a classe, acho que um taxista seria mais esclarecedor do que o presidente da AdC.
São belas as tardes na Assembleia da República

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Quem espera, desespera


Na Escola de Formação Profissional do Seixal há um cartaz (parecido com o de cima das Novas Oportunidades) com a foto de uma menina bonita e com esta frase: "Maria, 18 anos, acabou o 9º ano e optou por um curso de formação profissional". Na lista dos cursos, constam os de manicure, cabeleireiro, vendedor, empregada de loja, soldador, mecânico e outros mais que se encontram nas páginas dos classificados dos jornais.
Durante a cerimónia da entrega de diplomas, com a presença de José Sócrates, comentava-se que os pais da "Maria" apressaram o fim de estudo da filha porque se cansaram de esperar por um, ou dois, dos prometidos 150 mil novos postos de trabalho.
A "Maria" e "Ana Paula", com novos diplomas na mão, têm um largo futuro pela frente: com um pouco de sorte, começam a receber, por mês, uns 400 euros, daqui a uns 30 anos devem ter alcançado o salário de 600 euros.

Talvez alguém o queira

Luís Nobre Guedes deve ter caído do pedestal durante o fim-de-semana: não conseguiu ser eleito a um simples lugar de delegado ao congresso do CDS. E já culpa Paulo Portas por esse grante feito, como se o líder reconduzido tomasse nas suas mãos a consciência dos militantes. Mas Nobre Guedes pode estar descansado e até pode estar a desenhar-se um futuro brilhante: com um resultado destes ameaça ser candidato à Câmara de Lisboa.
A última vez que os militantes rejeitaram alguém - no caso Telmo Correia para a liderança - logo a seguir a direcção do CDS candidatou-o a Lisboa. O resultado foi o que se viu: nem a vereador conseguiu chegar.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Eu é que sou o presidente da agenda - 4

José Sócrates anunciou o plano de combate à crise, no sábado. Mas tratou de o divulgar 24horas antes. Neste domingo, faz mais um programa de descida ao país real numa iniciativa que o executivo deu o nome de "Governo presente". O que pode dar muitas interpretações sobre onde andará o Governo nos restantes dias. A visita governamental passa pelo Barreiro e pelo Seixal, depois de ter começado em Sines, ainda no sábado.
Hoje, Paulo Portas foi a "directas" no plebiscito esperado. E este domingo é o tal dia de encontro das esquerdas. De um lado, Manuel Alegre mais a malta do Bloco, todos desejosos de ter mais um pouco de protagonismo, e do outro a reunião do comité central do PCP.
Por mim, assuntos na segunda-feira e dias seguintes vão ser o plano do Governo e Sócrates em "terras vermelhas". Quem sabe, sabe.
(Bem, a não ser que Manuel Alegre se decida, de uma vez por todas, a criar um partido político e o anuncie no domingo. Mas isso dá tanto trabalho, credo!)

Um plano tão novo como a criação do Mundo

O Governo está a anunciar um pacote de medidas para enfrentar a crise, obedecendo às recomendações do plano de Durão Barroso. A RTP, no seu jornal da tarde, resolveu anunciar a conferência de imprensa do Conselho de Ministros com esta frase:

"O Governo vai anunciar um definitivo plano de medidas para enfrentar a crise".

O tom usado pelo jornalista de serviço fez-me acreditar que Portugal tinha chegado a Marte.
Mas não resisti em assistir aos primeiros pontos do dito plano.
O plano - "definitivo" - começou por José Sócrates anunciar a requalificação em mais de 100 escolas. Ora, que me lembro, pelo menos há mais de um ano que conheço este plano, divulgado pelo próprio Sócrates quando inaugurou uma escola em Torres Vedras.
A seguir passou para o Emprego com a promessa de ser "a prioridade das prioridades". Bem, desde a campanha eleitoral, de 2005, que não se ouve outra coisa da boca do primeiro-ministro, com a tal promessa de criar 150 mil novos postos de trabalho.
E para dourar o plano, lá surgiu a garantia de fazer um fortíssimo investimento em barragens. Eu, pelo menos, já cobri duas apresentações de projectos de barragens e ouvi, com a ajuda do belíssimo power-point, em tendas com luzes azuis ou viradas para o rio e com um "catering" de luxo, a exibição de um conjunto de planos de novas barragens a serem construídas até 2015.
A terminar, seguiram-se as promessas de apoio à exportação e às PMEs. Se escrevesse aqui as agendas do primeiro-ministro e de Manuel Pinho em que fizeram as mesmas promessas, só este ano, precisaria de um blogue à parte.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Tratado de Lisboa, mas só de nome - 2

O governo português demitiu-se totalmente da busca de uma solução para o impasse em torno da ratificação do Tratado de Lisboa (o tal, em relação ao qual Luís Amado dizia que Portugal tinha “uma palavra importante a dizer” e que José Sócrates considerou “fundamental” para a sua carreira política).

No final do Conselho Europeu, hoje em Bruxelas, Nicolas Sarkozy identificou os protagonistas deste processo: o primeiro-ministro irlandês (que foi “corajoso”), o primeiro-ministro britânico (que se revelou “um europeu extremamente construtivo”) e a chanceler alemã (que desempenhou “um papel essencial”).

Eu é que sou o presidente da agenda - 3

Ontem, em Lisboa, o ministro das obras públicas anunciou que o governo iria apresentar brevemente um plano global para enfrentar a crise. Mário Lino recusou avançar pormenores.

No mesmo dia, em Bruxelas, o primeiro-ministro escusou-se a desenvolver a ideia, com o argumento de que primeiro era necessário discutir e aprovar o plano europeu de resposta à crise.

Hoje, ainda em Bruxelas, depois de aprovado o plano europeu, Sócrates anuncia que o governo realiza amanhã, sábado, um conselho de ministros extraordinário parta aprovar o tal plano nacional. Do qual continua a não revelar quaisquer pormenores.

E assim, sem nada dizer, o governo consegue marcar a agenda durante três dias seguidos com a fórmula secreta que salvará o país da crise.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

As contas de Ferreira Leite

Manuela Ferreira Leite diz que concorda com o ‘Plano Barroso’ de relançamento da economia europeia, por o mesmo defender não os investimentos públicos, tão do agrado do governo, mas sim o “investimento inteligente”:

“Li com atenção a proposta da Comissão e não vi lá nenhuma vez investimento público, essa palavra não está lá, a que está lá são investimentos inteligentes. (…) Não vi lá a palavra investimento público”.

É verdade, a palavra investimentopúblico não aparece uma única vez, embora a expressão “investimento público” surja em duas ocasiões. Tantas quantas a expressão “investimento inteligente”.

Fica aqui o link para o Plano Barroso, caso a líder do PSD lhe queira dar outra vista de olhos.

Quem grita assim...


José Sócrates ficou furioso quando percebeu que a sua arenga aos deputados socialistas apareceu, "ipsis verbis", publicada nos jornais e nas rádios, apesar da reunião ter sido à porta fechada. Desconfiado, tratou logo de imaginar que havia deputados a "dar a língua" como, aliás, acontece muitas vezes. Mas não. O "correiopreto" pode garantir que todos os jornalistas que estavam, àquela hora, na Assembleia da República ouviram o discurso do primeiro-ministro. Por uma razão simples: José Sócrates não fala, grita. E então quando é contrariado... vocifera.

Já de joelhos, seu duende irlandês!


É assim que José Sócrates deverá tentar hoje, em Bruxelas, recuperar o protagonismo perdido por Portugal no resgate do Tratado de Lisboa da vontade dos atrevidos irlandeses, que ousaram dizer ‘Não’.

Pelo menos é o mínimo que se pode esperar depois de perceber como o primeiro-ministro ‘vergou’ a Polónia durante a presidência portuguesa da União, conforme o próprio relata, orgulhoso, no livro “O Menino de Ouro do PS”:

“E eles vieram cá e ajoelharam. Assinaram o acordo dois dias antes das eleições na Polónia".

Como diz o próprio, “isso é que é atitude!”.

