domingo, 31 de janeiro de 2010

Coincidência de agendas

pelo que vi esta noite nos noticiários televisivos, cavaco silva e manuel alegre passaram o dia de hoje em campanha eleitoral pelo porto. A campanha de alegre foi mais discreta.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Os milagres da maioria relativa

O ministério da saude aponta para uma adesão à greve dos enfermeiros na ordem dos 85 %, apenas 5% menos que o sindicato. Não me lembro de uma diferença tão pequena em cálculos do género...

Não gosto que me tratem por "Sr. Silva"

Ao forçar o pacto para as finanças regionais, Cavaco Silva livra-se de um psicodrama em Belém. Se os numeros da Madeira fossem aprovados pela oposição contra o PS, conseguiria o Presidente da Republica, tão preocupado com o défice e com as contas públicas, despachar os milhões para Alberto João Jardim ? Até no Partido Socialista há quem diga que não e por isso não entenda a crise antecipada pelo governo...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

9,3. As contas que Sócrates não fez

Estava a pedi-las. José Sócrates, bem entendido. E Paulo Portas, que nem sempre tem memória curta e sempre se dedica ao trabalho de casa, recuperou a frase do Verão passado: "Está para nascer um Primeiro-ministro que tenha feito tanto pelo défice quanto eu". Foi, de facto, o que disse Sócrates há precisamente seis meses. Faz lembrar aquele sábio ditado popular: "Não cuspas para o ar que te pode caír em cima". Vangloriar-se cedo demais. Talvez agora se perceba melhor o sorriso (única reacção pública) que Cavaco Silva afivelou em Julho de 2009. Na altura, interpelado pelos jornalistas a comentar a frase de Sócrates, o Presidente da República , numa visita oficial à Austria, esquivou-se à frase, mas não deixou de esboçar um leve mas sobejamente notado sorriso. Seria oportuno que os jornalistas repetissem a questão numa próxima oportunidade junto de Cavaco Silva. A ver se desta saberemos o que pensa, de facto,o Presidente da República. Sem ironias.

Um caso de diagnóstico errado e de terapia incerta

Francisco Louçã tratou de se infiltrar na manifestação de enfermeiros que, esta tarde, bloqueou a baixa de Lisboa. Frenético com as câmaras e microfones à frente, o líder do Bloco de Esquerda elogiava os manifestantes, garantindo que já tinham provocado um resultado: a ministra prometera elevar o salário mínimo dos enfermeiros para os 1.200 euros, em vez da proposta inicial de 1.020 euros.
O líder bloquista referia-se à afirmação de Ana Jorge, recordando apenas a proposta do Ministério da Saúde. Por acaso, proposta antiga que aponta para os tais 1.2oo euros, mas a começar só em 2014.
E nem ocorreu ao economista Francisco Louçã que a oferta, caso fosse, seria demasiada. E um pobre, mesmo enfermeiro, desconfia da elevada esmola. Só que, para Louçã, aparecer a dizer qualquer coisa, mesmo que seja sem refletir, é mais forte do que ele. Afinal vive disso...

nas próximas eleições vamos votar nelas?

afinal alguém anda a governar este país e agora descobrimos que são as chamadas agências de rating. e quem é que faz parte dessas ditas agências? quais são os interesses que as movem? o que é que pretendem? quem são as pessoas por trás dessas coisas com nome de pastilha elástica que mandam no orçamento, que irritam tanto o ministro das finanças e que só respondem a perguntas por correio electrónico?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

... do dicionário belmirês*

Cleptocracia: sistema político de duração variável conforme os meus interesses; sistema político em que o poder ERA corrupto, mas que se transformou numa democracia (como é o caso de Angola)
Democracia: sistema político variável, dependendo do país e dos meus interesses; sistema político mutável que varia conforme os meus negócios, por exemplo, em Angola, já há democracia.
Ditadura: sistema político em que o poder é governado por dois partidos.
Ditador: líder de um país que despede os meus amigos.

*in revista Visão, edição de 27/01/2009

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Finanças regionais I

Pela terceira vez, a comissão de orçamento e finanças não votou a lei de finanças regionais. Mas não adiou. Limitou-se a deixar para outro dia aquilo que estava previsto para hoje. Mas não adiou. Criou um grupo de trabalho para tentar chegar a um acordo que anda a ser negociado há semanas sem sucesso. Mas não adiou. Criou, segundo Guilherme Silva (PSD) " um método que permite a envolvência do governo e do partido socialista neste trabalho". Ou, segundo Afonso Candal (PS) "trata-se de uma metodologia de trabalho". Adiamento é que não...

Finanças regionais II

Pouco antes da primeira reunião do grupo de trabalho das finanças regionais, e ao contrário do que é habitual, o PSD fez constar que este seria à porta aberta. Mas na sala Hugo Velosa foi o primeiro a fechá-la : "naturalmente que somos adeptos de que tudo seja feito na presença da comunicação social mas por alguma praxe e antecedentes já existentes, sendo um grupo de trabalho para uma análise técnica de uma proposta de lei, faria sentido que nós pudessemos trabalhar com recato normal que um tipo de trabalho desses justifica" Óbvio, mesmo antes da reunião começar...

reconhecer o problema é o primeiro passo para o resolver

o primeiro-ministro grego reconheceu ontem em estrasburgo que o seu país enfrenta há vários anos um problema de corrupção sistémica no sector público, do topo até aos níveis mais baixos, o que significa uma grande perda de dinheiro, uma forte desigualdade e uma falta de investimento”.
Como devem os países da união europeia reagir perante um estado membro, país do euro, que confessa com esta singeleza, num fórum internacional, que o seu país é dominado pela corrupção? incentiva os que estão na mesma situação a sairem do armário?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Podem ir jantar

O governo entrega o Orçamento de Estado às dez da noite...

