sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Brigada do reumático, nova versão


Cerca de uma centena de oficiais das Forças Armadas reuniu-se em Lisboa. Entre aperitivos, copos de sumo, de vinho do Porto e de martini, os oficiais vão discutir o que os preocupa. Ao que se diz, sentem-se prejudicados. Olhando para o grupo todo, com a média de idade a rondar os 70 anos, as barrigas proeminentes, a calvície avançada e a miopia em larga escala, não se entende muito bem a utilidade deles nos tempos que correm. E, já agora, também dos que se passeiam pelos quartéis de fardinha engomada e que ameaçam qualquer coisa como prejudicar a democracia.

Fico enternecido só de pensar nas dificuldades que estes tropas andam a passar. Nem os trabalhadores do Vale do Ave devem sofrer tanto.

Um rapaz novo

Foi estreado no último fim de semana na Fundação de Serralves um filme de Manoel de Oliveira com o nome de "Vila Verdinho".

Não fosse realizado pelo centenário cineasta - na altura da rodagem um jovem quase a completar os 60 anos - e o facto passaria desapercebido. Mas o caso de este documentário ter sido feito há mais de 40 anos lá vai provando que isto dos filmes e da idade anda de mão dada - o segredo de ambos reside no ponto de onde se vê ou neste caso põe a câmara.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Auto-critica

Paulo Portas confessou hoje ter "vários defeitos". E acrescentou: "medo nunca tive".

Um partido de futuro

O CDS tem novos recrutas. Antes do Conselho Nacional, vi três jovens dirigentes a cumprimentar as senhoras com dois beijos na face. Ainda não estão doutrinados...

Mudam-se os tempos...

Paulo Portas resolveu, esta noite, imitar o PCP antes de dar início ao Conselho Nacional do CDS: ao falar aos jornalistas, o líder juntou, ao seu lado, os cinco deputados eleitos nos Açores, numa sala acanhada.
A imagem é conhecida: o PCP é que consegue juntar mais gente na mesa de honra do que à frente.

Heil Truta!


Um canal belga decidiu suspender a emissão de um programa dedicado ao prato culinário favorito de Adolf Hitler, devido aos protestos de que tal poderia contribuir para “humanizar” e “banalizar” a imagem do ditador.

O mesmo programa, “Plat Préféré”, já nos tinha revelado que Jacques Brel se perdia por mexilhões com batatas fritas e que Freddy Mercury se pelava por frango de caril.

Já em relação a Hitler teremos que ficar a pensar que o homem se alimentava de ar ou apenas do sangue das suas vítimas. Porque há quem pense que a exibição de qualquer elemento de normalidade numa personagem deste calibre (como aconteceu com o filme “A Queda”, rodeado de polémica pelas mesmas razões) pode de alguma forma desculpabilizar o que ele fez. Em vez de nos fazer reflectir e alertar para o facto de que personagens assim podem “brotar” de indivíduos aparentemente normais, com sentimentos e gostos.

Ah, é verdade, parece que o prato favorito do homem era a “truite meunière”, o que deita por terra a tese de que teria sido um vegetariano convicto.

Ah... bom... estou esclarecido e tentado


Andei semanas a receber mails da candidatura de Barack Obama. Em 95 por cento deles, chegava um pedido de dinheiro, entre os cinco e os dez dólares de cada vez. Como já tinha dito, até a Michele andou na pedincha. Hoje, chegou o esclarecimento para tanta mão, perdão, mail estendido. Aí vai:

Emídio --
This campaign sends you a lot of emails. But I promise there's a reason for every single one. I wish every email could be devoted to volunteer opportunities and the latest message from Barack. But today we need to ask you for financial support. As of October 15th, John McCain and the RNC had nearly $20 million more in cash than our campaign and the DNC. As soon as we can close the gap, we can focus our emails exclusively on voter turnout. Make a donation of $5 or more now to support this campaign through Election Day. We can't underestimate the strength of our opponents and how far they're willing to go in this last week. The truth is we have to fight harder than they do, and we still need your support. Soon it will be too late. Please make a donation to get us the rest of the way: https://donate.barackobama.com/RNCadvantage.
We know we've asked a lot, and you've given so much of yourselves. Don't stop now. Thanks for supporting this movement when it matters most,
David David PlouffeCampaign ManagerObama for America

Fiquei particularmente sensibilizado com a confissão deles de que "pediram muito". Mas o que me bateu no fundo do meu coração foi aquela pungente revelação: afinal, a campanha do McCain conseguiu recolher mais 20 milhões do que a do Obama. E durante meses andaram os canais de televisão norte-americanos a dizer precisamente o contrário, acrescentando que nunca um candidato tinha gasto tanto dinheiro numa campanha como tem feito Obama! Estou tentado a enviar os tais cinco dólares (afinal nem chegam a 10 cafés) para o Obama, só me gabar, um dia, de já ter dado dinheiro ao presidente dos Estados Unidos!

Contará tudo o que viu e ouviu?


O actual embaixador de Angola em Itália, Manuel Pedro Pacavira, lança mais um livro, mas em Portugal. Será a 6 de Novembro e é apadrinhado pela "Associação 25 de Abril". Por aquilo que sei, Pacavira conta as memórias pessoais do tempo em que lidou com os militares que desencadearam a Revolução de 1974. Espero então que o diplomata conte realmente tudo do que se lembra. E que dessas memórias não sejam apagados os nomes de quem tinha dúvidas sobre a descolonização.

Com este livro, Manuel Pedro Pacavira volta a "atirar-se" às memórias. Já fizera um incursão por elas no livro "O 4 de Fevereiro pelos próprios" e depois dedicou-se ao romance. Pacavira, além de membro do Comité Central do MPLA, destacou-se por ter sido embaixador em Cuba e nas Nações Unidas, na altura em que enfrentava a ferocidade de Reagan, e foi governador de uma província de Angola, cumprindo a rotineira rotação angolana: embaixador, governador, embaixador... Em tempos, nos idos anos 70, foi acusado por Nito Alves, um dissidente da ala de Agostinho Neto no MPLA, de ter sido informador da PIDE. Coisas que a História, um dia, irá esclarecer.

Do tempo do Magalhães, mas o Fernão

Enquanto José Sócrates anda a propagandear as excelências do computador "magalhães", na Cimeira Ibero-americana, há um cartaz, do Sindicato dos Oficiais de Justiça, afixado à porta de um tribunal que reza assim:

"Temos computadores obsoletos".

Será que não há por aí nenhum Couto que queira espalhar "magalhâes" pelos tribunais? E, já agora, pelas esquadras de polícia, pelos hospitais, pelas finanças, pelas juntas, pelas... ufff... que me cansam os dedos!

Eu até nem preciso do dinheiro, mas já que insistem…

A dita crise financeira está a dar azo a situações… curiosas.

Para tranquilizar o povo, os governos disseram que emprestariam dinheiro (dos contribuintes) a bancos que se encontrassem em dificuldades.

Europa fora, muitos tiveram que recorrer a estas ajudas. Outros, juraram a pés juntos que a sua situação financeira era suficientemente sólida para enfrentar as dificuldades.

Mas agora também estes últimos dizem que, afinal, até vão aceitar a ajuda disponibilizada embora, repetem, não precisem dela. Mas como os outros bancos aceitaram, eles ficam em “desvantagem”.

Foi assim no início da semana na Bélgica com o KBC, onde o Estado injectou 3,5 mil milhões de euros. Será assim num futuro próximo em Portugal, onde o BES já anunciou que vai recorrer às garantias disponibilizadas pelo Estado: “iríamos perder competitividade”, explicou Ricardo Salgado.

E nós não queremos que isso aconteça.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A notícia da morte dele é manifestamente exagerada

Paulo Portas, qual Lázaro, já avisou que ressuscitou. Daí ter marcado a realização de um congresso do "seu" CDS, com eleições antecipadas para líder em que ele, claro, é candidato! E está feliz como se pode ouvir pelo exagero das notícias que o davam como morto. Falta saber se, no próximo ano, Paulo Portas vai conseguir ter mais deputados a nível nacional dos que conseguiu nos Açores que lhe deram este balão de oxigénio. Esta noite, vai apenas convencer o seu dócil conselho nacional da bondade de umas eleições antecipadas.
De fora, da missa nocturna no Caldas, deve ficar um ex-vice-presidente que se demitiu e manteve a decisão em segredo quase um ano.

