terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Promulgar ou a vã gloria de protestar!
E prontos lá passámos umas horas em ansiedade (à brava!) a espera do que tão importante tinha o nosso primeiro - ai perdão - presidente para dizer. Desta vez já sabíamos que não era sobre a resignação nem nenhuma doença maligna que soprava para os lados de Belém mas tão só o estatuto do imperador ming dos açores... pronto é só da região autonóma mas da maneira que Cavaco fala parece que é uma coisa proveniente das entranhas do mal.
Falou, ameaçou, falou, barafustou, ameaçou outra vez e no fim sempre o mesmo desfecho.. faz lembrar o Sr. Augusto da mercearia: - Ai menino isso é muito difícil de arranjar, mas vamos ver o que se arranja!
Chegados ao dia não falha... promulga sempre!
domingo, 28 de dezembro de 2008
Vírus ataca jornalistas
O jornalismo, em Portugal, ainda não percebeu que o país é de imigrantes. E esses imigrantes lêem jornais, ouvem a rádio e escutam, com a devida atenção, as notícias na televisão. Muitos até votam, imagine-se, e têm nacionalidade portuguesa, apesar de se considerarem pertencentes a um outro país. Mas não são estranhos por cá. São apenas estrangeiros.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
A outra forma de não escrever "estagnação"
A notícia seguinte da Lusa contava que Moscovo vai apoiar 295 empresas para "contrariar os efeitos da crise" e até já publicou a lista das contempladas. Mas, ao contrário do salário mínimo, a Lusa "esqueceu-se" de fazer a comparação com Portugal e nem sequer fez referência aos apoios do Governo português.
Nem só de "estagnação" se fazem "notícias" na Lusa.
O Mundo ao contrário
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Os assessores de porra nenhuma - 2
"Vou saber o que se passa, ligue-me daqui a meia hora".
Meia hora depois, a assessora tinha o telemóvel desligado. Nas horas seguintes, continuava na mesma.
Um ordenado de um assessor anda à volta dos 3.500 euros/mês.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Os assessores de porra nenhuma
Na série "Sim, sr Ministro", o chefe de gabinete defende a teoria que um bom assessor é aquele que nunca responde às questões dos jornalistas, provocando cansaço e, como consequência, uma desistência.
Isto vem a propósito do verdadeiro exército de assessores, quase todos ex-jornalistas, que formiga os ministérios. Esta noite, antes das 23horas, tentei falar com Manuel Pinho. Pensando que um assessor, no caso uma assessora, serviria para alguma coisa, tentei primeiro o contacto com ela. Simpática, prometeu falar com o ministro e depois daria uma resposta. Minutos depois voltei a ligar. Não atendeu. Fiz uma segunda tentativa, também sem sucesso. Tentei uma terceira vez e... nada. Decidi ligar directamente para o ministro. Sucesso. Manuel Pinho foi entrevistado, contou-me o que sabia, evitou falar sobre o que não lhe interessava. O normal, portanto.
A Aspone, a esta hora, deve estar, deleitada, a ver o "Sim, sr Ministro".
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Já é da casa
sábado, 20 de dezembro de 2008
Até Sócrates já foi uma criança
A meio do Jornal da Tarde da RTP a emissão passa para Sabrosa, em Vila Real, onde José Sócrates participa no lançamento da primeira pedra do centro de estudos Miguel Torga, com a apresentadora a dizer que “mais do que as inaugurações impõe-se um comentário do primeiro-ministro a questões de actualidade”.
Era bom, era. A bola passa para a repórter no local:
“Impõe-se naturalmente esse comentário a questões da actualidade, mas o primeiro-ministro aceitou falar em directo com a RTP mas fazendo essa homenagem a Miguel Torga (ou seja, Sócrates impôs como condição falar antes sobre Miguel Torga), o homem que (aqui ela vira-se para Sócrates), já o ouvi dizer, o marcou, o ajudou a conhecer-se a si próprio e a Portugal”.
“Sabe, Miguel Torga ensinou-me pela primeira vez a beleza que pode conter a palavra fraga. Eu vinha com o meu pai, na minha infância, para Trás-os-Montes…”, e lá prosseguiu a descoberta em directo do lado humano do PM, enquanto Pedro Sousa Pereira observava com o seu sorriso giocondiano.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
E a Madeira aqui tão perto
Aflitos com o que, de facto, poderia dar, os socialistas atrasados começaram a entrar aos magotes, em grupos de três, quatro e até seis. Para o espectáculo, o PSD optou pelo barulho. Resultado: os trabalhos foram suspensos e a mão protectora do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, permitiu a votação depois das 12horas, garantindo que o rebanho socialista estaria presente.
Mal recomeçou a sessão, Jaime Gama fez um dilacerante apelo:
"Senhores deputados, por favor, peço que não saiam da sala!"
Com a devida obediência, os deputados votaram, fila a fila para que não houvesse dúvidas e se acalmassem os nervos. O estatuto político-administrativo dos Açores foi aprovado. Desta vez, com a novidade de ter a abstenção do PSD quando antes tinha votado favoravelmente. As objecções do Presidente da República caíram assim em saco roto.
Para história, de facto, fica o dia do ano mais atribulado da Assembleia e a agitação transformada em espectáculo para se ver numa televisão mais logo à noite.
Os poetas vivem noutro mundo
"Ainda não sou o Presidente da República"
Conhece o teu inimigo
Uma máxima desenvolvida por Sócrates e pelo seu governo da seguinte forma: “se for fraquinho rebenta-o todo; se for maior que tu, finge que és mau, mas depois pede desculpa e explica-lhe que estavas a brincar”.
Com os professores e os trabalhadores por conta de outrem que tenham as contas com o fisco em atraso, o governo é implacável na réplica verbal, intransigente na postura política.
Com a banca, foi o que se viu. Teixeira dos Santos avisou que o governo podia retirar as linhas de crédito concedidas aos bancos, porque as mesmas tardam em chegar aos destinatários finais.
A banca franziu o sobrolho e Teixeira dos Santos não só recuou, como até prometeu mais apoios.
O cúmulo da parvoíce é...
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
A "lupa" está desfocada
Há uma razão para isso: o que importa mesmo é assegurar, custe o que custar, a ordem perfeita. Hoje manda o PS, amanhã manda o PSD e o Tratado de Tordesilhas do Bloco Central não pode ser riscado. Há sempre muitos lugares para preencher.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Juntos na desgraça
Importa-se de repetir?