O pesadelo dos directos televisivos

"NÃO ESTOU A OUVIR NADA...NÃO ESTOU A OUVIR NADA !", os gritos de um repórter televisivo enquanto Jorge Lacão falava com os jornalistas ficaram registados na gravação. Ainda por cima, era a parte mais importante do discurso.Paciência. Lá em casa, as pessoas ficariam a saber que alguém naquela altura não estava a ouvir nada...mas isso foi "a sereia em cima do bolo" (como diria alguém) de uma manhã parlamentar de reuniões entre governo e partidos sobre Orçamento de Estado.

"É um excesso de expectativa para o óbvio que eu vou dizer agora...", sussurava com ironia Jorge Lacão perante a frustrada tentativa de organização jornalística à beira do directo. Mesmo que o político se ofereça para falar e siga as instruções das tv's , a confusão começa na formação da meia lua para que todos possam gravar. E quando o directo começa, nada mais interessa. É o tiro de partida para o campeonato das perguntas. Ganha quem questiona mais (não interessa o quê, é preciso é fazer perguntas) e mais interrompe o entrevistado (deixando no ar por vezes declarações importantes). Não interessa a resposta. A pergunta, sim. É o "meu espectáculo": Um jornalista chegou a fechar o directo, mesmo ao lado do entrevistado que continuava a falar com os outros (só o treino e a concentração o impediram de perder o raciocínio, certamente), sem a preocupação de se afastar...

O espectáculo devia envergonhar e fazer pensar os protagonistas. De ambos os lados. Porque tambem os entrevistados entram no jogo do faz-tudo televisivo.

Talvez quando aparecer alguém a querer impôr regras no trabalho jornalístico, os repórteres desçam à terra e ganhem um pouco de respeito pelo trabalho dos outros. A rádio (pelo menos) agradece.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O líder da oposição

Estas negociações - ou conversações - sobre o Orçamento do Estado vieram mostrar uma evidência: o verdadeiro líder da oposição é... Paulo Portas. Mesmo que Manuela Ferreira Leite se apresse a anunciar também uma abstenção. Paulo Portas bem tinha prometido, em surdina, é certo, que se alcançasse dois dígitos nas eleições legislativas que ninguém o iria segurar. Para mal dos pecados do PSD, aí está a evidência.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Um líder com "juizinho"

Paulo Portas lá acabou por anunciar, finalmente, o seu "amén" ao Orçamento do Estado, tal como o Correio Preto já tinha avançado há mais de um mês. O que é curioso é que andaram os jornais a publicar que o CDS e o Governo estavam "longe" de um acordo, quando tudo foi cozinhado, pelo menos temperado, na primeira semana de Dezembro.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Goodfellas





As far back as I can remember, I always wanted to be a gangster.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Parece mas Santana Lopes ainda não regressou

Na véspera de mais um ataque da coligação negativa, o PSD decidiu retirar o seu projecto do bolo das alterações ao subsídio de desemprego. A justificação foi dada por Rosário Águas: como o governo já anunciara uma medida semelhante, não fazia sentido manter a proposta do PSD. Por instantes, os jornalistas que entrevistavam a deputada pensaram ver ali um furo nas negociações com o governo...mas Rosário Águas insistia que o anúncio do governo não era novo. Quando a assessoria de imprensa do PSD distribuiu cópia do conselho de ministros percebeu-se a confusão: o governo alterou as regras do subsídio social de desemprego mas a proposta do PSD incidia sobre o subsídio de desemprego. Para Rosário Águas, era tudo a mesma coisa. JoséPedro Aguiar-Branco acabou mais tarde por corrigir a deputada: eram matérias diferentes, sim sennhor, mas o PSD via aí um sinal do governo e por isso dar-lhe-ia o benefício da dúvida. Resultado das negociações do OE ? "Nãããããããão", garantiu.

No final da reunião do grupo parlamentar, José Pedro Aguiar Branco anunciou que o PSD iria criar uma comissão eventual de acompanhamento da regionalização. E já falou com o PS? perguntaram os jornalistas. A resposta foi negativa.
Ao final da tarde, Francisco Assis deu uma conferencia de imprensa para desfazer "um pequeno equívoco". É que já há algumas semanas falara com Aguiar Branco e ambos tinham acertado em avançar com a comissão no máximo consenso, por isso contactara o PCP e o BE, etc, etc, etc....

Vénias...

A posse da nova direcção da CIP contou com a presença de um ministro, quatro secretários de Estado, um líder de uma central síndical e de um presidente de um partido.