Nostradamus à beira-Tejo

Não sei porquê, mas tenho fortes suspeitas que alguém, mais afoito, esgueirou-se pelo parque de estacionamento do Palácio das Necessidades, onde funciona o Ministério dos Negócios Estrangeiros, e roubou dois automóveis. Um deles estaria ao serviço do próprio ministro Luís Amado! A acompanhar nas notícias das próximas horas.

Com amigos destes...

Manuela Ferreira Leite critica o governo por insistir em grandes obras públicas em tempo de crise.

José Sócrates e Mário Lino desancam a presidente do PSD por ter ousado criticar este desígnio nacional.

Durão Barroso decidiu ajudar à festa. Ressalvando que não estava necessariamente a referir-se ao TGV português, nem ao aeroporto de Lisboa, fez... uma defesa intransigente dos grandes investimentos públicos como alavanca para criar emprego e fazer crescer a economia na Europa.

Será uma forma de se demarcar da resignação de Ferreira leite à candidatura de Santana Lopes à Câmara de Lisboa?


El Comandante Moura


"Se não sentisse apoio por parte das Federações não estaria aqui"

Afirmou hoje à noite em Lisboa, o eterno presidente do Comité Olímpico português enquanto anunciava formalmente a recandidatura a este organismo. Mas por acaso também já tinha anunciado solenemente que iria abandonar o organismo. Relembrando os nossos queridos leitores que o capitão de Mar e Guerra Vicente Moura anunciou o bater de porta, abalado (birra dizemos nós) perante a falta de medalhas e o muito badalado e divertido NacaminhaGate - quando o Marco Fortes afirmou que "de manhã na caminha é que é bom".

Agora El Comandante diz que houve "excessos de emoção" e que ainda em Pequim muitos lhe ligaram para o telemóvel a pedir que ficasse no COP.

Calculamos que tal tenha tido um efeito de calmante neste velho marinheiro e a birra terá passado. De qualquer forma O Correio Preto roga aos apoiantes do velho Lobo-do-mar, contenção e que da próxima vez que este exibir tamanha cólera lhe mandem cartas, sempre ajudam os correios (pretos, brancos e amarelos) e poupam no roaming. Lembrem-se das suas palavras sabias durante o jantar:

"para a próxima, mais vale falar menos"

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Nostradamus de Coimbra


Manuel Alegre publicou 'nova' prosa no DN de hoje para partilhar connosco que tudo aquilo que está a acontecer de mau no mundo ele já o tinha previsto.

E vai de desenterrar um naco de literatura de 1999, onde dizia que “a crise financeira que alastrou, dos mercados asiáticos à Rússia e já ameaça gravemente o Brasil e toda a América Latina, pode minar, de um momento para o outro, pela incerteza e pela volatilidade, o próprio funcionamento dos maiores centros financeiros do mundo”.

Não interessa que esta é uma outra crise diferente da de 1999, que começou noutro ponto do globo, que teve outras origens imediatas e que a Rússia e o Brasil estiveram entre os últimos países a ser afectados.

Por isso, depois de sacudir o pó, Alegre deixa-nos outra profecia: “Não se sabe que réplicas se seguirão ao tsunami que abalou o sistema financeiro mundial. Nem até que ponto irá a recessão económica e quais as suas consequências sociais e políticas. Sabe-se que nada ficará como dantes".

Pois é, não se sabe nada disso, mas quando chegar a altura de acontecer seja lá o que for, não digam que o nosso Nostradamus não avisou.

Eu também tenho um relógio que, embora parado há muito tempo, dá as horas certas duas vezes ao dia. Vou passar a prestar-lhe mais atenção.

Sic transit gloria mundi

Os membros indigitados do Conselho de Fiscalização dos Serviços de Segurança foram ouvidos na Assembleia da República. Duas assessoras passaram o tempo todo, que durou a comissão, à conversa. Uma deputada do PS limpava o écran do computador. Outra deputada ajeitava a pintura de uma colega. Um deputado do PSD lamentava não ser amigo de um parlamentar socialista por "não ter havido condições obejctivas" para isso. Marques Júnior, o deputado indicado para liderar o dito conselho, confessava que "ninguém, honestamente, pode garantir que os serviços de informação não violam a lei". É a glória da Nação no seu esplendor!

Tábua-jacking


Diogo Feio, líder parlamentar do CDS, sentiu as agruras de fazer trabalho junto ao eleitorado, como é designada a segunda-feira livre que os deputados têm direito. Na última segunda-feira, o deputado centrista escorregou numa tábua, estatelou-se e partiu o perónio. Vai ficar lesionado uns tempos e, de repente, o CDS ficou órfão de quem defenda, com a elevada qualidade do líder parlamentar, as propostas do partido para o Orçamento de Estado.

Foi preciso Diogo Feio sair do Parlamento para ficar lesionado. Durante a liderança de Ribeiro e Castro, teve a habilidade de escapar às facas que voavam de duas frentes: a do grupo parlamentar e a da liderança do Largo do Caldas. Diogo Feio desviou-se como pôde, não se comprometeu, enfrentou ventos e tempestades, mas nunca escorregou.

Dizia-se, na altura, que as zonas frequentadas pela malta do CDS eram tão perigosas como as ruas do Iraque. Diogo Feio provou que afinal as ruas do Porto também são perigosas e que um mal não vem só: depois do Leixões, foi vítimia de uma "tábua-jacking".

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Onde está o contraditorio agora?

Portugal 21h15, sentados frente a uma televisão a família Prudêncio procura algo mais do que a informação, que os diários gratuitos oferecem. Nem sonham que estão prestes a ser vítimas do mítico serviço publico da RTP1 - António Vitorino enceta as hostilidades da noite informativa. O que vale é que o o comando está ali à mão e pede o zapping da ordem. Mais à frente na TVI, esbarra a pobre família na entrevista ao ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva - um garante da boa informação. Mas não chega para fazer desistir da busca das verdadeiras noticias do dia - um derradeiro esforço, impõe-se! Prudêncio pai aponta para a SIC Notícias ali está o (omnipresente?) ministro da presidência Pedro Pereira e a Mamã Prudêncio face a tanta escolha, lá se lembra que existe algo de nome RTP N. Ali o tema é a reacção do PS ao veto do Presidente da Republica à lei do estatuto dos Açores.

Irra!

Tanta pluralidade até chateia!

E se deixassem o puto ver o panda?

Haja alguém!

"Acredito na inteligência do público"

Numa terra em que reinam os morangos com açúcar e as novelas manhosas, nós também queríamos exibir tão grande sinal de fé, mas tiramos a teima quando estrear a nova série em que Ivo Canelas entra - Liberdade XXI. Diz quem já viu tem toda a pinta de cópia de uma americanice atirada ao pingarelho.

Mas o povo é sereno.

Maria quê?


A nova secretária de estado dos assuntos europeus toma posse no próximo dia 3 de Novembro, colocando fim a uma micro-novela que se arrastava há várias semanas.

Maria Teresa Gonçalves Ribeiro tem um currículo que não envergonha ninguém, embora seja uma ilustre desconhecida.

Imagino que fosse difícil convencer alguém a aceitar um cargo destes a cerca de um ano das eleições (principalmente entre os eurodeputados, onde parece que foram feitas algumas tentativas, mas que estarão mais preocupados em renovar o mandato a partir de Junho do próximo ano). E também percebo que se prevê uma actualidade comunitária relativamente tranquila para os próximos meses, pois a haver agitação ela sobrará para os chefes de governo e ministros dos negócios estrangeiros.

Mas uma escolha tão discreta dá razão a quem diz que o verdadeiro secretário de estado apenas trocou Lisboa por Bruxelas

Hipocrisia ou pragmatismo, é tudo uma questão de perspectiva

O mais recente debate político europeu gira em torno da ideia francesa de elevar o Eurogrupo (os para já 15 países da União Europeia que aderiram à moeda única) à condição de motor da União.

Com a legitimidade de, no meio da actual crise financeira, ter sido daqui que foi lançada a “bóia de salvação” das garantias de Estado que, supostamente, livrará os bancos da desgraça e travará a débacle do sistema.

Um ‘ascendente’ aproveitado por Nicolas Sarkozy para defender as virtudes deste organismo, de preferência com o próprio na respectiva presidência. Da resposta à crise financeira a uma maior coordenação económica, daqui a uma maior coordenação/integração política, etc.

