terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Promulgar ou a vã gloria de protestar!


E prontos lá passámos umas horas em ansiedade (à brava!) a espera do que tão importante tinha o nosso primeiro - ai perdão - presidente para dizer. Desta vez já sabíamos que não era sobre a resignação nem nenhuma doença maligna que soprava para os lados de Belém mas tão só o estatuto do imperador ming dos açores... pronto é só da região autonóma mas da maneira que Cavaco fala parece que é uma coisa proveniente das entranhas do mal.

Falou, ameaçou, falou, barafustou, ameaçou outra vez e no fim sempre o mesmo desfecho.. faz lembrar o Sr. Augusto da mercearia: - Ai menino isso é muito difícil de arranjar, mas vamos ver o que se arranja!

Chegados ao dia não falha... promulga sempre!

domingo, 28 de dezembro de 2008

Vírus ataca jornalistas

O Pedro Correia chama a atenção para um mal que ataca o jornalismo. Infelizmente, não é só com a gripe. O vírus estende-se a quase todas as notícias. Não há acontecimento passado em Portugal que não seja acompanhado com as expressões que mostram bem a pequenez mental do país. São do género "no nosso país", "o nosso presidente", "somos os mais... (qualquer coisa relacionada com sondagens)", e mais, muito mais.
O jornalismo, em Portugal, ainda não percebeu que o país é de imigrantes. E esses imigrantes lêem jornais, ouvem a rádio e escutam, com a devida atenção, as notícias na televisão. Muitos até votam, imagine-se, e têm nacionalidade portuguesa, apesar de se considerarem pertencentes a um outro país. Mas não são estranhos por cá. São apenas estrangeiros.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

A outra forma de não escrever "estagnação"

A agência Lusa noticiou que o governo espanhol vai aumentar o salário mínimo em 3,5 por cento. No mesmo "take", a agência noticiosa tratou de recordar que o Governo português também decidiu aumentar o salário mínimo, mas em 5,6 por cento.
A notícia seguinte da Lusa contava que Moscovo vai apoiar 295 empresas para "contrariar os efeitos da crise" e até já publicou a lista das contempladas. Mas, ao contrário do salário mínimo, a Lusa "esqueceu-se" de fazer a comparação com Portugal e nem sequer fez referência aos apoios do Governo português.
Nem só de "estagnação" se fazem "notícias" na Lusa.

O Mundo ao contrário

O PCP recusou-se a comentar, para a comunicação social, a mensagem de José Sócrates com o argumento que "estamos no natal e, por isso, não se fala de política".

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Os assessores de porra nenhuma - 2

A Câmara de Sines queixa-se ter solos contaminados e culpa o Ministério do Ambiente por ignorar o assunto. Resposta de uma assessora do ministro do Ambiente à pergunta de um jornalista da TSF:

"Vou saber o que se passa, ligue-me daqui a meia hora".

Meia hora depois, a assessora tinha o telemóvel desligado. Nas horas seguintes, continuava na mesma.
Um ordenado de um assessor anda à volta dos 3.500 euros/mês.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Os assessores de porra nenhuma

Os jornalistas brasileiros usam amiúde uma expressão sempre que se referem a um determinado assessor que só serve para empatar. Chamam-lhe ASPONE: Assessor de Porra Nenhuma.
Na série "Sim, sr Ministro", o chefe de gabinete defende a teoria que um bom assessor é aquele que nunca responde às questões dos jornalistas, provocando cansaço e, como consequência, uma desistência.
Isto vem a propósito do verdadeiro exército de assessores, quase todos ex-jornalistas, que formiga os ministérios. Esta noite, antes das 23horas, tentei falar com Manuel Pinho. Pensando que um assessor, no caso uma assessora, serviria para alguma coisa, tentei primeiro o contacto com ela. Simpática, prometeu falar com o ministro e depois daria uma resposta. Minutos depois voltei a ligar. Não atendeu. Fiz uma segunda tentativa, também sem sucesso. Tentei uma terceira vez e... nada. Decidi ligar directamente para o ministro. Sucesso. Manuel Pinho foi entrevistado, contou-me o que sabia, evitou falar sobre o que não lhe interessava. O normal, portanto.
A Aspone, a esta hora, deve estar, deleitada, a ver o "Sim, sr Ministro".

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Já é da casa

Pedro Silva Pereira esteve esta noite na SIC-Notícias. Desconfio que o ministro da Presidência conhece tão bem as cadeiras dos estúdios do canal de Carnaxide como as do seu gabinete.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Até Sócrates já foi uma criança

A partir de agora é assim: o primeiro-ministro apenas se pronuncia sobre um tema da actualidade depois de obrigar quem o escuta a ouvir uma reflexão íntima sua.

A meio do Jornal da Tarde da RTP a emissão passa para Sabrosa, em Vila Real, onde José Sócrates participa no lançamento da primeira pedra do centro de estudos Miguel Torga, com a apresentadora a dizer que “mais do que as inaugurações impõe-se um comentário do primeiro-ministro a questões de actualidade”.

