segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Direitos? Isso existe?

Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, recordou que recebia o subsídio de alojamento, por viver em Lisboa e ser de Braga, por ser um direito. Ângelo Correia, o homem que embala o berço político de Passos Coelho, não admite que os subsídios vitalícios aos políticos, que recebem simultaneamente do Estado e das empresas onde trabalham, possam ser cortados por se tratar "de um direito adquirido". Curioso: há um outro "direito adquirido" - e há mais de 30 anos - que o Governo resolveu cortar e que Ângelo Correia e Miguel Macedo não se mostram minimamente incomodados.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Onde está o William?*



Miguel Relvas, o ministro dos Assuntos Parlamentares, já avisou que a RTP terá de poupar muito dinheiro nos próximos tempos. Miguel Relvas, ministro, ordenou que a RTP não pagasse aos seus comentadores que exerçam cargos políticos. Miguel Relvas, governante, quer despedir/dispensar mais de 300 pessoas. Miguel Relvas, membro do Governo, pondera fecho de delegações da RTP. Miguel Relvas impõe tetos salariais na RTP. Vendo bem, Miguel Relvas manda na RTP. Por que raio a mesma RTP precisa de um conselho de administração?

* Petit nom atribuído a Guilherme Costa pelos próprios amigos

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Deve ser muito feio mentir às criancinhas

Em Abril deste ano, Pedro Passos Coelho foi a uma escola nos arredores de Lisboa, já em plena pré-campanha eleitoral. As crianças perguntaram-lhe se era verdade que ele tinha intenções de acabar com o subsídio de Natal. "Nada disso, isso é um disparate". E para melhor rejeitar tão "disparatada" ideia, Pedro Passos Coelho não hesitou em acusar José Sócrates de ser o autor dessa invenção como sendo do PSD. Um "disparate", repita-se, que um grupo de crianças também concordou. Pode ser ouvida aqui (com as vozes das crianças e a rejeição convicta de Passos Coelho). É sempre bom recordar estes pequenos disparates que se dizem na caça ao voto no dia em que Passos Coelho anunciou o fim dos subsídios de Natal e de Férias para salários acima dos 1000 euros na Função Pública.
Reparando bem, a visita à escola aconteceu no dia 1 de Abril. Dia das mentiras. Ou Passos Coelho estava a brincar com as crianças ou foi ainda mais maquiavélico: disse a verdade, era um disparate, de facto, cortar UM subsídio. Nos DOIS é que estava a verdade.

Stand-up comedy à santana

Ouvir Santana Lopes a chamar incompetentes ao técnicos da 'troika', "que não sabem o que andam a fazer", que "não foram capazes de prever o que iria acontecer", num conferência, em Lisboa, é tão hilariante como assistir à sessão "É como diz o outro", de Bruno Nogueira com o Miguel Guilherme no Casino de Lisboa.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Os luíses passeando as angústias pelas brisas do Mundo

Luís Amado, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, resolveu confessar hoje que se sentiu "angustiado" com as decisões do seu governo liderado por José Sócrates. Ele (Amado) já via, na altura, a falta de coragem para se tomar medidas radicais, vislumbrava "preguiça política" e já adivinhava o que isto ia dar. E o que fez ele nesses seis anos a viver em angústia? Demitiu-se? Ameaçou demitir-se? Criticou publicamente o governo? Enfrentou José Sócrates? Fez propostas alternativas no Conselho de Ministros? Não! Nada disso. Limitou-se a passear as angústias pelos Estados Unidos, Bruxelas, Líbia, China, Angola, Moçambique.....
Assim até é bom ter angústias.
No mesmo encontro socialista, sobre a internacionalização da Economia, António José Seguro descobriu que foram as "soluções do passado que trouxeram o país até aqui". E o que fez o líder do PS quando reparou nessas soluções? Sentava-se na última fila do parlamento à espera que a tempestade passasse e que um lugar vagasse.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O ministro fantasma

Vítor Gaspar voltou a entrar mudo e a sair calado de mais uma reunião com os seus homólogos europeus. O que fez/disse lá dentro, ninguém sabe, a não ser que levou um valente calduço do presidente do Eurogrupo. Este voto de silêncio foi inaugurado na reunião do mês passado, que coincidiu com a revelação do buraco madeirense, profusamente comentado por vários responsáveis europeus. Da agenda do encontro de ontem e de hoje constavam coisas menores como a derrapagem das contas gregas ou a recapitalização dos bancos europeus. Nada que interesse a Portugal, portanto.

Mais fantasmagóricas que as aparições do ministro, só as justificações do seu gabinete para este silêncio: Portugal não constava da agenda.

E sim, Gaspar, o Poupador, fez-se acompanhar de uma assessora de imprensa nesta deslocação ao Luxemburgo, a quem foi paga viagem, alojamento e ajudas de custo.