No fundo, uma nova versão da muitas vezes falada Europa a duas velocidades. Quem está no euro, participa, quem não está… estivesse.

Cada vez que os ‘grandes’ da União brandiram no passado recente o fantasma de algum tipo de “vanguarda europeia” (com a defesa ou a cooperação policial), Portugal esteve na primeira linha dos que mais espernearam contra qualquer tentativa de criar diferentes grupos no seio do clube europeu.

Mas, em relação a esta questão, de Lisboa chega apenas… silêncio. Será por Portugal estar entre os países fundadores do euro e, assim, ter lugar garantido no monovolume da nova vanguarda? Ou será que, como é costume, se está apenas à espera de ver para que lado cai o debate para, aí sim, se assumir uma vigorosa posição de princípio?

Tão amigos que eles são

João Proença, o líder da UGT, integrou recentemente uma comitiva de empresários que viajaram com Cavaco Silva, à Polónia e Eslováquia. Foi aliás o único não-empresário, naquela vasta comitiva de mais de 60 pesssoas, exceptuando os assessores, jornalistas e a cantora Mariza que participaram na viagem. Hoje, Francisco Van Zeller, o patrão dos patrões, participa num seminário organizado pela UGT.

Obrigado, pá

No seminário internacional organizado pela UGT, que comemora os 30 anos de vida da central sindical, os sindicalistas presentes aplaudiram efusivamente - e de pé - a entrada de Cavaco Silva e Durão Barroso. Devem estar muito agradecidos pelos brindes com vinho do Porto. Pelo menos, não podem ser acusados de ingratidão.

Não havia necessidade


"A equipa ainda requer biberão"

Disso andamos nós fartos, só queríamos é que jogassem à bola!

domingo, 26 de outubro de 2008

€vange£izaçõe$

Este é que sabe a cor do dinheiro e de onde ele brota. Aliás, como sempre soube já há dois mil anos. Por isso, não hesita na viagem.

sábado, 25 de outubro de 2008

A foice e a martelo e a rir


Começo por deixar este aperitivo:

“O que é mais frio do que água fria na Roménia? A água quente”

Perturbador e divertido, o livro do cineasta (especialista em documentários), escritor e apresentador de televisão britânico Ben Lewis é o retrato mais fiel da realidade dos países comunistas contado pelo povo, em anedotas. Como esta:

Um polícia da STASI pergunta a uma condenada qual é o seu último desejo. Ela responde: quero o Muro de Berlim derrubado. Ele sorri, pisca-lhe um olho maldosamente e replica: humm queres ficar aqui sozinha comigo.

Mas o livro não é apenas um depositário de anedotas. Está lá o enquadramento histórico, a passagem do tempo, as biografias das figuras tutelares dos regimes, da União Soviética aos Balcãs, e retratos reais, contados na primeira pessoa, de centenas de anónimos que aceitaram recordar como era viver naqueles países, passando as mais incríveis privações e repressões, sem nunca perder o sentido de humor, e fazendo do riso uma forma de sobrevivência. Afinal, profetizou o próprio Karl Marx, “afase final de um sistema político é a comédia”.
E termino com esta universal que ouvi contar na Sérvia, na Hungria, na Bósnia e em Angola:

“Como os russos visitam os seus amigos?
De tanque.”

Este delicioso livro, da editora “Guerra e Paz”, já está à venda e custa cerca de 19 euros.

Socorro!


Já me lamentei do assédio à minha carteira protagonizado por Barack Obama e pelo seu candidato a vice. Pelo meio, até o coordenador da campanha trata de me recordar, todos os dias, que bem poderia contribuir com uns dólarzitos. Agora, chegou a vez do resto da família do futuro presidente dos EUA. Sim, a Michelle Obama também anda na pedincha:

Emídio

This is it. Millions of people are counting on Barack and Joe -- and you -- to bring the change this country needs. It all comes down to Friday morning when we make the last, tough choices about where we can fight -- and how hard. Please take a minute and think about what's at stake in this election. Your support can help strengthen our team for the final push. Will you make a donation of $5 or more before the deadline? There's never been a more important time to support this movement for change. The future of our country -- and our children -- depends on what we do right now. You can help bring the change we need. Please make a donation of $5 or more before the deadline: https://donate.barackobama.com/finalfight We've worked so hard to get this far. We can't stop now. Thank you so much for your support,

Michelle

Até 4 de Novembro, aguardo que sejam as filhas a cravarem-me uns sacos de gomas.

Quem conhece, sabe - 2

Já tinha escrito aqui as previsões de Manuel Monteiro sobre o que faria Paulo Portas com o resultado do CDS nos Açores. Afinal, o "cientista político" enganou-se. Nada de conferências de imprensa diárias, nada de grandes alaridos. Portas surpreendeu até Manuel Monteiro: marcou um congresso extraordinário, com eleições directas em que ele, claro, é candidato.

Obrigadíssimo pelo português

Já me tinha habituado à ideia de ouvir os políticos, em especial o primeiro-ministro, a repetir uma frase sempre que se refere ao passado: "há... anos atrás". Como se fosse possível ser "há anos à frente". Também já assistira a uma ministra, durante a cerimónia de posse do actual Governo, a começar a jura com um "eu abaixo-assinado" e não "eu abaixo-assinada". Agora, dei por mim a ouvir Paulo Portas a soltar um animado "obrigadíssima".

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Volta Freitas, estás perdoado


Sem se perceber muito bem porquê, o governo português foi dos poucos países europeus a não reconhecer imediatamente a declaração unilateral de independência do Kosovo, em Fevereiro deste ano.
Portugal não era nem a favor, nem contra. Antes pelo contrário.

No início deste mês, de forma igualmente misteriosa, o governo português lá acabou por reconhecer a declaração unilateral de independência do Kosovo.

A violação do direito internacional nunca foi evocada para sustentar as dúvidas acerca do reconhecimento, tal como nada entretanto aconteceu que parecesse poder justificar uma mudança de posição.

Ontem, na RTP, o ministro dos negócios estrangeiros escolhido por José Sócrates após ter ganho as eleições, avançou com algumas perguntas em jeito de possível explicação:

“Porque é que agora de repente se reconhece? Sobre pressão de quem? Terá sido uma pressão do Presidente Bush já a arrastar os pés?”.

“Sabe-se que o Presidente da República era contra, que o primeiro-ministro era contra, o Ministro dos Negócios Estrangeiros era contra. Não sei se são, eram contra. Tanto eram que retardaram uma tomada de posição”, questionou-se Freitas do Amaral.

Desculpem qualquer coisinha...

"Tenho uma ideologia. A minha opinião é que mercados livres e concorrenciais são de longe a (melhor) forma de organizar a economia. Experimentámos a regulação, nenhuma funcionou", afirmou Alan Greenspan, o antigo presidente da Reserva Federal norte-americana antes do início da crise.

Ontem, depois de devidamente 'grelhado' numa longa audiência no Congresso, Greenspan lá foi fazendo algo parecido com um mea culpa, admitiu estar "parcialmente" errado e, acto de contricção supremo, até admitiu a necessidade de uma maior regulação por parte do Estado em alguns domínios.

"Desde há 40 anos que tudo me indicava que este sistema funcionava excepcionalmente bem (...). Ainda não percebi exactamente porque é que isto aconteceu", disse.

Refundação ou revolução?


Os líderes da União Europeia vão reunir-se (outra vez) em Bruxelas no próximo dia 7 de Novembro, para preparar a posição europeia para a reunião internacional que, uma semana mais tarde tentará, em Washington, lançar as bases para a refundação do sistema financeiro mundial.
Um evento que Nicolas Sarkozy garante que consagrará a "refundação do sistema capitalista" ou, quando está menos entusiasmado, um "Bretton Woods II".

