terça-feira, 19 de maio de 2009

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades políticas

Paulo Portas defendeu esta noite, em entrevista à SIC, a demissão de Lopes da Mota do cargo que ocupa no Eurojust. E à opinião adicionou-lhe um conselho moralista:

"Eu teria saído logo na abertura do inquérito..."

Quem pensa assim e aconselha assim, é precisamente o mesmo homem que foi ministro da Defesa ao mesmo tempo que estava a ser investigado por causa da Universidade Moderna (a tal que fechou, entretanto). Na altura, o que fez Portas? Demitiu-se mal soube da abertura do inquérito? Pediu a exoneração do cargo quando choveram suspeitas sobre ele? Não. Manteve-se firme no cargo.
E, já agora, é bom recordar a posição do PS: pediu a demissão do ministro, com declarações inflamadas feitas à comunicação social, com cartas dirigidas ao PGR e no Parlamento. E com o próprio secretário-geral, Ferro Rodrigues, a fazer ultimatos. Outros tempos, outros tempos...

2 comentários:

maria disse...

Quando nos apercebemos destas e de outras contradições na política portuguesa percebemos que é só canalhada, não estão na política para servir ninguém a não ser os próprios. São eles também que tentam impor uma suposta moralidade nos professores e nos funcionários públicos em geral. Afinal, ben pensado quem dera a essa gentalha metade da honestidade e dedicação profissional dos milhares que compõem a função pública!

Luis Melo disse...

RTP - Rádio e Televisão do PS

Ontem à noite assisti a um programa interessante na RTP. O "Conversas com Mário Soares" trazia como convidados, Santiago Carrillo (ex-Secretário Geral do Partido Comunista Espanhol) e Raul Morodo (membro do PSOE e ex-embaixador de Espanha em Portugal).

Os três falaram na luta dos seus partidos (todos de esquerda) contra os regimes de Franco e Salazar. Falaram muito da intervenção do PS e PC espanhol e português na construção da história europeia. Histórias curiosas que envolveram estas 3 personalidades e outras da mesma área política.

Tudo normal, não fosse o cheiro a campanha eleitoral Socratiana, que este programa emanou e de como pareceu ser "ensaiado". Santiago falou mal de Cunhal e distanciou-se do PCP. Os três falaram bem de Zapatero e Santiago disse até que a esquerda deve apoiar o PS de Zapatero. Insinuando que alguns comunistas devam apoiar Sócrates (numa tentativa de ir buscar votos do PCP para ao PS, nas eleições que se aproximam).

Quiseram passar a ideia de que o PSD, o CDS, o PP Espanhol e outros, não tiveram um papel igualmente fundamental na democratização das sociedades portuguesa e espanhola. Como se não tivessem havido outras figuras (para além de Soares, Gonzalez, Carrillo) que lutaram contra o regime salazarista. Houve, e alguns desses fizeram-no "às claras", pela frente, nos locais devidos, junto ao povo. Sem estarem escondidos ou "exilados" no luxo de Paris.

É uma vergonha, que a RTP coloque um programa destes no ar. Onde está o "famoso" contraditório?