Era bom, era. A bola passa para a repórter no local:

“Impõe-se naturalmente esse comentário a questões da actualidade, mas o primeiro-ministro aceitou falar em directo com a RTP mas fazendo essa homenagem a Miguel Torga (ou seja, Sócrates impôs como condição falar antes sobre Miguel Torga), o homem que (aqui ela vira-se para Sócrates), já o ouvi dizer, o marcou, o ajudou a conhecer-se a si próprio e a Portugal”.

“Sabe, Miguel Torga ensinou-me pela primeira vez a beleza que pode conter a palavra fraga. Eu vinha com o meu pai, na minha infância, para Trás-os-Montes…”, e lá prosseguiu a descoberta em directo do lado humano do PM, enquanto Pedro Sousa Pereira observava com o seu sorriso giocondiano.
Se Sócrates lhe toma o gosto ainda acabamos com um programa qualquer inspirado no "Aló Presidente", do seu amigo Hugo Chavez.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

E a Madeira aqui tão perto

Hoje foi um dia histórico na Assembleia da República. O PSD, ainda ferido por ter tido deputados faltosos a semana passada, resolveu pedir a votação imediata do estatuto dos Açores logo a seguir ao final do debate. Alguém do grupo pegou na aritmética e reparou que os deputados do PS não estavam todos presentes o que daria uma vitória estrondosa a quem já tinha anunciado a abstenção.
Aflitos com o que, de facto, poderia dar, os socialistas atrasados começaram a entrar aos magotes, em grupos de três, quatro e até seis. Para o espectáculo, o PSD optou pelo barulho. Resultado: os trabalhos foram suspensos e a mão protectora do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, permitiu a votação depois das 12horas, garantindo que o rebanho socialista estaria presente.
Mal recomeçou a sessão, Jaime Gama fez um dilacerante apelo:

"Senhores deputados, por favor, peço que não saiam da sala!"

Com a devida obediência, os deputados votaram, fila a fila para que não houvesse dúvidas e se acalmassem os nervos. O estatuto político-administrativo dos Açores foi aprovado. Desta vez, com a novidade de ter a abstenção do PSD quando antes tinha votado favoravelmente. As objecções do Presidente da República caíram assim em saco roto.
Para história, de facto, fica o dia do ano mais atribulado da Assembleia e a agitação transformada em espectáculo para se ver numa televisão mais logo à noite.

Os poetas vivem noutro mundo

Manuel Alegre em entrevista à RTP, ontem à noite:

"Ainda não sou o Presidente da República"

E acham mesmo que alguém daria pela diferença?

É «muito pouco provável» continuar deputado, diz Manuel Alegre.

Conhece o teu inimigo


A frase é atribuída ao sábio-guerreiro chinês Sun Tzu.

Uma máxima desenvolvida por Sócrates e pelo seu governo da seguinte forma: “se for fraquinho rebenta-o todo; se for maior que tu, finge que és mau, mas depois pede desculpa e explica-lhe que estavas a brincar”.

Com os professores e os trabalhadores por conta de outrem que tenham as contas com o fisco em atraso, o governo é implacável na réplica verbal, intransigente na postura política.

Com a banca, foi o que se viu. Teixeira dos Santos avisou que o governo podia retirar as linhas de crédito concedidas aos bancos, porque as mesmas tardam em chegar aos destinatários finais.

A banca franziu o sobrolho e Teixeira dos Santos não só recuou, como até prometeu mais apoios.

O cúmulo da parvoíce é...

...uma cidade onde praticamente não neva (e a pouca neva que cai derrete de seguida) pintar os passeios de branco. Parece rídiculo, mas acontece mesmo, naquela a que alguns chamam a "capital da Europa"...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A "lupa" está desfocada

O PSD, na Assembleia da República, quer ouvir o conselho de redacção da agência Lusa, por causa das declarações do director feitas ontem. Bem, não todo o PSD. Há pressões sociais-democratas feitas sobre os deputados para "esquerecem o assunto".
Há uma razão para isso: o que importa mesmo é assegurar, custe o que custar, a ordem perfeita. Hoje manda o PS, amanhã manda o PSD e o Tratado de Tordesilhas do Bloco Central não pode ser riscado. Há sempre muitos lugares para preencher.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Juntos na desgraça

O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, esteve mais de 15 minutos a explicar ao líder parlamentar do CDS, Diogo Feio, como se chefia uma equipa amputada de um elemento. Foi comovente ver a solidariedade do dirigente comunista, que o ano passado ficou sem a deputada Luísa Mesquita, transmitida ao dirigente centrista que, esta semana, viu "fugir" o deputado José Paulo Carvalho.

Importa-se de repetir?

A votação do Parlamento Europeu contra a semana laboral de 65 horas constituiu uma oportunidade para Vieira da Silva recordar orgulhosamente que, quando em Junho os governos dos 27 aprovaram o diploma, “a posição do governo português não foi favorável, não estivemos na maioria que aprovou este consenso”.

Repare-se na subtileza: Vieira da Silva não diz que Portugal esteve contra, diz apenas que não esteve a favor. “Como sabem, pelas regras do funcionamento do Conselho o que conta é a quantidade de votos a favor”, explicou o ministro em tom paternal. E tem toda a razão. Não obstante conhecerem estas regras tão bem como os representantes portugueses, a verdade é que as delegações espanhola e grega presentes naquela reunião votaram contra (apesar de o ministro dizer que "não, não é verdade"), tal como atesta um documento do Conselho da União Europeia, onde se pode ler igualmente que Portugal esteve entre os cinco países que se abstiveram.

O diploma que permite dilatar a semana de trabalho até às 65 horas e, em alguns casos, até às 78, tinha a aprovação assegurada, mas aqueles dois países não quiseram deixar de se demarcar de tal decisão.

Talvez por discordarem da tirada deixada por Vieira da Silva hoje em Bruxelas:

“Não há distinção nenhuma entre o voto contra e a abstenção”.

Olhe que há, olhe que há…

A agência pela "lupa" dos deputados

O director da Agência Lusa, Luís Miguel Viana, está a ser "apertado" pela oposição, numa comissão parlamentar, por causa da forma como a agência noticiosa - a única portuguesa - conta como andam as glórias do Mundo. Os deputados do PSD estiveram todos presentes, mas três deles passaram o tempo na conversa, a rir e a mascar pastilhas elásticas; os deputados do PS mantiveram-se calados quase todo o tempo e só interromperam o silêncio para "salvar" o director da agência. O deputado do PSD, Luìs Campos Ferreira, ameaça ir "fazer uma sesta" quando chegar a hora dos socialistas intervirem e ofereceu um dicionário à comissão onde estão definidas as palavras "estagnação" e "expansão".
Luís Miguel Viana não responde ao facto do computador "magalhães" ser o campeão das notícias da Lusa em 2008, mas reconhece ter falhado sobre os Açores e sobre a estagnação da economia. No entanto, o director da agência garante que nunca proibiu o uso da palavra "estagnação". E nega ter tido tratamento diferente nas entrevistas de José Sócrates e de Cavaco Silva.
Ah para que se saiba o que está em questão:
O computador Magalhães teve mais notícias do que os professores e o seu conflito com o Ministério da Educação.
A Lusa preferiu substituir a palavra "estagnação" económica por "expansão" perante um crescimento de 0,1 por cento.
Dois antes das eleições nos Açores, a Lusa descobriu que o desemprego tinha sido reduzido nas ilhas e pediu um comentário ao membro do Governo de Carlos César.
A entrevista de José Sócrates, à TSF e ao DN, teve um tratamento completamente diferente na agência do que a entrevista de Cavaco Silva, ao jornal Público".

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Só sei que nada sei

O presidente da Autoridade da Concorrência (AdC), Manuel Sebastião, está na Assembleia da República a apresentar um relatório preliminar. E com uma única conclusão: não há conclusões. Sobre alegados abusos de posição da Galp: zero; sobre o fenómeno da gasolina subir à velocidade do aumento do preço do crude e o contrário não se verificar: zero; sobre alegado cartel das empresas petrolíferas: zero; sobre os painéis nas auto-estradas, há uma notícia: a AdC verificou que há atrasos; sobre as queixas dos aumentos exagerados, há uma única resposta: nos outros países também há queixas idênticas. Em resumo, Manuel Sebastião foi à Assembleia da República apenas dizer isto:

" Tamos (sic) a olhar para os números, tamos (sic) a olhar para os lados, tamos (sic) a analisar, não gostaríamos de dizer nada neste momento. Observamos que realmente o mercado ten vindo a baixar e o preço do gasóleo está abaixo do um euro".

Bem, sem desprimor para a classe, acho que um taxista seria mais esclarecedor do que o presidente da AdC.
São belas as tardes na Assembleia da República

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Quem espera, desespera


Na Escola de Formação Profissional do Seixal há um cartaz (parecido com o de cima das Novas Oportunidades) com a foto de uma menina bonita e com esta frase: "Maria, 18 anos, acabou o 9º ano e optou por um curso de formação profissional". Na lista dos cursos, constam os de manicure, cabeleireiro, vendedor, empregada de loja, soldador, mecânico e outros mais que se encontram nas páginas dos classificados dos jornais.
Durante a cerimónia da entrega de diplomas, com a presença de José Sócrates, comentava-se que os pais da "Maria" apressaram o fim de estudo da filha porque se cansaram de esperar por um, ou dois, dos prometidos 150 mil novos postos de trabalho.
A "Maria" e "Ana Paula", com novos diplomas na mão, têm um largo futuro pela frente: com um pouco de sorte, começam a receber, por mês, uns 400 euros, daqui a uns 30 anos devem ter alcançado o salário de 600 euros.