Como nestas lides nada acontece por acaso e os líderes europeus são muito dados ao simbolismo, notamos apenas que a reunião europeia tem lugar no dia em que se assinala mais um aniversário da Revolução Bolchevique, na Rússia, em 1917.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Quem conhece, sabe

Há dias, cruzei-me com Manuel Monteiro, numa universidade em Lisboa. Foi antes das eleições nos Açores. O ex-líder do CDS vaticinava que o seu antigo partido iria obter uma votação que lhe permitiria ter mais dois deputados. Experiente no assunto, Manuel Monteiro explicou-me que a engenharia eleitoral açoriana - por sinal, muito semelhante à angolana (acrescento meu) - iria dar os lugares que Paulo Portas almejava e que, por isso, tantas deslocações fez aos Açores (é certo que nem essa ambição travou Portas de perder aviões, mas é a tradição....). Dadas as explicações, Monteiro ainda acrescentava uma previsão:

Vocês (jornalistas) é que vão aturá-lo (Paulo Portas), vai passar a semana a dar conferências de imprensa.

Manuel Monteiro está transformado num cientista político.

União sagrada da RTP

A RTP, a estação pública, vai abrir mais dois canais temáticos: um dedicado à música, outro à ciência. Pela estação pública, já se fazem apostas quem serão os emprateleirados que vão tomar conta dos canais. Mas a regra é simples: um militante do PS e outro do PSD. A União Sagrada não é coisa apenas da 1ª República.

1 Sarkozy = 1.000 franceses ou 823 vacas


É muito bom ser pobre


O Conselho de Ministros está reunido na Tapada de Mafra. Os governantes resolveram rumar para Mafra, com os seus assessores, a sua frota automóvel, mais os seguranças e uns quantos GNRs mobilizados. Para compor o quadro, seguiram também a caravana de jornalistas com carros de exteriores e tudo para não se perder pitada da conferência de imprensa que será em directo. O Portugal sentado merece sempre tratamento VIP.
Ao contrário do que é hábito, este encontro até disponibilizou uns bolinhos, umas sandes e um sumo manhoso para os jornalistas.
O Conselho de Ministros reúne-se na Tapada de Mafra porque as decisões mais importantes, tomadas hoje, estão ligadas à floresta. Ou seja, se a reunião fosse, como é normal, em Lisboa, na sede do próprio Conselho de Ministros, essas decisões seriam manifestamente diferentes. O que deve satisfazer toda a gente o facto de Portugal não ter uma NASA. Imagine-se o que o Governo faria: reunião em Marte, com uma Nave destinada às tvs por causa dos directos.

A imagem da nave só aparece aqui porque nos permite sonhar. Já imaginaram um Conselho de Ministros feito ali?

Cabo Verde Vive!



No famigerado eixo do Correio Preto (não confundir com o do mal) que por via postal liga Bruxelas, Lisboa e Luanda há sempre um espaço para o Sal. Por isso não podemos deixar de recomendar o concerto da Maria Alice, hoje às 21h30 no Teatro Trindade em Lisboa.

Ainda há bilhetes, mas a ideia era esgotá-los!

Por favor, não assustem os bancos

“Os bancos que receberem uma garantia do Estado e falharem o pagamento do empréstimo ficam sujeitos a que o sector público entre no seu capital, decida o nível das remunerações da administração, nomeie administradores provisórios e decida o valor dos dividendos a distribuir.”, in Público, 24.10.2008

A portaria que define as condições em que um banco pode aceder às garantias avançadas pelo Estado para relançar os empréstimos interbancários foi aprovada ontem pelo governo, depois de o montante de 20 mil milhões de euros ter sido decidido no dia 12 de Outubro.

Não vou ao ponto de pensar que isso se deveu a um post publicado ontem num determinado blog, mas vale a pena recordar que, nesse mesmo dia, José Sócrates era incapaz de explicar como é que os interesses do Estado seriam defendidos, caso fosse necessário executar uma garantia atribuída a um banco.

Questionado sobre a possibilidade de o Estado entrar no capital de uma instituição financeira e confundindo as garantias dadas pelo Estado com a eventual falha de um banco que recorresse a essas garantias, Sócrates respondeu assim:

“Os bancos podem usar a garantia do Estado e pagarão uma taxa por isso (…). Nós não nos tornamos accionistas dos bancos, nem donos dos bancos (…). Se um banco não honrar um empréstimo, o Estado garante, é isso que se chama uma garantia (…). Se os nossos bancos pedirem um empréstimo fora, esse empréstimo é garantido pelo Estado, pagando uma taxa segundo as condições de mercado, isso está explicado nas conclusões do Conselho de Ministros”.

Comigo, o miúdo vai sempre atrás - 2


Quem tenha dado uma olhada pela imprensa norte-americana, incluíndo a televisão, certamente reparou que a cimeira, a única existente em Camp David, aconteceu entre o presidente francês e George W. Bush. Ninguém deu pelo resto.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Isto está mesmo mau

Há dias de manhã em que um homem à tarde não pode sair à noite nem voltar de madrugada, podia ser esta a descrição do domingo passado para Miguel Sousa Tavares. O autor de Equador contou ao jornal 24 horas que foi furtado:"Alguém foi pelo telhado, saltou para a varanda e entrou no escritório. Estava tudo no mesmo sítio excepto o computador portátil, uma pasta com documentos pessoais e um estojo com papéis" e dois romances. Ou melhor duas obras de arte, daquelas que vendem à brava mas que leva sempre uns chatos a aborrecer o autor com acusações de plágio.

Mas a provação não acabou aqui e como que a comprovar a velha teoria de que uma desgraça nunca vem só, a PSP ainda lhe rebocou o carro no mesmo dia.

O Correio Preto espera sinceramente que MST reveja as suas obras, se não pelas mãos dos diligentes (mas insensíveis) agentes da PSP pelo menos por via postal - por qual nos nutrimos um certo carinho. E não se esqueça das suas palavras numa das suas crónicas no jornal Público:

"Não há só os bons e os maus - há também maus que podem ter algumas boas razões e bons que podem ter comportamentos maus"

E nós que andávamos tão folgados.




"Tenho consciência que 2009 não será um ano fácil para ninguém"

Não! A sério?

E as flores andam?


Maria Cavaco Silva, excelsa esposa do senhor Presidente da República, visitou hoje o Hospital dos Capuchos em Lisboa. E não resistiu a um galanteio a uma senhora doente que ali passava:

"A senhora anda que nem uma flor".

Fez-me lembrar um certo piropo do Norte.
Recentemente, numa viagem oficial à Polónia, Maria Cavaco Silva não se poupou nos elogios. Numa escola secundária, teve o privilégio de ouvir jovens estudantes polacas a recitar e a falar em português. Sensibilizada com a cultura lusa a ser espalhada pelo Leste europeu, não ocorreu nada melhor a Maria Cavaco Silva do que soltar um elogio. E que elogio:
"Vocês são tão bonitas!"
As meninas eram, de facto, bonitas.

Governo dá garantias sem garantias?

Depois de se ter apressado a anunciar que disponibilizava 20 mil milhões de euros para garantir o relançamento do mercado interbancário, o governo tarda em explicar como é que esse mecanismo vai funcionar.

Nomeadamente, o que acontece no caso de um banco que recorra a este mecanismo não ser capaz de honrar os compromissos assumidos.

Nos outros países europeus que também anunciaram este mecanismo de garantias ficou explicitado que, nesse caso, o Estado pode acabar por entrar no capital da instituição financeira em causa.

Além de que ficaram explicitados uma série de ‘castigos’ que passam, por exemplo, pela penalização dos administradores dos ditos bancos ao nível das remunerações. Ou seja, o dinheiro é disponibilizado, mas com um mínimo de garantias para que não seja usado para 'mais do mesmo'.

Em Portugal, o governo e o Presidente da República orgulham-se pela rapidez com que o diploma foi aprovado e votado pela Assembleia da República. Aqui, os deputados que votaram a favor não pareceram demasiado preocupados por estarem a fazê-lo sem terem a mínima ideia das condições em que estavam a dar luz verde a esta garantia aos bancos.

É verdade que a situação é grave e impõe-se agir com rapidez. Mas, por isso mesmo e porque estamos a falar de muito dinheiro (dos contribuintes) para sanear um processo em que os bancos não estão isentos de culpas, não seria no mínimo exigível que tudo fosse conduzido com mais transparência?

Da Islândia, com amor


E quando tudo parecia perdido, eis que da secção de perdidos e achados da Iceland Air confirmam que lhes foi entregue o meu iPod, estupidamente esquecido a bordo de um avião.

O facto de se encontrar em Reykjavík não constitui um problema: zelosos, os funcionários do dito serviço vão agora devolver o aparelho ao dono por correio. Ao telefone, pareciam quase tão contentes como eu.