Repare-se na subtileza: Vieira da Silva não diz que Portugal esteve contra, diz apenas que não esteve a favor. “Como sabem, pelas regras do funcionamento do Conselho o que conta é a quantidade de votos a favor”, explicou o ministro em tom paternal. E tem toda a razão. Não obstante conhecerem estas regras tão bem como os representantes portugueses, a verdade é que as delegações espanhola e grega presentes naquela reunião votaram contra (apesar de o ministro dizer que "não, não é verdade"), tal como atesta um documento do Conselho da União Europeia, onde se pode ler igualmente que Portugal esteve entre os cinco países que se abstiveram.
O diploma que permite dilatar a semana de trabalho até às 65 horas e, em alguns casos, até às 78, tinha a aprovação assegurada, mas aqueles dois países não quiseram deixar de se demarcar de tal decisão.
Talvez por discordarem da tirada deixada por Vieira da Silva hoje em Bruxelas:
“Não há distinção nenhuma entre o voto contra e a abstenção”.
Olhe que há, olhe que há…
A agência pela "lupa" dos deputados
Luís Miguel Viana não responde ao facto do computador "magalhães" ser o campeão das notícias da Lusa em 2008, mas reconhece ter falhado sobre os Açores e sobre a estagnação da economia. No entanto, o director da agência garante que nunca proibiu o uso da palavra "estagnação". E nega ter tido tratamento diferente nas entrevistas de José Sócrates e de Cavaco Silva.
Ah para que se saiba o que está em questão:
O computador Magalhães teve mais notícias do que os professores e o seu conflito com o Ministério da Educação.
A Lusa preferiu substituir a palavra "estagnação" económica por "expansão" perante um crescimento de 0,1 por cento.
Dois antes das eleições nos Açores, a Lusa descobriu que o desemprego tinha sido reduzido nas ilhas e pediu um comentário ao membro do Governo de Carlos César.
A entrevista de José Sócrates, à TSF e ao DN, teve um tratamento completamente diferente na agência do que a entrevista de Cavaco Silva, ao jornal Público".
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Só sei que nada sei
" Tamos (sic) a olhar para os números, tamos (sic) a olhar para os lados, tamos (sic) a analisar, não gostaríamos de dizer nada neste momento. Observamos que realmente o mercado ten vindo a baixar e o preço do gasóleo está abaixo do um euro".
Bem, sem desprimor para a classe, acho que um taxista seria mais esclarecedor do que o presidente da AdC.
São belas as tardes na Assembleia da República
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Quem espera, desespera
Durante a cerimónia da entrega de diplomas, com a presença de José Sócrates, comentava-se que os pais da "Maria" apressaram o fim de estudo da filha porque se cansaram de esperar por um, ou dois, dos prometidos 150 mil novos postos de trabalho.
Talvez alguém o queira
A última vez que os militantes rejeitaram alguém - no caso Telmo Correia para a liderança - logo a seguir a direcção do CDS candidatou-o a Lisboa. O resultado foi o que se viu: nem a vereador conseguiu chegar.
sábado, 13 de dezembro de 2008
Eu é que sou o presidente da agenda - 4
Hoje, Paulo Portas foi a "directas" no plebiscito esperado. E este domingo é o tal dia de encontro das esquerdas. De um lado, Manuel Alegre mais a malta do Bloco, todos desejosos de ter mais um pouco de protagonismo, e do outro a reunião do comité central do PCP.
Por mim, assuntos na segunda-feira e dias seguintes vão ser o plano do Governo e Sócrates em "terras vermelhas". Quem sabe, sabe.
(Bem, a não ser que Manuel Alegre se decida, de uma vez por todas, a criar um partido político e o anuncie no domingo. Mas isso dá tanto trabalho, credo!)
Um plano tão novo como a criação do Mundo
"O Governo vai anunciar um definitivo plano de medidas para enfrentar a crise".
O tom usado pelo jornalista de serviço fez-me acreditar que Portugal tinha chegado a Marte.
Mas não resisti em assistir aos primeiros pontos do dito plano.
O plano - "definitivo" - começou por José Sócrates anunciar a requalificação em mais de 100 escolas. Ora, que me lembro, pelo menos há mais de um ano que conheço este plano, divulgado pelo próprio Sócrates quando inaugurou uma escola em Torres Vedras.
A seguir passou para o Emprego com a promessa de ser "a prioridade das prioridades". Bem, desde a campanha eleitoral, de 2005, que não se ouve outra coisa da boca do primeiro-ministro, com a tal promessa de criar 150 mil novos postos de trabalho.
E para dourar o plano, lá surgiu a garantia de fazer um fortíssimo investimento em barragens. Eu, pelo menos, já cobri duas apresentações de projectos de barragens e ouvi, com a ajuda do belíssimo power-point, em tendas com luzes azuis ou viradas para o rio e com um "catering" de luxo, a exibição de um conjunto de planos de novas barragens a serem construídas até 2015.
A terminar, seguiram-se as promessas de apoio à exportação e às PMEs. Se escrevesse aqui as agendas do primeiro-ministro e de Manuel Pinho em que fizeram as mesmas promessas, só este ano, precisaria de um blogue à parte.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Tratado de Lisboa, mas só de nome - 2
No final do Conselho Europeu, hoje em Bruxelas, Nicolas Sarkozy identificou os protagonistas deste processo: o primeiro-ministro irlandês (que foi “corajoso”), o primeiro-ministro britânico (que se revelou “um europeu extremamente construtivo”) e a chanceler alemã (que desempenhou “um papel essencial”).
Eu é que sou o presidente da agenda - 3
No mesmo dia, em Bruxelas, o primeiro-ministro escusou-se a desenvolver a ideia, com o argumento de que primeiro era necessário discutir e aprovar o plano europeu de resposta à crise.
Hoje, ainda em Bruxelas, depois de aprovado o plano europeu, Sócrates anuncia que o governo realiza amanhã, sábado, um conselho de ministros extraordinário parta aprovar o tal plano nacional. Do qual continua a não revelar quaisquer pormenores.
E assim, sem nada dizer, o governo consegue marcar a agenda durante três dias seguidos com a fórmula secreta que salvará o país da crise.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
As contas de Ferreira Leite
“Li com atenção a proposta da Comissão e não vi lá nenhuma vez investimento público, essa palavra não está lá, a que está lá são investimentos inteligentes. (…) Não vi lá a palavra investimento público”.
É verdade, a palavra investimentopúblico não aparece uma única vez, embora a expressão “investimento público” surja em duas ocasiões. Tantas quantas a expressão “investimento inteligente”.
Fica aqui o link para o Plano Barroso, caso a líder do PSD lhe queira dar outra vista de olhos.
Quem grita assim...
Já de joelhos, seu duende irlandês!
Pelo menos é o mínimo que se pode esperar depois de perceber como o primeiro-ministro ‘vergou’ a Polónia durante a presidência portuguesa da União, conforme o próprio relata, orgulhoso, no livro “O Menino de Ouro do PS”:
“E eles vieram cá e ajoelharam. Assinaram o acordo dois dias antes das eleições na Polónia".
Como diz o próprio, “isso é que é atitude!”.
Um tiro no mercado
O PP, as ajudas do Estado e o Portas que não dá por eles
"Este partido sobrevive sem o Estado há 34 anos".
Ou seja, o CDS não recebe subvenções estatais e nem sequer tem militantes ou apoiantes - os "meus amigos e minhas amigas", repetidas dezenas de vezes por Portas - a gerir empresas que vivem de subsídios do Estado e de fundos europeus. E daí que o próprio CDS e os candidatos do CDS não recebam, desses militantes e amigos, ajudas para as campanhas eleitorais.
Curiosa é a forma como Paulo Portas, suavemente, matou o PP - o tal Partido Popular que ele próprio inventou quando o CDS era liderado pela sua marioneta. Agora, nos discursos, só entra "CDS". E mais: desapareceram os democratas-cristãos ou centristas, os "amigos e amigas" estão reduzidos apenas a "nós, os cêdê-ésses".
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Tratado de Lisboa, mas só de nome
Ou seja, depois de os irlandeses terem feito descarrilar o processo de ratificação do Tratado, o governo português estava convencido de que, uma vez que tinha baptizado o menino, teria um papel incontornável na busca de uma solução para o salvar.
Essa solução deverá ser conhecida hoje, em Bruxelas, mas não consta que José Sócrates (que chegou a afirmar que o Tratado de Lisboa “é fundamental na minha (dele) carreira política”) tenha sido visto nem achado em todo o processo.
Na ronda de algumas capitais que realizou na semana passada para ultimar os detalhes da solução encontrada, Paris foi o mais perto que o primeiro-ministro irlandês esteve de Lisboa…
Se Portugal tinha uma “palavra importante” a dizer, ninguém ficou a saber qual era e aquela “alguma responsabilidade” que Amado ‘modestamente’ reivindicou não parece, aos olhos dos demais parceiros, ter ido muito além da organização da cerimónia de assinatura do documento.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Manual georgiano de sobrevivência política
O presidente georgiano escolheu um novo ministro dos negócios estrangeiros (Grigol Vashadze) que tem a particularidade de ter dupla nacionalidade: georgiana e… russa.
De quem já deu o dito por não dito tantas vezes em tão pouco tempo e não hesitou em lançar os mais incríveis boatos e mentiras pouca coisa surpreenderia. Mas até esta tentativa de piscar o olho ao arqui-inimigo russo (que tanto gosta dele...) parece atingir um novo patamar de esforço pela sobrevivência política.
Talvez a escolha se torne menos surpreendente se se tiver em conta que, ao longo das últimas semanas, Saakashvilli deu ordem de marcha a todos os responsáveis governamentais (primeiro-ministro, e ministros dos negócios estrangeiros, defesa e interior) que tiveram algum tipo de envolvimento na guerra na Ossétia do Sul no passado mês de Agosto, além do comandante supremo das forças armadas do país.
Pelo caminho, perante a comissão do parlamento georgiano que está a investigar os acontecimentos do passado Verão, Misha reconheceu ter sido Tbilisi a desencadear as hostilidades e não a Rússia.
Tudo isto numa altura em que a oposição interna se reorganiza e ameaça seriamente a continuidade do menino bonito do Ocidente em funções. Que talvez até já não seja tão bonito e se tenha apercebido que de Washington e de outras capitais sopram ventos de mudança em relação à sua pessoa.
A suavidade e o chicote
Efeito Manuela "Chicote" Leite: na reunião, estão presentes seis deputados do PSD (o total de efectivos).
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Dos fracos não reza a História. E de Amado, quem se lembrará?
E até se socorre de Friedrich Nietzsche para explicar porque é que não pediu, nem nunca pediria desculpa:
“Não faz nenhum sentido pedir desculpas, Portugal não tem que pedir desculpas. Aliás, pedir desculpas é, na velha referência de Nietzsche, ser fraco duas vezes”.
Se, por acaso, o ministro português mudar de ideias e acabar por ter que dar razão ao seu homólogo sérvio, aqui fica mais uma dica nietzschiana:
“Tudo evolui; não há realidades eternas, tal como não há verdades absolutas”, in “Humano, demasiado humano”.
Atenção ao futuro
Amigos sérvios, desculpem qualquer coisinha...
Mas a franqueza do ministro dos negócios estrangeiros sérvio só veio complicar a candura das justificações portuguesas. Ontem à noite, no programa “Utisak Nedelje” (qualquer coisa como “Impressão da Semana”) da B92, o talk show mais visto da televisão sérvia, Vuk Jeremic contou que Luís Amado lhe ligou para dizer isto:
“Ouve, estou a sofrer pressões insuportáveis. Lamento, mas Portugal tem que reconhecer o Kosovo. Temos que fazê-lo na véspera da votação da Assembleia Geral (da ONU)”.
Algo que não difere muito do que Freitas do Amaral e outros já vinham dizendo. Mas já que estava em pleno assomo de sinceridade, o ministro sérvio podia também ter explicado por que razão Belgrado não chamou o seu embaixador em Lisboa, tal como fez com os demais países que reconheceram o Kosovo. Talvez Amado possa partilhar connosco alguma coisa que o ministro sérvio lhe tenha revelado?
sábado, 6 de dezembro de 2008
História verídica
Bem longe vão (dirão alguns) as bordoadas com que presenteavam os opositores do regime. Mas de quando em quando vão surgindo umas mostras de outros tempos porque apesar de estes terem mudado as vontades continuam as mesmas.
Este episódio ocorreu numa destas operações de fiscalização num chamado bairro problemático. Um agente da autoridade manda parar uma viatura e perante um condutor de cor oposta à sua sai-se com a brilhante frase:
- O espreto tem carta?
-Como?
-Num percebe? O espreto tem carta?
-Tem carta e tem carton!
-Hã?
-Tem cartão de capitão da GNR e tu tás fodido!
Afinal ainda há esperança!
Do obscurantismo de São Bento para o anonimato europeu
O gabinete de imprensa dos socialistas no PE difundiu esta semana um “comunicado de imprensa do deputado Armando França”, para avisar o mundo e o Largo do Rato de que o parlamentar aveirense (que teve uma passagem igualmente discreta pela AR no início desta legislatura) foi um dos 35 eurodeputados distinguidos com o prémio “EU Coherence”, seja lá isso o que for. Pelo meio do comunicado, lá se percebe que, entre os distinguidos, há também uma tal de Ana Gomes.
