quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O barrosista nº 1

Luís Amado anda muito mal aconselhado.

A propósito da resolução que o Parlamento Europeu aprova amanhã sobre os voos da CIA, o MNE português mandou na segunda-feira uma carta ao presidente da instituição onde tem passagens deste calibre:

“(…) alegações que reputo de totalmente falsas e injustificadas”.
“Não posso deixar de dar conta a V. Exª da minha surpresa e indignação”.
“A eventual aprovação de uma resolução redigida nos termos que lhe descrevi (…), colocaria em causa a própria credibilidade do PE”.

E o que dizia a dita resolução (ou melhor, o projecto de resolução apresentado pelo próprio grupo socialista)? O seguinte ‘considerando’:

“Considerando (…) novas informações relativas a voos da CIA em Portugal, com transporte de detidos, durante o Governo Barroso, tal como indicado pelo ministro dos negócios estrangeiros”.

Acontece que a chamada proposta de resolução comum entretanto preparada, aquela que resulta da negociação entre os diferentes grupos políticos e que será votada esta quinta-feira, já tinha deixado cair a referência a Amado, embora mantivesse a alusão a Barroso.

É discutível que tenham surgido ou não novas informações (que a proposta de resolução não detalha), tal como é questionável que a resolução, além de Barroso, não se refira a outros políticos com responsabilidades no processo (como Aznar, Blair ou os governos alemão e sueco).
Mas a verdade é que com a sua iniciativa Luís Amado conseguiu apenas o seguinte: chamar a atenção para o assunto; ver tornar-se pública a pressão exercida de forma descarada sobre o presidente do PE (que não teve, nem tem nada a ver com a elaboração e votação destas resoluções) e aparecer publicamente a defender Durão Barroso.

Quem lhe terá sugerido semelhante diligência epistolar?

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