Um tiro no mercado


A jura de Paulo Portas, feita na apresentação da sua recandidatura à liderança do CDS, para mais tarde recordar:

"Não somos anexos de ninguém, nem somos muleta de ninguém"

O PP, as ajudas do Estado e o Portas que não dá por eles

Paulo Portas discursou, esta noite, para 300 fiéis militantes, durante uma hora e 15 minutos, no antigo Cinema Roma, em Lisboa, que é sobretudo usado pelo PCP para os seus comícios mais modestos. Para naõ adormecer a plateia, Portas usou a técnica de elevar a voz como se implorasse por aplausos. Mas cansou e cansou-se. De tal forma, que, uma hora depois do início da homília, descobriu que estava "hoje, 20 de Maio" e fez uma revelação:

"Este partido sobrevive sem o Estado há 34 anos".

Ou seja, o CDS não recebe subvenções estatais e nem sequer tem militantes ou apoiantes - os "meus amigos e minhas amigas", repetidas dezenas de vezes por Portas - a gerir empresas que vivem de subsídios do Estado e de fundos europeus. E daí que o próprio CDS e os candidatos do CDS não recebam, desses militantes e amigos, ajudas para as campanhas eleitorais.
Curiosa é a forma como Paulo Portas, suavemente, matou o PP - o tal Partido Popular que ele próprio inventou quando o CDS era liderado pela sua marioneta. Agora, nos discursos, só entra "CDS". E mais: desapareceram os democratas-cristãos ou centristas, os "amigos e amigas" estão reduzidos apenas a "nós, os cêdê-ésses".

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Tratado de Lisboa, mas só de nome

"Nós teremos sempre uma palavra importante a dizer sobre as perspectivas para sairmos desta situação, uma vez que não deixamos de ter alguma responsabilidade na aprovação do compromisso de Lisboa" , afirmou Luís Amado no passado mês de Junho, apenas três dias depois de a Irlanda ter votado ‘Não’ ao Tratado de Lisboa.

Ou seja, depois de os irlandeses terem feito descarrilar o processo de ratificação do Tratado, o governo português estava convencido de que, uma vez que tinha baptizado o menino, teria um papel incontornável na busca de uma solução para o salvar.

Essa solução deverá ser conhecida hoje, em Bruxelas, mas não consta que José Sócrates (que chegou a afirmar que o Tratado de Lisboa “é fundamental na minha (dele) carreira política”) tenha sido visto nem achado em todo o processo.

Na ronda de algumas capitais que realizou na semana passada para ultimar os detalhes da solução encontrada, Paris foi o mais perto que o primeiro-ministro irlandês esteve de Lisboa…

Se Portugal tinha uma “palavra importante” a dizer, ninguém ficou a saber qual era e aquela “alguma responsabilidade” que Amado ‘modestamente’ reivindicou não parece, aos olhos dos demais parceiros, ter ido muito além da organização da cerimónia de assinatura do documento.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Manual georgiano de sobrevivência política


O presidente georgiano escolheu um novo ministro dos negócios estrangeiros (Grigol Vashadze) que tem a particularidade de ter dupla nacionalidade: georgiana e… russa.

De quem já deu o dito por não dito tantas vezes em tão pouco tempo e não hesitou em lançar os mais incríveis boatos e mentiras pouca coisa surpreenderia. Mas até esta tentativa de piscar o olho ao arqui-inimigo russo (que tanto gosta dele...) parece atingir um novo patamar de esforço pela sobrevivência política.

Talvez a escolha se torne menos surpreendente se se tiver em conta que, ao longo das últimas semanas, Saakashvilli deu ordem de marcha a todos os responsáveis governamentais (primeiro-ministro, e ministros dos negócios estrangeiros, defesa e interior) que tiveram algum tipo de envolvimento na guerra na Ossétia do Sul no passado mês de Agosto, além do comandante supremo das forças armadas do país.

Pelo caminho, perante a comissão do parlamento georgiano que está a investigar os acontecimentos do passado Verão, Misha reconheceu ter sido Tbilisi a desencadear as hostilidades e não a Rússia.

Tudo isto numa altura em que a oposição interna se reorganiza e ameaça seriamente a continuidade do menino bonito do Ocidente em funções. Que talvez até já não seja tão bonito e se tenha apercebido que de Washington e de outras capitais sopram ventos de mudança em relação à sua pessoa.

A suavidade e o chicote

António Costa, o presidente da Câmara de Lisboa, está a explicar aos deputados o que pretende fazer no porto de Lisboa, em especial, em Alcântara. E já garantiu que fez três exigências à empresa Liscont que vai gerir a gare marítima. Ainda não fez qualquer referência a Jorge Coelho. Ou seja, ainda não disse se as exigências camarárias serão duras ou suaves.
Efeito Manuela "Chicote" Leite: na reunião, estão presentes seis deputados do PSD (o total de efectivos).

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Dos fracos não reza a História. E de Amado, quem se lembrará?


Luís Amado garante que nunca disse o que Vuk Jeremic garante ter ouvido.

E até se socorre de Friedrich Nietzsche para explicar porque é que não pediu, nem nunca pediria desculpa:

“Não faz nenhum sentido pedir desculpas, Portugal não tem que pedir desculpas. Aliás, pedir desculpas é, na velha referência de Nietzsche, ser fraco duas vezes”.



Se, por acaso, o ministro português mudar de ideias e acabar por ter que dar razão ao seu homólogo sérvio, aqui fica mais uma dica nietzschiana:

“Tudo evolui; não há realidades eternas, tal como não há verdades absolutas”, in “Humano, demasiado humano”.

Atenção ao futuro


Samia Ghali nasceu na Argélia e há mais de 20 anos que se dedica à política em Marselha, França. É economista e autarca e, em seis eleições em que foi candidata, não perdeu uma. Alguma imprensa francesa e e muitos jornais africanos e pró-africanos apontam-na como uma "estrela" do Partido Socialista francês.

Apesar da França estar habituada a colocar políticos de origem africana em muitos lugares de topo, não deixa de ser significativo que o principal partido da oposição, agora a enfrentar uma crise - de resultados, valores e ideologia - se vire para os valores que nascem da imigração.

Samia Ghali é "rainha" nos principais bairros de Marselha e é muçulmana. Numa recente entrevista à revista "Jeune Afrique" confessa-se avisada. Sabe que "acumula todos os handicaps (mulher, muçulmana, africana)", admite ser "desejada" pelas elites políticas, mas tem consciência que pode ser usada como "um instrumento político". E, para já, só promete lutar para"acabar com os guetos" sobretudo nas escolas.

Amigos sérvios, desculpem qualquer coisinha...


Que a história da mudança de opinião do governo português em relação à independência do Kosovo não era clara (primeiro não reconhece sem explicar porquê e depois reconhece exactamente pelas mesmas razões) não é novidade.

Mas a franqueza do ministro dos negócios estrangeiros sérvio só veio complicar a candura das justificações portuguesas. Ontem à noite, no programa “Utisak Nedelje” (qualquer coisa como “Impressão da Semana”) da B92, o talk show mais visto da televisão sérvia, Vuk Jeremic contou que Luís Amado lhe ligou para dizer isto:

“Ouve, estou a sofrer pressões insuportáveis. Lamento, mas Portugal tem que reconhecer o Kosovo. Temos que fazê-lo na véspera da votação da Assembleia Geral (da ONU)”.

Algo que não difere muito do que Freitas do Amaral e outros já vinham dizendo. Mas já que estava em pleno assomo de sinceridade, o ministro sérvio podia também ter explicado por que razão Belgrado não chamou o seu embaixador em Lisboa, tal como fez com os demais países que reconheceram o Kosovo. Talvez Amado possa partilhar connosco alguma coisa que o ministro sérvio lhe tenha revelado?

sábado, 6 de dezembro de 2008

História verídica


Sabemos que o mediatismo costuma "inchar" o orgulho das nossas bravas forças policiais, e talvez por isso estas vão dando um ar que espelha bem toda a qualidade e formação que hoje em dia têm.

Bem longe vão (dirão alguns) as bordoadas com que presenteavam os opositores do regime. Mas de quando em quando vão surgindo umas mostras de outros tempos porque apesar de estes terem mudado as vontades continuam as mesmas.

Este episódio ocorreu numa destas operações de fiscalização num chamado bairro problemático. Um agente da autoridade manda parar uma viatura e perante um condutor de cor oposta à sua sai-se com a brilhante frase:
- O espreto tem carta?
-Como?
-Num percebe? O espreto tem carta?
-Tem carta e tem carton!
-Hã?
-Tem cartão de capitão da GNR e tu tás fodido!

Afinal ainda há esperança!