Uma distracção compreensível, vinda de alguém que, reagindo ao seu próprio comunicado, consegue em apenas três frases referir-se oito vezes à sua própria pessoa, não vá alguém não perceber de quem é que se está a falar:
“Acompanhei activa e intensamente a Directiva "Blue Card" e apresentei propostas de emendas que tinham em vista precisamente impedir ou diminuir o impacto negativo para o desenvolvimento da chamada "fuga de cérebros" nos países menos desenvolvidos. Uma das minhas propostas foi, aliás, aprovada pelo Parlamento, o que poderá ser importante para o desenvolvimento desses países e me deixou muito satisfeito. Como socialista e parlamentar também fiquei satisfeito com este prémio que é uma honrosa compensação para o meu trabalho e anima-me a continuar com a persistência e o entusiasmo de sempre”.
Rua Sésamo no Telejornal
No inevitável directo, a jornalista pergunta a uma criança de 10 anos a opinião sobre o gesto de Cavaco (“O que é que significa para ti o senhor presidente ter-se lembrado de chamar os filhos de militares que se encontram em teatros de operações?”), fala de forma grandiloquente sobre “os homens que partem para o exterior para representar a pátria”, a confundir presente com passado e factos com imaginação ao afirmar que Portugal tem tropas “na Bósnia, no Kosovo, no Afeganistão, no Congo, em Timor e no Iraque também” (!!!) e acaba com mensagens das mulheres e crianças para os respectivos, com árvore de Natal em pano de fundo, ao melhor estilo “mãe, estou bem”.
Tudo isto recheado de expressões como “os filhotes dos militares” e “aqui o desdentadinho” (por causa de um puto a quem tinham caído os dentes da frente), mais adequadas a uma Rua Sésamo do que a um espaço de informação.
De certeza que nestas fornadas haverá alguém capaz de fazer melhor do que isto…
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Espanto, espanto é quando estão todos
O que espanta nisto é a própria indignação de Manuela Ferreira Leite que até pediu explicações ao líder parlamentar como se se tratasse de um caso virgem e fazendo-o com estrondo. A novidade no Parlamento, a verdadeira notícia, é quando estão todos os deputados. Faltar aos debates e às votações; assinar nas comissões e depois fazer-se à vida para outros lados; chegar tarde aos debates; sair cedo; e entrar mudo e sair calado faz parte da rotina parlamentar da esmagadora maioria dos deputados sobretudo nos grupos do PS e do PSD.
Além disso, a bancada social-democrata foi escolhida, quase a dedo, por Pedro Santana Lopes. E essa escolha reflete bem o autor da selecção: é só vê-los - quando isso é possível - nas últimas bancadas: a rir, a ler jornais, em amenas e, deduz-se, divertidas cavaqueiras, e a sair e a entrar na sala. Só há uma regra sagrada que nenhum deles se esquece de cumprir: assinar o ponto.
Manuela Ferreira Leite deveria fazer um estágio no Parlamento. Em especial, assistindo, nas galerias e nas comissões, ao desempenho dos seus deputados. Se o tivesse feito, antes de se atirar à liderança, talvez tivesse ficado em casa. E poupava-se à vergonha.
Ninguém põe travões nisto
As universidades - na sua esmagadora maioria sem aulas práticas, sem meios e sem condições para ensinar jornalismo - continuam a "despejar" para o mercado de trabalho a média, por ano, de 1500 licenciados em comunicação social e outros cursos adjacentes. E ninguém trava o enorme embuste: forma-se gente para o desemprego, para as lojas das zaras e para os "call-centers". E as universidades, mesmo sabendo que colaboram no engano, continuam a seduzir com paraísos na terra, buscando apenas o lucro das propinas. Falta-lhes moral para, pelo menos, dar alternativas aos jovens iludidos. E ao Governo falta coragem para pôr travões nisto, impôr regras e sobretudo acabar com cursos mentirosos.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Escrever à maluca
Reforma? Ai, não, que horror!
Reforma do sistema eleitoral é coisa que interessa, vejamos, aos... agricultores.
No final da sessão, André Freire, o coordenador do estudo, terminou com esta frase lapidar:
"Os deputados não representam árvores"
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
É melhor nem falar no assunto
Os números da greve dos professores, com dados oficiais que chegaram ao gabinete do primeiro-ministro, ultrapassam os 80 por cento.
Eu é que sou o presidente da agenda - 2
O gabinete do primeiro-ministro já anunciou que o "senhor primeiro-ministro está disponível para responder a questões". A terminar um assessor sugere: "imagino que querem perguntar sobre a educação...".
Portanto, contra a greve, propagandear, propagandear!
Eu é que sou o presidente da agenda
No sábado, em pleno congresso do PCP, José Sócrates convocou os professores socialistas para um debate/sessão de esclarecimento/puxão de orelhas para a sede do PS. Resultado: à noite e no dia a seguir, a liturgia comunista passou para o segundo plano político.
Hoje, os professores estão em greve em todo o país. José Sócrates convocou os representantes da indústria automóvel para anunciar apoios. E até aposto que, ao contrário do que é habitual nos encontros na residência oficial do primeiro-ministro, José Sócrates vai fazer umas declarações aos jornalistas. Só ainda não sei o que pretende anunciar para disfarçar a greve dos professores.
Filosofia superior
Deixa-te de fitas, queima os dogmas
Frase inscrita na parede da Faculdade de Direito, em Lisboa:
Só mantemos a cabeça erguida porque temos merda até ao pescoço
Frase inscrita numa parede do Ministério das Finanças, mesmo ao lado da porta principal:
Se ninguém pensa em ti, vota em ninguém
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Tudo está bem até tudo deixar de estar bem
02.11.2008 - Governo anuncia nacionalização do BPN
02.12.2008 - Estado avaliza fundos de bancos para salvar o BPP
02.12.2008 - “Os momentos que estamos a viver são de grande incerteza, não podemos ter nada por certo nestas circunstâncias (…). O sistema no seu conjunto creio que continua a ter estabilidade e solidez para enfrentar esta situação, que não é uma situação fácil, como sabemos.” Teixeira dos Santos, Bruxelas.
Tendo em conta a cadência quase mensal que parece estar a guiar os acontecimentos, lá para o início de Janeiro o sistema financeiro português é capaz de dar mais uma prova da estabilidade de que o ministro tanto gosta de falar.
