quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Quem se mete com a Bruni leva



Quando a polémica em torno das pressões do governo socialista sobre os meios de comunicação social parecia morta e enterrada, eis que um novo foco de incêndio deflagra em Bruxelas, uma frente habitualmente tranquila para a equipa de José Sócrates.

Depois de a TVI ter mostrado que Rui Pereira até nem é tão cinzento como possa parecer à primeira vista, o longo braço do governo não demorou a reagir, empenhado em manter a imagem sisuda do ex-chefe da secreta.

Por intervenção da representação permanente (REPER) de Portugal junto da União Europeia os repórteres da estação de Queluz de Baixo foram formalmente identificados por funcionários do serviço de imprensa do Conselho de Ministros, onde decorrem as reuniões dos representantes dos 27 na capital belga.

A embaixada exigiu saber como era possível ter sido captado (e difundido) o som de uma conversa informal do ministro (em que este até tinha o cuidado de tapar a boca com a mão a alertar para o prodígio técnico dos "microfones direccionados") no período que antecede o início da reunião.

Período conhecido como "tour de table", criado expressamente para permitir a captação de imagens e em que os participantes do encontro se coíbem de manter conversas sérias ou comprometedoras até as dezenas de fotógrafos e operadores de câmara abandonarem a sala. Consta que, na ocasião em causa, a câmara estava a menos de um metro do ministro...

O serviço de imprensa do Conselho explica que se trata apenas de um processo de averiguações e que não foi apresentada qualquer queixa. Mas diz quem sabe que, caso o processo vá em frente, a estação pode ser impedida de participar no "tour de table" durante algumas semanas ou meses. Da embaixada ninguém dá explicações sobre tão peculiar iniciativa e o gabinete do ministro garante que não solicitou qualquer tipo de intervenção.

O que não fica claro é se a intervenção da REPER não passou de um caso de excesso de zelo de algum funcionário da REPER ou se é uma manobra calculada pela célebre central de informação de Sócrates, talvez para animar a frente interna, numa altura em que a oposição tarda a dar de si.

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