Do obscurantismo de São Bento para o anonimato europeu


Com eleições europeias marcadas para Junho do próximo ano, chegou a altura de começar a dar nas vistas para aparecer e tentar manter um lugarzinho nas próximas listas. E, para isso, todos os motivos são bons.

O gabinete de imprensa dos socialistas no PE difundiu esta semana um “comunicado de imprensa do deputado Armando França”, para avisar o mundo e o Largo do Rato de que o parlamentar aveirense (que teve uma passagem igualmente discreta pela AR no início desta legislatura) foi um dos 35 eurodeputados distinguidos com o prémio “EU Coherence”, seja lá isso o que for. Pelo meio do comunicado, lá se percebe que, entre os distinguidos, há também uma tal de Ana Gomes.

Uma distracção compreensível, vinda de alguém que, reagindo ao seu próprio comunicado, consegue em apenas três frases referir-se oito vezes à sua própria pessoa, não vá alguém não perceber de quem é que se está a falar:

Acompanhei activa e intensamente a Directiva "Blue Card" e apresentei propostas de emendas que tinham em vista precisamente impedir ou diminuir o impacto negativo para o desenvolvimento da chamada "fuga de cérebros" nos países menos desenvolvidos. Uma das minhas propostas foi, aliás, aprovada pelo Parlamento, o que poderá ser importante para o desenvolvimento desses países e me deixou muito satisfeito. Como socialista e parlamentar também fiquei satisfeito com este prémio que é uma honrosa compensação para o meu trabalho e anima-me a continuar com a persistência e o entusiasmo de sempre”.

Rua Sésamo no Telejornal

A confusão de géneros entre informação e entretenimento e... seja lá o que for, parece não ter limites.
Isto a propósito da cobertura feita pela RTP do convite feito pelo Presidente da República a famílias de militares portugueses em missão no estrangeiro.

No inevitável directo, a jornalista pergunta a uma criança de 10 anos a opinião sobre o gesto de Cavaco (“O que é que significa para ti o senhor presidente ter-se lembrado de chamar os filhos de militares que se encontram em teatros de operações?”), fala de forma grandiloquente sobre “os homens que partem para o exterior para representar a pátria”, a confundir presente com passado e factos com imaginação ao afirmar que Portugal tem tropas “na Bósnia, no Kosovo, no Afeganistão, no Congo, em Timor e no Iraque também(!!!) e acaba com mensagens das mulheres e crianças para os respectivos, com árvore de Natal em pano de fundo, ao melhor estilo “mãe, estou bem”.

Tudo isto recheado de expressões como “os filhotes dos militares” e “aqui o desdentadinho” (por causa de um puto a quem tinham caído os dentes da frente), mais adequadas a uma Rua Sésamo do que a um espaço de informação.

De certeza que nestas fornadas haverá alguém capaz de fazer melhor do que isto…

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Espanto, espanto é quando estão todos

Manuela Ferreia Leite deve ser muito ingénua. Ou pretende passar essa ideia. Ou então está muito afastada da realidade da vida política. A líder do PSD ficou indignada por ter constatado que 30 deputados do seu partido faltaram à votação que poderia determinar o fim do processo da avaliação dos professores. Caso não o tivessem feito, teriam provocado uma mossa política no PS que a própria direcção socialista seria obrigada a tirar as devidas ilações. E provocaria um sério hematoma na já mal-tratada ministra da Educação. Mas não. 30 deputados do PSD faltaram.
O que espanta nisto é a própria indignação de Manuela Ferreira Leite que até pediu explicações ao líder parlamentar como se se tratasse de um caso virgem e fazendo-o com estrondo. A novidade no Parlamento, a verdadeira notícia, é quando estão todos os deputados. Faltar aos debates e às votações; assinar nas comissões e depois fazer-se à vida para outros lados; chegar tarde aos debates; sair cedo; e entrar mudo e sair calado faz parte da rotina parlamentar da esmagadora maioria dos deputados sobretudo nos grupos do PS e do PSD.
Além disso, a bancada social-democrata foi escolhida, quase a dedo, por Pedro Santana Lopes. E essa escolha reflete bem o autor da selecção: é só vê-los - quando isso é possível - nas últimas bancadas: a rir, a ler jornais, em amenas e, deduz-se, divertidas cavaqueiras, e a sair e a entrar na sala. Só há uma regra sagrada que nenhum deles se esquece de cumprir: assinar o ponto.
Manuela Ferreira Leite deveria fazer um estágio no Parlamento. Em especial, assistindo, nas galerias e nas comissões, ao desempenho dos seus deputados. Se o tivesse feito, antes de se atirar à liderança, talvez tivesse ficado em casa. E poupava-se à vergonha.

Ninguém põe travões nisto

Recentemente, uma revista de turismo - dessas que se publica quando a publicidade quer - quis contratar um jornalista estagiário. Responderam ao anúncio 852 candidatos.
As universidades - na sua esmagadora maioria sem aulas práticas, sem meios e sem condições para ensinar jornalismo - continuam a "despejar" para o mercado de trabalho a média, por ano, de 1500 licenciados em comunicação social e outros cursos adjacentes. E ninguém trava o enorme embuste: forma-se gente para o desemprego, para as lojas das zaras e para os "call-centers". E as universidades, mesmo sabendo que colaboram no engano, continuam a seduzir com paraísos na terra, buscando apenas o lucro das propinas. Falta-lhes moral para, pelo menos, dar alternativas aos jovens iludidos. E ao Governo falta coragem para pôr travões nisto, impôr regras e sobretudo acabar com cursos mentirosos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Escrever à maluca

Vital Moreira não hesitou em escrever no seu blogue sobre o estatuto dos Açores, com críticas ao PS e defendendo as posições do Presidente da República. Esta manhã, quando questionado pelos jornalistas, o professor universitário começou logo por dizer que sobre isso "não percebo nada". Isso era coisa que já nos tinha passado pela cabeça, de facto.

Reforma? Ai, não, que horror!

O grupo parlamentar do PS organizou um debate sobre o sistema eleitoral, baseado num estudo de André Freire, Manuel Meirinho e Diogo Moreira. O estudo propõe uma profunda reforma eleitoral, abragendo quase todos os sectores, sobretudo na escolha de candidatos. O debate, que decorreu na Assembleia da República, contou com especialistas e alunos universitários e alguns deputados do PS. Ao todo, o número de parlamentares socialistas nem chegou aos 20!
Reforma do sistema eleitoral é coisa que interessa, vejamos, aos... agricultores.
No final da sessão, André Freire, o coordenador do estudo, terminou com esta frase lapidar:

"Os deputados não representam árvores"

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

É melhor nem falar no assunto

Depois de ter previsto fazer declarações aos jornalistas, no final da cerimónia com os representantes da indústria automóvel, José Sócrates recuou. Falou ao microfone - com um pé alto - sem direito a perguntas.
Os números da greve dos professores, com dados oficiais que chegaram ao gabinete do primeiro-ministro, ultrapassam os 80 por cento.

Eu é que sou o presidente da agenda - 2

Como previa, José Sócrates vai assinar um protocolo com a indústria automóvel, em plena residência oficial. A reunião estava marcada para as 10horas. Mas a cerimónia foi marcada por volta das 13horas. Na residência, há uma grande azáfama de cabos a serem puxados para as televisões terem condições para transmitir tão importantíssima cerimónia em directo.
O gabinete do primeiro-ministro já anunciou que o "senhor primeiro-ministro está disponível para responder a questões". A terminar um assessor sugere: "imagino que querem perguntar sobre a educação...".
Portanto, contra a greve, propagandear, propagandear!

Eu é que sou o presidente da agenda

No dia em que Manuela Ferreira Leite tinha marcado uma entrevista à RTP, José Sócrates lançou uma mini "bomba atómica": nacionalizou o BPN. Isto num domingo. Ao que parece a medida não poderia ser mais retardada. Resultado: eclipsou a entrevista da líder do PSD e hoje ninguém se lembra do que Manuela Ferreira Leite disse.
No sábado, em pleno congresso do PCP, José Sócrates convocou os professores socialistas para um debate/sessão de esclarecimento/puxão de orelhas para a sede do PS. Resultado: à noite e no dia a seguir, a liturgia comunista passou para o segundo plano político.
Hoje, os professores estão em greve em todo o país. José Sócrates convocou os representantes da indústria automóvel para anunciar apoios. E até aposto que, ao contrário do que é habitual nos encontros na residência oficial do primeiro-ministro, José Sócrates vai fazer umas declarações aos jornalistas. Só ainda não sei o que pretende anunciar para disfarçar a greve dos professores.

