sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A suspensão, o nojo, a distracção e... Joana D'Arc

Todos aqueles que estão preocupados com a "asfixia democrática" e a "falta de liberdade de imprensa" deveriam escrever o que pensam sobre um certo tipo de jornalismo que a (alguma) TVI produz. Ou bastava que assumissem as críticas que fazem nos cafés ou em corredores. Só o que se assistiu esta noite, no "defunto" Jornal da Sexta, justificava a suspensão de qualquer noticiário. Na Páscoa, escrevi isto a propósito da insidiosa campanha contra José Sócrates:

Aquilo que assisti durante um ou outro fim-de-semana, com início nas noites de sexta-feira, enoja-me como jornalista. E envergonha-me. A Páscoa trouxe umas tréguas, mas desconfio que foi apenas um intervalo. A campanha começa dentro de momentos. Se não for com o freeport, há-de ser com outra coisa qualquer.

Como previa, eis o regresso da campanha, feita de uma forma irresponsável. Como o uso dos nomes do grupo de José Sócrates já estava esgotado, foram agora buscar André Figueiredo, membro do secretariado nacional do PS, por, alegadamente, estar envolvido na campanha de 2001. Bastava uma pequeníssima investigação, ou apenas espreitar o currículo do jovem André Figueiredo, para se concluir pela inverosimilhança de tal informação. Seria tão simples.
Assim se faz o jornalismo da TVI.
Os mesmos que clamam a tal "liberdade de imprensa" poderiam fazer um exercício contabílistico e rapidamente saberiam quanto é que pode custar, aos cofres da TVI, o pagamento de indemnizações.
E os mesmos que clamam pela "liberdade de imprensa" distraiem-se com a TVI. E nem reparam que, por outros lados, essa liberdade tem sido posta em causa todos os dias. Com atropelos sucessivos aos princípios básicos do jornalismo. E nem por isso se ouvem declarações inflamadas de políticos ou apelos patéticos de... jornalistas.
Mas não. Em dois dias, transformou-se uma potencial assassina do jornalismo em Joana D'Arc.

9 comentários:

Logros disse...

Completamente de acordo. Vim aqui pelo "Mainstreet" que linkou o seu post. É de felicitar a sua lucidez, nesta horrenda "corporação" mediática.
Ainda hoje vi um inenarrável "Expresso da Meia-Noite" onde se declarou que, hoje mesmo de tarde, Manuela Moura Guedes estava na redfacção da TVI, mandando e comandando como dantes.
Afinal, que fantochada é esta?

Nuno Ramos de Almeida disse...

Emídio,
Não ouves as notícias. Ele não foi interrogado por estar presente na campanha de 2001, mas SOBRE as contas da campanha de 2001. Neste momento, é ele o responsável do PS sobre essa matéria.

Nuno Ramos de Almeida disse...

Corrigindo o meu anterior comentário, ele foi ouvido sobre essa matéria e a alegada participação do Capinha Lopes nessa campanha. A peça limita-se a dizer que ele foi ouvido. Não afirma que ele é arquitecto como o Capinha Lopes, que ouve alguma coisa de ilegal nessa campanha ou que essa alegadas ilegalidades tenham sido feitas por essa pessoa.

Emídio Fernando disse...

Nuno,
Já tivemos a oportunidade de falarmos sobre o assunto ao telefone. Mas ainda assim, como o comentário é público, a resposta também é pública. Além de todas as falhas que te apontei, há umas que me deixaram indignado:
1 - Ninguém da TVI confirmou com o próprio André Figueiredo se ele foi ouvido ou não. E, já agora, o que teria a dizer sobre o assunto. Vais argumentar que não tiveste tempo: não deverias ter feito a peça. Há mais jornais da TVI além do de sexta, ou não? Preferiram então o "show-off" e mandaram às malvas o jornalismo.
2 - Em nenhum momento da peça, é esclarecido que o André Figueiredo não participou, como dirigente do PS, na campanha. Aliás, ele só exerce essas funções desde Março. E bastava uma única frase para esclarecer melhor os telespectadores.
3 - O André Figueiredo NÃO é responsável pelas finanças do PS e isso também não foi dito na peça. Bem pelo contrário. E só aparece o texto e a imagem dele. E essa é a melhor forma para "assassinar" alguém.

Fernanda Mendes disse...

Absolutamente de acordo com a sua lucida reflexão. De resto, como sempre, quando aqui se tem referido a essa matéria.
Creio que o que escreve é o que grande parte dos seus "colegas" pensa, mas não diz em voz alta, enfim....para não haver problema.Incluindo muitos do que estão na redação da própria TVI. Oh, como os entendo. Eu faria o mesmo. Sim, porque a malta não come calhaus ao almoço.
Cumprimentos

Nuno Ramos de Almeida disse...

Meu caro,
eu assino todas a minhas peças, nunca recebi dinheiro por boatos anónimos.

A notícia é verdadeira e diz o seguinte: o secretário nacional do PS foi ouvido pelos investigadores no âmbito do processo Freeport , sobre a eventual participação do Capinha Lopes na campanha autárquica do PS 2001. Em lado nenhum diz que ele é culpado de algum crime. A notícia é verdadeira e assinada. Eu sou responsável por ela, para todos os efeitos. Percebes isto?

CN disse...

A suspensão do Jornal Nacional de 6ªfeira pode ter sido um acto administrativo, mas já se sabia que iria ser transformado numa questão política. Considero um tremendo disparate todo este alarido sobre a liberdade de expressão... porque, de facto, o tal jornal fez-se na mesma com as tais reportagens que implicavam não sei quem... (peço desculpa, mas não vi). Ou seja, a questão da liberdade de expressão não se coloca, apenas se pode sentir é a falta dos trejeitos da MMG. Mas, quem gosta de trejeitos, aconselho o Telejornal da RTP nos dias do José Rodrigues dos Santos. Meus amigos, há por aí uma porrada de jornalistas que não conseguem trabalhar, não por desconhecerem as ferramentas da profissão, mas porque foram incluídos nos indexes geridos pelo Balsemão e aceites pelo outros patrões. E isso é que é um atentado à liberdade de expressão.

Pedro Pereira disse...

Subscrevo completamente

Anónimo disse...

Afinal na TVI ,segundo o jornalista que não deu o nome ao 24horas,parece que o Portas é que mandava no "jornal de sexta". Pois a Manuela MG era a extenção dos deputados do cds no parlamento.Olha o deputedo!...