O Queiró fala nas finanças, mas quem manda sou eu - parte 2

Paulo Portas resolveu aparecer na cerimónia de posse da nova direcção da CIP. Chegou e colocou-se na última fila, curiosamente, muito próximo do presidente da ASAE, António Nunes. O líder do CDS passou toda a cerimónia numa intensa troca de mensagens. Os jornalistas presentes deduziram logo que Portas estava a preparar-se para uns comentários sobre as negociações com o Governo. Mas não. Recusou-se a falar aos jornalistas com argumentos de peso:

"Se quisesse falar, convocaria uma conferência de imprensa. E falar sobre o Orçamento, quando há negociações, não é correcto e poderia ser entendido como forma de pressionar"

Pois é. Mas não foi esse o entendimento de Paulo Portas quando, no domingo, resolveu debitar opiniões, numa encenação contada pelo Correio Preto. Mas ficam registados os recados de Paulo Portas para Luís Queiró, Teixeira dos Santos e... para ele próprio.

road to perdition

o psd parece ir, cada vez mais, a caminho da perdição.
logo a seguir ao desaire eleitoral das legislativas, quando parecia avisado substituir a direcção e virar a página, manuela ferreira leite inventou a desculpa do orçamento e condenou-se, a si própria e ao partido, a arder em lume brando.
agora que a água já evaporou e os restos estão todos estorricados e agarrados ao fundo, uns falam de congresso de extraordinário e alguns aplaudem. outros insurgem-se contra o congresso extraordinário e alguns aplaudem. outros ainda exigem um conselho nacional para exigir que não se realize um congresso extraordinário e lá se ouvem aplausos.
enquanto isso, o cds lá avança na imagem de partido que conta e com quem se pode (ou se tem que) contar.
a democracia comporta maus governos, maus políticos e até uma líder partidária má demais para ser verdade...

O costume

O Correio Preto conseguiu mais um exclusivo ao apresentar uma imagem (só uma porque senão apanhávamos) do balneário do Sporting.

Já mandámos comprar a varinha mágica

Com duas quedas aparatosas nos Passos Perdidos, no primeiro dia de discussão do programa do governo na AR, Helena André começou logo a dar trabalho aos assessores, preocupados com o efeito mediático daquelas imagens.
Com o debate desta quarta-feira, houve certamente quem tivesse caído em São Bento ao ouvir a ministra do trabalho reconhecer que "continuamos a ter um problema grave de crescimento do desemprego e que provavelmente este vai continuar a subir antes de descer" e "não tenho nenhuma varinha mágica para dizer até onde vai subir a taxa de desemprego".
No segundo dia da discussão do programa do governo, Helena André mudou de sapatos. No próximo debate, certamente que ninguém a verá sem uma varinha...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Tinoni





As farmácias ameaçam cortar medicamentos para a Madeira, e aqui no Correio Preto estamos preocupados. É que só de pensar que o nosso querido e sempre afável Presidente do governo regional fica sem as gotas ... os cubanos que se cuidem!

Vejam lá se assim não fica melhor...

Não é a primeira vez que o Procurador Geral da Republica vem ao Parlamento dizer aos deputados que as leis deixam muito a desejar. Não pelo conteúdo, entenda-se, mas pela redacção. São mal feitas. Mas Pinto Monteiro não se limita a criticar.
Esta manhã, na discussão na especialidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o PGR apontou "ambiguidade" jurídica ao artigo sobre adopção e entregou uma folha com um texto alternativo :"parece-me uma redacção melhor - é uma opinião meramente de jurista - do que aquela que neste momento vigora".
E, se neste caso, a ambiguidade pode ter explicação política, não deixa de ser caricato que a qualidade jurídica do legislador esteja sempre a ser questionada...

Fantasmas

O nosso Pedro foi ontem finalmente condecorado, na presença de alguns dos seus antigos ministros. Bastaram 10 minutos - um bocado ao estilo do seu governo - e lá levou a habitual medalhita devida a todos os ex primeiros deste país. A demora em receber a tradicional honraria prendeu-se com o facto de esta só ser atribuída a quem já não exerce funções políticas de destaque, como as de deputado ou dirigente partidário.

Pedro que saiu a correr do palácio de Belém (segundo consta só o sítio causa-lhe arrepios), saiu dizendo a sua frase favorita : "I'll be back!"

TVI? Nem vê-la, quanto mais estar nela...

Por manifesta falta de tempo e por não querer ter compromissos fixos, Pedro Silva Pereira recusou o convite da TVI para estar, todas as semanas, num frente-a-frente com.... Pedro Santana Lopes. É certo que o embate seria no canal informativo - o menos visto - mas ainda assim a TVI perde a oportunidade de reeditar um embate político à semelhança do que foi feito, há uns anos, na RTP. Ah... mas sem José Sócrates.

a não perder


ryan é um especialista em despedimentos e em despedidas. informar desconhecidos de que perderam o emprego é o seu modo de vida. vive entre aeroportos e hotéis. entre relações passageiras e pessoas em crise. depois de "thank you for smoking" e "juno", jason reitman traz-nos mais uma daquelas comédias que, ao mesmo tempo que nos arrancam uma gargalhada nos deixam um friozinho no estômago.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Valha-nos Santo António

Afinal parece que estamos todos de acordo!