Filosofia superior

Frase inscrita numa parede da Faculdade de Letras, em Lisboa:
Deixa-te de fitas, queima os dogmas

Frase inscrita na parede da Faculdade de Direito, em Lisboa:
Só mantemos a cabeça erguida porque temos merda até ao pescoço

Frase inscrita numa parede do Ministério das Finanças, mesmo ao lado da porta principal:
Se ninguém pensa em ti, vota em ninguém

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Tudo está bem até tudo deixar de estar bem

06.10.2008 - “O sistema português tem resistido bem. E as instituições financeiras portuguesas têm desenvolvido esforços para enfrentarem as dificuldades que naturalmente a situação internacional impõe e têm desenvolvido esforços no sentido de assegurar que a sua situação é de estabilidade bem como também de assegurar liquidez às suas operações.” Teixeira dos Santos, Luxemburgo.

02.11.2008 - Governo anuncia nacionalização do BPN

02.12.2008 - Estado avaliza fundos de bancos para salvar o BPP

02.12.2008 - “Os momentos que estamos a viver são de grande incerteza, não podemos ter nada por certo nestas circunstâncias (…). O sistema no seu conjunto creio que continua a ter estabilidade e solidez para enfrentar esta situação, que não é uma situação fácil, como sabemos.” Teixeira dos Santos, Bruxelas.

Tendo em conta a cadência quase mensal que parece estar a guiar os acontecimentos, lá para o início de Janeiro o sistema financeiro português é capaz de dar mais uma prova da estabilidade de que o ministro tanto gosta de falar.

Chapéus há muitos!


Os jornalistas que acompanhavam a chegada dos ministros das finanças dos 27 à reunião de hoje em Bruxelas ficaram intrigados com aquele vulto, entre o Dick Tracy e o Al Capone, que saiu do carro em passo acelerado e entrou no edifício sem passar cavaco a ninguém.

Se no exterior o mau tempo ajudava a justificar a indumentária, no interior o mistério desfez-se: era Teixeira dos Santos, provavelmente a querer passar despercebido, na primeira vez que reuniu com os seus pares europeus desde que o Financial Times o classificou como o pior ministro das finanças da zona euro.

domingo, 30 de novembro de 2008

Olhó avião!


O El País revela hoje que, em 2002, o governo espanhol foi previamente informado pelos EUA do sobrevoo do seu território por aeronaves que transportariam prisioneiros para Guantánamo.

E o jornal espanhol acrescenta que, nessa mesma altura, Washington estava igualmente a avisar outros países por onde passariam os referidos voos, entre os quais Portugal.

Uma notícia que deve dar a Durão Barroso motivos de sobra para ficar preocupado, numa altura em que trabalha activamente para prolongar a sua estadia em Bruxelas por mais cinco anos.

Com a pequena ajuda do PCP

O Bloco de Esquerda marcou uma conferência de imprensa para domingo de manhã. Precisamente, quando decorria o congresso do PCP. À boleia dos comunistas, Francisco Louçã teve "casa cheia" ... de jornalistas que estavam a cobrir o congresso. E ninguém ficou constipado. Mas o espirro do Bloco atingiu o Campo Pequeno.

Frases feitas

As expressões mais ouvidas - centenas de vezes repetidas - no XVIII Congresso do PCP:
- O PS e o PSD só mostram interesse em servir o grande capital
- O Governo desferiu um brutal ataque...
- O Governo, na sua fúria privatizadora, pretende entregar ao capital privado…
- Ao contrário do que consagra a Constituição de Abril…
- Grande jornada de luta (varia entre a manifestação e a greve geral)
- Em quatro anos, aumentámos o colectivo em ... militantes, subimos a venda do Avante de ... para...
- O PCP, pelo seu carácter de acção, é um partido ... (dos jovens, das mulheres, dos reformados, dos trabalhadores,....) - varia conforme o orador.
- A luta continua (resulta sempre em aplausos)
- Acentuada política de direita do governo do PS
- Grandiosas acções de massas convocadas pela CGTP
- A ofensiva neoliberal...
- Precariedade laboral
- O patronato e o Governo em evidente sintonia
- Profundas regressões sociais
- Agrava-se a exploração dos trabalhadores
- Convergência da luta
- A vitalidade de luta de massas para enfrentar a política de direita...

Aplausómetro

Classificação geral, de acordo com o número de aplausos no Congresso do PCP (serve de guia para quem for discursar nos próximos conclaves):
1 - Fazer referência a Álvaro Cunhal
2 - Citar Álvaro Cunhal
3 - Chamar Jerónimo de Sousa ao palco
4 - Gritar "Cuba vencerá"
5 - Gritar "Viva o PCP"
6 - Chamar Odete Santos ao palco
7 - Falar à Odete Santos, introduzindo no discurso frases retiradas do hino "A Internacional" ou citando uns poemas que tenham a palavra "liberdade"
8 - Reafirmar que o PCP é um partido marxista-leninista
9 - Gritar "Viva o XVIII Congresso do PCP"
10 - Fazer referência ao 25 de Abril
11 - Afirmar que o PCP é um "enorme colectivo partidário"

sábado, 29 de novembro de 2008

Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzz


O congresso do PCP ainda decorre. Já há quem garanta que é o mais aborrecido de todos os congressos que alguma vez os comunistas portugueses fizeram. E o anterior até foi digno de nota!

Trova do vento que passa

Jerónimo de Sousa não se esquece quem são os seus adversários directos:

"Observam-se algumas movimentações de alguns sectores que procuram apresentar-se "à esquerda" dentro do PS e que sem dúvida resultam deste crescente isolamento (...) essas movimentações, recusano assumir a ruptura com a política de direita nos seus conteúdos estruturantes, (...), tenderão para assegurar as condições que permitem a sobrevivência da política de direita".

Como o líder do PCP não mencionou qualquer nome, a organização do congresso tratou, no intervalo, de colocar Adriano Correia de Oliveira a cantar "o vento cala a desgraça", com a letra de... Manuel Alegre.

Prova de resistência

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, discursa no Congresso do PCP. Os delegados é que já se cansaram. Uns lêem jornais; dois delegados - novidade no PCP - escrevem em mini-computadores (e nenhum é o "magalhães"); os convidados não fogem à regra e confraternizam nas bancadas; mas o mais comum é ver grupos a conversar animadamente. Jerónimo de Sousa sente o adormecimento e lá improvisa, elevando a voz, umas frases feitas contra o Governo para a sala gritar.
Duas rádios, a TSF e a Antena 1, e dois canais de televisão, a SIC-Notícias e a RTPN, transmitem o discurso em directo e na íntegra. Já que na sala poucos se interessam pelo discurso, talvez lá fora alguém esteja atento.
Nenhum jornalista está constipado, apesar do frio que se faz sentir no Campo Pequeno.

A vacina não chega a toda a gente

Discurso de Jerónimo de Sousa no XVIII Congresso do PCP, pág. 18, de 22:

"No plano da promoção da comunicação social bem se pode dizer que basta o BE soltar um espirro para constipar uma série de jornalistas".

Eu, por mim, estou vacinado contra a gripe.

De pé, vítimas da China











Na abertura do XVIII Congresso do PCP, os delegados e convidados comunistas cantaram, a plenos pulmões, "de pé, ó vítimas da fome!". Minutos depois, aplaudiam fervorosamente o Partido Comunista da China.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

E se Deus (não) for a Conselho de Ministros?