Talvez alguém o queira

Luís Nobre Guedes deve ter caído do pedestal durante o fim-de-semana: não conseguiu ser eleito a um simples lugar de delegado ao congresso do CDS. E já culpa Paulo Portas por esse grante feito, como se o líder reconduzido tomasse nas suas mãos a consciência dos militantes. Mas Nobre Guedes pode estar descansado e até pode estar a desenhar-se um futuro brilhante: com um resultado destes ameaça ser candidato à Câmara de Lisboa.
A última vez que os militantes rejeitaram alguém - no caso Telmo Correia para a liderança - logo a seguir a direcção do CDS candidatou-o a Lisboa. O resultado foi o que se viu: nem a vereador conseguiu chegar.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Eu é que sou o presidente da agenda - 4

José Sócrates anunciou o plano de combate à crise, no sábado. Mas tratou de o divulgar 24horas antes. Neste domingo, faz mais um programa de descida ao país real numa iniciativa que o executivo deu o nome de "Governo presente". O que pode dar muitas interpretações sobre onde andará o Governo nos restantes dias. A visita governamental passa pelo Barreiro e pelo Seixal, depois de ter começado em Sines, ainda no sábado.
Hoje, Paulo Portas foi a "directas" no plebiscito esperado. E este domingo é o tal dia de encontro das esquerdas. De um lado, Manuel Alegre mais a malta do Bloco, todos desejosos de ter mais um pouco de protagonismo, e do outro a reunião do comité central do PCP.
Por mim, assuntos na segunda-feira e dias seguintes vão ser o plano do Governo e Sócrates em "terras vermelhas". Quem sabe, sabe.
(Bem, a não ser que Manuel Alegre se decida, de uma vez por todas, a criar um partido político e o anuncie no domingo. Mas isso dá tanto trabalho, credo!)

Um plano tão novo como a criação do Mundo

O Governo está a anunciar um pacote de medidas para enfrentar a crise, obedecendo às recomendações do plano de Durão Barroso. A RTP, no seu jornal da tarde, resolveu anunciar a conferência de imprensa do Conselho de Ministros com esta frase:

"O Governo vai anunciar um definitivo plano de medidas para enfrentar a crise".

O tom usado pelo jornalista de serviço fez-me acreditar que Portugal tinha chegado a Marte.
Mas não resisti em assistir aos primeiros pontos do dito plano.
O plano - "definitivo" - começou por José Sócrates anunciar a requalificação em mais de 100 escolas. Ora, que me lembro, pelo menos há mais de um ano que conheço este plano, divulgado pelo próprio Sócrates quando inaugurou uma escola em Torres Vedras.
A seguir passou para o Emprego com a promessa de ser "a prioridade das prioridades". Bem, desde a campanha eleitoral, de 2005, que não se ouve outra coisa da boca do primeiro-ministro, com a tal promessa de criar 150 mil novos postos de trabalho.
E para dourar o plano, lá surgiu a garantia de fazer um fortíssimo investimento em barragens. Eu, pelo menos, já cobri duas apresentações de projectos de barragens e ouvi, com a ajuda do belíssimo power-point, em tendas com luzes azuis ou viradas para o rio e com um "catering" de luxo, a exibição de um conjunto de planos de novas barragens a serem construídas até 2015.
A terminar, seguiram-se as promessas de apoio à exportação e às PMEs. Se escrevesse aqui as agendas do primeiro-ministro e de Manuel Pinho em que fizeram as mesmas promessas, só este ano, precisaria de um blogue à parte.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Tratado de Lisboa, mas só de nome - 2

O governo português demitiu-se totalmente da busca de uma solução para o impasse em torno da ratificação do Tratado de Lisboa (o tal, em relação ao qual Luís Amado dizia que Portugal tinha “uma palavra importante a dizer” e que José Sócrates considerou “fundamental” para a sua carreira política).

No final do Conselho Europeu, hoje em Bruxelas, Nicolas Sarkozy identificou os protagonistas deste processo: o primeiro-ministro irlandês (que foi “corajoso”), o primeiro-ministro britânico (que se revelou “um europeu extremamente construtivo”) e a chanceler alemã (que desempenhou “um papel essencial”).

Eu é que sou o presidente da agenda - 3

Ontem, em Lisboa, o ministro das obras públicas anunciou que o governo iria apresentar brevemente um plano global para enfrentar a crise. Mário Lino recusou avançar pormenores.

No mesmo dia, em Bruxelas, o primeiro-ministro escusou-se a desenvolver a ideia, com o argumento de que primeiro era necessário discutir e aprovar o plano europeu de resposta à crise.

Hoje, ainda em Bruxelas, depois de aprovado o plano europeu, Sócrates anuncia que o governo realiza amanhã, sábado, um conselho de ministros extraordinário parta aprovar o tal plano nacional. Do qual continua a não revelar quaisquer pormenores.

E assim, sem nada dizer, o governo consegue marcar a agenda durante três dias seguidos com a fórmula secreta que salvará o país da crise.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

As contas de Ferreira Leite

Manuela Ferreira Leite diz que concorda com o ‘Plano Barroso’ de relançamento da economia europeia, por o mesmo defender não os investimentos públicos, tão do agrado do governo, mas sim o “investimento inteligente”:

“Li com atenção a proposta da Comissão e não vi lá nenhuma vez investimento público, essa palavra não está lá, a que está lá são investimentos inteligentes. (…) Não vi lá a palavra investimento público”.

É verdade, a palavra investimentopúblico não aparece uma única vez, embora a expressão “investimento público” surja em duas ocasiões. Tantas quantas a expressão “investimento inteligente”.

Fica aqui o link para o Plano Barroso, caso a líder do PSD lhe queira dar outra vista de olhos.

Quem grita assim...


José Sócrates ficou furioso quando percebeu que a sua arenga aos deputados socialistas apareceu, "ipsis verbis", publicada nos jornais e nas rádios, apesar da reunião ter sido à porta fechada. Desconfiado, tratou logo de imaginar que havia deputados a "dar a língua" como, aliás, acontece muitas vezes. Mas não. O "correiopreto" pode garantir que todos os jornalistas que estavam, àquela hora, na Assembleia da República ouviram o discurso do primeiro-ministro. Por uma razão simples: José Sócrates não fala, grita. E então quando é contrariado... vocifera.

Já de joelhos, seu duende irlandês!


É assim que José Sócrates deverá tentar hoje, em Bruxelas, recuperar o protagonismo perdido por Portugal no resgate do Tratado de Lisboa da vontade dos atrevidos irlandeses, que ousaram dizer ‘Não’.

Pelo menos é o mínimo que se pode esperar depois de perceber como o primeiro-ministro ‘vergou’ a Polónia durante a presidência portuguesa da União, conforme o próprio relata, orgulhoso, no livro “O Menino de Ouro do PS”:

“E eles vieram cá e ajoelharam. Assinaram o acordo dois dias antes das eleições na Polónia".

Como diz o próprio, “isso é que é atitude!”.

Um tiro no mercado


A jura de Paulo Portas, feita na apresentação da sua recandidatura à liderança do CDS, para mais tarde recordar:

"Não somos anexos de ninguém, nem somos muleta de ninguém"

O PP, as ajudas do Estado e o Portas que não dá por eles

Paulo Portas discursou, esta noite, para 300 fiéis militantes, durante uma hora e 15 minutos, no antigo Cinema Roma, em Lisboa, que é sobretudo usado pelo PCP para os seus comícios mais modestos. Para naõ adormecer a plateia, Portas usou a técnica de elevar a voz como se implorasse por aplausos. Mas cansou e cansou-se. De tal forma, que, uma hora depois do início da homília, descobriu que estava "hoje, 20 de Maio" e fez uma revelação:

"Este partido sobrevive sem o Estado há 34 anos".

Ou seja, o CDS não recebe subvenções estatais e nem sequer tem militantes ou apoiantes - os "meus amigos e minhas amigas", repetidas dezenas de vezes por Portas - a gerir empresas que vivem de subsídios do Estado e de fundos europeus. E daí que o próprio CDS e os candidatos do CDS não recebam, desses militantes e amigos, ajudas para as campanhas eleitorais.
Curiosa é a forma como Paulo Portas, suavemente, matou o PP - o tal Partido Popular que ele próprio inventou quando o CDS era liderado pela sua marioneta. Agora, nos discursos, só entra "CDS". E mais: desapareceram os democratas-cristãos ou centristas, os "amigos e amigas" estão reduzidos apenas a "nós, os cêdê-ésses".

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Tratado de Lisboa, mas só de nome

"Nós teremos sempre uma palavra importante a dizer sobre as perspectivas para sairmos desta situação, uma vez que não deixamos de ter alguma responsabilidade na aprovação do compromisso de Lisboa" , afirmou Luís Amado no passado mês de Junho, apenas três dias depois de a Irlanda ter votado ‘Não’ ao Tratado de Lisboa.

Ou seja, depois de os irlandeses terem feito descarrilar o processo de ratificação do Tratado, o governo português estava convencido de que, uma vez que tinha baptizado o menino, teria um papel incontornável na busca de uma solução para o salvar.

Essa solução deverá ser conhecida hoje, em Bruxelas, mas não consta que José Sócrates (que chegou a afirmar que o Tratado de Lisboa “é fundamental na minha (dele) carreira política”) tenha sido visto nem achado em todo o processo.

Na ronda de algumas capitais que realizou na semana passada para ultimar os detalhes da solução encontrada, Paris foi o mais perto que o primeiro-ministro irlandês esteve de Lisboa…

Se Portugal tinha uma “palavra importante” a dizer, ninguém ficou a saber qual era e aquela “alguma responsabilidade” que Amado ‘modestamente’ reivindicou não parece, aos olhos dos demais parceiros, ter ido muito além da organização da cerimónia de assinatura do documento.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Manual georgiano de sobrevivência política


O presidente georgiano escolheu um novo ministro dos negócios estrangeiros (Grigol Vashadze) que tem a particularidade de ter dupla nacionalidade: georgiana e… russa.

De quem já deu o dito por não dito tantas vezes em tão pouco tempo e não hesitou em lançar os mais incríveis boatos e mentiras pouca coisa surpreenderia. Mas até esta tentativa de piscar o olho ao arqui-inimigo russo (que tanto gosta dele...) parece atingir um novo patamar de esforço pela sobrevivência política.

Talvez a escolha se torne menos surpreendente se se tiver em conta que, ao longo das últimas semanas, Saakashvilli deu ordem de marcha a todos os responsáveis governamentais (primeiro-ministro, e ministros dos negócios estrangeiros, defesa e interior) que tiveram algum tipo de envolvimento na guerra na Ossétia do Sul no passado mês de Agosto, além do comandante supremo das forças armadas do país.

Pelo caminho, perante a comissão do parlamento georgiano que está a investigar os acontecimentos do passado Verão, Misha reconheceu ter sido Tbilisi a desencadear as hostilidades e não a Rússia.

