sexta-feira, 23 de julho de 2010

Orgulhosamente tacanhos

Anda por aí uma fúria anti-adesão de outros países à CPLP que, apesar de não ser surpreendente, não deixa de ser intrigante. A começar pelo (ainda) pragmático Cavaco Silva que insistiu na tecla que os outros países não falam português. Mas foi suficientemente franco para colocar Portugal no seu devido canto, ao sublinhar que “Portugal não é como a França”, referindo-se às ambições francesas em África. Nada mais verdade. Portugal vai continuar orgulhosamente tacanho. Enquanto isso, pode ir assistindo à Guiné-Bissau a integrar sistemas económicos da África francófona. E Moçambique mais preocupado com a Commonwealth do que propriamente o que faz a mesquinhez lusófona.
De repente, os portugueses – e não só – descobriram que a Guiné Equatorial vive debaixo de uma tenebrosa ditadura. Isto anos depois dos mesmos guineenses participarem nas cimeiras da CPLP como observadores, onde o “tenebroso” Theodore Obiang teve assento de primeira e até foi recebido em Lisboa com as honras e pompa devidas a um chefe de Estado. Excepto alguns blogues, ninguém se lembrou que o homem comandava uma feroz ditadura.
Nessa altura, até se pensou que o pragmatismo tinha vencido a tacanhez: que importa a ditadura se o país tem petróleo? Pelos vistos, durou pouco. Portugal, a dar sinais que rejeita a entrada da Guiné-Equatorial, demonstra bem que não aprendeu nada, nem com Paris, nem com Londres. Bem poderia olhar para os franceses que, ainda nos idos 1960, começaram a praticar as relações de boa convivência com todos os países desde que isso salvaguardasse os seus interesses. Há quem lhe chame neo-colonialismo, como é o caso de Cavaco Silva, mas Paris usa apenas o pragmatismo numa política conhecida pela Françáfrica. E, tirando alguns engulhos pelo caminho, ninguém se dá mal.
Com esta teimosia, resta a Portugal ser um mero comissionista em África, cumprindo, provavelmente, um desígnio histórico. O restante mundo lusófono deve apenas confiar no pragmatismo do Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde. Sobre a entrada da Guiné Equatorial, Pedro Pires já mostrou a intenção de ser pragmático e Lula da Silva assinou, recentemente, durante a sua visita oficial, 25 acordos comerciais com Obiang.

3 comentários:

Eduardo Miguel Pereira disse...

E pior que a verdadeira tacanhez, é a falsa tacanhez, que quando dá jeito é usada e quase sempre pelos mesmos :

http://chegateaqui.blogspot.com/2010/07/cplp-guine-equatorial-e-ana-gomes.html

Luís Lavoura disse...

Mas a CPLP é e deve ser isso mesmo, uma comunidade de países de língua portuguesa, feita para defender o português como língua. A língua oficial da Guiné Equatorial é o espanhol, mas mesmo esse deve ser bem pouco falado pelo seu povo.

É claro que isso não impede que o Brasil, Portugal e outros países façam muitos acordos de comércio com a Guiné Equatorial.

José Carlos Mendes disse...

Gostava que puxassem isto para post:

Fado – Património Imaterial da Humanidade

http://www.peticaopublica.com/?pi=FadoPIH

Caros Amigos,

Acabei de ler e assinar esta petição online:

«Fado - Património Imaterial da Humanidade»

http://www.peticaopublica.com/?pi=FadoPIH


Eu pessoalmente concordo com esta petição e acho que também podes concordar.

Subscreve a petição aqui http://www.peticaopublica.com/?pi=FadoPIH
e divulga-a pelos teus contactos.

Obrigado.