Pedro Silva Pereira, o ministro-adjunto do primeiro-ministro, deve ser o mais inteligente, perspicaz e sagaz membro do Governo. Cada "briefing" à imprensa do Conselho de Ministros que ele preside merecia a atenção de estudantes de comunicação política e de especialistas na matéria.
Atento, conhecedor de todas as matérias e sobretudo muito bem preparado, Pedro Silva Pereira salva, muitas vezes, os ministros. Quando sente que um deles vai escorregar - como, por exemplo, é hábito com Mário Lino ou Nunes Correia - o ministro, tranquilamente, interrompe e coloca o assunto nos "carris" que bem entende.
Quando pretende marcar a agenda, dar uma resposta oficial do que pensa o Governo, responder à oposição ou criticá-la, Pedro Silva Pereira trata de arranjar forma de abordar o assunto. Sem parecer coisa forçada, aguardando sempre que lhe seja feita a pergunta, na hora certa, e que encaixe na mensagem que quer fazer passar.
Quando a pergunta de um jornalista não lhe agrada - ou simplesmente não lhe interessa responder - solta sempre a mesma frase:
"Esse assunto não foi tratado no Conselho de Ministros de hoje e não tenho nenhuma novidade para lhe dar sobre a matéria"

Mas é esta a frase favorita dele, a lapidar e a mais usada. Por isso, um destes dias, não resistirei e ao ministro, católico praticante, lançarei a pergunta se ele acredita em Deus. Só para ter o gozo de ouvir esta resposta:

"Esse assunto não foi tratado no Conselho de Ministros de hoje e não tenho nenhuma novidade para lhe dar sobre a matéria"

Uma bela estónia de amor


A articulação dos sistemas de alerta rápido de crianças raptadas e a luta contra o racismo e a xenofobia foram alguns dos temas na agenda dos ministros da justiça dos 27.

Mas, para Alberto Costa (na imagem com o seu homólogo estónio, que se baralhou um pouco com os nomes),este Conselho resumiu-se a um acontecimento: o projecto levado a cabo entre Lisboa e Tallin que permitirá que, já a partir de hoje, um português possa abrir uma empresa on-line na Estónia e um estónio possa abrir uma empresa on-line em Portugal.

Não importa que as trocas comerciais entre os dois países sejam irrelevantes (o ministro também não sabia responder a esta questão), nem que não haja nenhuma manifestação de interesse empresarial por tal possibilidade. O que importa é que tecnicamente era possível dar este passo e, por isso, ele foi dado.

Ou seja, se fosse um bocadinho mais engraçado, quase que cumpria os requisitos dos prémios IgNobel. Estes, destacam descobertas que “primeiro fazem as pessoas rir, depois pensar”. No caso da experiência ibero-báltica, o mais provável é que a sequência de reacções seja a inversa.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Generosidade sem limites

A União Europeia decidiu hoje acolher 10 mil refugiados iraquianos, sendo que cada país definirá quantos iraquianos receberá (a Alemanha admite aceitar 2.500, em França já se encontram 448 e o governo estuda mais 981 pedidos, enquanto Espanha diz que já acolhe 200 e não pensa aceitar mais).

E Portugal? Rui Pereira explicou que o Conselho de Ministros decidiu em 2007 acolher 30 refugiados. Por ano. Do mundo inteiro. E que este ano já chegaram 22, entre os quais uma família de cinco iraquianos, e que o governo não pondera rever aquele número.

Rui Pereira explica este número, “que pode parecer pequeno”, com as possibilidades do país e a necessidade de garantir uma “integração harmoniosa na sociedade portuguesa”. E dá um exemplo que tranquilizará portugueses e candidatos a refugiados:

“A família de refugiados iraquiana que está em Portugal foi uma família que eu próprio vi quando chegou, na Bobadela, e eu sei como está a ser integrada. Está a ser integrada bem na sociedade portuguesa”.

A culpa é da Bruni

Estava quase a tornar-se um hábito: Rui Pereira vinha aos conselhos de ministros em Bruxelas e voltava para Lisboa sem falar com os jornalistas. Estes tinham que se contentar com um comunicado enviado por e-mail, sem terem qualquer possibilidade de questionar o ministro sobre a posição portuguesa nos assuntos em discussão.

Isto, apesar de o ministro se fazer acompanhar do inevitável assessor de imprensa, com hotel, viagem e ajudas de custo pagas à custa do contribuinte.

Hoje, o MAI preparava-se para fazer a mesma coisa. A insistência dos jornalistas junto do assessor de imprensa, que até já tinha avisado que iríamos receber o comunicado da praxe muito em breve, valeu por duas razões: o ministro acabou por falar e o assessor lá se descoseu que a má vontade ministerial se devia a “coisas que alguns fazem, mas que depois acabam por pagar todos”.

Ele não quis elaborar, mas ficou bastante claro que se estava a referir à divulgação de umas pouco discretas declarações de Rui Pereira sobre a primeira-dama de França.

Só eu sei por que sou eurodeputado

Apesar de Bombaim ter mudado oficialmente de nome em 1995, o Parlamento Europeu prefere continuar a chamar as coisas pelos antigos nomes.

Só eu sei por que sou deputada

Cenário: um dos bares da Assembleia da República.
Duas deputadas do PS conversam, no intervalo de mais uma sessão sobre o Orçamento. Diálogo:
- Aquilo ontem foi horrível, tantos mortos...
- Pois, só não percebi se foi em Mumbai ou Bombaím...
- Sim, numas televisões, ouvi Mumbai, noutras Bombaím..
- Eu até tenho um familiar que nasceu em Bombaím.

Arte para aliviar a crise

Há quem defenda que, em tempos de crise, o melhor investimento deve ser feito em arte. É o mais perene bem. Por essa e por mil razões mais belas, vale a pena visitar este leilão, no próximo dia 29. As receitas irão servir para a construção do Centro Mário Dionísio.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Qualquer um serve, desde que não seja Barroso

Se nas chancelarias europeias e em Bruxelas se fazem contas aos apoios com que Barroso conta para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, também na blogosfera já se contam espingardas.

Três bloggers lançaram uma petição anti-Barroso. A sua argumentação não pode ser considerada muito elaborada (porque houve três países a votar ‘Não’ recentemente em referendos sobre questões europeias e porque a UE atravessa uma crise de identidade e de confiança, logo, Barroso não pode ser reconduzido…), mas a lista de nomes alternativos é interminável: qualquer um parece servir, desde que não seja Durão.

Há qualquer coisa que não bate certo

A concelhia de Lisboa do Bloco de Esquerda está reunida para "expulsar" José Sá Fernandes, num hotel de quatro estrelas, em Lisboa.
Citando um dirigente político, a "bota não joga com a perdigota". E como se dizia por aí o "Zé faz falta", mas ao...PS.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

USA - Utopian States of America

Quem diria que o "poder popular" poderia tocar os Estados Unidos? Essa tentação parece ser o sonho maior de uma das organizações que mais apoiou Barack Obama, a "MovOn.org Political Action". Além de recolher os donativos que ajudaram Obama a ter a maior contribuição de sempre, a "MovOn" tratou de fazer campanha, porta a porta, telefone a telefone. Conseguida a eleição, não desarma e já espalhou esta mensagem:

There are literally tens of thousands of lobbyists in Washington, funded by countless millions from corporations and industry groups. The oil and coal companies. The pharmaceutical industry. The HMOs. The telecoms. They're all gearing up right now to stop any bold health care bill or energy plan dead in its tracks.
They're going to fight Obama at every step. We have to be prepared to fight back harder.
That's why we've launched a huge campaign to flood Washington with the voices of real Americans who are crying out for change. On TV, on billboards and buses, in district offices and the halls of Congress, we're going to amplify the voices of MoveOn members and make Barack Obama's progressive mandate impossible to ignore.


Mas para ter a força de uma Exxon ou de uma Pfizer, a organização pede uma contribuição de 15 dólares por mês a cada membro que recebeu esta mensagem. E promete fazer da presidência de Obama a mais forte de sempre. Para já, anda a recolher estórias e fotos de toda a gente que queira dar uma sugestão ou simplesmente que deseje protestar. Todas as contribuições serão entregues em Washington. E já está marcada uma grandiosa festa no dia da cerimónia de posse de Barack Obama.
Até a MovOn cair na realidade, a utopia tomou o poder nos EUA.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

De sorriso amarelo

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, vai estar em visita oficial a Belgrado hoje e amanhã. Em dois dias, reúne-se com o seu homólogo e com o presidente sérvio. A possível adesão sérvia à União Europeia encontra-se numa lista de temas que inclui a situação nos Balcãs.
Gostaria de ser mosca para ouvir Luis Amado a tentar explicar os "flic-flacs à retaguarda" que Portugal deu em relação ao reconhecimento do Kosovo. Mas com a "eloquência" que lhe é reconhecida, certamente os dirigentes sérvios não vão perceber patavina. Nem o que levou Portugal a adiar o tal reconhecimento e, muito menos, o que o fez mudar de posição. A não ser que Luís Amado opte, como já o fez, apenas por dar a entender - sem assumir, claro, que um MNE que se preze tem de ser vago - que o Kosovo é inviável como país.