Porque o CDS não pode esperar

Teixeira dos Santos veio a Bruxelas de Falcon, para poder estar na reunião de hoje com os seus homólogos europeus e regressar a tempo de mais uma ronda negocial com o CDS sobre o orçamento de 2010. Mesmo em tempo de crise, o que são esses trocos comparados com os milhões que estão em discussão?

Por causa das coisas...

A ex-futura comissária búlgara renunciou ao cargo por os eurodeputados terem muitas dúvidas sobre a falta de transparência da sua declaração de interesses financeiros. Barroso decidiu não correr riscos e escolheu uma alternativa Kristalina.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Dois pesos, duas medidas

Jornalistas portugueses a noticiar:
Um atentado no Iraque, de autoria de iraquianos, contra civis e tropas estrangeiras é um acto dos "terroristas da Al-Qaida".
Um atentado em Cabinda, da autoria de cabindenses e congoleses, contra civis é um acto dos "independentistas".

Quem se mete com o Rangel, leva!

É pena os jornais não publicarem directamente as notas de imprensa dos partidos. Repare-se na pérola mais recente do gabinete de Paulo Rangel:

“O deputado europeu Paulo Rangel deixou esta tarde o comissário indigitado Maros Sefcovic em dificuldades ao exigir um compromisso do candidato quanto à redução dos prazos de resposta da Comissão às iniciativas legislativas do Parlamento.

Paulo Rangel é o relator do relatório da comissão de Assuntos Constitucionais sobre a revisão do acordo-quadro Parlamento-Comissão e integra delegação parlamentar que irá negociar com Durão Barroso a revisão do Acordo. O acordo-quadro trata...".


Além da importância transcendente do tema, já estou a imaginar o pobre do eslovaco acossado, a mexer-se nervoso na cadeira, a suar em bica, a percorrer a sala com um olhar desesperado em busca de ajuda e a espremer as meninges enquanto tenta perceber... “quem será este gajo?!”.

Macau ainda é o que sempre foi

O Ministério dos Negócios Estrangeiros escolheu Ana Paula Laborinho para presidir ao Instituto Camões. Mas, ao que parece, antes tinha feito um convite ao professor Carlos Reis, como o próprio conta numa carta enviada à pessoa que o convidou: Luís Amado.
Só que depois disso, a escolha recaiu na (também) professora universitária Ana Paula Laborinho. Que tem umas particularidades: viveu e trabalhou em Macau, foi agraciada pelo governo macaense e, talvez a cereja no topo do currículo, é amiga de Alberto Costa e de Jorge Coelho.

sapo, versão 2011

as eleições presidenciais devem estar a deixar o pcp à beira de um ataque de nervos. com a convergência que parece desenhar-se em torno da candidatura de manuel alegre, os comunistas são muito bem capazes de se ver obrigados a ter que engolir um sapo ainda maior do que em 86, na segunda volta das eleições soares/freitas. é que, desta vez, talvez tenham que apoiar o candidato do ps logo à primeira volta para depois não poderem ser acusados de terem inviabilizado a eleição de um candidato de esquerda. "tapem a fotografia e votem" - disse cunhal há mais de vinte anos. provavelmente é que que vão ter que fazer de novo. por isso mesmo, para jerónimo, quanto mais tarde se começar a falar de presidenciais, melhor.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O Queiró fala nas Finanças mas quem manda sou Eu

Paulo Portas não vai ao Ministério das Finanças negociar o Orçamento de Estado - líder só lida com líder - mas não deixa de arranjar maneira de subir ao palco. Ontem, meia hora depois de terminar o 2º encontro Governo-CDS, era vê-lo na Bolsa de Turismo de Lisboa na FIL a falar de...OE. Sem disfarçar.

Normalmente, o político começa por justificar aos jornalistas a sua presença no local, a importância da iniciativa, etc, etc, mas Portas foi directamente ao etc que (lhe) interessava : o Orçamento. Dez minutos de ideia repetida e uma pergunta sobre Manuel Alegre pôs fim à conversa. Mas ao chegar à porta, o presidente do CDS voltou atrás - reparara que nada tinha dito sobre a sua presença na BTL. Ainda bem que voltou a falar porque faltara uma pergunta sobre o artigo de Fernando Lima: "Não li, não tive tempo, não posso estar a tratar de Orçamento e de outras coisas ao mesmo tempo..." Alguém terá ficado sem bateria do telemóvel no Ministério das Finanças...

sábado, 16 de janeiro de 2010

A tradição é o que era e os antónios são mesmo santos

Depois da Câmara de Lisboa ter anunciado a permissão dos casamentos homossexuais no dia de Santo António, como o Correio Preto registou, chegou agora a correcção do próprio presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, em comunicado, em que se pode ler este "ajoelha e reza":

"É claro para o presidente da Câmara Municipal de Lisboa que, sem prejuízo de considerar o respeito a qualquer fórmula de constituir família, é necessário respeitar os sentimentos religiosos associados à figura de Santo António, um santo da Igreja Católica, Apostólica Romana.
Para que não haja equívocos, não haverá qualquer alteração ao actual figurino dos Casamentos de Santo António, que não seja previamente acertada com a Igreja."

Dissipam-se assim as dúvidas sobre a repartição de poderes.

