sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Vamos todos aprender inglês


As memórias de Tony Blair foram publicadas, com edição em várias línguas. Em Portugal, "The Journey", na edição inglesa da editora Hutchinson e com capa rija, custa 26,75, na portuguesa FNAC. As mesmas memórias em português, "A viagem", da editora Bertrand, custam na mesma portuguesa FNAC 34,95. Calculo que o conteúdo seja o mesmo.

No reino dos ceús, só há enlatados

Um grupo de pessoas resolveu, esta noite, rezar um terço, na igreja do Sacramento, em Lisboa, a favor do Orçamento do Estado. Sim, a favor. Foi pedida a ajuda divina para que o Orçamento seja bom e que seja aprovado. O repórter da TSF, José Milheiro, acompanhou as rezas e deu-lhe para perguntar a um devoto se concordava com o aumento do IVA. A resposta é negativa por uma razão, muito cristã: "porque os mais carenciados usam enlatados, porque não têm refrigeração".

O resto das observações anda, mais ou menos, pelo mesmo tom que a reportagem ilustra. Talvez fosse por estas sentimentos milenares que Jesus Cristo terá relacionado o futuro dos ricos, os camelos, os buracos das agulhas e o reino dos céus.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dupla personalidade política (apenas política)


Em tempos, no final de uma reunião de altos dirigentes do PS, questionei, de microfone em riste, João Proença se ele teria dupla personalidade política. A pergunta desagradou-o, o secretário-geral da UGT ficou, na altura, furioso. Mas a pergunta tinha uma razão de ser: dias antes, a UGT atacava a política governamental, em especial, o novo pacote laboral. E era João Proença quem dava a cara para tanta contundência.
Mas na comissão nacional do PS tudo mudava. Enquanto outro dirigente sindical, da CGTP, mas socialista, Carlos Trindade, não poupava o Governo, João Proença optava por um silêncio absoluto. Houve mesmo quem, jocosamente, dizia que ele entrava calado, saía mudo e "nem respirava para não incomodar o chefe". Daí a tal pergunta que não teve intenção de ser provocatória.

Passam os tempos e eis mais umas faces de uma possível personalidade bipolar (política): João Proença anunciou a participação da UGT na greve geral marcada pela CGTP, contra "este Orçamento do Estado". E pede, ao mesmo tempo, que o mesmo Orçamento do Estado seja aprovado.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Les uns et les autres

Farto de se repetir, nas últimas semanas, sobre Orçamento de Estado, Francisco Assis recorreu esta noite a uma citação de Pierre Mendés-France para se justificar: " só há dois tipos de políticos: os que se repetem...e os que se contradizem."

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Relíquias...


Futura campanha de Cavaco Silva




domingo, 24 de outubro de 2010

Alegria ao jantar

Há caprichos políticos que devem ser respeitados. Que o diga Paulo Rangel que ficou zangado com Durão Barroso. Saiba porquê.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O que é a Ongoing ?

Depois de responder aos jornalistas, esta manhã na AR, Agostinho Branquinho registava com ironia a preocupação que estes demonstravam ter com o seu futuro profissional. "Não é com o futuro,é com o passado...", ouviu-se.

Adivinha

Quem será o deputado socialista que esta manhã, ao cruzar-se com Manuela Ferreira Leite à chegada à AR, declarou à ex-presidente do PSD : "Eu sabia que a senhora tinha alguma razão...não sabia era que tinha tanta !"

Era uma vez uma comissão parlamentar de inquérito

"Para isso, só tenho expressões faciais", desabafou Pacheco Pereira recusando comentários aos jornalistas que o abordaram esta manhã na AR sobre o tema Agostinho Branquinho/Ongoing ...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Clima de negociação

Quando se pensa que o ambiente é de negociação, abertura, boa-vontade, etc, o PSD chama os jornalistas aos Passos Perdidos para uma declaração em nome da direcção do partido : "Era bom que o ministro da presidência deixasse de ser o megafone do Partido Socialista e se precupasse bastante mais com o governo. O sr. ministro da presidência tem de perceber de uma vez por todas que neste tempo o ruído é mau conselheiro", diz o deputado Luis Campos Ferreira. Desculpe ?!!! "Com esta declaração não está a alimentar esse ruído ?", perguntam-lhe. "Não, estamos apenas a aconselhar o ministro da presidência a deixar de ser o megafone do Partido Socialista e a preocupar-se mais com os problemas reais do país".

