sábado, 25 de outubro de 2008

A foice e a martelo e a rir


Começo por deixar este aperitivo:

“O que é mais frio do que água fria na Roménia? A água quente”

Perturbador e divertido, o livro do cineasta (especialista em documentários), escritor e apresentador de televisão britânico Ben Lewis é o retrato mais fiel da realidade dos países comunistas contado pelo povo, em anedotas. Como esta:

Um polícia da STASI pergunta a uma condenada qual é o seu último desejo. Ela responde: quero o Muro de Berlim derrubado. Ele sorri, pisca-lhe um olho maldosamente e replica: humm queres ficar aqui sozinha comigo.

Mas o livro não é apenas um depositário de anedotas. Está lá o enquadramento histórico, a passagem do tempo, as biografias das figuras tutelares dos regimes, da União Soviética aos Balcãs, e retratos reais, contados na primeira pessoa, de centenas de anónimos que aceitaram recordar como era viver naqueles países, passando as mais incríveis privações e repressões, sem nunca perder o sentido de humor, e fazendo do riso uma forma de sobrevivência. Afinal, profetizou o próprio Karl Marx, “afase final de um sistema político é a comédia”.
E termino com esta universal que ouvi contar na Sérvia, na Hungria, na Bósnia e em Angola:

“Como os russos visitam os seus amigos?
De tanque.”

Este delicioso livro, da editora “Guerra e Paz”, já está à venda e custa cerca de 19 euros.

1 comentário:

Anónimo disse...

Infelizmente, o que aconteceu na URSS e o que hoje acontece nos países dela resultantes não foi nem é uma comédia. É um drama.

De tais proporções, que já ninguém conta anedotas sequer. Ao contrário dos tempos da URSS.

Só mesmo os apoiantes da exploração humana se riem hoje, ao ver o Estado Proletário substituído pelo ovacionado poder de bandos de ladrões e criminosos.

Enfim...

MG