Rui Pereira sempre presente e transparente

O ministro da administração interna mudou-se provisoriamente para uma pensão no Montijo, para poder acompanhar as partidas e chegadas do C-130 que está a tentar chegar ao Haiti. Em cada ocasião o governante arranja sempre tempo para apertar mais um bacalhau aos socorristas portugueses e certificar-se de que os mesmos estão “em segurança”. Tudo, obviamente, à frente das televisões e com total disponibilidade para os jornalistas.

A mesma que lhe falta em Bruxelas, cada vez que representa Portugal numa reunião europeia. O ministro pira-se à socapa para o aeroporto e envia um comunicado completamente inútil para as redacções. Tudo porque ainda não conseguiu digerir a divulgação pública das suas reflexões sobre Carla Bruni.

Preciosismos de linguagem

Depois de nos garantirem até à exaustão que os portugueses que viviam no Haiti “estão todos bem” e de um diplomata entretanto chegado ao local ter dito à RTP que nenhum deles pediu para ser repatriado, eis que aparecem portugueses a relatar o seu sofrimento na ilha caribenha a partir de… Espanha. É óbvio que se trata de gente que queria apenas ser “evacuada” e não "repatriada", senão o governo, que está com alguma dificuldade em fazer chegar um avião com ajuda ao local, estaria certamente ao corrente e teria tratado da situação.

Paulo Portas afinal vai ter mesmo "juizinho"

Tal como o Correio Preto tinha adiantado a 11 de Dezembro do ano passado, vai mesmo haver casamento de conveniência, entre o PS e o CDS, para a aprovação do Orçamento do Estado.

onde está o assessor político?

Gostava muito de saber o que pensa o assessor político do presidente da república sobre a decisão do antigo assessor de imprensa do presidente de publicar um artigo sobre o caso das escutas. meses depois de tudo ter acontecido e quando cavaco silva parecia estar a recuperar de danos causados por todo aquele episódio, eis que surge o antigo assessor de imprensa, em bicos de pés, a achar que tem direito "à sua sua verdade", a desenterrar o caso, a voltar reabrir feridas que tantos problemas causaram ao seu antigo patrão.
devia haver um assessor político a chamá-lo a atenção para os danos que este seu comportamento pode causar.

Alô... É da desgraça?



O avião português C-130 que deveria chegar ao Haiti regressou para reparar o motor, depois de ter partido com horas de atraso e de ter percorrido uma parte da viagem. E assim se mostra como é, de facto, irrelevante a ajuda portuguesa. Que, para já, só serviu para promoções internas de ministro e secretários de Estado.
A hora em que o avião português decidiu regressar à base coincidiu com a partida do sexto avião espanhol carregado com material de ajuda avaliado em três milhões de euros. E não esteve nenhum ministro a apadrinhar a viagem.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Tradutor precisa-se

Anunciada finalmente a disponibilidade de Manuel Alegre, vale a pena recordar a resposta de Jaime Gama, há dois dias, no Parlamento, sobre uma eventual candidatura a Belém : "Não é dizer-vos aquilo que vem sempre nas vossas peças que é 'nem desmente nem confirma'. É dizer-vos que não respondo a uma pergunta que não tem a menor razão de existir." Perceberam? Apesar da insistência dos jornalistas, Gama desapareceu imediatamente em silêncio. O seu chefe de gabinete, que apareceu entretanto, ouviu a declaração e considerou-a "óbvia". Pois...

A ocasião faz o candidato

Afinal há um motivo para a escolha do local . Portimão.Comemoram-se a partir deste fim de semana os 150 anos de Manuel Teixeira Gomes. Antigo Presidente da República e também escritor. Um olhar de soslaio pelo programa das comemorações ( a partir de Domingo) revela também que o Presidente da Comissão de Honra é quem? Aníbal. Aníbal Cavaco Silva, o Presidente. E mais? Acompanham Ramalho Eanes e Jorge Sampaio. Dois ex`s. Agora junta-se um ex-quem-sabe-futuro.

Indo eu, indo eu, a caminho de Belém

E lá vai ele. Manuel Alegre lançou-se na corrida. Tal como Jorge Sampaio, marca o terreno a uma ano das eleições. Sampaio fê-lo em Fevereiro, Alegre uns dias antes. Só não percebo a escolha do sítio. Portimão? Vale o que vale. E desta vez fazendo o que já se esperava até acaba por surpreender. Apanhou o povo meio desprevenido. Deve estar tudo a teclar por essas redacções fora. E agora José? O PS lá terá de decidir. Não há maneira de evitar o assunto sr. secretário geral!

Até a desgraça serve para a propaganda

Portugal enviou para o Haiti uma ajuda que pretende acolher pouco mais de 700 pessoas. Lá partiu um avião militar C-130, com a carga toda pesada mais jornalistas, técnicos do INEM e da AMI e, claro, o indispensável material.
Deve ser a ajuda possível, mas ainda mereceu conferências de imprensa com um ministro e um secretário de Estado e com infindáveis directos nas televisões com os jornalistas a mostrar os diversos ângulos e pedaços do avião.
O terramoto no Haiti resume-se agora às esmolas portuguesas. Os haitianos agradecem tanto altruismo. Lá diz a sabedoria popular que uma desgraça nunca vem só.

e por falar em milagres....

a agência lusa acaba de divulgar que cavaco silva vai condecorar santana lopes. é isso mesmo. o homem que denunciou a má moeda vai distinguir a dita com a grã cruz da ordem de cristo por destacados serviços prestados ao país no exercício de funções públicas de alto relevo. só não esclarece se há alguma relação entre os referidos serviços e o incidente das moedinhas.

santo antónio adere aos casamentos gay

a câmara de lisboa resolveu abrir os casamentos de santo antónio aos casais homossexuais. pelos vistos, as chamadas "noivas de santo antónio" (que agora vão ter que mudar de nome) não implicam obrigatoriamente a cerimónia religiosa e, assim sendo, a iniciativa pode estender-se a todos. depois de concertar bilhas quebradas e repôr tranças cortadas, conforme reza a tradição milagreira de fernando bulhões, é caso para dizer que não há limites para o santo casamenteiro.