A primeira reunião entre Governo e PSD está marcada para sábado à tarde.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Que tal desafiar um deputado a abrir a sua agenda ?

A vida dura de um eurodeputado

Em Espanha

Na hora do aperto, lá se vão as quotas...

Curiosa Data

Olha, o debate do Orçamento do Estado começa no dia de Finados.

PARA QUEM AINDA DUVIDAVA...

Eis, o professor, desta vez himself, o próprio, Aníbal Cavaco Silva a confirmar o que o outro professor, Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha anunciado.
Dia 26, CCB, às 20h...anúncio de recandidatura..

A vergonha



Os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) acabam de divulgar a versão de 2010 da classificação dos países relativamente ao respeito da liberdade de imprensa. Constatam que, no espaço de um ano, a Europa “caiu do pedestal”. Portugal caiu dez lugares nos últimos 12 meses e 33 (!!!) no espaço de uma década, ou seja, desde que esta avaliação começou a ser publicada. É o 40º da lista.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Esta semana, a cor da hipocrisia é o azul


Nos corredores do PE, em Estrasburgo, há umas bancas a distribuir lacinhos azuis que muitos eurodeputados e funcionários ostentam na lapela. Parece que a euro-semana é dedicada à erradicação da pobreza.

Porquê? Porque da agenda consta um relatório (meramente político, sem qualquer tipo de consequência prática) sobre o rendimento mínimo no combate à pobreza. Que até defende que deve existir em todos os países um subsídio equivalente ao rendimento de inserção social português. E que até defende que o dito deve corresponder a 60% do rendimento médio de cada país, o que no caso português seria qualquer coisa como 420 euros (actualmente são 189 euros e o salário mínimo 475).

Mas como nada disto tem qualquer consequência prática, pode aprovar-se o relatório à vontade, com uma maioria confortavelmente apaziguadora de consciências, enquanto se debitam umas banalidades sobre os pobrezinhos e se decide se o laço azul fica melhor do lado esquerdo ou direito.

E deixa-se para outro dia a reflexão populista e demagoga sobre os ordenados dos eurodeputados (7.807,12 euros/mês), a que acresce o subsídio de “despesas gerais” para apetrechar o escritório (4.2020 euros/mês, apesar de o PE providenciar algumas coisas, tipo computadores), o subsídio anual de viagem (4.148 euros/ano), o subsídio de estadia pela “comparência em reuniões oficiais” (298 euros/dia, basicamente para fazer aquilo que a maior parte das pessoas faz, que é ir trabalhar) e o recentemente auto-aumentado subsídio para contratação de colaboradores (19.364 euros/mês). Sim, tudo isto para cada um dos 736 eurodeputados e não a distribuir por todos. Para já não falar das incompreensíveis deslocações mensais do euro-circo a Estrasburgo (200 milhões de euros/ano), os subsídios de reinserção, os esquemas de reforma e a pensão de aposentação aos 63 anos. Nem para referir os igualmente compreensivos salários e regalias dos eurocratas que, dia sim, dia não, lembram aos marotos dos portugueses, dos gregos ou dos irlandeses que a austeridade, o congelamento dos salários ou o aumento da idade da reforma é para o seu próprio bem.

Enfim. Vou ali buscar o meu lacinho e já venho.

O grande recreio


É difícil decidir o que é mais ridículo e/ou pueril: a ideia ou a sua justificação.

O Parlamento Europeu vota esta quarta-feira o relatório de Edite Estrela sobre o alargamento da licença de maternidade. A Verde holandesa Marije Cornelissen enviou um mail aos demais colegas a anunciar a sua ideia brilhante: que os eurodeputados que apoiam as propostas do relatório (aumentar a licença de maternidade para 20 semanas, com pagamento integral do ordenado… a partir de 2020) apareçam no plenário com um destes bonitos balões (os Verdes encarregam-se da distribuição dos ditos à entrada do plenário).

Balões esses que “não têm o logo de nenhum grupo, pois o momento é de unidade”. Em contrapartida têm “a imagem de um bebé feliz, pois no fundo é disso que se trata”.

Quinta-feira é votado um relatório sobre política marítima. Que irá a Marije distribuir desta vez? Barbatanas?

"O Fernando Medina já ligou ?"

Normalmente, para facilitar a comunicação com os jornalistas, os partidos arranjam um porta-voz. Este, ao ser escolhido, já sabe (?) ao que vai. Os jornalistas, quando precisam de um on, já sabem com quem falar.

Mas quando um porta-voz dá ordens no Rato para que não seja divulgado o seu número, a coisa complica-se até porque os seus antecessores (Vitalino Canas e João Tiago Silveira) se mostraram sempre acessíveis.

Não poderá o PS, mesmo em tempos de austeridade, arranjar um telemóvel de serviço a Fernando Medina ?

PS Já agora, se não fôr pedir muito : o telemóvel do assessor de imprensa do grupo parlamentar, Vasco Ribeiro, avariou...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Não se fala de outra coisa mas...

Em Belém, nem uma palavra sobre o anúncio (?) de Marcelo Rebelo de Sousa. Na cerimónia de homenagem aos pioneiros da transplantação, esta manhã, cump‎riu-se o protocolo. Cavaco Silva discursou, ouviu os agradecimentos, tirou a fotografia de família (com as preciosas indicações de Maria Cavaco Silva sentada na primeira fila da Sala das Bicas - ‎"Ninguém atrás, ninguém atrás", "Façam um arco"- para o grupo (PR e especialistas em transplantes) que tentava posicionar-se no curto estrado para o flash) e ofereceu um porto de honra...longe dos jornalistas.

domingo, 17 de outubro de 2010

O porta-voz

Cavaco Silva não precisa de assessores, nem de comunicados de imprensa, nem de telefonemas para os jornalistas, nem de publicidade. Na TVI, o comentador/conselheiro de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, revelou o anúncio da recandidatura marcado para 26/10/2010, às 20h, no CCB, em Lisboa.

sábado, 16 de outubro de 2010

Suspiros (portugueses) de alívio

O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, prometeu completar o pagamento de todas as dívidas até o primeiro trimestre do próximo ano. No discurso na Assembleia Nacional, sobre o Estado da Nação, ficou ainda a garantia de haver mais investimentos públicos, em todos os sectores, nos próximos anos. Quem pode, pode. E fica a atenção de todos os queiram investir. O discurso na íntegra pode ser lido aqui.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Não há quem aguente...

Minutos depois da pen ter sido entregue pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, a Jaime Gama, a página da internet do Parlamento caiu. Sinais...

No Rato...

Está tudo à espera do Orçamento e, no Largo do Rato, Pedro Silva Pereira e Jorge Lacão reunem-se com deputados que integram o grupo de trabalho da revisão constitucional. Sem dúvida, um tema pertinente nos dias que correm. Os ministros não contavam era com a presença de jornalistas por causa de outra reunião (Sócrates com autarcas) ...

Barroso, maçon sem avental?

Depois das confissões religiosas, Durão Barroso abriu hoje as portas da Comissão Europeia às “organizações filosóficas e não-confessionais”, vulgo lojas maçónicas e mais uma panóplia de organizações laicas, ateístas e humanistas. O importante é dialogar.

Na conferência de imprensa final, Barroso foi questionado directamente sobre se pertence a alguma organização maçónica.

Ao seu melhor estilo, começou por explicar que “Uma pessoa tem o direito de dizer se é ou não membro, mas também se pode recusar fazê-lo”, com alguns jornalistas já a esfregarem as mãos de contentes (naquela lógica do ‘se não nega, é porque se calhar até é’). Mas lá acrescentou: “dito isto, e para evitar mal entendidos, eu não sou membro e não recebi nenhum convite para ser”, no que foi secundado pelo presidente do Conselho Europeu, igualmente presente (“eu também não!”).