Não vou dizer que um serviço destes seria difícil de encontrar noutras partes do mundo, como Portugal ou a Dinamarca (o voo fez escala em Copenhaga e da SAS remeteram-me para a polícia...). Digo apenas que estou muito contente.

Que é feito dele?

Em 2000, Joaquim Pina Moura era ministro da Economia e Finanças, o tal super-ministro. E um destacado dirigente do PS, condição que manteve nos anos seguintes até se dedicar à actividade privada, com um cargo condizente aos seus "conhecimentos na alta política". Precisamente, em 2000, Pina Moura opinava sobre o mundo da Economia a tremer e deixava um aviso, numa estrevista ao "Euronotícias":

Voltamos a estar numa situação muito semelhante à de 1989, no início do euro, ou seja, a taxa de inflação irá para a casa dos 3,8%. Mas com taxas de juro nominais de 4,25%, voltamos a ter taxas de juro reais extremamente baixas e eventualmente até negativas. Portanto, é um factor grave no contexto de subida do endividamento. A resposta é que Portugal tem de adoptar políticas muito mais restritivas do ponto de vista orçamental. Já se deviam ter feito esses ajustamentos no passado. A situação macro-económica já há muito que exige um excedente orçamental e não um défice.
Mas, não se espere que estas descidas das taxas de juro vão durar muito tempo.

Que medidas macro-económicas poderão ser tomadas no próximo Orçamento de Estado?
O peso do sector público em Portugal é excessivo. Portanto, a redução da despesa pública a médio e a longo prazo tem de ser, da ordem dos 7 pontos percentuais do PIB. Ainda nem sequer se estabilizou o rácio. Ele tem estado a crescer continuamente. Todos os países europeus o fizeram na década de 90 e não causou nenhuma catástrofe, pelo contrário. É necessário aumentar a eficiência global da administração e ter métodos de controlo e de gestão adequados para os diferentes sectores da administração pública.


Oito anos depois, ninguém o ouviu. Ou ele não quis ser ouvido. Também durante os últimos tempos, passeou pela Assembleia da República. Em 2005, acrescentava ele:

“O ambiente da economia internacional é muito marcado por incertezas e dúvidas que não se resolvem com operações de comunicação”.

É caso para pedir: importa-se de repetir?

Na recta final, vale tudo

Falta pouco, falta pouco para o 4 de Novembro. Daí que o Obama não se tenha esquecido de mim:

Dear Emídio, Election Day is exactly two weeks from today. But right now, we're facing an urgent deadline that will determine exactly where we can compete -- and how fiercely -- in the final push. On Friday morning, we have to make the final, hard decisions about deploying our resources. That means your support by Thursday at midnight is absolutely vital. Your first donation of $10 or more will provide resources urgently needed before the deadline. And you'll receive a limited edition Obama-Biden car magnet.

Não sei se deu para reparar neste detalhe. Fui promovido: de Emídio, passei a Dear Emídio. Falta pouco, falta pouco.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Guerra prometida

A ACER apresentou uma proposta ao Governo português, inferior em 15 milhões de euros à da HP. No entanto, o Ministério da Educação preferiu equipar-se com a HP. A ACER não se cala. Eis parte do comunicado da indignação:

Based on the facts occurred, Acer Computer, a corporation with an annual turnover around USD 20 billion and well established is Portugal, is considering to take legal action against the Portuguese Government both in Brussels and in Portugal.

Barroso e a semântica do capitalismo

Depois de vergarem os Estados Unidos à força dos seus argumentos, Nicolas Sarkozy e Durão Barroso foram hoje explicar ao Parlamento Europeu a necessidade de refundar os alicerces do sistema para evitar a repetição de crises como a actual.

Independentemente das motivações profundas de cada um, se é que as há, não deixa de ser curioso reparar na diferença de linguagem.

Sarkozy fala em “refundação do capitalismo mundial, o que aconteceu representa a traição dos valores do capitalismo”.

Barroso prefere referir-se à “reforma fundamental do sistema financeiro global”.

Alertado para a diferença de registo, o ex-primeiro-ministro e ex-revolucionário português esclareceu que a mesma não se devia meramente a uma questão de semântica:

“A expressão ‘capitalismo’ em português, pelo menos para mim, tem um conteúdo nem sempre muito simpático, eu prefiro falar de economia de mercado, porque a questão de ‘capitalismo’ faz-me lembrar tempos de grande polarização ideológica e eu penso que neste momento não é tanto a questão ideológica que deve dominar, é sobretudo encontrarmos uma solução concreta para problemas concretos.”

Que é como quem diz, vamos lá esquecer esses episódios.

Mesmo assim, não se livrou do remoque de um socialista alemão que, ao ouvir Durão enaltecer as virtudes do mundo novo que deve renascer da crise, não resistiu a tecer-lhe um rasgado elogio com memória: “o senhor recorda aqui o seu passado maoísta e fala como um verdadeiro homem de esquerda”.


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A Lista Blackwell

Num mundo de modas, tendências e o politicamente correcto vai fazer falta o critico Richard Blackwell. O homem tinha piada e conseguia desmascarar umas pseudo- tendências "foleiras" que de vez em quando parece toldar o bom gosto de cada um.

A lista de blackwell foi anualmente premiando o mau gosto de personagens tão distintas como Barbara Streisand, "Parece a versão masculina da Noiva do Frankenstein", Britney Spears "A sua colecção de tops do caixote do lixo de Madonna são assassinos" ou Bjork, "Canta no escuro - veste-se também"

Afirmou em 1968 que "talvez devesse nomear os 10 piores designers, em vez de culpar as mulher por vestirem certas roupas", provavelmente por isso não podemos deixar de pensar no que diria o senhor se viesse à Moda Lisboa.

Sócrates e a (falta de) educação

No final do Conselho Europeu da semana passada, em Bruxelas, uma ex-assessora de José Sócrates decidiu fazer algo para reconciliar o primeiro-ministro e um jornalista por quem o chefe do governo nutre uma especial embirração.

Aproximam-se os dois do grupo de outros jornalistas que fala com Sócrates no final da conferência de impresa e a ex-assessora lança, à laia de quebra-gelo:

"Ó senhor primeiro-ministro, aqui o XYZ, com o que anda a escrever, até parece que quer entrar para a política".

Sócrates olhou para XYZ de alto a baixo e, ignorando o raminho de oliveira que lhe era estendido, atirou:

"Para fazer política é preciso uma coisa indispensável, que ele não tem: boa educação!".

Acto contínuo virou ostensivamente costas e tentou prosseguir a conversa com os outros jornalistas que, boquiabertos, assistiram à cena, enquanto os membros do seu staff assobiavam para o lado.

Depois do episódio do tabaco a bordo do voo da TAP para a Venezuela, Sócrates volta a mostrar que tem uma certa dificuldade em alinhar o seu próprio comportamento pelos padrões que quer impor aos outros.

O amor explicado às criancinhas

Seis educadoras de infância, de batas cor-de-rosa com sorrisos infantis estampados no peito, bebem café numa esplanada, num intervalo dos estafantes afazeres. A primeira preocupação delas é ir buscar “a revista”. E o que lêem elas? O horóscopo. Mas não todo. Nem querem saber da “situação financeira que vai melhorar” que o bruxo vaticina, nem sequer dos cuidados de saúde que devem ter esta semana. O que as preocupa, de facto, como resume uma delas, é o amor. Apenas isso:

"Diz só como andamos de amores, que é o que interessa”, ordena.

domingo, 19 de outubro de 2008

Enche!



Já percebem o porquê do nome Sete Rios?

Comigo, o miúdo vai sempre atrás



Durão Barroso continua a ocupar o lugar que merece no relacionamento com os grandes deste mundo. Ontem, em Camp David, tal como há cinco anos, na Cimeira das Lajes, onde apadrinhou a reunião que lançou a guerra contra o Iraque.




Não há marketing que resista

Esplanada de um hotel em Lisboa, com vista sobre o Tejo. Um casal de namorados aproveita o momento romântico, encostadinhos, conversam:

Ela - O professor já nos mandou fazer um trabalho. Tenho de entregar esta semana. Adoro aquilo, mas não sei o que faça. Que achas? O que se pode fazer de marketing político?
Ele - .......
Ela - Estás a pensar, não me sugeres nada?
Ele - .... ahhh, desculpa, como?
Ela - Não me estavas a ouvir...
Ele - Amor, desculpa, estava aqui a olhar, aquela é a Cristina Branco, não é?

sábado, 18 de outubro de 2008

Sou todo teu até...