Ano novo, casa nova

Ao contrário daqueles clubes que se fartam de contratar jogadores através dos jornais, o Correio Preto só anuncia novas aquisições depois de elas estarem consumadas. E, orgulhosamente, declara-se vítima de uma OPA no feminino.

A Susana Barros e a Dina Soares transitam da incontornável Escola de Lavores, onde durante quase quatro anos “coseram outros retalhos das notícias”. Esperamos que, na nova condição de carteiras, continuem o seu inimitável “tricô de peças avulsas ou bordando a polémica, do novelo até à manta”. Last but not the least, o Correio Preto adquire ainda o contributo da pena afiada da Teresa Dias Mendes.

Por fim, uma referência a um rumor, sobre o alegado afastamento de RR, um dos carteiros fundadores. Consta que anda a circular um mail da sua autoria onde dá conta da sua vontade de se afastar dos relvados. Não só isso é totalmente falso como, a ter algum fundamento, seria necessário recomendar-lhe o visionamento urgente dos Sopranos. E a posterior reflexão sobre a resposta de Tony Soprano a um subordinado que queria mudar de vida: “You took an oath... There's no retiring from this".

Ludi incipiant!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Cá se fazem, lá se pagam

O final do confronto Melo-Constâncio ficou marcado por um pequeno incidente, em que o ex-secretário-geral do PS não deixou passar em claro o seu desagrado. Depois de ouvir a resposta do governador do Banco de Portugal à sua pergunta, Nuno Melo levantou-se para abandonar a sala (tinha que apanhar o avião para regressar a Portugal), enquanto outro deputado interpelava Vítor Constâncio. Antes de se encaminhar para a porta, o deputado do CDS aproximou-se da mesa para dirigir algumas palavras a Constâncio, mas… ficou a falar sozinho. Segundo vários participantes no encontro, Constâncio ignorou ostensivamente o eurodeputado do CDS-PP, continuando a olhar para o outro deputado que lhe formulava uma nova pergunta. E Melo lá foi apanhar o avião.

15 + 15 = 30

30 segundos de fama. É o que Nuno Melo acumulou ao fim de sete meses no Parlamento Europeu. Os primeiros 15 foram obtidos quando interpelou Lopes da Mota (que comparecia perante uma comissão parlamentar na qualidade de presidente do Eurojust) sobre o caso Freeport. A segunda metade apareceu hoje, ao interpelar Vítor Constâncio sobre as falhas do Banco de Portugal na supervisão do BPN e do BPP, no decorrer de uma reunião de avaliação dos três candidatos à vice-presidência do Banco Central Europeu.

Não é um filão inesgotável, mas a rentabilidade está assegurada enquanto houver jornalistas dispostos a dar-lhe a projecção mediática que procura. Que deverá ser inversamente proporcional ao prestígio junto dos demais parlamentares que, além de nunca terem ouvido falar, não estão interessados em conhecer os freeports e bpn em torno dos quais gravita a política portuguesa.

Sharon Bowles, a liberal britânica que preside à comissão que recebeu Constâncio, explica como é que estas coisas são vistas:

“Quem faz estas perguntas ‘nacionais’ são (os deputados) que não são grandes frequentadores das reuniões da comissão, os outros têm mais interesses. São perguntas daqueles que voltam para o seu país a dizer que fizeram a pergunta. Quem as faz tem o seu minuto e a vida continua…”.

Niños, vamos a la playa!

Na apresentação do estudo sobre o TGV e o turismo, António Mendonça arranjou mais um argumento para defender as virtudes da alta velocidade:

"Lisboa pode-se transformar na praia de Madrid, enfim, temos condições turísticas, as condições que nós temos para desportos novos como surf".

Talvez seja da crise, talvez seja do estilo

O ministro das Obras Públicas, António Mendonça, esteve hoje presente, na FIL, em Lisboa, na apresentação de um estudo que glorifica o TGV e aponta-o como absolutamente essencial para o turismo português.
Ao contrário de outros tempos, quando o Ministério era gerido por Mário Lino, desta vez não houve, na cerimónia de apresentação, luzes vermelhas e amarelas, painéis azuis, meninas com grandes decotes, filmes e assessores governamentais a encher a sala. Estava tudo muito espartano.

O que é nacional é bom... mas só lá fora

Quem diria que o simples anúncio da presença de Vítor Constâncio no Parlamento Europeu despoletaria tanto interesse?