Estava a conferência de imprensa prestes a terminar quando um dos muitos participantes no encontro pega no microfone e atira: “na franco-maçonaria dizemos que quando alguém se identifica com as nossas ideias e as aceita, então é um franco-maçon sem avental e esse é provavelmente o caso de ambos os presidentes”.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Realpolitik a quanto obrigas

Antes de chegar a Portugal, Hugo Chavez vai passar pela Russia, Bielorrussia, Ucrânia, Irão e Síria. Vale a pena ler aqui o pedido de autorização enviado pelo presidente venezuelano à Assembleia Nacional com a justificação da visita a cada país...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A melhor imagem

O "Prós&Contras" da RTP discute "Portugal em busca do futuro". Caiu a energia a meio.

De pé, ó vítimas dos golpes na credibilidade

Se o PCP acreditasse, de facto, nos hinos que canta e o que defende em Portugal, nunca escreveria isto a propósito da atribuição do Prémio Nobel da Paz, Liu Xiaobo:

«A decisão da atribuição do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo – inseparável das pressões económicas e políticas dos EUA à República Popular da China - é, na linha da atribuição do Prémio Nobel da Paz de 2009 ao Presidente dos EUA, Barack Obama, mais um golpe na credibilidade de um galardão que deveria contribuir para a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da amizade entre os povos.»

Verdadeiro golpe na credibilidade seria o Nobel da Economia ser atribuído ao regime chinês, que promove a escravatura; num país onde não há leis laborais, nem sindicatos que defendam trabalhadores e "conquistas" parecidas com as de Abril; em que há gente exportada como se fosse gado a viver em contentores num sistema rotativo chamado "cama quente". Só por isso o PCP e os comunistas deveriam ter contenção - para não chamar vergonha - de se aproximarem sequer de uma posição chinesa.
O PCP tem a arte de simultaneamente apoiar dois regimes que, de comum, só têm o facto de um exportar a mão-de-obra e outro importá-la: China e Angola.

De mestre

O PS não precisa de dizer ou de fazer mais nada. Já conseguiu pôr boa parte do PSD a defender "este Orçamento ou o Caos".

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

E tudo o Evento levou

Além da Anacom - alguém já a chama "anacome" -, há outros gastos do Estado de arrepiar. Festas e eventos, árvores de natal, decoração de pavilhões, medalhas comemorativas, assessorias de imprensa, postais, brindes. Tudo a ultrapassar os milhares, nalguns casos, os milhões de euros. Está tudo em base.gov.pt. E aqui um resumo dos mais "saborosos".

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Do que Saramago se livrou...

Finalmente, em Mafra, ficam explicadas as tropelias a José Saramago.*
*foto roubada ao Delito de Opinião

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O "show" encolhido


Em Junho, já se sentia um calor abrasador e meio Portugal fervia com os fogos, três ministros decidiram avançar com o projecto de colocar desempregados a limpar as matas. Diz o povo que em "casa arrombada, tracam-se as portas". Decisão tomada, o Governo não se limita a colocar em papel e de proceder aos mecanismos para que a ideia fosse colocada em marcha.

Três ministros (3) - Rui Pereira, António Serrano e Helena André - juntaram-se no Salão Nobre do Ministério da Administração Interna, acompanhados de um exército de assessores e mais uns governadores civis e outros directores-gerais (enfim, casa cheia), e anunciaram a medida, com direito a três discursos e mais entrevistas no final da cerimónia.

Soube-se hoje que afinal a medida pariu um rato. Nem um único desempregado está inscrito no programa. À notícia, seguiu-se uma cortina de silêncio. Ninguém quis explicar o que acontecera: o Ministério da Agricultura (de António Serrano) remeteu para o Ministério da Administração Interna (MAI). O Ministério do Trabalho (de Helena André) atirou para o MAI. O MAI (de Rui Pereira) optou por silêncio. Agora, a voz, a pompa e o estilo falharam.

Num episódio de "yes minister", o chefe de gabinete recomenda a um assessor que opte sempre pelo silêncio até que os jornalistas desistam. A escola, por cá, tem sido bem aplicada.

Na sessão solene de 6 de Outubro

Para a sessão solene comemorativa do centenário da implantação da República, a Assembleia da Republica, à semelhança do que sempre acontece, mandou imprimir uma brochura com todo o cerimonial. No hemiciclo, às três da tarde, em cada lugar havia uma. Excepto na bancada de imprensa. Por incrível que pareça, os jornalistas, em especial aqueles que iam transmitir a sessão em directo, os principais interessados no "programa das festas", por razões óbvias, não tinham. Quem pedia, lá conseguia uma, mas quase em segredo. Na bancada do governo, todos os ministros tinham a sua. O problema é que só compareceram quatro ( Jorge Lacão, Isabel Alçada, Mariano Gago e Gabriela Canavilhas).
O ridículo é que três horas depois de acabar a cerimónia, ainda há brochuras espalhadas pelas mesas do governo... A tiragem indica 600 exemplares.

Esperteza saloia? Talvez. Desleixo? Certamente.

A recusa em bloco dos três candidatos apresentados por Portugal para o cargo de juiz no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem deu origem a mais um psicodrama de penico. Talvez a coincidência com o centenário da república ajude a perceber a dimensão da indignação perante tamanho crime lesa-pátria.

No entanto há dois pormenores curiosos. O primeiro é que a decisão de chumbar os três nomes e “recomendar” a apresentação de uma nova lista foi tomada no dia 10 de Setembro, ou seja, há quase um mês. Sem que ninguém tivesse reparado ou considerado importante.

A decisão foi tomada por uma sub-comissão da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, cuja responsabilidade é apenas essa (entrevistar e escolher um juiz entre os candidatos propostos pelos diferentes países), e de cuja composição não faz parte nenhum deputado português (porque deve ser uma chatice e não deve ter importância nenhuma).

Só quando chegaram descansadamente a Estrasburgo, na passada segunda-feira, para mais uma tranquila sessão da dita Assembleia, é que os representantes lusos “descobriram” a afronta (já agora, o que andará a fazer o representante permanente de Portugal junto do Conselho da Europa, responsável por acompanhar estes processos?). Alguém andou a dormir ou a ver se a coisa passava despercebida.

Nesse mesmo dia, o social-democrata Mendes Bota tentou salvar a honra da nação propondo uma votação, mas a recomendação da dita sub-comissão acabou por ser endossada pelo plenário.

De Estrasburgo a Lisboa choveram reacções, do género a-minha-indignação-é-mais-indignada-que-a-tua, deputados, bastonários, ministros, comentadores, treinadores, etc, quase abafando o segundo pormenor curioso.

No debate que antecedeu o voto, o presidente da comissão jurídica (de quem depende a referida sub-comissão), explicou sem papas na língua o motivo da decisão. Quando querem impor o seu candidato, os governos de alguns países apresentam um nome forte e dois fracos, o que é visto pela Assembleia Parlamentar como uma manobra para condicionar a sua decisão, que acaba por esvaziar o seu papel. Pelo que quando consideram estar perante uma situação dessas fazem o que já fizeram em ocasiões anteriores, envolvendo outros países: vai tudo para trás.

“Portugal pode fazer muito melhor e apresentar uma lista com três excelentes candidatos”, afirmou o presidente da comissão jurídica, o cipriota Pourgourides.

Saber lidar com o imprevisto

O que fazer quando a realidade ultrapassa o teleponto.

http://video.ap.org/?f=AP&pid=z7JkpxPZvgxDtcy1Ezxc4kkTlrO2glhI

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sem dúvida, um dos momentos do dia