No mesmo encontro, o presidente da Câmara de Loures, Carlos Teixeira, desancou na anterior gestão comunista. Recordou que, durante 22 anos, o PCP manteve o concelho estagnado. Nas primeiras filas, dois antigos dirigentes concelhios do PCP e funcionários da Câmara de Loures, durante alguns anos, aplaudiram.
Mudam-se os tempos, mudam-se as assinaturas dos cheques. A vergonha é que é a mesma.

Repeat and remind

Num encontro com militantes do PS, em Loures, José Sócrates garantiu por 10 vezes que o Orçamento de Estado do próximo ano vai proteger as famílias. E repetiu sete vezes que as contas públicas estão consolidadas.
O líder do PS não corre riscos. Se alguém duvidar, tem a repetição de quem manda.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Em nome do pai


As diferenças se calhar não são assim tantas ou então há hábitos difíceis de perder. A foto é de Jim Watson.

Como é evidente...


O presidente do Conselho de Administração da Dan Cake, o luso-indiano Kantial Jamenadas, revelou hoje publicamente nunca ter recebido apoios do Estado, com uma explicação:

“Nunca tivemos apoios do Estado pois não somos uma PME nem uma grande empresa.”

Desconfio que o fundador da fábrica de bolos, bolachas e tostas, que exporta 75 por cento da produção, estaria mais a pensar para os seus botões noutras justificações. Por exemplo, não recebe apoios do Estado porque não pertence à Maçonaria, nem ao Opus Dei, nem é militante do PS ou do PSD e, já agora, nem do CDS. Também não anda ao beija-mão nas Novas Fronteiras ou nas visitas ao país real do professor Cavaco.
No fundo, é um empresário pária, de uma outra casta que não é só na Índia que há divisões de classes.

São ou não são uns "colas"?

Emídio,
Now that Barack won the final debate, there's only one milestone remaining in this campaign -- Election Day.But it's going to take a lot of work to make sure all of our supporters get to the polls. You can help support our get out the vote efforts right now. Make a donation of $10 or more and you'll receive a limited edition Obama-Biden car magnet:

A origem desta mensagem é do "staff" de Barack Obama, dirigido por David Plouffe, um dos principais obreiros para que o candidato democrata esteja a um passo de assentar praça na Casa Branca.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Ficções Políticas 1

Roberto Uribe Ibañez era ministro de um país da América Latina. Além de ter a particularidade de pertencer a um Órgão, que se reunia secretamente, debatia assuntos políticos e que se considerava como tendo uma superioridade moral e ética sobre todas as outras coisas, o ministro tinha uma especial dedicação pela filha. Antes de aceitar o cargo, Ibañez pegava no seu carro, comprado com as facilidades que a vida lhe deu, e tratava de transportar a menina até à Escola de Artes. Apesar da futura artista já ser suficientemente crescida para se orientar pelas ruas da Cidade Grande. Por sinal, a Cidade não era tão grande. O País até tinha uma maior.
E foi para essa Cidade Maior que Roberto Uribe Ibañez foi viver quando aceitou o cargo de ministro, uma tarefa há muito reivindicada nas secretas reuniões do Órgão a que pertencia. O tal da superioridade moral e ética.
Mas com o novo cargo, o sensível Ibañez deixou de ter tempo para transportar a filha. Daí que tenha pensado e melhor agido: poderia dispensar o seu carro oficial, atribuído devido às suas funções, uma manhã que fosse, para levar a menina a tão prazenteiro ensino. Com uma simples ordem, lá encarregou o seu motorista de tão patriótica tarefa. Nem se incomodou pelo facto de entre a Cidade Maior e a Cidade Grande haver uma distância de pouco mais de 300 quilómetros.
Tantas vezes a rotina foi cumprida que o motorista, requisitado num dos serviços tutelado pelo ministro, cansou-se das viagens e recusou fazer uma delas com o argumento que a sua função não era definitivamente aquela.
O ministro, educado nas mais belas e honradas e éticas escolas do seu Órgão, dispensou o motorista, devolvendo-o à procedência.
O motorista, timidamente, ainda contou a estranha história a quem o quis ouvir, mas, de repente, lembrou-se que Ibañez tinha uma forte e superior educação ética e moral. Resolveu ficar calado. Até porque o motorista pertencia a uma das entidades, daquelas que garantem que os ministros, os filhos e o povo em geral durmam em segurança, mas tutelada por Ibañez.
A coragem não teve arcaboiço de enfrentar o Órgão.

Andam modernos, os rapazes

Alguns deputados do PCP, os mais novos, distribuiram propaganda em plena Baixa de Lisboa. Para acompanhar o esforço dos comunistas, o PCP colocou uma carrinha com duas colunas a debitar música. E que música! Manuela Moura Guedes, com os "cardos e as rosas", os Ban, de João Loureiro, uma Gabriela Shaaf, que descobrira um "homem muito brasa", e até Manuel Alegre, o tal que não quer ser "despachado" para Bruxelas.
Por causa destes sinais modernos, dois parlamentares comunistas surgiram com óculos de sol à cantor de rock dos anos 70.

Ó Carlos!

"Não sei o que é preciso fazer mais para ganhar um jogo"

Nós também não, mas tu se calhar devias ter uma ideia!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Subtilezas 2

Na mesma comissão parlamentar, Arons de Carvalho questionava os critérios de contagem de tempos da ERC. Entre eles, o deputado socialista perguntou:

"Quando há uma manifestação anti-governo e a RTP faz reportagem disso, como é contabilizado? Entra na oposição? Não. Mas a resposta do ministro entra no tempo do Governo"

Mas Arons de Carvalho não se lembrou de lançar outra pergunta. Que bem poderia ser esta: e João Proença, quando fala na RTP, entra em que categoria? No do PS? Ou na dos amigos dos patrões?

Subtilezas

O presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Azeredo Lopes, saiu-se com esta quando respondia às trapalhices da RTP sobre a omissão em relação o curso de José Sócrates:

"As construções ficam com quem as faz e valem o que valem".

A dúvida pairou na sala. Estaria a falar de que construções? As não-existentes da RTP? Ou aquelas belíssimas da Covilhã?

Enfrentar a crise sim, mas de barriga cheia

Para recuperar do desgaste das 2h15 da viagem, ao aterrar em Bruxelas no voo 608 da TAP, às 15h33, em vez de se dirigir para o local da reunião, que começava às 16h00, o chefe do governo foi direitinho para… um restaurante, para retemperar forças e poder enfrentar a crise mais consolado.

Foi o último dos líderes dos 27 a chegar ao Conselho Europeu, entrando no edifício já com a reunião em curso, pelas 16h56!!!

Embora a representação nacional estivesse assegurada pelo ministro dos negócios estrangeiros, que voou com Sócrates e entrou para a reunião às 16h00 em ponto.

Pergunta do jornalista:

“Senhor primeiro-ministro, alguma razão especial para este atraso?”

Resposta de José Sócrates:

“Não, não, apenas viajei em voo comercial. Mais alguma pergunta além do atraso? Não? Obrigado”. E arrancou sem dar tempo para mais perguntas.

Ah, é verdade, da agenda da reunião faz parte a resposta europeia à actual crise financeira mundial, o combate às alterações climáticas e o Tratado de Lisboa.

Como diria o outro, porreiro, pá!

Sócrates também voa baixinho, mas com classe


José Sócrates também optou pela TAP para se deslocar à reunião do Conselho Europeu de Bruxelas.

O Falcon ficou em terra. Por motivos técnicos ou orçamentais, isso é outra questão.

Aliás, também para se deslocar a Paris no passado domingo, onde participou na cimeira de líderes do Eurogrupo, o primeiro-ministro optou pela transportadora nacional.

Mas como tudo tem limites, Sócrates viajou em primeira classe, ao contrário de Ferreira Leite.

Manuela voa baixinho


Manuela Ferreira acaba de chegar a Bruxelas para participar na Cimeira de Líderes do PPE, que antecede o Conselho Europeu.

A presidente do PSD fez a viagem sentada nas filas da frente do voo 604 da TAP. Na classe económica.

