quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Oportunidade perdida

Arrancaram, finalmente, as emissões do TVI24, o novo canal de informação da TVI. Como jornalista, só desejo o maior sucesso ao canal e sobretudo a todos os que lá trabalham. Mas como consumidor da informação, não posso deixar de ficar preocupado. Foi prometido um canal "irreverente", "diferente" e "irrequieto", mas vi apenas uma cópia dos outros dois canais de informação.
Logo a abrir, o TVI24 falou-nos do pessimismo dos portugueses, do BPP, do empresário Manuel Fino, da CGD, de Teixeira dos Santos, de José Sócrates e do Parlamento. As primeiras figuras das notícias, a aparecer no écran, foram... Teixeira dos Santos e Francisco Louçã. Um engravatado, o outro de 'blazer'. E depois seguiram-se os intermináveis debates. Primeiro, com Joaquim Pina Moura e Bagão Félix. Depois, com Vital Moreira, Rui Ramos e Vasco Pulido Valente. Para quem quis transpirar irreverência, só ficou o cheiro a mofo.
Confesso que não esperava muito mais do que o TVi24 promete ser: a mesma informação engravatada e de um país sentado que se encontra em qualquer canal nacional. Ainda assim, guardava uma secreta esperança de ver reportagens e estórias do País real - de pessoas que sobrevivem com salários mínimos; dos desempregados; das empresas que encerram e de outras que se mantêm em actividade em luta constante; dos tribunais sem condições; das escolas provisórias que se transformam em definitivas; de Lisboa com bares fechados às 2 da manhã; da sobrevivência de músicos, bailarinos, artistas em tempos de crise; de buracos que parecem crateras nas estradas; dos miúdos que sonham, em academias desportivas, serem ronaldos; de tanta, tanta coisa que faz pulsar o país. E gostava de "ver" notícias.
Confesso ainda que sonhei que o canal tivesse um rasgo de ousadia de forma a "explodir" deste quadrado. Queria saber, através da TVI24, como o Mundo roda, não o mundo de Obama e da estratosfera política, mas o outro: o das pessoas. Que transportasse os telespectadores para fora desta freguesia.
Com esse tipo de informação, há uma pergunta que me assalta: haverá algum motivo para um telespectador da SIC-Notícias mudar de canal?

3 comentários:

aviador disse...

Não. Até talvez seja mais interessante permanecer na RTP-N.

Mafas disse...

Também não me parece.
Que desilusão: a TVI24!!!:(
Como jornalista que sou, olho atentamente para os textos e não posso deixar passar ao lado, a primeira frase deste post:
"Arrancou, finalmente, as emissões do TVI24, o novo canal de informação da TVI". Foram as emissões que arrancaram, por isso, o verbo deveria estar conjugado na terceira pessoa do plural! Fica a correcção!

Emídio Fernando disse...

Tens toda a razão, Mafas. Foi um erro que partiu deste dado: queria escrever "arrancou ... o canal tvi24..." e falhou o "canal". Para evitar o disparate comum, que se ouve em todo o lado, de se dizer "a tvi24". Obrigado pela dica. Vou corrigir, já, já.