Tudo isto numa altura em que a oposição interna se reorganiza e ameaça seriamente a continuidade do menino bonito do Ocidente em funções. Que talvez até já não seja tão bonito e se tenha apercebido que de Washington e de outras capitais sopram ventos de mudança em relação à sua pessoa.

A suavidade e o chicote

António Costa, o presidente da Câmara de Lisboa, está a explicar aos deputados o que pretende fazer no porto de Lisboa, em especial, em Alcântara. E já garantiu que fez três exigências à empresa Liscont que vai gerir a gare marítima. Ainda não fez qualquer referência a Jorge Coelho. Ou seja, ainda não disse se as exigências camarárias serão duras ou suaves.
Efeito Manuela "Chicote" Leite: na reunião, estão presentes seis deputados do PSD (o total de efectivos).

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Dos fracos não reza a História. E de Amado, quem se lembrará?


Luís Amado garante que nunca disse o que Vuk Jeremic garante ter ouvido.

E até se socorre de Friedrich Nietzsche para explicar porque é que não pediu, nem nunca pediria desculpa:

“Não faz nenhum sentido pedir desculpas, Portugal não tem que pedir desculpas. Aliás, pedir desculpas é, na velha referência de Nietzsche, ser fraco duas vezes”.



Se, por acaso, o ministro português mudar de ideias e acabar por ter que dar razão ao seu homólogo sérvio, aqui fica mais uma dica nietzschiana:

“Tudo evolui; não há realidades eternas, tal como não há verdades absolutas”, in “Humano, demasiado humano”.

Atenção ao futuro


Samia Ghali nasceu na Argélia e há mais de 20 anos que se dedica à política em Marselha, França. É economista e autarca e, em seis eleições em que foi candidata, não perdeu uma. Alguma imprensa francesa e e muitos jornais africanos e pró-africanos apontam-na como uma "estrela" do Partido Socialista francês.

Apesar da França estar habituada a colocar políticos de origem africana em muitos lugares de topo, não deixa de ser significativo que o principal partido da oposição, agora a enfrentar uma crise - de resultados, valores e ideologia - se vire para os valores que nascem da imigração.

Samia Ghali é "rainha" nos principais bairros de Marselha e é muçulmana. Numa recente entrevista à revista "Jeune Afrique" confessa-se avisada. Sabe que "acumula todos os handicaps (mulher, muçulmana, africana)", admite ser "desejada" pelas elites políticas, mas tem consciência que pode ser usada como "um instrumento político". E, para já, só promete lutar para"acabar com os guetos" sobretudo nas escolas.

Amigos sérvios, desculpem qualquer coisinha...


Que a história da mudança de opinião do governo português em relação à independência do Kosovo não era clara (primeiro não reconhece sem explicar porquê e depois reconhece exactamente pelas mesmas razões) não é novidade.

Mas a franqueza do ministro dos negócios estrangeiros sérvio só veio complicar a candura das justificações portuguesas. Ontem à noite, no programa “Utisak Nedelje” (qualquer coisa como “Impressão da Semana”) da B92, o talk show mais visto da televisão sérvia, Vuk Jeremic contou que Luís Amado lhe ligou para dizer isto:

“Ouve, estou a sofrer pressões insuportáveis. Lamento, mas Portugal tem que reconhecer o Kosovo. Temos que fazê-lo na véspera da votação da Assembleia Geral (da ONU)”.

Algo que não difere muito do que Freitas do Amaral e outros já vinham dizendo. Mas já que estava em pleno assomo de sinceridade, o ministro sérvio podia também ter explicado por que razão Belgrado não chamou o seu embaixador em Lisboa, tal como fez com os demais países que reconheceram o Kosovo. Talvez Amado possa partilhar connosco alguma coisa que o ministro sérvio lhe tenha revelado?

sábado, 6 de dezembro de 2008

História verídica


Sabemos que o mediatismo costuma "inchar" o orgulho das nossas bravas forças policiais, e talvez por isso estas vão dando um ar que espelha bem toda a qualidade e formação que hoje em dia têm.

Bem longe vão (dirão alguns) as bordoadas com que presenteavam os opositores do regime. Mas de quando em quando vão surgindo umas mostras de outros tempos porque apesar de estes terem mudado as vontades continuam as mesmas.

Este episódio ocorreu numa destas operações de fiscalização num chamado bairro problemático. Um agente da autoridade manda parar uma viatura e perante um condutor de cor oposta à sua sai-se com a brilhante frase:
- O espreto tem carta?
-Como?
-Num percebe? O espreto tem carta?
-Tem carta e tem carton!
-Hã?
-Tem cartão de capitão da GNR e tu tás fodido!

Afinal ainda há esperança!

Do obscurantismo de São Bento para o anonimato europeu


Com eleições europeias marcadas para Junho do próximo ano, chegou a altura de começar a dar nas vistas para aparecer e tentar manter um lugarzinho nas próximas listas. E, para isso, todos os motivos são bons.