Correspondência alheia

As evidências e revelações detalhadas pelo jornalista Yaroslav Trofimov, do "Wall Street Journal", publicadas no livro a "A Fé em Guerra", editado, em Portugal, pela Civilização:

"A Arábia Saudita é a maior potência petrolífera do Mundo e a economia dos EUA - para não referir a economia global - entraria em colapso no dia em que o reino decidisse fechar a torneira. Em resultado, temos um ciclo vicioso: como usamos petróleo saudita para alimentar as nossas economias, algumas das moedas de troca acabam por financiar indirectamente os fundamentalistas islâmicos que - além de cometerem atentados suicidas que matam e ferem milhares de pessoas - fazem explodir petroleiros no Iémen e oleodutos no Iraque".

"O Instituto Max Singer propusera a separação da Província do Leste, bem como do petróleo, com a criação de uma República Muçulmana da Arábia do Leste, administrada por xiitas. Esta proposta, apoiada por alguns oficiais do Pentágono, deveria resolver, de forma eficaz, todos os problemas que a América tinha com o reino: as economias ocidentais teriam petróleo barato proveniente de um Estado fantoche".

São os trabalhos a mais que aguardam pela chegada de Barack Obama.

domingo, 23 de novembro de 2008

Cavaco e o direito à indignação

Mas a que alma maldosa pode ter passado pela cabeça associar o nome de Cavaco Silva ao que se passa no BPN?

Será só por Dias Loureiro ter sido secretário-geral do partido quando Cavaco Silva presidia ao PSD e ministro dos assuntos parlamentares e da administração interna em dois dos seus governos?

Ou por Duarte Lima ter chefiado a bancada parlamentar do PSD durante os tempos áureos da maioria absoluta cavaquista e Arlindo de Carvalho ter sido um dos ministros da saúde do professor?

Ou será porque o próprio Oliveira e Costa foi secretário de estado dos assuntos fiscais quando Miguel Cadilhe era ministro das finanças num governo do actual presidente?

Tal como o governo espanhol fez saber há uns anos através das suas embaixadas espalhadas pelo mundo que cada referência à ETA pelos meios de comunicação social deveria ser obrigatoriamente acompanhada da expressão “grupo terrorista”, também a Presidência da República devia solicitar aos jornalistas portugueses para que omitissem o nome do mais alto magistrado da nação cada vez que refiram o currículo dos actuais e futuros envolvidos no caso BPN.

Que, além das ligações ao BPN, apenas parecem ter em comum o facto de terem sido ilustres desconhecidos até ao advento do cavaquismo em meados dos anos 80.

E quando a terra treme? - 2

Há dois dias que a RTP enche os noticiários com um bloco interminável sobre o simulacro de sismo em Lisboa, com direito a reportagens e, claro está, muitos e longos ‘directos’.

Deu para tudo: populares a queixarem-se por a explosão da bomba de gasolina no Campo das Cebolas ter ficado aquém das expectativas, bombeiros a chegarem ao local de um descarrilamento do Metro antes de o mesmo ter acontecido, um sismólogo a “apostar” que o epicentro do próximo big one será por baixo da central eléctrica que abastece Lisboa, etc.

E, principalmente, deu para ficar com a impressão de que alguns repórteres, principalmente aquela rapariga de cabelo louro com as raízes teimosamente escuras e que não parava de falar no “necrotério”, ficaram algo decepcionados por nada daquilo ser um bocadinho mais sério.

E deu ainda para reparar que, apesar de todo o circo em torno da “inevitável” catástrofe, em momento algum houve qualquer esforço para dar aos lisboetas algumas dicas úteis sobre o que fazer quando a terra voltar a tremer. Talvez sintonizar a RTP?

sábado, 22 de novembro de 2008

Saturday morning fever

Nesta manhã de sábado, estou numa sala escura, com raparigas a mostrar generosos decotes e ancas à mostra, luzes vermelhas furam a penumbra e há música de fundo dominada por umas guitarradas. Encontro-me na FIL, na apresentação do carro eléctrico da Nissan, com José Sócrates, António Costa, Mário Lino, Nunes Correia, Manuel Pinho e mais um exército de assessores que fazem (também) de figurantes para encher a sala.
Por aqui, teme-se que os japoneses ofereçam a Sócrates uma miniatura do carro para o primeiro-ministro mostrar no decorrer das cimeiras internacionais.

Post com contribuições dos jornalistas destacados para o evento.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Eu avalio, tu avalias, ela avalia...


Não se deixem iludir pelo número 2007 lá atrás, esta imagem está mais actual do que nunca. O senhor ao lado de Maria de Lurdes Rodrigues é o comissário europeu responsável pela educação e a fotografia testemunha uma das poucas vezes, e provavelmente a última, que os dois estiveram juntos.

Porque a ministra voltou a faltar ao Conselho de Ministros da Educação da União Europeia, que decorreu hoje em Bruxelas. Tal como faltou aos anteriores, em Maio e Fevereiro deste ano, conseguindo assim o pleno de não ter participado numa única reunião ao nível comunitário em 2008.

Mais do que algo ocasional, esta enésima ausência da ministra representa um regresso à normalidade. Desde que o governo tomou posse, em Março de 2005, Maria de Lurdes apenas se deu ao trabalho de se deslocar a Bruxelas no ano passado. Ou não fosse ano de presidência portuguesa da União e Sócrates não tivesse puxado as orelhas aos ministros baldas.

E quando a terra treme?


A cidade vive há anos debaixo da mesma incerteza. A terra voltará tremer e talvez por isso convém ir fazendo treinos para o dia fatídico. Mas confessámos a nossa estranheza com o pormenor com que a catástrofe se abaterá em Lisboa hoje à tarde. A saber:

2 750 elementos operacionais
1 798 figurantes
234 mortos (a brincar)
795 feridos ( na reinação)
769 desalojados (estes se calhar não têm mesmo casa)

Resta esperar que o próximo terramoto tenha a hombridade de também fazer um press release para não apanhar a protecção civil desprevenida.

Entretanto os sindicatos (desta vez os da Função publica) preparam-se para manifestar no centro da cidade ao mesmo tempo que o simulacro – Miséria!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

E ninguém pára o vereador ... olé ó!


O vereador do Bloco de Esquerda José Sá Fernandes anda abatido. Será pelas alianças que para defender os interesses lisboetas é obrigado a fazer à direita, ou por ter sido cilindrado na questão dos contentores por Miguel Sousa Tavares durante o programa "Prós e Contras" da última segunda feira (já temos suspeito ó miguel). Realmente não sabemos. Mas o Correio Preto foi hoje testemunha da história quando o vereador fez finalmente frente a uma instituição opressora da classe operária e da marcha desta rumo ao socialismo ... ou melhor do vereador rumo à festarola.

A acção decorre num parque que é um dos melhores segredos da cidade e que a seu pedido e para sua protecção omitiremos a sua localização - é o nosso programa de protecção de testemunhas e parques porreiros que assim o obriga.

Um projecto de caridade com patrocínio de marca de relógios na moda, ministráveis deste e de outros governos, presidentes de câmara (dois ex e um actual) e para dar o ar de instituição de bem: a primeira-dama em pessoa - sei que ela odeia a expressão, mas paciência.

Quando chega o camarada vereador nem sequer está atrasado mas face à impossibilidade de entrar com a socialista viatura no recinto, o camarada motorista da autarquia deixa o grande líder na entrada e este enceta a grandiosa marcha em direcção ao beberete.

Um polícia de serviço encarregue de coordenar o trânsito (capitalista e o outro) e um membro da organização encarregue de receber as altas individualidades (socialistas e as outras) olham para o autarca na esperança que este lhes peça indicações ou então um simples cumprimento. Mas nada detém a marcha do progresso em direcção ao martini branco com azeitona!

Já vai o socialismo nuns bons cinquenta metros de avanço em relação à restante classe operária que esperava pacientemente por transporte, quando: o fascista, o poluto, o traidor da classe operária do polícia de trânsito sai-se com o comentário "é vereador, isto vão para a câmara e ficam logo uns doutores, é que nem boa tarde!".

O homem novo pára no cimo dum monte, volta-se para traz e lança um olhar inquiridor.

Começa a voltar ao ponto de partida (isto do socialismo é mesmo feito de avanços e recuos) e estaca frente ao nazi -fascista do PSP. Convém explicar que este além de bigodes à filme do Vasco Santana (logo fascista) media menos setenta centímetros que o vereador e devia ter uns 50 anos.

