segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Islandices II

Estes gajos são iguais em todo o lado, de Lisboa a Reykjavík.
A simpatia islandesa referida no post anterior deu para uma breve entrevista com o primeiro-ministro da aldeia gigante (pouco mais de 300 mil habitantes, para um superfície semelhante à de Portugal), Geir Haarde.
O suficiente para perceber que a argumentação para fugir às responsabilidades na actual crise é igual, independetemente do paralelo geográfico ou político em que nos encontremos.
Depois de dizer que, ao contrário do que ele próprio anunciou o país, afinal, já não está à beira da bancarrota (graças à acção do governo, claro), Haarde explica que o que estão agora a fazer é "redimensionar" o sector bancário (leia-se nacionalizar) e garante que a economia permanece sólida, com recursos que nunca mais acabam, flexível, bem gerida (!), etc.
A pergunta óbvia era, então se é tudo tão bom como foi possível chegar a esta situação? Nem pestanejou: "os bancos tornaram-se demasiado grandes!". Ou seja, a culpa é dos bancos e dos banqueiros, esses malvados. Como se a responsabilidade de fiscalizar a sua acção e criar quadros de regulamentação que tornem essa fiscalização mais ou menos apertada não fosse da responsabilidade dos governos.
Enquanto contribuíram para a 'prosperidade' do país, adquirindo empresas e outros bancos Europa fora, ninguém se preocupou com o assunto e agora Haarde queixa-se de que os bancos, afinal, eram "12 vezes maiores do que a economia". Esses glutões...
Mas para a frente é que é caminho e o primeiro-ministro islandês promete que, graças à pesca, ao alumínio (que não produzem, mas que transformam porque têm energia geotérmica à borla) e ao turismo o país vai recuperar em "não muito tempo. Meses, certamente, talvez um ano, talvez até dois, mas não muitos anos".
A julgar pela cara que fez no final da entrevista, diria que nem ele deve acreditar muito nisso.

Sem comentários: