terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Transparentes, ma non troppo

Uma das novidades mais aplaudidas do Tratado de Lisboa foi a obrigação de que muitas das discussões europeias ao nível ministerial passassem a decorrer “à porta aberta”, ou seja, com transmissão em directo por um circuito especial de televisão, acessível aos jornalistas que acompanham as reuniões e ao público em geral via net.

Tudo em nome da transparência, para que os cidadãos pudessem acompanhar como é que são discutidas e decididas muitas das coisas que afectam o seu dia-a-dia.

Mas rapidamente os responsáveis europeus encontraram forma de contornar este pequeno inconveniente, tal como se percebe pela reunião de ministros das finanças que decorre neste preciso momento em Bruxelas. Duas horas depois da hora marcada, a reunião ainda não começou, embora os ministros já estejam reunidos… há duas horas.

Ou seja, as coisas importantes são discutidas de forma informal o tempo que for necessário e para a reunião “oficial” e por isso pública ficam apenas as miudezas que deixarão contentes os arautos da transparência.

2 comentários:

HY disse...

Daniel,

Não são todas as reuniões do Conselho, mas apenas aquelas em que o Conselho deliber enquanto legislador. Provavelmente nem é o caso da referida reunião.

Daniel, passos em frente dão-se devagar, pouco a pouco as portas abri-se-ão, não vale a pena ser negativo. Agora, que tal como nos órgãos necionais as decisões essenciais serão discutidas a outro nível, isso parece-me inevitável. Mas, pelo menos, ficar-se-à a saber quem toma posição num sentido ou noutro...

Daniel Rosário disse...

HY,

tens razão e por isso é que eu não refiro qe são "todas" as discussões que passam a decorrer à porta aberta.

aliás, na anterior reunião dos ministros das finanças o hiato entre a parte infiormal e a parte pública durou praticamente o dia inteiro.

não se trata de ser negativo, trata-se apenas de evidenciar como as declarações de boa vontade muitas vezes não passam disso mesmo.

por isso, quanto a saber quem toma posição em que sentido, vamos ver quantos debates verdaeiramente importantes, decisivos ou delicados serão levados a cabo de forma "transparente".