Ou o PSD está a aproveitar para fazer umas poupanças, ou a líder do partido está apostada em mostrar que a crise também se combate nos detalhes.

Os pros e os pros!

Num acesso de jornalite o "grande espaço de debate na sua RTP1" conseguiu ter dos dois lados da barricada, inimigos fidalgais - ou não- a saber: Ricardo Salgado, Carlos Santos Ferreira, Fernando Ulrich e Faria de Oliveira, presidentes dos maiores bancos portugueses ou companheiros de sueca a diferença foi pouca!

Viva ao pluralismo da RTP!

RTP demolidora

Não sei se foi a atrapalhação pelos argumentos de José Alberto Carvalho, mas o deputado do PSD, Feliciano Barreiras Duarte, estatelou-se em plena sala da comissão onde decorre a reunião. Exactamente no momento em que o director de informação garantia que a RTP "nunca como agora teve tanto pluralismo político".
Com a pressa de sair, atrapalhado com tanta independência, Barreiras Duarte bateu com a cabeça num suporte de televisão e caiu redondo no chão. Foi só um susto e um tímido "bruáá".
As más-línguas, céleres, admitem que foi uma manobra de diversão do deputado.
O deputado bloquista João Semedo, médico, foi o primeiro a tentar socorrer o colega social-democrata.

RTP à presidência

Arons de Carvalho - mais um professor! -, deputado do PS, respondendo às inquietações do CDS que a RTP não vai a votos, teve esta argumentação: "Bem pelo contrário, a RTP vai a votos todos os dias".

A ideologia é feijão-frade

José Alberto Carvalho, director de informação da RTP, foi à ao Parlamento justificar o que leva a estação de serviço público a ter apenas dois comentadores com programas próprios, um do PSD e o outro do PS. Confrontado com o CDS e com o PCP, José Alberto Carvalho - note-se também professor de jornalismo - explica que o espaço não é político, porque "o professor Marcelo dá conselhos sobre livros e que os dois (Marcelo Rebelo de Sousa e António Vitorino) falam sobre a crise financeira e a União Europeia e isso é didáctico e não político".

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Durão Barroso - um artista português!

Durão deu hoje uma conferência de imprensa de antologia sobre como funciona a “Europa dos resultados”.

O pretexto era a actual crise e a resposta europeia.

Barroso começa por enaltecer as iniciativas recentes dos países europeus para responder à crise, sempre com o cuidado de sublinhar que todos agiram em resposta a apelos da Comissão (leia-se, do próprio Durão) ou que adoptaram propostas avançadas pela dita.

Mais à frente, confrontado com o facto de a Comissão ter deixado os mercados andar em roda livre este tempo todo, o nosso ex-primeiro explica que quem não queria ouvir falar de regulamentação eram os governos da União, a começar pelos das grandes economias. E, candidamente, acrescenta que não fez nada para os contrariar pois considera que não faz sentido a Comissão avançar com propostas que sabe à partida que não serão aceites.

Desmontada, a lógica barrosista dá mais ou menos isto:

1-só proponho coisas que sei que os outros vão aceitar, mesmo que não seja exactamente o que eu gostava de fazer.

2-quando essas coisas são aceites – e não podia ser de outra forma, pois certifiquei-me previamente que as minhas propostas eram do agrado daqueles que as poderiam fazer viver ou morrer – fico muito contente e orgulhoso.

3-fico tão orgulhoso que me entusiasmo e reivindico para mim o facto de eles terem feito exactamente o que eu propus (que era exactamente o que eles me disseram que aceitariam).

Não é muito elaborado, mas pode ser uma técnica útil para quem sofra de ansiedade ou lide mal com a frustração.

Angola viola a lei da gravidade

Sempre foi assim e, pelos vistos, sempre assim será. O presidente angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou a nova "rodagem" de dirigentes nacionais. Uns saem do cargo de governadores e vão para embaixadores ou ministros, outros deixam os ministérios e seguem para governadores ou embaixadores, outros largam as mordomias das embaixadas e são nomeados ministros ou governadores. Sempre os mesmos, numa rotina tão certinha como o calendário. Angola, de facto, viola a Lei da Gravidade: ninguém cai para baixo, as quedas são sempre para cima ou para o lado.

Amo-te, Estado

O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, José António Silva, foi reclamar, esta manhã, ao primeiro-ministro a abertura de mais uma linha de crédito para as PMEs. Basta uma crise para todos rezarem ao Deus-Estado.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

o estado a que isto chegou!


O ministro dos negócios estrangeiros, Luís Amado explicou no parlamento que reconheceu o estado do Kosovo porque se esperasse pela decisão do tribunal " Portugal era o ultimo estado europeu a fazê-lo!"

Sendo Portugal um pais habituado a estar na vanguarda, era de facto uma maçada!

Islandices II

Estes gajos são iguais em todo o lado, de Lisboa a Reykjavík.
A simpatia islandesa referida no post anterior deu para uma breve entrevista com o primeiro-ministro da aldeia gigante (pouco mais de 300 mil habitantes, para um superfície semelhante à de Portugal), Geir Haarde.
O suficiente para perceber que a argumentação para fugir às responsabilidades na actual crise é igual, independetemente do paralelo geográfico ou político em que nos encontremos.
Depois de dizer que, ao contrário do que ele próprio anunciou o país, afinal, já não está à beira da bancarrota (graças à acção do governo, claro), Haarde explica que o que estão agora a fazer é "redimensionar" o sector bancário (leia-se nacionalizar) e garante que a economia permanece sólida, com recursos que nunca mais acabam, flexível, bem gerida (!), etc.
A pergunta óbvia era, então se é tudo tão bom como foi possível chegar a esta situação? Nem pestanejou: "os bancos tornaram-se demasiado grandes!". Ou seja, a culpa é dos bancos e dos banqueiros, esses malvados. Como se a responsabilidade de fiscalizar a sua acção e criar quadros de regulamentação que tornem essa fiscalização mais ou menos apertada não fosse da responsabilidade dos governos.
Enquanto contribuíram para a 'prosperidade' do país, adquirindo empresas e outros bancos Europa fora, ninguém se preocupou com o assunto e agora Haarde queixa-se de que os bancos, afinal, eram "12 vezes maiores do que a economia". Esses glutões...
Mas para a frente é que é caminho e o primeiro-ministro islandês promete que, graças à pesca, ao alumínio (que não produzem, mas que transformam porque têm energia geotérmica à borla) e ao turismo o país vai recuperar em "não muito tempo. Meses, certamente, talvez um ano, talvez até dois, mas não muitos anos".
A julgar pela cara que fez no final da entrevista, diria que nem ele deve acreditar muito nisso.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Deputados-banana


Conversa "apanhada" na Assembleia da República entre um jornalista e uma deputada do PS, antes da votação do chamado "casamento gay":
J - Humm...pensei que não aparecesse para escapar à votação dos "gays".
D - Querer, não queria. Devia ter vindo de amarelo para ilustrar a banana que sou.
Coincidência, ou talvez não, uma outra deputada socialista usava um bem vistoso vestido amarelo. E estava logo na segunda fila.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Islandices


Não é em qualquer parte do mundo que um tipo chega (atrasado, muito atrasado) ao sítio onde o chefe do governo do país acaba de dar uma conferência de imprensa, pergunta se ainda dá para falar com o senhor e, depois de explicar de onde e ao que vem, espera uns minutos e tem o dito cujo à disposição.
Seja porque em toda a Islândia há apenas 300 mil almas e todas as oportunidades são poucas para conhecer uma cara nova, ou porque toda a gente se trata por 'tu' e é hábito marcar reuniões de trabalho nas saunas, a verdade é que a informalidade não os tornou mais pobrezinhos (até estão "mais pobrezinhos", mas por outras razões às quais voltaremos).
Ninguém me encomendou o frete, mas é daqueles pormenores irresistíveis. Será que me fazem cidadão honorário?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Sem perder tempo

Todos os dias, recebo uma mensagem de Barack Obama. Quase todas deste género. Hoje só me pedem 5 dólares. Às vezes, são 11. Deve ser quando a crise financeira aperta.