À pergunta, "repita lá o que disse" o velho reaccionário na cara do nosso ídolo, proferiu as palavras:

"disse que os sr.s vão para a câmara e ficam logo uns doutores, é que nem boa tarde, nem sequer falou com aquele senhor que está ali para receber as pessoas!"

O nosso querido líder ainda o ameaçou. Mas o homem era obstinado e continuava a dizer que não tinha medo dele e que o homem novo era mas é um homem mal-educado!

Talvez pelos escribas presentes começarem a tirar notas e os repórteres fotográficos começarem a achar piada à cena, o nosso homem mal-educado ... perdão novo, achou por bem não continuar com confronto e acabou-se por afastar com o polícia (um torcionário, seguramente) a dizer que não retirava uma palavra do que tinha dito.

Cena triste em que mais uma vez o socialismo teve que bater em retirada frente à esmagadora opressão policial! Mas é como diz um dos nossos leitores aqui no Correio Preto "Isto quando um home está em baixo até os cães lhe mijam em cima"

Nem que ela se vista de diamantes

O Governo recuou, mais uma vez, na avaliação dos professores. Mantém-na, mas a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, cedeu ao que os sindicatos pretendiam, especialmente, em relação à burocracia e à sobrecarga de trabalhos. De imediato, na TSF, ouço dirigentes sindicais a garantir que tudo vai ficar na mesma e a prometer mais protestos.
Já o tinha dito e repito: eles simplesmente não querem ser avaliados. Não há cedências para determinados luxos!

Eurocrata, a Europa precisa de ti para combater a crise!


A Comissão Europeia colocou ontem um mail a circular entre os seus funcionários para recrutar voluntários que possam reforçar as direcções-gerais da economia e finanças, mercado interno e concorrência.

Os interessados têm que responder até à próxima segunda-feira. Porquê tanta urgência? Porque a crise não pode esperar:

“A actual tempestade nos mercados financeiros necessita de uma acção Comunitária rápida e eficaz em vários domínios: trabalho legislativo e regulador, elaboração de políticas e reforço das regras de concorrência.
Por isso, a Comissão precisa urgentemente de reforçar numa base temporária as equipas existentes nas diferentes DGs que trabalham em temas financeiros. Em particular, a DG ECFIN, DG MARKT e a DG COMP (jargão comunitário que identifica as direcções-gerais referidas acima) estão à procura de colegas (funcionários, agentes temporários, agentes contratuais) actualmente em funções noutros departamentos da Comissão que estejam interessados em trabalhar numa base temporária numa destas 3 DGs”.


O mail é acompanhado de um ficheiro que explica com mais detalhe o que se pretende e com os contactos de cada direcção-geral.

O inimigo ataca por todos os lados, Barroso lançou o apelo às armas. No Berlaymont registam-se voluntários a quem é ministrado um breve treino de sobrevivência em ambiente de crise e que são carregados em camiões que seguem directamente para a linha da frente. A mobilização geral está para breve, há mães a esconder os filhos nas caves. Os que caírem não serão esquecidos. A crise não passará!

Índex


Os jornalistas da LUSA, a agência oficial de Portugal, não podem escrever o termo "estagnação" sempre que se referirem à economia portuguesa. A ordem partiu de cima (quer dizer, da direcção e não de São Bento) e já mereceu um comunicado do Conselho de Redacção.
Sem querer interfir no trabalho da direcção da agência, humildemente sugiro que coloquem no "índex" as seguintes expressões: greve, manifestação (a não ser que seja uma vaga de fundo de apoio ao Governo), desemprego, despedimentos, crise (a não ser que atinja o PSD), previsões negativas, professores, recessão, ambulâncias, assaltos, caixas de multibanco. E estou aberto a mais sugestões.
Ah... Cavaco Silva já pediu, formalmente, esclarecimentos sobre os tratamentos diferenciados quando as notícias são referentes ao primeiro-ministro ou ao Presidente da República.

Havemos de lá chegar - 2

Depois de perder 6-2 e levar banho de bola do Brasil, o seleccionador nacional, atento e perspicaz, ou não fosse ele “professor”, descobriu os seguintes pontos positivos na actuação da equipa:

“Mostrou que também sabe trocar a bola, que pode marcar golos”.

Quando Queiroz descobrir que foram os próprios jogadores a apertar os atacadores das chuteiras, aí é que se vai convencer que temos potencial para... sei lá... ganhar um jogo, talvez? Que mais habilidades terão aqueles malandros escondido este tempo todo?

Havemos de lá chegar

A Bélgica jogou e empatou ontem (1-1) com o vizinho Luxemburgo. O jogo não foi visto na Bélgica, pois nenhuma estação achou que valesse a pena abrir os cordões à bolsa para comprar os direitos de transmissão.
Não sei quanto é que a TVI pagou para transmitir o Brasil-Portugal, mas pelo andar da carruagem da selecção, o exemplo belga, de autêntica gestão emocional, deve começar a fazer escola. Poupam-se umas coroas, umas vergonhas e no dia a seguir o pessoal até consegue ir trabalhar como se nada tivesse acontecido.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O jogo das aparências das negociações europeias

Os ministros da agricultura começaram às três da tarde desta quarta-feira uma reunião para negociar uma reforma intercalar da Política Agrícola Comum (PAC), também conhecida como health check, ou exame de saúde (vá-se lá saber quem desencanta estas designações, onde e porquê…).

Pouco depois, dada a divergência de posições entre os diferentes países, a Comissão Europeia e a presidência francesa começaram a ouvir cada uma das 26 delegações separadamente, para retomar as negociações conjuntas… a partir das 2 da manhã!

As previsões mais optimistas estimam que deverá haver acordo na quinta-feira ao princípio da manhã, depois de uma noite inutilmente em branco.

A sensatez mandaria que, depois daquela ronda de reuniões, fossem todos para os hotéis dormir ou ver os jogos das respectivas selecções e que amanhã de manhã se sentassem fresquinhos à mesa das negociações, com uma proposta de compromisso à frente dos olhos e continuassem a partir pedra mais umas horas.

Mas, nestas coisas, a aparência conta muito. E como muitos ministros terão que voltar para casa de mãos a abanar em algumas coisas que deixarão os seus agricultores bastante furiosos, há que dar a impressão que só desistiram depois de lutar arduamente noite dentro, horas a fio, contra tudo e contra todos, incluindo o sono e o bom senso.

Serviço público no seu esplendor!

O principal canal da RTP está a exibir, em directo, um "endireita" a fazer malabarismos com Jorge Gabriel. Antes, uma senhora, certamente avó, cantava e dançava com roupas "colliantes", enquanto umas moças seminuas bamboleavam-se. O público alarve aplaudia. Não sei se será serviço público, mas é certamente um serviço único e exemplar (ironia à moda de Manuela Ferreira Leite).

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Um telemóvel dos diabos

O deputado laranja Hugo Velosa (quem?!) ajudou a líder do partido a meter a pata na poça nos ataques ao ministro da agricultura, ao afirmar que com Jaime Silva as únicas despesas que aumentaram no sector foram as do gabinete do próprio ministro.

Jaime Silva contra-atacou com números: quando Ferreira Leite estava no governo o gabinete do então ministro da agricultura gastou 2,3 milhões de euros, enquanto que o orçamento actual é de 1,3 milhões de euros.

Uma poupança tão assinalável que até permitiu ao ministro equipar-se com um telemóvel de uma marca mais conhecida por vestir o diabo.

O ministro ficou feliz e o orçamento também não se queixou.

Do tempo em que os animais falavam

O país do Plano Tecnológico, das promessas de melhor banda larga, que anda a oferecer computadores nas escolas, tem, na residência oficial do primeiro-ministro - casa de trabalho portanto -, uma sala para os jornalistas trabalharem. A sala tem um único computador, do tempo de antes da invenção da roda e, não é por acaso, nem funciona. Os telefones estão normalmente avariados, com uma regularidade notável.

Quem já esteve em qualquer casa oficial de um chefe do Governo, em qualquer país dito de economia emergente, fica com a sensação de ter recuado, em São Bento, pelo menos, uns 20 anos.

