quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O bom assessor de imprensa

O bom assessor de imprensa acompanha o respectivo ministro nas deslocações a Bruxelas. A viagem é paga pelo contribuinte.

O bom assessor de imprensa chega a Bruxelas na véspera da reunião. O hotel é pago pelo contribuinte.

O bom assessor de imprensa não contacta os jornalistas que esperam o ministro logo pela manhã, mas garante que este não fala ao entrar para a reunião.

O bom assessor de imprensa lá atende o telefone e promete que passa pela sala de imprensa para falar com os jornalistas.

O bom assessor de imprensa não mete os pés na sala de imprensa durante um dia inteiro e não explica a nenhum dos jornalistas portugueses que posições o seu ministro defendeu em nome de Portugal.

O bom assessor de imprensa envia um comunicado pela tardinha directamente às redacções em Lisboa a contar que o ministro “participou” numa reunião.

O bom assessor de imprensa não avisa ninguém que o ministro já se foi embora da reunião embora só tenha avião de regresso a Lisboa passadas mais de 2 horas.

O bom assessor de imprensa não atende o telefone a ninguém.

O bom assessor de imprensa chama-se Manuel Lage e trabalha para o ministro de administração interna. O seu ordenado é pago pelo contribuinte.

Na reunião em causa discutiram-se trivialidades como o acolhimento de prisioneiros de Guantanamo por países da União Europeia e a recepção de refugiados iraquianos.

5 comentários:

Emídio Fernando disse...

Daniel, é sempre bom recordar uma expressão feliz dos brasileiros: ASPONE, Assessor de Porra Nenhuma. É o caso exemplar desse assessor. Infelizmente, como ele, há por aí às dúzias!

Daniel Rosário disse...

eu sei, mas este gajo hoje pssou-se mesmo. lembro-me do aspone, mas não queria plagiar a expressão. eles são às toneladas e parecem ser escolhidos com base na incompetência. mas já confundem tudo: incompetência, falta de educação, falta de carácter... enfim, um pouco à imagem dos respectivos chefes.

Anónimo disse...

Uma para a vossa reflexão: não estará a crescente incompetência e a falta de educação destes "assessores" e respectivos "assessorados" directamente relacionada com a crescente falta de liberdade dos jornalistas para denunciarem (fora dos blogs) as cavalgaduras que nos governam?

Um Abraço,

MG

Daniel Rosário disse...

Que eu me lembre, esta característica dos assessores de imprensa é uma coisa que tem atravessado épocas e governos.

Parte do problema penso que se prende com o facto de se tratar de gente que seria incompetente a fazer qualquer outra coisa, fosse a lavar arrastadeiras num hospital, fosse a colar selos em cartas.

Outra terá a ver com o facto de verem na (muito comum) passagem do jornalismo para "o outro lado" (seja lá isso o que for) uma espécie de promoção social e, principalmente, salarial, que muitos não querem pôr em causa com atrevimentos que pudessem contrariar a vontade dos respectivos chefes.

Dito isto, há quem faça bem o seu trabalho. Poucos, mas há.

Anónimo disse...

"Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele", diz o povo e com razão, mas não generalizemos, pois o assessor em causa mostra ser um verdadeiro ASPONE (Assessor de Porra Nenhuma), mas também os há muito dedicados, diligentes e competentes. Este já tinha de ser mau quando era jornalista...!