" Lisboa, 05 out (Lusa) – O primeiro ministro disse hoje que a laicidade do Estado não é um princípio anti religioso, mas o garante da liberdade religiosa, no dia em que se comemoram 100 anos da implantação da República.
“Quis vir aqui no 5 de outubro para assinalar aquilo que é um princípio estruturante do nosso Estado republicano, o princípio da laicidade e para afirmar que este não é anti-religioso”, afirmou José Sócrates na inauguração da igreja de Alfragide.
Segundo o primeiro ministro, a laicidade do Estado “é garante da liberdade religiosa, de todos os cultos e todas as confissões”.
Depois de assistir à missa celebrada pelo cardeal patriarca de Lisboa, o primeiro ministro destacou que “o Estado Republicano trata todas as confissões por igual, com igual respeito, delicadeza e carinho”.
José Sócrates admitiu também que a sua presença na inauguração da igreja teve uma motivação pessoal: “partilhar o contentamento da comunidade católica”, de Alfragide, e que o fez “com alegria e com luz no coração”.
CC.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Os riscos da Política 2.0

Pedir ao povo propostas para cortar a despesa antes de apresentar o seu próprio plano, dá um bocadinho a ideia de que afinal ainda pouco se sabe o que se vai fazer na São Caetano. Ou se ganhar as eleições, o PSD tambem abrirá um site a pedir ideias para o Orçamento de Estado antes de apresentar uma proposta ao Parlamento ?

Um ajuste de contas com Afonso Costa

No centenário da República, que ditou a separação do Estado das Igrejas, José Sócrates vai inaugurar a Igreja de Alfragide...

Aqui ao lado...

Com a derrota da ministra Trinidad Jiménez, a aposta pessoal do chefe do governo espanhol, nas primárias do PSOE em Madrid, já há quem fale em PosZapaterismo

domingo, 3 de outubro de 2010

Políticos-Comentadores

Há uns anos, quando Pacheco Pereira recusava respostas aos jornalistas para depois perorar na SIC, uma amiga minha dizia com toda a razão "pois, só fala com quem lhe paga !"

Marcelo Rebelo de Sousa era uma excepção. Muitas vezes - e para irritação de quem fazia o programa - não guardava para domingo o que podia dizer durante a semana ao microfone que lhe aparecia pela frente.

Vem isto a propósito da reacção de António José Seguro, sexta-feira passada, na Assembleia da Republica, aos jornalistas que o interpelaram sobre as novas medidas de austeridade do governo. Seguro faltara às reuniões da comissão política e do grupo parlamentar e pretendia-se conhecer a sua posição. "Já falei ontem na SIC-Noticias"...mas importa-se de repetir ?..."Veja a gravação da Sic-Noticias", acrescentou o deputado justificando as ausências com as aulas que tinha à mesma hora das reuniões.
Seguro sublinhou o compromisso que tinha com os seus alunos. E um compromisso com os eleitores que o elegeram, não terá ? Ou terão esses eleitores de ver a Sic-Noticias para conhecerem a posição do seu deputado ?

(Na véspera,tambem António Costa que recusara fazer declarações no final da comissão política, expôs na Quadratura do Círculo a sua opinião sobre as novas medidas.)

É óbvio que cada político fala sobre o que quer com quem quer e quando quer.

Mas ao limitar o seu discurso a uma tribuna mediática paga, quando o interesse é geral, não estará o político apenas a condicionar a forma de transmissão da mensagem, dificultando o seu conhecimento por parte de quem o elegeu e com quem tem (ou deve ter) um compromisso maior ?

Europa a várias vozes




Portugal é visto como sendo "Brazil", ou fazendo parte de uma União de Agricultores Subsidiados, ou como "english allies", ou a "oceania", ou ainda estranhamente como "oranges". Só depende do ponto de vista de quem desenha o mapa da Europa.




sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Grão a grão

Quanto pode custar fotocopiar um documento de identificação pessoal numa banal folha A4 e decorar a dita com um carimbo? Depende. Na embaixada portuguesa em Bruxelas, por exemplo, custa a módica quantia de 20 euros. Para justificar a roubalheira, à quantia cobrada chamam “emolumento” e à folhinha de papel “cópia certificada do passaporte” (ainda bem que não era o BI, senão fotocopiá-lo dos dois lados era coisa para custar uns 40 euros). E assim contribuímos para o “esforço de todos” que é reduzir o défice, o novo passatempo preferido de José Sócrates.