Mas São Bento não é caso único. As condições na Presidência do Conselho de Ministros são mais parecidas com uma junta de freguesia do fim do mundo; na Assembleia da República, as impressoras não funcionam, os poucos computadores existentes teimam em funcionar ao ritmo de um motor a carvão; nas sedes dos partidos políticos, quando um telefone funciona é motivo de alegria; e dispenso-me de fazer referências aos ministérios.

O Plano Tecnológico ainda não chegou ao funcionamento da política. Parou na propaganda.

Cada lente, sua sentença

A versão socrática do Oásis, dita esta manhã, na Feira da Tecnologia, em Lisboa:

"Há uns anos atrás (sic) ninguém acreditava que pudessemos ter um documento único automóvel, há uns atrás (sic) ninguém acreditava na informação empresarial simplificada que hoje temos e essa informação do mercado chegava ao mercado dois anos depois dos dados e hoje chega no próprio ano, uns meses depois. Isso é uma vantagem. Passámos do 8 ... ahnn.. do inferno para o paraíso em apenas alguns meses."

Computadores desactualizados

Na FIL, esta manhã, José Sócrates verificou o funcionamento de um computador com um simples toque. No ecrãn, apareceu a seguinte mensagem:

"Vire à direita".

Exige-se de uma Feira de Tecnologia uma certa actualização.

A tentação da vaidade

O Parlamento Europeu discute hoje e vota amanhã o relatório sobre a reforma intercalar da PAC, da autoria do socialista português Capoulas Santos. Embora tenha apenas valor político é, provavelmente, um dos documentos mais importantes da actual legislatura.

Quando há uns meses começou a trabalhar no documento, o ex-ministro da agricultura prometia uma revolução na PAC e, sobretudo, continuar a defender os interesses portugueses. E garantia que, se as inevitáveis alterações desvirtuassem as suas posições de princípio, não hesitaria em retirar o seu nome do relatório.

Foram apresentadas mais de mil propostas de modificações e, como era de esperar, algumas apoiam o fim de mecanismos que têm permitido a Portugal arrecadar uns largos milhões de euros por ano. Capoulas explica candidamente que “mais ninguém” o apoiou nessas posições e, como também seria de esperar, não vê aqui motivos suficientes para se dissociar do documento.

Tecnologias sem relógio

A FIL, em Lisboa, recebe a grande feira da tecnologia que recebeu o pomposo nome de "Portugal Tecnológico 2008", com a honra de ser inaugurada pelo primeiro-ministro. A 15 minutos de José Sócrates chegar, ainda há pavilhões a serem montados e ainda há equipamentos a chegar.
Os mais curiosos são os do Ministério da Economia e do IAPMEI, ambos apoiantes da iniciativa da AIP: estão vazios! Melhor, têm bancos e umas mesas.
Em cada pavilhão - dos que já estão equipados - há um "magalhães". Mas curiosamente ninguém os utiliza. Cada participante, prefere usar os seus portáteis.
Há uma sala de imprensa equipada com dois (2!) computadores, mas não há wi-fi - coisa que deve fazer muito sentido numa feira de tecnologia!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Evidentemente

À força de ovos e de manifestações, a ministra da Educação cedeu aos professores e agora admite recuar no sistema de avaliação. A resposta dos sindicatos que representam toda a classe não surpreende ninguém: querem a suspensão, pura e simples, da avaliação. Nada de novo. Há muito que se sabe o que eles tentam esconder: não querem ser avaliados e ponto final. Acham que merecem terminar a carreira sempre no topo e têm uma visão muito própria da igualdade. E já ameaçam com uma greve.
Esta tarde, José Sócrates prometeu concluir, em breve, a reforma das Forças Armadas. Eis mais uns interesses corporativos que o chefe de Governo ameaça. Daqui a nada, sucede-se a rotina: protestos, umas passeatas pelas ruas e ameaças espalhadas por aí. Bem podem os militares seguir o exemplo dos professores e fazer uma grevezita. Deve ter força suficiente para assustar o país. Ou simplesmente será um dia em que se poupa graxas para as botas.
Mesmo sem fazer mossa a quem quer que seja, um protesto dos militares será sempre um protesto. Que só permite tirar uma conclusão: o país é mesmo irreformável.

domingo, 16 de novembro de 2008

A mancha - 2



Há políticos que viram a casaca. E há aqueles que “limitam” as mudanças ao aspecto. Um dos mais recentes a aderir a esta última tendência parece ser o ex-presidente da JSD e actual parlamentar laranja, Pedro Duarte.

O motivo deste new look parece óbvio: o porta-voz do PSD para a educação deve ter receado que a ministra da área o tomasse por um qualquer atirador de ovos.

2+2-3=9


Graças à TVI e ao programa CQC, percebi, finalmente, as razões que levam os professores a rejeitarem as avaliações. Para as câmaras de televisão, uma professora gritava, referindo-se à ministra da Educação:

"A gaja é surda!"

Uma outra não teve dúvidas em responder quem fora o último rei de Portugal:

"O que usava uma coroa".

E lá seguiu com uma bandeira na mão, avenida acima a gritar contra a ministra e sobretudo contra o sistema de avaliação. Pudera!
Do mesmo nível intelectual, o CQC encontrou nas ruas de Paris o povo - francês, claro - a garantir que "Portugal é uma monarquia", que "faz fronteira com França e Espanha" ou "faz fronteira com a África do Sul". Se um destes entrevistados for professor certamente estará contra o sistema de avaliações.

sábado, 15 de novembro de 2008

Jornalismo de modas

Com a resistência dos professores à avaliação, mais as manifestações que se seguiram, o país voltou ao oásis. Acabaram os assaltos às gasolineiras; terminaram os ataques às caixas de multibanco; a crise é uma maleita dos outros países menos fortes economicamente como são os casos da Alemanha e da França; o desemprego é um exclusivo dos espanhóis; e, o mais interessante de tudo, ninguém morre e ninguém nasce nas ambulâncias a caminho dos hospitais. O país e o Governo devem estar muito gratos aos professores. Ai, se não fossem eles...

Ovos duros de engolir

Há dias, uma câmara municipal, dirigida pelo PCP, organiou um debate sobre Educação - coisa alargada a várias esferas na área - e insistiu em ter a presença da ministra Maria de Lurdes Rodrigues. Como uma ministra de ovos estatelados tem medo, escapou. E fez bem. Ela afinal é governante e não o bobo da corte.

Nostalgia

Sinto-me a trabalhar numa redacção envelhecida, quando entro no carro de serviço e reparo que o rádio está sintonizado na M8O. Já lá vai o tempo em que a, seguir à TSF, a favorita era a Rádio Energia. Ou outra semelhante.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A dar colo

José Sócrates resolveu participar na abertura oficial do ano lectivo da Escola Superior de Estudos Militares. Será na próxima segunda-feira, à tarde. É a primeira vez que um primeiro-ministro participa numa cerimónia destas. Bastou uns militares ameaçarem com protestos mais duros para o poder político correr com paninhos quentes. Na versão de um autarca, de há uns tempos, é a lógica de “quem não chora não mama”.

Kizomba na Marinha

No autocarro da Base Naval do Alfeite ouve-se kizomba. Agora percebi o lema da escola da Marinha: “A arte de fazer bem”.

Diplomacia testicular


Esqueçam a diplomacia económica e arrumem de vez a diplomacia do croquete. Isto é o relato do encontro de duas verdadeiras almas gémeas.

O Nouvel Observateur apresenta a versão gaulesa sobre como Nicolas Sarkozy convenceu a Rússia a travar os seus tanques no Verão passado, quando o Ocidente estava convencido de que Putin e Medvedev apenas parariam quando obtivessem a cabeça do presidente Saakashvilli numa bandeja. Ou algo mais…

A revista francesa cita Jean-David Levitte, conselheiro diplomático do Eliseu, para reconstituir o diálogo decisivo:

Nicolas Sarkozy: “Vocês não podem fazer isso, o mundo não o aceitará.”

Vladimir Putin: “Vou fazer pendurar o Saakashvili pelos tomates.”

NS: “Pendurar?”

VP: “Porque não? Os americanos fizeram o mesmo com o Saddam Hussein.”

NS: “Sim, mas tu queres acabar como o Bush?”

VP: (depois de uma pausa) “Ah, agora marcaste um ponto.”

“Está feito”, escreve o NO, “Saakashvilli salvou a cabeça e os…”

Só não fica claro que parte do “pendurar” pretendido por Putin é que Sarkozy não percebeu imediatamente…