Emídio --
I thought the differences between John McCain and me were pretty clear tonight. I will fight for the middle class every day, and -- once again -- Senator McCain didn't mention the middle class a single time during the debate. If you agree that we need to cut taxes for 95% of working families, reduce health care costs, and end the war in Iraq responsibly, then I need your help right now. And if you heard John McCain push more of the same discredited policies, including tax cuts for the wealthy and giant corporations, tax increases on health care, and continuing to spend $10 billion a month in Iraq, then now is the time to act. Four weeks from tonight, we'll know which of us will be the next president. The time to make a difference in this election is running out -- please make a donation of $5 or more right now. https://donate.barackobama.com/townhall Thank you, Barack

Uufff... que alívio!

Mário Mendes, o novo secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, mais popularmente conhecido como o superpolícia, disse esta manhã, no Parlamento: "Não foi de forma leviana que aceitei o cargo". Estamos mais descansados.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

"Aconteça o que acontecer", darei o dito por não dito as vezes que forem necessárias!


O momento é grave. Os bancos desmoronam-se como castelos de areia, os 'depositantes' hesitam entre ir já levantar todas as poupanças ou comprar primeiro um colchão mais resistente para as guardar, como manda a tradição.

O ministro das finanças pensou e decidiu que tinha que agir à altura da ocasião.

Ainda não tinha chegado ao Luxemburgo para a reunião com os seus homólogos europeus e já se sabia que iria haver 'um antes e um depois': Teixeira dos Santos, que nunca fala à entrada para estes encontros, anunciou que iria fazer uma declaração!

Os jornalistas não ficaram defraudados. Os 'depositantes' também não. Leu o ministro:

“Uma coisa quero assegurar de uma forma clara a todos os portugueses. Aconteça o que acontecer, as poupanças dos portugueses em qualquer banco que opera em Portugal estão garantidas”.

Mas, no dia seguinte (hoje), uma ligeira alteração de registo. Fosse por pressão dos pares europeus, fosse porque fez contas durante a noite e percebeu que os cofres do Estado não têm dinheiro para tanto, o ministro lá clarificou que

"A garantia que nós damos aos depositantes é de que as instituições irão continuar a funcionar e de que garantimos a estabilidade do funcionamento do sistema financeiro".

O que só pode contribuir para tranquilizar toda a gente, sobretudo se tivermos em conta as garantias de "estabilidade" e "solidez" que foram dadas pelos responsáveis políticos de alguns países apenas dias ou horas antes de vários bancos anunciarem a respectiva falência...

Obrinhas

O ministro Vieira da Silva garante que, para a construção de equipamentos sociais, é obrigatório o concurso público.
A Mota-Engil dedica-se apenas a grandes obras, certo?

Pedras por inaugurar

Pela enésima vez, José Sócrates visitou uma creche. Ou o que será o futuro dela. O pretexto foi o lançamento da primeira pedra de uma próxima creche, em Vila Nogueira do Azeitão. O motivo, no entanto, é outro: o primeiro-ministro quis repetir a ideia que vai ajudar a semear 401 creches pelo país, mas com uma cerimónia condizente. Lá fora, alguém do povo resumia a festa:

"O homem vem cá inaugurar uma pedra".

Na assinatura dos acordos para a construção dos tais equipamentos sociais, participaram entidades com nomes pomposos como estes: Associação dos Trabalhadores - Os Vermelhos, uma AIPICA, uns tantos centros paroquiais e umas tantas santas casas e ainda umas associações de solidariedade. As creches irão nascer por aí como cogumelos.
Numa única semana, Sócrates inaugurou três. E teme-se o pior. A este ritmo, vão faltar dias a Sócrates até às próximas eleições. A não ser que inaugure umas 10 por dia, a eito.

O papel? Mas qual papel!



O dialogo podia ser extraído de um dialogo dos Gato Fedorento, mas passou-se comigo ao vivo e a cores em primeira mão enquanto esperava às 7h30 para marcar uma consulta no centro de saúde. Inculto e ingénuo no que toca ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), acreditei naquela máxima de não entupir as urgências dos hospitais, e dirigi-me ao meu medico de família - que segundo fui informado é uma autentica sorte ter.

Na masmorra medieval que é o meu centro de saúde - quatro andares de escadas para quem lhe custa andar confesso que dói um bocado – um personagem de farda securitária e tatuagem colonial no braço lá abre a porta e dá uma daquelas senhas que se tiram no talho para esperar a vez. E depois de subir e esperar na nova fila em frente à senhora do guiché – que se chama Ermelinda tem dois netos e um genro que é um malandro – surge a questão:
-O papel?
-Qual papel?
- O papel que o sr lhe deu lá em baixo!
- Ah...
... pois é, o papel é poderoso mas não decisivo, porque se por acaso se tem o azar de sermos a quinta consulta urgente do dia, lá temos que voltar no próximo dia “um bocadinho mais cedo” e tirar novo papel.

domingo, 5 de outubro de 2008

À Mercedes o que é da Mercedes

A edição do jornal “Expresso”, desta semana, dá-nos conta de um verdadeiro acto de xenofobia inominável. A C.Santos, talvez a principal concessionária da Mercedes, em Portugal, emitira uma nota impedindo a venda de carros a ciganos. As explicações e as ordens constavam de uma circular escrita em 2001. Decorridos sete anos, a mesma concessionária esclareceu ao jornal o que se passa na empresa da seguinte forma:

"Se há uma besta que fez um papel desses, ele não representa a empresa. Essa não representa, não representou, nem representará a política da C. Santos", garante ao Expresso Baptista da Silva, director-geral e presidente do Conselho de Administração da empresa. "Quem me dera que tivéssemos mais clientes ciganos".

Apesar deste esclarecimento, o jornal não hesitou em dar este título de primeira página:

"C.Santos não quer vender Mercedes a ciganos"

Reparem: não quer. Nem é "não quis", nem, "em tempos travou" ou qualquer coisa que indicasse o passado. Não. Taxou logo com um "não quer".
Aliás, correctamente e honestamente, o título deveria ser outro. Do tipo, "C.Santos deseja vender Mercedes a ciganos". Mas o efeito ficaria estragado.
O corpo da notícia desmente, em toda a linha, o título. É por estas e por outras que o jornalismo anda, usando um lugar-comum, pelas ruas da amargura.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Puro realismo

Um membro do gabinete do primeiro-ministro desabafava esta tarde: "ah.. se não fosse Angola, já uns dois bancos tinham fechado, as PMEs estavam pior do que estão, não havia exportações. Devemos muito a Angola". E, posso acrescentar, a dívida vai chegar à Venezuela.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Mau tempo no canal

Quem se mete com a Bruni leva



Quando a polémica em torno das pressões do governo socialista sobre os meios de comunicação social parecia morta e enterrada, eis que um novo foco de incêndio deflagra em Bruxelas, uma frente habitualmente tranquila para a equipa de José Sócrates.

Depois de a TVI ter mostrado que Rui Pereira até nem é tão cinzento como possa parecer à primeira vista, o longo braço do governo não demorou a reagir, empenhado em manter a imagem sisuda do ex-chefe da secreta.

Por intervenção da representação permanente (REPER) de Portugal junto da União Europeia os repórteres da estação de Queluz de Baixo foram formalmente identificados por funcionários do serviço de imprensa do Conselho de Ministros, onde decorrem as reuniões dos representantes dos 27 na capital belga.

A embaixada exigiu saber como era possível ter sido captado (e difundido) o som de uma conversa informal do ministro (em que este até tinha o cuidado de tapar a boca com a mão a alertar para o prodígio técnico dos "microfones direccionados") no período que antecede o início da reunião.

Período conhecido como "tour de table", criado expressamente para permitir a captação de imagens e em que os participantes do encontro se coíbem de manter conversas sérias ou comprometedoras até as dezenas de fotógrafos e operadores de câmara abandonarem a sala. Consta que, na ocasião em causa, a câmara estava a menos de um metro do ministro...

O serviço de imprensa do Conselho explica que se trata apenas de um processo de averiguações e que não foi apresentada qualquer queixa. Mas diz quem sabe que, caso o processo vá em frente, a estação pode ser impedida de participar no "tour de table" durante algumas semanas ou meses. Da embaixada ninguém dá explicações sobre tão peculiar iniciativa e o gabinete do ministro garante que não solicitou qualquer tipo de intervenção.

O que não fica claro é se a intervenção da REPER não passou de um caso de excesso de zelo de algum funcionário da REPER ou se é uma manobra calculada pela célebre central de informação de Sócrates, talvez para animar a frente interna, numa altura em que a oposição tarda a dar de si.