Chapéus há muitos!
Se no exterior o mau tempo ajudava a justificar a indumentária, no interior o mistério desfez-se: era Teixeira dos Santos, provavelmente a querer passar despercebido, na primeira vez que reuniu com os seus pares europeus desde que o Financial Times o classificou como o pior ministro das finanças da zona euro.
domingo, 30 de novembro de 2008
Olhó avião!
E o jornal espanhol acrescenta que, nessa mesma altura, Washington estava igualmente a avisar outros países por onde passariam os referidos voos, entre os quais Portugal.
Uma notícia que deve dar a Durão Barroso motivos de sobra para ficar preocupado, numa altura em que trabalha activamente para prolongar a sua estadia em Bruxelas por mais cinco anos.
Com a pequena ajuda do PCP
Frases feitas
- O PS e o PSD só mostram interesse em servir o grande capital
- O Governo desferiu um brutal ataque...
- O Governo, na sua fúria privatizadora, pretende entregar ao capital privado…
- Ao contrário do que consagra a Constituição de Abril…
- Grande jornada de luta (varia entre a manifestação e a greve geral)
- Em quatro anos, aumentámos o colectivo em ... militantes, subimos a venda do Avante de ... para...
- O PCP, pelo seu carácter de acção, é um partido ... (dos jovens, das mulheres, dos reformados, dos trabalhadores,....) - varia conforme o orador.
- A luta continua (resulta sempre em aplausos)
- Acentuada política de direita do governo do PS
- Grandiosas acções de massas convocadas pela CGTP
- A ofensiva neoliberal...
- Precariedade laboral
- O patronato e o Governo em evidente sintonia
- Profundas regressões sociais
- Agrava-se a exploração dos trabalhadores
- Convergência da luta
- A vitalidade de luta de massas para enfrentar a política de direita...
Aplausómetro
1 - Fazer referência a Álvaro Cunhal
2 - Citar Álvaro Cunhal
3 - Chamar Jerónimo de Sousa ao palco
4 - Gritar "Cuba vencerá"
5 - Gritar "Viva o PCP"
6 - Chamar Odete Santos ao palco
7 - Falar à Odete Santos, introduzindo no discurso frases retiradas do hino "A Internacional" ou citando uns poemas que tenham a palavra "liberdade"
8 - Reafirmar que o PCP é um partido marxista-leninista
9 - Gritar "Viva o XVIII Congresso do PCP"
10 - Fazer referência ao 25 de Abril
11 - Afirmar que o PCP é um "enorme colectivo partidário"
sábado, 29 de novembro de 2008
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Trova do vento que passa
"Observam-se algumas movimentações de alguns sectores que procuram apresentar-se "à esquerda" dentro do PS e que sem dúvida resultam deste crescente isolamento (...) essas movimentações, recusano assumir a ruptura com a política de direita nos seus conteúdos estruturantes, (...), tenderão para assegurar as condições que permitem a sobrevivência da política de direita".
Como o líder do PCP não mencionou qualquer nome, a organização do congresso tratou, no intervalo, de colocar Adriano Correia de Oliveira a cantar "o vento cala a desgraça", com a letra de... Manuel Alegre.
Prova de resistência
Duas rádios, a TSF e a Antena 1, e dois canais de televisão, a SIC-Notícias e a RTPN, transmitem o discurso em directo e na íntegra. Já que na sala poucos se interessam pelo discurso, talvez lá fora alguém esteja atento.
Nenhum jornalista está constipado, apesar do frio que se faz sentir no Campo Pequeno.
A vacina não chega a toda a gente
"No plano da promoção da comunicação social bem se pode dizer que basta o BE soltar um espirro para constipar uma série de jornalistas".
Eu, por mim, estou vacinado contra a gripe.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
E se Deus (não) for a Conselho de Ministros?
Uma bela estónia de amor
Mas, para Alberto Costa (na imagem com o seu homólogo estónio, que se baralhou um pouco com os nomes),este Conselho resumiu-se a um acontecimento: o projecto levado a cabo entre Lisboa e Tallin que permitirá que, já a partir de hoje, um português possa abrir uma empresa on-line na Estónia e um estónio possa abrir uma empresa on-line em Portugal.
Não importa que as trocas comerciais entre os dois países sejam irrelevantes (o ministro também não sabia responder a esta questão), nem que não haja nenhuma manifestação de interesse empresarial por tal possibilidade. O que importa é que tecnicamente era possível dar este passo e, por isso, ele foi dado.
Ou seja, se fosse um bocadinho mais engraçado, quase que cumpria os requisitos dos prémios IgNobel. Estes, destacam descobertas que “primeiro fazem as pessoas rir, depois pensar”. No caso da experiência ibero-báltica, o mais provável é que a sequência de reacções seja a inversa.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Generosidade sem limites
E Portugal? Rui Pereira explicou que o Conselho de Ministros decidiu em 2007 acolher 30 refugiados. Por ano. Do mundo inteiro. E que este ano já chegaram 22, entre os quais uma família de cinco iraquianos, e que o governo não pondera rever aquele número.
Rui Pereira explica este número, “que pode parecer pequeno”, com as possibilidades do país e a necessidade de garantir uma “integração harmoniosa na sociedade portuguesa”. E dá um exemplo que tranquilizará portugueses e candidatos a refugiados:
“A família de refugiados iraquiana que está em Portugal foi uma família que eu próprio vi quando chegou, na Bobadela, e eu sei como está a ser integrada. Está a ser integrada bem na sociedade portuguesa”.
A culpa é da Bruni
Isto, apesar de o ministro se fazer acompanhar do inevitável assessor de imprensa, com hotel, viagem e ajudas de custo pagas à custa do contribuinte.
Hoje, o MAI preparava-se para fazer a mesma coisa. A insistência dos jornalistas junto do assessor de imprensa, que até já tinha avisado que iríamos receber o comunicado da praxe muito em breve, valeu por duas razões: o ministro acabou por falar e o assessor lá se descoseu que a má vontade ministerial se devia a “coisas que alguns fazem, mas que depois acabam por pagar todos”.
Ele não quis elaborar, mas ficou bastante claro que se estava a referir à divulgação de umas pouco discretas declarações de Rui Pereira sobre a primeira-dama de França.
Só eu sei por que sou eurodeputado
Só eu sei por que sou deputada
Duas deputadas do PS conversam, no intervalo de mais uma sessão sobre o Orçamento. Diálogo:
- Aquilo ontem foi horrível, tantos mortos...
- Pois, só não percebi se foi em Mumbai ou Bombaím...
- Sim, numas televisões, ouvi Mumbai, noutras Bombaím..
- Eu até tenho um familiar que nasceu em Bombaím.
Arte para aliviar a crise
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Qualquer um serve, desde que não seja Barroso
Três bloggers lançaram uma petição anti-Barroso. A sua argumentação não pode ser considerada muito elaborada (porque houve três países a votar ‘Não’ recentemente em referendos sobre questões europeias e porque a UE atravessa uma crise de identidade e de confiança, logo, Barroso não pode ser reconduzido…), mas a lista de nomes alternativos é interminável: qualquer um parece servir, desde que não seja Durão.
Há qualquer coisa que não bate certo
Citando um dirigente político, a "bota não joga com a perdigota". E como se dizia por aí o "Zé faz falta", mas ao...PS.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
USA - Utopian States of America
There are literally tens of thousands of lobbyists in Washington, funded by countless millions from corporations and industry groups. The oil and coal companies. The pharmaceutical industry. The HMOs. The telecoms. They're all gearing up right now to stop any bold health care bill or energy plan dead in its tracks.
They're going to fight Obama at every step. We have to be prepared to fight back harder.
That's why we've launched a huge campaign to flood Washington with the voices of real Americans who are crying out for change. On TV, on billboards and buses, in district offices and the halls of Congress, we're going to amplify the voices of MoveOn members and make Barack Obama's progressive mandate impossible to ignore.
Mas para ter a força de uma Exxon ou de uma Pfizer, a organização pede uma contribuição de 15 dólares por mês a cada membro que recebeu esta mensagem. E promete fazer da presidência de Obama a mais forte de sempre. Para já, anda a recolher estórias e fotos de toda a gente que queira dar uma sugestão ou simplesmente que deseje protestar. Todas as contribuições serão entregues em Washington. E já está marcada uma grandiosa festa no dia da cerimónia de posse de Barack Obama.
Até a MovOn cair na realidade, a utopia tomou o poder nos EUA.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
De sorriso amarelo
Gostaria de ser mosca para ouvir Luis Amado a tentar explicar os "flic-flacs à retaguarda" que Portugal deu em relação ao reconhecimento do Kosovo. Mas com a "eloquência" que lhe é reconhecida, certamente os dirigentes sérvios não vão perceber patavina. Nem o que levou Portugal a adiar o tal reconhecimento e, muito menos, o que o fez mudar de posição. A não ser que Luís Amado opte, como já o fez, apenas por dar a entender - sem assumir, claro, que um MNE que se preze tem de ser vago - que o Kosovo é inviável como país.
Correspondência alheia
"A Arábia Saudita é a maior potência petrolífera do Mundo e a economia dos EUA - para não referir a economia global - entraria em colapso no dia em que o reino decidisse fechar a torneira. Em resultado, temos um ciclo vicioso: como usamos petróleo saudita para alimentar as nossas economias, algumas das moedas de troca acabam por financiar indirectamente os fundamentalistas islâmicos que - além de cometerem atentados suicidas que matam e ferem milhares de pessoas - fazem explodir petroleiros no Iémen e oleodutos no Iraque".
"O Instituto Max Singer propusera a separação da Província do Leste, bem como do petróleo, com a criação de uma República Muçulmana da Arábia do Leste, administrada por xiitas. Esta proposta, apoiada por alguns oficiais do Pentágono, deveria resolver, de forma eficaz, todos os problemas que a América tinha com o reino: as economias ocidentais teriam petróleo barato proveniente de um Estado fantoche".
São os trabalhos a mais que aguardam pela chegada de Barack Obama.
domingo, 23 de novembro de 2008
Cavaco e o direito à indignação
Será só por Dias Loureiro ter sido secretário-geral do partido quando Cavaco Silva presidia ao PSD e ministro dos assuntos parlamentares e da administração interna em dois dos seus governos?
Ou por Duarte Lima ter chefiado a bancada parlamentar do PSD durante os tempos áureos da maioria absoluta cavaquista e Arlindo de Carvalho ter sido um dos ministros da saúde do professor?
Ou será porque o próprio Oliveira e Costa foi secretário de estado dos assuntos fiscais quando Miguel Cadilhe era ministro das finanças num governo do actual presidente?
Tal como o governo espanhol fez saber há uns anos através das suas embaixadas espalhadas pelo mundo que cada referência à ETA pelos meios de comunicação social deveria ser obrigatoriamente acompanhada da expressão “grupo terrorista”, também a Presidência da República devia solicitar aos jornalistas portugueses para que omitissem o nome do mais alto magistrado da nação cada vez que refiram o currículo dos actuais e futuros envolvidos no caso BPN.
Que, além das ligações ao BPN, apenas parecem ter em comum o facto de terem sido ilustres desconhecidos até ao advento do cavaquismo em meados dos anos 80.
E quando a terra treme? - 2
Deu para tudo: populares a queixarem-se por a explosão da bomba de gasolina no Campo das Cebolas ter ficado aquém das expectativas, bombeiros a chegarem ao local de um descarrilamento do Metro antes de o mesmo ter acontecido, um sismólogo a “apostar” que o epicentro do próximo big one será por baixo da central eléctrica que abastece Lisboa, etc.
E, principalmente, deu para ficar com a impressão de que alguns repórteres, principalmente aquela rapariga de cabelo louro com as raízes teimosamente escuras e que não parava de falar no “necrotério”, ficaram algo decepcionados por nada daquilo ser um bocadinho mais sério.
E deu ainda para reparar que, apesar de todo o circo em torno da “inevitável” catástrofe, em momento algum houve qualquer esforço para dar aos lisboetas algumas dicas úteis sobre o que fazer quando a terra voltar a tremer. Talvez sintonizar a RTP?
sábado, 22 de novembro de 2008
Saturday morning fever
Por aqui, teme-se que os japoneses ofereçam a Sócrates uma miniatura do carro para o primeiro-ministro mostrar no decorrer das cimeiras internacionais.
Post com contribuições dos jornalistas destacados para o evento.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Eu avalio, tu avalias, ela avalia...
Não se deixem iludir pelo número 2007 lá atrás, esta imagem está mais actual do que nunca. O senhor ao lado de Maria de Lurdes Rodrigues é o comissário europeu responsável pela educação e a fotografia testemunha uma das poucas vezes, e provavelmente a última, que os dois estiveram juntos.
Porque a ministra voltou a faltar ao Conselho de Ministros da Educação da União Europeia, que decorreu hoje em Bruxelas. Tal como faltou aos anteriores, em Maio e Fevereiro deste ano, conseguindo assim o pleno de não ter participado numa única reunião ao nível comunitário em 2008.
