Augusto Santos Silva chamou, esta manhã, os jornalistas para lhes dar conta da sua indignação com a "campanha negra" que está a ser feita contra José Sócrates. Mas fez questão de sublinhar, umas poucas vezes, que falava "enquanto cidadão".
Só que o "cidadão" Augusto Santos Silva não poderia ter escolhido melhor palco para se indignar: falou aos jornalistas, no seu luxuoso gabinete que lhe está destinado, por ser ministro dos Assuntos Parlamentares, na Assembleia da República, recheado de papéis e livros, entre eles, uma biografia de Álvaro Cunhal e um romance de Mia Couto.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Televisão do futuro
Promete revolucionar a televisão em Portugal, tal como a TSF fez na rádio há uns anos, e já tem uma página na internet. Agora, só falta o passo decisivo. E só se espera que não haja "poderes ocultos" ou "campanhas negras" a manchar e a travar o projecto de grandes profissionais de comunicação em Portugal.
Caso Freeport cheira a frango assado. Ou será pombo?
Depois de algum atordoamento inicial, a defesa de José Sócrates em relação ao caso Freeport começa a organizar-se.
“Sobre os factos não sei nada, só posso ser testemunha abonatória de José Sócrates: ele é o melhor primeiro-ministro que já tive”, escreve Ferreira Fernandes num artigo intitulado "Os pombos são animais estúpidos".
No Público (em artigo de opinião na página 39, não disponível online), José Miguel Júdice recorda que já anda há “muitos anos a virar frangos”, o que lhe permitiu desenvolver um “apurado sentido "olfactivo" sobre os factos” que o leva a sentenciar: “não me cheira que José Sócrates tenha sido corrompido no apelidado "caso Freeport"”.
Eu diria que com uma linha de defesa destas, digna de um aviário, Sócrates escusa de ficar descansado…
“Sobre os factos não sei nada, só posso ser testemunha abonatória de José Sócrates: ele é o melhor primeiro-ministro que já tive”, escreve Ferreira Fernandes num artigo intitulado "Os pombos são animais estúpidos".
No Público (em artigo de opinião na página 39, não disponível online), José Miguel Júdice recorda que já anda há “muitos anos a virar frangos”, o que lhe permitiu desenvolver um “apurado sentido "olfactivo" sobre os factos” que o leva a sentenciar: “não me cheira que José Sócrates tenha sido corrompido no apelidado "caso Freeport"”.
Eu diria que com uma linha de defesa destas, digna de um aviário, Sócrates escusa de ficar descansado…
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Fervores de uma tarde agitada
A agitação nos corredores do Parlamento, esta tarde, ultrapassou os indíces normais. Uns sonhavam com a demissão; outros assustavam-se com o cenário de demissão; outros quase rezavam para que não houvesse demissão.
Mal acabou a sessão, foi a debandada geral. E a pressa era tanta que, entre os atropelos, Nuno Melo, do CDS, quase derrubou Zita Seabra, do PSD. Houve logo quem dissesse que o deputado centrista estava a aumentar a sua produtividade.
Um dirigente do Bloco confessava que, a partir desta semana, começou a admirar o primeiro-ministro pela forma como despachou a relação familiar: "o filho do tio".
Mal acabou a sessão, foi a debandada geral. E a pressa era tanta que, entre os atropelos, Nuno Melo, do CDS, quase derrubou Zita Seabra, do PSD. Houve logo quem dissesse que o deputado centrista estava a aumentar a sua produtividade.
Um dirigente do Bloco confessava que, a partir desta semana, começou a admirar o primeiro-ministro pela forma como despachou a relação familiar: "o filho do tio".
Ufff!!! que alívio....
Logo que José Sócrates terminou a declaração ao país, dezenas de deputados do PS reentraram na sala do plenário, na Assembleia da República. Em cada rosto, um sorriso. Pelo menos, já estão garantidos mais uns meses de plena felicidade no Parlamento.
A insídia de Alcochete
A palavra insídia e a expressão poderes ocultos foram usadas respectivamente 6 e 11 vezes durante as declarações do primeiro ministro.
Já se percebeu que os portugueses escusam de ficar descansados porque cada vez que Sócrates esclarece o caso Freeport tem que inspirar-se num preâmbulo de um clássico da literatura ... tipo Harry Potter!
Aguardamos o próximo esclarecimento!
Já se percebeu que os portugueses escusam de ficar descansados porque cada vez que Sócrates esclarece o caso Freeport tem que inspirar-se num preâmbulo de um clássico da literatura ... tipo Harry Potter!
Aguardamos o próximo esclarecimento!
Chinesices
O Correio Preto não alimenta intrigas. Mas também não anda a dormir. E depois de Freitas do Amaral ter alertado o país para o facto de ter sido Durão Barroso a assinar o decreto-lei que modificou a ZPE e abriu caminho à construção do Freeport, bastou somar 2+2.
Ou acham que é por acaso que Barroso reúne amanhã em Bruxelas com o primeiro-ministro chinês, país com o qual tem conhecidas afinidades e onde, sem dúvida também por acaso, o filho do tio de Sócrates está em retiro espiritual?
E, sempre com o objectivo de matar no ovo qualquer intrigalhada, aqui fica a prova do conluio entre o inevitável centrão da vida política portuguesa e um senhor que já não me lembro bem se é o primo-ministro chinês ou o primeiro do outro, mas que devem estar a celebrar a conversão do estabelecimento de Alcochete no maior restaurante de pato à Pequim da Península Ibérica.
Ou acham que é por acaso que Barroso reúne amanhã em Bruxelas com o primeiro-ministro chinês, país com o qual tem conhecidas afinidades e onde, sem dúvida também por acaso, o filho do tio de Sócrates está em retiro espiritual?
E, sempre com o objectivo de matar no ovo qualquer intrigalhada, aqui fica a prova do conluio entre o inevitável centrão da vida política portuguesa e um senhor que já não me lembro bem se é o primo-ministro chinês ou o primeiro do outro, mas que devem estar a celebrar a conversão do estabelecimento de Alcochete no maior restaurante de pato à Pequim da Península Ibérica.
E se o RR lhe acrescentar uma barba ainda ficamos a saber que o autor do tal estudo foi o Bin Laden.
O autor
O correio preto conseguiu uma imagem exclusiva do Dr. Lurdevsky pertencente ao gabinete de estudos dátretas da OCDE e famoso autor do estudo mais falado da Assembleia da Republica!
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Tácticas à Ministério da Educação
O Correio Preto poderá ser considerado o melhor blogue da zona euro ou mesmo em todo o mundo ocidental. Basta, para isso, que os seus autores façam uma encomenda de um estudo internacional, pago por quem faz o blogue e com um prefácio de amigo comum aos três que assinam este blogue. A base de estudos pode incidir em opiniões altamente credíveis: dos autores do blogue e, talvez se admita, que familiares directos e amigos de confiança sejam ouvidos.
O outro filho do tio
"Estou mesmo perto do templo de Shaolin. [...] Abraço, cuida do pai e da mãe por nós." diz o Hugo ao Nuno. O que custa é que ninguém quer saber do zé - o filho da tia!
Euro Magalhães
O portátil Magalhães fez a sua entrada triunfal na esfera europeia pela mão da eurodeputada socialista Jamila Madeira que, orgulhosamente, se passeia pelo Parlamento Europeu, de reunião em reunião, com o inconfundível computador pensado, concebido, desenhado, montado, decorado, promovido e vendido por José Sócrates.
E numa altura em que se entra na recta da meta para a composição das listas para as próximas eleições, Jamila já leva uns gigas de vantagem sobre a concorrência.
E numa altura em que se entra na recta da meta para a composição das listas para as próximas eleições, Jamila já leva uns gigas de vantagem sobre a concorrência.
Guerrilha por sms
Mensagem recebida esta manhã:
"O filho do tio foi ter com o sobrinho do Isaltino a um retiro na China"
"O filho do tio foi ter com o sobrinho do Isaltino a um retiro na China"
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Pôr a Justiça no seu sítio
Com a acutilância de sempre e virulento como só ele sabe, e que nos causa admiração, vale a pena ler a forma como se descreve um embuste. Notável, como nos habitua todos os dias.
"Os portugueses", essa entidade abstracta
O ministro da Agricultura, Jaime Silva, foi à Assembleia da República dizer, por seis vezes, que "os portugueses não iriam entender se o Governo desse mais apoios à Casa do Douro".
Fosse a Casa do Douro uma entidade financeira, que tivesse problemas com a justiça, quase na falência e com participações em "off-shores" certamente que os portugueses iriam entender todas as ajudas do Governo.
Mas não. A Casa do Douro apenas agrupa 40 mil agricultores e não tem servido para o PS e PSD colocarem amigos nos conselhos de administração.
Fosse a Casa do Douro uma entidade financeira, que tivesse problemas com a justiça, quase na falência e com participações em "off-shores" certamente que os portugueses iriam entender todas as ajudas do Governo.
Mas não. A Casa do Douro apenas agrupa 40 mil agricultores e não tem servido para o PS e PSD colocarem amigos nos conselhos de administração.
O mundo visto de Bruxelas
E, quando no meio da tempestade da crise, as paredes de um centro comercial de Alcochete ameaçam ruir sobre a cabeça do primeiro-ministro, eis que de Bruxelas chega um verdadeiro balão de oxigénio.
A Comissão Europeia divulga amanhã (quarta-feira) um relatório sobre a “Implementação das reformas estruturais da Estratégia de Lisboa” que, no capítulo sobre Portugal, contém a seguinte frase:
“O sistema educativo tornou-se mais eficiente”.
Com analistas assim percebe-se melhor porque é que ninguém viu a crise chegar.
A Comissão Europeia divulga amanhã (quarta-feira) um relatório sobre a “Implementação das reformas estruturais da Estratégia de Lisboa” que, no capítulo sobre Portugal, contém a seguinte frase:
“O sistema educativo tornou-se mais eficiente”.
Com analistas assim percebe-se melhor porque é que ninguém viu a crise chegar.
O alívio de Lobo Antunes
Eram cada vez mais insistentes e sempre assentes em fontes fiáveis as notícias que davam o actual MNE como certo nas listas do PS para o Parlamento Europeu.
Uma escolha sensata, terão pensado muitos. Perseguição!, pensou Manuel Lobo Antunes.
É que depois de já ter trabalhado sob a sua alçada no governo de Guterres, o actual embaixador de Portugal junto da UE e ex-secretário de estado dos assuntos europeus foi secretário de estado de Luís Amado quando este assumiu a pasta da defesa com Sócrates, acompanhando-o na transição para as Necessidades.
Até que deve ter achado que já era tempo de cortar o cordão e, no final do ano passado, decidiu rumar a Bruxelas. Mas, mal começou a saborear a sua nova vida e eis que começaram a surgir os rumores (ou ameaças) que colocavam Amado a caminho da Europa.
Lobo Antunes só pode ter suspirado de alívio quando o ministro dos negócios estrangeiros garantiu que não será candidato pelo PS ao Parlamento Europeu.
Uma escolha sensata, terão pensado muitos. Perseguição!, pensou Manuel Lobo Antunes.
É que depois de já ter trabalhado sob a sua alçada no governo de Guterres, o actual embaixador de Portugal junto da UE e ex-secretário de estado dos assuntos europeus foi secretário de estado de Luís Amado quando este assumiu a pasta da defesa com Sócrates, acompanhando-o na transição para as Necessidades.
Até que deve ter achado que já era tempo de cortar o cordão e, no final do ano passado, decidiu rumar a Bruxelas. Mas, mal começou a saborear a sua nova vida e eis que começaram a surgir os rumores (ou ameaças) que colocavam Amado a caminho da Europa.
Lobo Antunes só pode ter suspirado de alívio quando o ministro dos negócios estrangeiros garantiu que não será candidato pelo PS ao Parlamento Europeu.
Nada como ter à mão um comentador residente
Mário Crespo decidiu entrevistar, no seu programa da SIC, Pedro Passos Coelho. Mas por acordo entre os dois - entrevistador e entrevistado - a conversa foi adiada uma semana. