sexta-feira, 26 de março de 2010

Post atrasado mas de boa vontade para uma leitora fiel

Dois incidentes marcaram, há precisamente uma semana, o plenário da Assembleia da Republica. José Lello esteve mal (pela forma, não pelo conteúdo) mas Jaime Gama esteve pior.

O mal-estar entre o Presidente da AR e a bancada socialista começou quando Gama, rispidamente, destratou um secretário de estado que se estreava no plenário. É certo que basta assistir a um pouco do plenário para se perceber como é que se inicia uma intervenção. O uso da palavra está fixado no artigo 89 do Regimento da AR mas João Trocado da Mata, da educação, não acertava no "Sr Presidente, Sras e Srs deputados" e Gama, não lhe dando a palavra, enxovalhou-o de uma maneira desnecessária. Quando terminou finalmente o discurso, o secretário de estado recebeu uma ovação a que nem Sócrates tem tido direito ultimamente...era uma resposta clara a Jaime Gama.

De imediato, Lello pediu a palavra e todos pensaram que era para falar do incidente. Mas não. Era para protestar contra um repórter fotográfico na galeria e daí, contra todos. E sobre isto, infelizmente, Lello tem razão. Desde que a fotografia de um SMS perfeitamente legível foi publicada num jornal, tudo passou a poder ser possível. E não entendo como é que quem fez isso não percebeu os efeitos da graçola, sem qualquer interesse noticioso. O resultado está à vista.

(Por isso, acho tambem que a resposta de Jaime Gama não foi feliz. Demonstração de que as relações com o antigo "gamista" Lello já tiveram melhores dias ?)

8 comentários:

Anónimo disse...

Como a Susana Barros é repórter radiofónica, pode dar-se ao luxo de criticar os fotógrafos. E ainda bem.

Luís Lavoura

Anónimo disse...

Que fotografia de um SMS foi publicada num jornal? Em que jornal? Foi uma fotografia tirada na Assembleia da República, e o SMS era de um deputado?

Por favor esclareça-me, porque nunca tinha tomado conhecimento dessa história.

Luís Lavoura

dina disse...

as regras deontológicas aplicam-se aos fotógrafos no plenário da assembleia da república ou noutro local qualquer. não vejo em que é que a sala das sessões é diferente. nada disso justifica o comportamento dos deputados e a forma como fecharam, de forma violenta, as tampas dos computadores. foi um comportamento indesculpável e injustificável e que faz, quem o assumiu, perder totalmente a razão.

HY disse...

A Dina persiste...são uns mal educados os deputados...prefiro mal-educados, do que pessoas com visão claramente totalitária do mundo que acham que até têm o direito de espiolhar as comunicações dos deputados...

Se a Dina parasse para pensar, veria que antes das regras deontológicas aplicam-se os direitos fundamentais, nomeadamente os que respeitam a privacidade das comunicações etc.

Aconselho a Dina a ler o provérbio chinés que lhe facultei no meu comentário de ontem...

Anónimo disse...

Dina,

não é uma questão de regras deontológicas. É uma questão de não se querer ser fotografado, ponto. Eu também não gosto que me fotografem, mesmo na rua. As pessoas têm o direito de se recusar a ser fotografadas. E também o direito de recusar que um jornalista veja aquilo que está no seu computador. Mesmo que o jornalista tenha por regra deontológica não divulgar.

Ou seja, os deputados têm todo o direito de proibir os jornalistas de os fotografar, e de fotografar os seus computadores e telemóveis, mesmo que os jornalistas estão submetidos a uma qualquer regra deontológica de não divulgarem o que fotografaram.

O que é indesculpável e injustificável é o comportamento dos jornalistas, ao fotografarem aquilo que não devem.

Luís Lavoura

Emídio Fernando disse...

Para o LL:
Sem querer ser o advogado de defesa da Susana, quero apenas dizer-lhe isto: nunca a Susana colocou um microfone escondido na mesa de um deputado ou de um político ou gravou uma conversa sem ter autorização para tal. É daí que lhe advém essa e outras legitimidades para ter opiniões.
Para o HY:
Sabe o que é verdadeiramente curioso na tal "privacidade"? É que ela tem sempre um sentido único. Não conheço um deputado que tenha batido o tampo dos computadores por revelar, aos jornalistas, conversas, conteúdos de reuniões à porta fechada, cartas e mensagens. E todas devidamente "privadas". E acredite que, daqueles que bateram os tampos, conheço alguns que são "experts" no assunto. E aí o carmo e a trindade mantêm-se firmes.

dina disse...

Claro que é uma questão de regras deontológicas, nesta como nas outras profissões. é por essas regras que os fotógrafos se devem reger, onde quer que estejam a exercer a sua profissão. quanto a não gostar de ser fotografado, é um direito que assiste a qualquer cidadão anónimo, não a um político no exercício das suas funções. finalmente, esse conceito de "fotografarem o que não devem" ou, já agora, "noticiarem o que não devem" é um conceito que conhecemos e que, pelos vistos acarinha. eu não

luisa disse...

com este post e o outro ali abaixo da dina, dou-me por satisfeita:-) bem-hajam! só ninguém me explica como é que com o ps assim, ainda é preciso oposição...

obs. aos srs.(as) carteiros (as): será bom-senso transportar cartas anónimas? hoje é tão fácil arranjar um e-mail...