A edição do jornal “Expresso”, desta semana, dá-nos conta de um verdadeiro acto de xenofobia inominável. A C.Santos, talvez a principal concessionária da Mercedes, em Portugal, emitira uma nota impedindo a venda de carros a ciganos. As explicações e as ordens constavam de uma circular escrita em 2001. Decorridos sete anos, a mesma concessionária esclareceu ao jornal o que se passa na empresa da seguinte forma:
"Se há uma besta que fez um papel desses, ele não representa a empresa. Essa não representa, não representou, nem representará a política da C. Santos", garante ao Expresso Baptista da Silva, director-geral e presidente do Conselho de Administração da empresa. "Quem me dera que tivéssemos mais clientes ciganos".
Apesar deste esclarecimento, o jornal não hesitou em dar este título de primeira página:
"C.Santos não quer vender Mercedes a ciganos"
Reparem: não quer. Nem é "não quis", nem, "em tempos travou" ou qualquer coisa que indicasse o passado. Não. Taxou logo com um "não quer".
Aliás, correctamente e honestamente, o título deveria ser outro. Do tipo, "C.Santos deseja vender Mercedes a ciganos". Mas o efeito ficaria estragado.
O corpo da notícia desmente, em toda a linha, o título. É por estas e por outras que o jornalismo anda, usando um lugar-comum, pelas ruas da amargura.
domingo, 5 de outubro de 2008
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