Mais do que algo ocasional, esta enésima ausência da ministra representa um regresso à normalidade. Desde que o governo tomou posse, em Março de 2005, Maria de Lurdes apenas se deu ao trabalho de se deslocar a Bruxelas no ano passado. Ou não fosse ano de presidência portuguesa da União e Sócrates não tivesse puxado as orelhas aos ministros baldas.
E quando a terra treme?
A cidade vive há anos debaixo da mesma incerteza. A terra voltará tremer e talvez por isso convém ir fazendo treinos para o dia fatídico. Mas confessámos a nossa estranheza com o pormenor com que a catástrofe se abaterá em Lisboa hoje à tarde. A saber:
2 750 elementos operacionais
1 798 figurantes
234 mortos (a brincar)
795 feridos ( na reinação)
769 desalojados (estes se calhar não têm mesmo casa)
Resta esperar que o próximo terramoto tenha a hombridade de também fazer um press release para não apanhar a protecção civil desprevenida.
Entretanto os sindicatos (desta vez os da Função publica) preparam-se para manifestar no centro da cidade ao mesmo tempo que o simulacro – Miséria!
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
E ninguém pára o vereador ... olé ó!
O vereador do Bloco de Esquerda José Sá Fernandes anda abatido. Será pelas alianças que para defender os interesses lisboetas é obrigado a fazer à direita, ou por ter sido cilindrado na questão dos contentores por Miguel Sousa Tavares durante o programa "Prós e Contras" da última segunda feira (já temos suspeito ó miguel). Realmente não sabemos. Mas o Correio Preto foi hoje testemunha da história quando o vereador fez finalmente frente a uma instituição opressora da classe operária e da marcha desta rumo ao socialismo ... ou melhor do vereador rumo à festarola.
A acção decorre num parque que é um dos melhores segredos da cidade e que a seu pedido e para sua protecção omitiremos a sua localização - é o nosso programa de protecção de testemunhas e parques porreiros que assim o obriga.
Um projecto de caridade com patrocínio de marca de relógios na moda, ministráveis deste e de outros governos, presidentes de câmara (dois ex e um actual) e para dar o ar de instituição de bem: a primeira-dama em pessoa - sei que ela odeia a expressão, mas paciência.
Quando chega o camarada vereador nem sequer está atrasado mas face à impossibilidade de entrar com a socialista viatura no recinto, o camarada motorista da autarquia deixa o grande líder na entrada e este enceta a grandiosa marcha em direcção ao beberete.
Um polícia de serviço encarregue de coordenar o trânsito (capitalista e o outro) e um membro da organização encarregue de receber as altas individualidades (socialistas e as outras) olham para o autarca na esperança que este lhes peça indicações ou então um simples cumprimento. Mas nada detém a marcha do progresso em direcção ao martini branco com azeitona!
Já vai o socialismo nuns bons cinquenta metros de avanço em relação à restante classe operária que esperava pacientemente por transporte, quando: o fascista, o poluto, o traidor da classe operária do polícia de trânsito sai-se com o comentário "é vereador, isto vão para a câmara e ficam logo uns doutores, é que nem boa tarde!".
O homem novo pára no cimo dum monte, volta-se para traz e lança um olhar inquiridor.
Começa a voltar ao ponto de partida (isto do socialismo é mesmo feito de avanços e recuos) e estaca frente ao nazi -fascista do PSP. Convém explicar que este além de bigodes à filme do Vasco Santana (logo fascista) media menos setenta centímetros que o vereador e devia ter uns 50 anos.
À pergunta, "repita lá o que disse" o velho reaccionário na cara do nosso ídolo, proferiu as palavras:
"disse que os sr.s vão para a câmara e ficam logo uns doutores, é que nem boa tarde, nem sequer falou com aquele senhor que está ali para receber as pessoas!"
O nosso querido líder ainda o ameaçou. Mas o homem era obstinado e continuava a dizer que não tinha medo dele e que o homem novo era mas é um homem mal-educado!
Talvez pelos escribas presentes começarem a tirar notas e os repórteres fotográficos começarem a achar piada à cena, o nosso homem mal-educado ... perdão novo, achou por bem não continuar com confronto e acabou-se por afastar com o polícia (um torcionário, seguramente) a dizer que não retirava uma palavra do que tinha dito.
Cena triste em que mais uma vez o socialismo teve que bater em retirada frente à esmagadora opressão policial! Mas é como diz um dos nossos leitores aqui no Correio Preto "Isto quando um home está em baixo até os cães lhe mijam em cima"
Nem que ela se vista de diamantes
Já o tinha dito e repito: eles simplesmente não querem ser avaliados. Não há cedências para determinados luxos!
Eurocrata, a Europa precisa de ti para combater a crise!
Os interessados têm que responder até à próxima segunda-feira. Porquê tanta urgência? Porque a crise não pode esperar:
“A actual tempestade nos mercados financeiros necessita de uma acção Comunitária rápida e eficaz em vários domínios: trabalho legislativo e regulador, elaboração de políticas e reforço das regras de concorrência.
Por isso, a Comissão precisa urgentemente de reforçar numa base temporária as equipas existentes nas diferentes DGs que trabalham em temas financeiros. Em particular, a DG ECFIN, DG MARKT e a DG COMP (jargão comunitário que identifica as direcções-gerais referidas acima) estão à procura de colegas (funcionários, agentes temporários, agentes contratuais) actualmente em funções noutros departamentos da Comissão que estejam interessados em trabalhar numa base temporária numa destas 3 DGs”.
O mail é acompanhado de um ficheiro que explica com mais detalhe o que se pretende e com os contactos de cada direcção-geral.
O inimigo ataca por todos os lados, Barroso lançou o apelo às armas. No Berlaymont registam-se voluntários a quem é ministrado um breve treino de sobrevivência em ambiente de crise e que são carregados em camiões que seguem directamente para a linha da frente. A mobilização geral está para breve, há mães a esconder os filhos nas caves. Os que caírem não serão esquecidos. A crise não passará!
Índex
Sem querer interfir no trabalho da direcção da agência, humildemente sugiro que coloquem no "índex" as seguintes expressões: greve, manifestação (a não ser que seja uma vaga de fundo de apoio ao Governo), desemprego, despedimentos, crise (a não ser que atinja o PSD), previsões negativas, professores, recessão, ambulâncias, assaltos, caixas de multibanco. E estou aberto a mais sugestões.
Ah... Cavaco Silva já pediu, formalmente, esclarecimentos sobre os tratamentos diferenciados quando as notícias são referentes ao primeiro-ministro ou ao Presidente da República.
Havemos de lá chegar - 2
“Mostrou que também sabe trocar a bola, que pode marcar golos”.
Quando Queiroz descobrir que foram os próprios jogadores a apertar os atacadores das chuteiras, aí é que se vai convencer que temos potencial para... sei lá... ganhar um jogo, talvez? Que mais habilidades terão aqueles malandros escondido este tempo todo?
Havemos de lá chegar
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
O jogo das aparências das negociações europeias
Pouco depois, dada a divergência de posições entre os diferentes países, a Comissão Europeia e a presidência francesa começaram a ouvir cada uma das 26 delegações separadamente, para retomar as negociações conjuntas… a partir das 2 da manhã!
As previsões mais optimistas estimam que deverá haver acordo na quinta-feira ao princípio da manhã, depois de uma noite inutilmente em branco.
A sensatez mandaria que, depois daquela ronda de reuniões, fossem todos para os hotéis dormir ou ver os jogos das respectivas selecções e que amanhã de manhã se sentassem fresquinhos à mesa das negociações, com uma proposta de compromisso à frente dos olhos e continuassem a partir pedra mais umas horas.
Mas, nestas coisas, a aparência conta muito. E como muitos ministros terão que voltar para casa de mãos a abanar em algumas coisas que deixarão os seus agricultores bastante furiosos, há que dar a impressão que só desistiram depois de lutar arduamente noite dentro, horas a fio, contra tudo e contra todos, incluindo o sono e o bom senso.
Serviço público no seu esplendor!
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Um telemóvel dos diabos
Jaime Silva contra-atacou com números: quando Ferreira Leite estava no governo o gabinete do então ministro da agricultura gastou 2,3 milhões de euros, enquanto que o orçamento actual é de 1,3 milhões de euros.
Uma poupança tão assinalável que até permitiu ao ministro equipar-se com um telemóvel de uma marca mais conhecida por vestir o diabo.
O ministro ficou feliz e o orçamento também não se queixou.
Do tempo em que os animais falavam
Quem já esteve em qualquer casa oficial de um chefe do Governo, em qualquer país dito de economia emergente, fica com a sensação de ter recuado, em São Bento, pelo menos, uns 20 anos.
Mas São Bento não é caso único. As condições na Presidência do Conselho de Ministros são mais parecidas com uma junta de freguesia do fim do mundo; na Assembleia da República, as impressoras não funcionam, os poucos computadores existentes teimam em funcionar ao ritmo de um motor a carvão; nas sedes dos partidos políticos, quando um telefone funciona é motivo de alegria; e dispenso-me de fazer referências aos ministérios.
O Plano Tecnológico ainda não chegou ao funcionamento da política. Parou na propaganda.
Cada lente, sua sentença
"Há uns anos atrás (sic) ninguém acreditava que pudessemos ter um documento único automóvel, há uns atrás (sic) ninguém acreditava na informação empresarial simplificada que hoje temos e essa informação do mercado chegava ao mercado dois anos depois dos dados e hoje chega no próprio ano, uns meses depois. Isso é uma vantagem. Passámos do 8 ... ahnn.. do inferno para o paraíso em apenas alguns meses."
Computadores desactualizados
"Vire à direita".
Exige-se de uma Feira de Tecnologia uma certa actualização.
A tentação da vaidade
Quando há uns meses começou a trabalhar no documento, o ex-ministro da agricultura prometia uma revolução na PAC e, sobretudo, continuar a defender os interesses portugueses. E garantia que, se as inevitáveis alterações desvirtuassem as suas posições de princípio, não hesitaria em retirar o seu nome do relatório.
Foram apresentadas mais de mil propostas de modificações e, como era de esperar, algumas apoiam o fim de mecanismos que têm permitido a Portugal arrecadar uns largos milhões de euros por ano. Capoulas explica candidamente que “mais ninguém” o apoiou nessas posições e, como também seria de esperar, não vê aqui motivos suficientes para se dissociar do documento.
Tecnologias sem relógio
Os mais curiosos são os do Ministério da Economia e do IAPMEI, ambos apoiantes da iniciativa da AIP: estão vazios! Melhor, têm bancos e umas mesas.
Em cada pavilhão - dos que já estão equipados - há um "magalhães". Mas curiosamente ninguém os utiliza. Cada participante, prefere usar os seus portáteis.
Há uma sala de imprensa equipada com dois (2!) computadores, mas não há wi-fi - coisa que deve fazer muito sentido numa feira de tecnologia!
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Evidentemente
Esta tarde, José Sócrates prometeu concluir, em breve, a reforma das Forças Armadas. Eis mais uns interesses corporativos que o chefe de Governo ameaça. Daqui a nada, sucede-se a rotina: protestos, umas passeatas pelas ruas e ameaças espalhadas por aí. Bem podem os militares seguir o exemplo dos professores e fazer uma grevezita. Deve ter força suficiente para assustar o país. Ou simplesmente será um dia em que se poupa graxas para as botas.
Mesmo sem fazer mossa a quem quer que seja, um protesto dos militares será sempre um protesto. Que só permite tirar uma conclusão: o país é mesmo irreformável.
domingo, 16 de novembro de 2008
A mancha - 2
O motivo deste new look parece óbvio: o porta-voz do PSD para a educação deve ter receado que a ministra da área o tomasse por um qualquer atirador de ovos.
2+2-3=9
sábado, 15 de novembro de 2008
Jornalismo de modas
Ovos duros de engolir
Nostalgia
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
A dar colo
Kizomba na Marinha
Diplomacia testicular
O Nouvel Observateur apresenta a versão gaulesa sobre como Nicolas Sarkozy convenceu a Rússia a travar os seus tanques no Verão passado, quando o Ocidente estava convencido de que Putin e Medvedev apenas parariam quando obtivessem a cabeça do presidente Saakashvilli numa bandeja. Ou algo mais…
A revista francesa cita Jean-David Levitte, conselheiro diplomático do Eliseu, para reconstituir o diálogo decisivo:
Nicolas Sarkozy: “Vocês não podem fazer isso, o mundo não o aceitará.”
Vladimir Putin: “Vou fazer pendurar o Saakashvili pelos tomates.”
NS: “Pendurar?”
VP: “Porque não? Os americanos fizeram o mesmo com o Saddam Hussein.”
NS: “Sim, mas tu queres acabar como o Bush?”
VP: (depois de uma pausa) “Ah, agora marcaste um ponto.”
“Está feito”, escreve o NO, “Saakashvilli salvou a cabeça e os…”
Só não fica claro que parte do “pendurar” pretendido por Putin é que Sarkozy não percebeu imediatamente…