Manuela Ferreia Leite deve ser muito ingénua. Ou pretende passar essa ideia. Ou então está muito afastada da realidade da vida política. A líder do PSD ficou indignada por ter constatado que 30 deputados do seu partido faltaram à votação que poderia determinar o fim do processo da avaliação dos professores. Caso não o tivessem feito, teriam provocado uma mossa política no PS que a própria direcção socialista seria obrigada a tirar as devidas ilações. E provocaria um sério hematoma na já mal-tratada ministra da Educação. Mas não. 30 deputados do PSD faltaram.
O que espanta nisto é a própria indignação de Manuela Ferreira Leite que até pediu explicações ao líder parlamentar como se se tratasse de um caso virgem e fazendo-o com estrondo. A novidade no Parlamento, a verdadeira notícia, é quando estão todos os deputados. Faltar aos debates e às votações; assinar nas comissões e depois fazer-se à vida para outros lados; chegar tarde aos debates; sair cedo; e entrar mudo e sair calado faz parte da rotina parlamentar da esmagadora maioria dos deputados sobretudo nos grupos do PS e do PSD.
Além disso, a bancada social-democrata foi escolhida, quase a dedo, por Pedro Santana Lopes. E essa escolha reflete bem o autor da selecção: é só vê-los - quando isso é possível - nas últimas bancadas: a rir, a ler jornais, em amenas e, deduz-se, divertidas cavaqueiras, e a sair e a entrar na sala. Só há uma regra sagrada que nenhum deles se esquece de cumprir: assinar o ponto.
Manuela Ferreira Leite deveria fazer um estágio no Parlamento. Em especial, assistindo, nas galerias e nas comissões, ao desempenho dos seus deputados. Se o tivesse feito, antes de se atirar à liderança, talvez tivesse ficado em casa. E poupava-se à vergonha.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
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