Além de ter dado para perceber a forma peculiar como a direita portuguesa encara a presença na comissão parlamentar dos assuntos económicos (é difícil perceber quem tomou a melhor opção, se o CDS, que empatou lá os seus dois parlamentares, se o PSD, que não achou importante ter lá nenhum dos seus oito elementos), tem dado origem a declarações curiosas.

Depois de, na Assembleia da República, ter arrasado o governador do Banco de Portugal pelas suas falhas numa série de casos (como a reavaliação do défice orçamental em alta após a chegada do PS ao governo e as falhas na supervisão do BCP, do BPN e do BPP), Paulo Rangel reconhece agora ter feito “críticas pontuais” e prefere elogiar a “competência, probidade e experiência” do candidato português à vice-presidência do BCE.

Se Constâncio chegar à vice-presidência do BCE, uma das suas responsabilidades será precisamente a… supervisão. A menos que, como a economia eas finanças parecem ser uma lacuna laranja nesta euro-legislatura, Rangel não se tenha apercebido da nuance.

Rangel omnipresente

Decididamente, Paulo Rangel está a imprimir um novo estilo no habitualmente morno Parlamento Europeu. Neste caso é o estilo “não estou lá, mas é como se estivesse”.

Antecipando a audição que a comissão parlamentar dos assuntos económicos realiza esta tarde a Vítor Constâncio, enquanto candidato à vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE), Rangel desdobrou-se em declarações à imprensa: ontem à noite para as rádios e jornais, com embargo até hoje de manhã, já hoje falou às televisões.

Uma forma de marcar a agenda e de contornar duas pequenas falhas. É que nem Rangel, nem nenhum outro deputado do PSD faz parte da comissão que escrutinará Constâncio (apesar de se tratar de um dos organismos mais importantes do PE). E, pelos vistos, o ex-cabeça de lista laranja não esteve para pedir para participar no encontro de hoje de forma extraordinária (tal como fará o seu colega José Manuel Fernandes). Até porque essa maçada provavelmente implicaria adiar por umas horas o regresso a Portugal, onde ainda tem muito trabalho a fazer para concretizar o sonho de liderar o PSD.

Mercado de inverno


Mexe o mundo do futebol e mexe a blogosfera. Novidades muito em breve, num blog perto de si.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Tão amigos que eles eram


Quando um louco assassino passeava as suas importâncias pela Europa e, em especial, por Portugal. Com muito bons amigos a bajulá-lo.

Na Europa não há lavoura, só agricultura

A audição a que Vítor Constâncio se sujeitará esta quinta-feira no Parlamento Europeu (parte do processo da sua candidatura à vice-presidência do BCE) evidenciou um dado curioso.

Entre os 94 potenciais inquiridores do ainda governador do Banco de Portugal (a comissão dos assuntos económicos tem 48 membros efectivos e 46 suplentes), contam-se quatro portugueses (dois efectivos e dois suplentes).

Dos quatro portugueses, dois são eleitos pelo CDS-PP (os outros são a socialista Elisa Ferreira e o bloquista Miguel Portas). Melhor dizendo, são os dois únicos eurodeputados eleitos pelo CDS-PP para a actual legislatura.

Num parlamento com 20 comissões permanentes e em que os partidos nacionais procuram desdobrar os seus representantes pelas comissões consideradas politicamente mais importantes, os dois deputados do CDS-PP terão concluído que, importante, importante, era estarem juntos na mesma comissão.

De fora das suas prioridades ficou, por exemplo, a comissão da agricultura, que tantos votos terá dado ao partido nas recentes eleições. Será que se a dita se chamasse comissão da lavoura teria recebido outra atenção?

Jogo de cintura

A prestação de Rumiana Jeleva perante os eurodeputados pode não ter sido brilhante, com os parlamentares a exigirem "garantias de honestidade". O domínio do inglês pode deixar a desejar. Os negócios da sua antiga empresa podem ser obscuros. As ligações do seu esposo à Mafia local podem alimentar especulações intermináveis.

Mas ninguém pode negar que, se há coisa que a ex-ministra dos negócios estrangeiros da Bulgária escolhida por Durão Barroso para a pasta da Ajuda Humanitária tem, é… flexibilidade.





De tudo isto (e da admiração que provavelmente partilham por Julio Iglesias), o que é que terá pesado mais na escolha de Durão?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Um (muito) bom aluno

O economista João Salgueiro foi recebido em Belém, esta segunda-feira, na qualidade de "cidadão preocupado com o país". Cavaco Silva deve ter aberto uma nova forma de presidir e agora arrisca-se a não ter agenda para receber tantos "cidadãos preocupados" com o país. Desde o taxista ao director de empresa, não há (quase) um português que não se lamente. É um sentimento atávico. E se Cavaco Silva abre as portas de Belém, como o fez a João Salgueiro, terá de fazer uma tremeda engenharia horária. Só à conta de Vasco Pulido Valente e de Medina Carreira, nem as 24 horas diárias serão suficientes. E o que eles dizem do país e de José Sócrates, devem, de acordo com o entendimento das audiências de Cavaco Silva, merecer uma passadeira vermelha. Ou um quarto de hóspedes no Palácio de Belém.
Mas o presidente português, como bom aluno que sempre foi, deve estar a aplicar o que aprendeu com o outro presidente, já lá vão quase 15 anos. No entanto, nessa altura, Cavaco Silva não hesitava em responder às lamúrias e no discurso sobre o estado da Nação, em 1993, tentava acertar o passo a Mário Soares:

"A cooperação institucional é uma estrada de duas vias e implica reciprocidade e respeito pelas competências de cada um".