O gabinete de imprensa dos socialistas no PE difundiu esta semana um “comunicado de imprensa do deputado Armando França”, para avisar o mundo e o Largo do Rato de que o parlamentar aveirense (que teve uma passagem igualmente discreta pela AR no início desta legislatura) foi um dos 35 eurodeputados distinguidos com o prémio “EU Coherence”, seja lá isso o que for. Pelo meio do comunicado, lá se percebe que, entre os distinguidos, há também uma tal de Ana Gomes.

Uma distracção compreensível, vinda de alguém que, reagindo ao seu próprio comunicado, consegue em apenas três frases referir-se oito vezes à sua própria pessoa, não vá alguém não perceber de quem é que se está a falar:

Acompanhei activa e intensamente a Directiva "Blue Card" e apresentei propostas de emendas que tinham em vista precisamente impedir ou diminuir o impacto negativo para o desenvolvimento da chamada "fuga de cérebros" nos países menos desenvolvidos. Uma das minhas propostas foi, aliás, aprovada pelo Parlamento, o que poderá ser importante para o desenvolvimento desses países e me deixou muito satisfeito. Como socialista e parlamentar também fiquei satisfeito com este prémio que é uma honrosa compensação para o meu trabalho e anima-me a continuar com a persistência e o entusiasmo de sempre”.

Rua Sésamo no Telejornal

A confusão de géneros entre informação e entretenimento e... seja lá o que for, parece não ter limites.
Isto a propósito da cobertura feita pela RTP do convite feito pelo Presidente da República a famílias de militares portugueses em missão no estrangeiro.

No inevitável directo, a jornalista pergunta a uma criança de 10 anos a opinião sobre o gesto de Cavaco (“O que é que significa para ti o senhor presidente ter-se lembrado de chamar os filhos de militares que se encontram em teatros de operações?”), fala de forma grandiloquente sobre “os homens que partem para o exterior para representar a pátria”, a confundir presente com passado e factos com imaginação ao afirmar que Portugal tem tropas “na Bósnia, no Kosovo, no Afeganistão, no Congo, em Timor e no Iraque também(!!!) e acaba com mensagens das mulheres e crianças para os respectivos, com árvore de Natal em pano de fundo, ao melhor estilo “mãe, estou bem”.

Tudo isto recheado de expressões como “os filhotes dos militares” e “aqui o desdentadinho” (por causa de um puto a quem tinham caído os dentes da frente), mais adequadas a uma Rua Sésamo do que a um espaço de informação.

De certeza que nestas fornadas haverá alguém capaz de fazer melhor do que isto…

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Espanto, espanto é quando estão todos

Manuela Ferreia Leite deve ser muito ingénua. Ou pretende passar essa ideia. Ou então está muito afastada da realidade da vida política. A líder do PSD ficou indignada por ter constatado que 30 deputados do seu partido faltaram à votação que poderia determinar o fim do processo da avaliação dos professores. Caso não o tivessem feito, teriam provocado uma mossa política no PS que a própria direcção socialista seria obrigada a tirar as devidas ilações. E provocaria um sério hematoma na já mal-tratada ministra da Educação. Mas não. 30 deputados do PSD faltaram.
O que espanta nisto é a própria indignação de Manuela Ferreira Leite que até pediu explicações ao líder parlamentar como se se tratasse de um caso virgem e fazendo-o com estrondo. A novidade no Parlamento, a verdadeira notícia, é quando estão todos os deputados. Faltar aos debates e às votações; assinar nas comissões e depois fazer-se à vida para outros lados; chegar tarde aos debates; sair cedo; e entrar mudo e sair calado faz parte da rotina parlamentar da esmagadora maioria dos deputados sobretudo nos grupos do PS e do PSD.
Além disso, a bancada social-democrata foi escolhida, quase a dedo, por Pedro Santana Lopes. E essa escolha reflete bem o autor da selecção: é só vê-los - quando isso é possível - nas últimas bancadas: a rir, a ler jornais, em amenas e, deduz-se, divertidas cavaqueiras, e a sair e a entrar na sala. Só há uma regra sagrada que nenhum deles se esquece de cumprir: assinar o ponto.
Manuela Ferreira Leite deveria fazer um estágio no Parlamento. Em especial, assistindo, nas galerias e nas comissões, ao desempenho dos seus deputados. Se o tivesse feito, antes de se atirar à liderança, talvez tivesse ficado em casa. E poupava-se à vergonha.

Ninguém põe travões nisto

Recentemente, uma revista de turismo - dessas que se publica quando a publicidade quer - quis contratar um jornalista estagiário. Responderam ao anúncio 852 candidatos.
As universidades - na sua esmagadora maioria sem aulas práticas, sem meios e sem condições para ensinar jornalismo - continuam a "despejar" para o mercado de trabalho a média, por ano, de 1500 licenciados em comunicação social e outros cursos adjacentes. E ninguém trava o enorme embuste: forma-se gente para o desemprego, para as lojas das zaras e para os "call-centers". E as universidades, mesmo sabendo que colaboram no engano, continuam a seduzir com paraísos na terra, buscando apenas o lucro das propinas. Falta-lhes moral para, pelo menos, dar alternativas aos jovens iludidos. E ao Governo falta coragem para pôr travões nisto, impôr regras e sobretudo acabar com cursos mentirosos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Escrever à maluca

Vital Moreira não hesitou em escrever no seu blogue sobre o estatuto dos Açores, com críticas ao PS e defendendo as posições do Presidente da República. Esta manhã, quando questionado pelos jornalistas, o professor universitário começou logo por dizer que sobre isso "não percebo nada". Isso era coisa que já nos tinha passado pela cabeça, de facto.