E, depois disso, escreveu na sua autobiografia, sobre precisamente Mário Soares:

"A sua conduta não era marcada pela isenção e independência em relação às forças politico-partidárias, actuava como contrapoder relativamente ao Governo, dificultava o desenvolvimento de um clima de confiança favorável à recuperação económica"

Ou Cavaco Silva quer repetir as lições do professor Soares, ou apenas João Salgueiro tem um carro novo. E quer ir rodá-lo um destes dias. Alguém disse, por aí, que a História não se repete?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Já tinha o Espírito Santo, faltava-lhe completar a Santíssima Trindade

Maria de Belém volta a presidir à Assembleia-Geral da União das Misericórdias Portuguesas.

Sindicalista escondido com o rabo de fora

A Confederação da Indústria Portuguesa, CIP, tem um novo presidente que, em tempos, foi um sindicalista. António Saraiva pertencia à UGT e chegou a liderar a comissão de trabalhadores da Lisnave. Hoje assumiu a presidência da organização que reúne os patrões.
Torres Couto, antigo líder da UGT, não se lembrou de melhor ao elogiar as novas funções do velho "camarada":

"Dá um salto qualitativo enorme"

Numa única frase, fica-se elucidado sobre as aspirações dos dirigentes da UGT, dita por um dos seus fundadores.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Os canais indigentes

Quem conhece os canais internacionais da RTP sabe bem a indigência que por lá mora. Sem estratégia, sem planos, sem qualidade e sem saber para que servem, de facto, os ditos canais. No caso da RTP-África, a falta de rumo é mais gritante. O canal - tal como a RTP-I - é pago pelos contribuintes portugueses. E justamente eles poderiam perguntar para que serve.
A RTP-África é feita a pensar nos interesses portugueses em África? Não. Serve para a divulgação da cultura portuguesa ou dos negócios portugueses em África? Não! Serve os africanos, ajudando, como serviço público, a melhor conhecimento e melhor cultura? Não! Aliás, a programação é tão má que nos países africanos é absolutamente irrelevante, em concorrência com os canais nacionais e com as televisões brasileiras. Não fossem as transmissões dos jogos de futebol e ninguém daria pela existência dela.
Mais do que um estafado "elefante branco", a RTP-África é apenas um apêndice no reino da RTP, mas que serviu politicamente, em tempos, para "sacar" uns votos aos africanos que moravam em Portugal. Tal como a rádio, a RDP-África, que consegue ainda ultrapassar, em indigência e na péssima qualidade, a televisão.
No fundo, os dois canais são úteis em apenas uma coisa: entram no mapa desenhado pelo PSD e PS que têm uma espécie de "tratado de tordesilhas" na divisão de lugares de directores. E isso os dois alimentam, são duas prateleiras douradas para colocar os "boys" quando não podem ter melhores "jobs".
Apesar deste cenário ser do conhecimento geral - e merecer críticas em vários círculos políticos -, ninguém se mexe. Ou mexeu. Cabe agora a Paulo Pisto, deputado do PS, a iniciativa de fazer uma crítica pública aos canais de televisão, em que até fala no tal "desperdício de resursos". Paulo Pisco leva o assunto ao Parlamento português. A ver se serve para alguma coisa.

É preciso alguém que resista

Como se não bastassem os inúmeros convites, no facebook, para ser fã de "qualquer coisa" nem que seja de uma pedra da calçada, fui abordado para integrar o grupo de fãs de gente que quer levar Manuel Alegre à Presidência da República. Como no facebook, só se pode clicar no "confirmar" ou "ignorar", não me limitei à segunda resposta. Estendo-a agora ao blogue: "há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não", diria o poeta. Serve a poesia, como uma luva, para traduzir o meu primeiro desabafo mal vi o convite: "Cruz Credo!"

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O imposto escondido e desordenado

De dois em dois anos, a história repete-se: há uma entidade estatal que me obriga - a mim e a milhares de jornalistas - a desembolsar 45 euros para emitir a carteira profissional. Ou seja, na prática, pagamos para exercer a nossa profissão. O que deve ser um caso único.
Bem se pode argumentar que há profissões, como os médicos ou advogados, que também pagam para poderem exercer. Mas fazem-no para uma Ordem Profissional que lhe exigem deveres e fornecem direitos.
No caso dos jornalistas, não. Paga-se apenas para que uma burocrática comissão emita um cartãozinho, mais frágil do que qualquer um que se usa no multibanco. Um cartão aliás que poderia perfeitamente ser feito por alguém no Rossio, em Lisboa, especialista em plastificar documentos. No entanto, esse acto simples exige, como foi o meu caso, o pagamento de 45 euros.
A Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas deve ser aliás uma das "empresas" com maior sucesso em Portugal: é completamente improdutiva, mas dá lucro.
E assim se sustenta uma pequena máquina burocrática que não serve absolutamente para nada.
Ou então serve para muito: para sustentar uns poucos funcionários.
Ou então é um mero imposto discricionário. E escondido por que não faz parte da lista dos impostos tradicionais.