Reforma? Ai, não, que horror!

O grupo parlamentar do PS organizou um debate sobre o sistema eleitoral, baseado num estudo de André Freire, Manuel Meirinho e Diogo Moreira. O estudo propõe uma profunda reforma eleitoral, abragendo quase todos os sectores, sobretudo na escolha de candidatos. O debate, que decorreu na Assembleia da República, contou com especialistas e alunos universitários e alguns deputados do PS. Ao todo, o número de parlamentares socialistas nem chegou aos 20!
Reforma do sistema eleitoral é coisa que interessa, vejamos, aos... agricultores.
No final da sessão, André Freire, o coordenador do estudo, terminou com esta frase lapidar:

"Os deputados não representam árvores"

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

É melhor nem falar no assunto

Depois de ter previsto fazer declarações aos jornalistas, no final da cerimónia com os representantes da indústria automóvel, José Sócrates recuou. Falou ao microfone - com um pé alto - sem direito a perguntas.
Os números da greve dos professores, com dados oficiais que chegaram ao gabinete do primeiro-ministro, ultrapassam os 80 por cento.

Eu é que sou o presidente da agenda - 2

Como previa, José Sócrates vai assinar um protocolo com a indústria automóvel, em plena residência oficial. A reunião estava marcada para as 10horas. Mas a cerimónia foi marcada por volta das 13horas. Na residência, há uma grande azáfama de cabos a serem puxados para as televisões terem condições para transmitir tão importantíssima cerimónia em directo.
O gabinete do primeiro-ministro já anunciou que o "senhor primeiro-ministro está disponível para responder a questões". A terminar um assessor sugere: "imagino que querem perguntar sobre a educação...".
Portanto, contra a greve, propagandear, propagandear!

Eu é que sou o presidente da agenda

No dia em que Manuela Ferreira Leite tinha marcado uma entrevista à RTP, José Sócrates lançou uma mini "bomba atómica": nacionalizou o BPN. Isto num domingo. Ao que parece a medida não poderia ser mais retardada. Resultado: eclipsou a entrevista da líder do PSD e hoje ninguém se lembra do que Manuela Ferreira Leite disse.
No sábado, em pleno congresso do PCP, José Sócrates convocou os professores socialistas para um debate/sessão de esclarecimento/puxão de orelhas para a sede do PS. Resultado: à noite e no dia a seguir, a liturgia comunista passou para o segundo plano político.
Hoje, os professores estão em greve em todo o país. José Sócrates convocou os representantes da indústria automóvel para anunciar apoios. E até aposto que, ao contrário do que é habitual nos encontros na residência oficial do primeiro-ministro, José Sócrates vai fazer umas declarações aos jornalistas. Só ainda não sei o que pretende anunciar para disfarçar a greve dos professores.

Filosofia superior

Frase inscrita numa parede da Faculdade de Letras, em Lisboa:
Deixa-te de fitas, queima os dogmas

Frase inscrita na parede da Faculdade de Direito, em Lisboa:
Só mantemos a cabeça erguida porque temos merda até ao pescoço

Frase inscrita numa parede do Ministério das Finanças, mesmo ao lado da porta principal:
Se ninguém pensa em ti, vota em ninguém

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Tudo está bem até tudo deixar de estar bem

06.10.2008 - “O sistema português tem resistido bem. E as instituições financeiras portuguesas têm desenvolvido esforços para enfrentarem as dificuldades que naturalmente a situação internacional impõe e têm desenvolvido esforços no sentido de assegurar que a sua situação é de estabilidade bem como também de assegurar liquidez às suas operações.” Teixeira dos Santos, Luxemburgo.

02.11.2008 - Governo anuncia nacionalização do BPN

02.12.2008 - Estado avaliza fundos de bancos para salvar o BPP

02.12.2008 - “Os momentos que estamos a viver são de grande incerteza, não podemos ter nada por certo nestas circunstâncias (…). O sistema no seu conjunto creio que continua a ter estabilidade e solidez para enfrentar esta situação, que não é uma situação fácil, como sabemos.” Teixeira dos Santos, Bruxelas.

Tendo em conta a cadência quase mensal que parece estar a guiar os acontecimentos, lá para o início de Janeiro o sistema financeiro português é capaz de dar mais uma prova da estabilidade de que o ministro tanto gosta de falar.

Chapéus há muitos!


Os jornalistas que acompanhavam a chegada dos ministros das finanças dos 27 à reunião de hoje em Bruxelas ficaram intrigados com aquele vulto, entre o Dick Tracy e o Al Capone, que saiu do carro em passo acelerado e entrou no edifício sem passar cavaco a ninguém.

Se no exterior o mau tempo ajudava a justificar a indumentária, no interior o mistério desfez-se: era Teixeira dos Santos, provavelmente a querer passar despercebido, na primeira vez que reuniu com os seus pares europeus desde que o Financial Times o classificou como o pior ministro das finanças da zona euro.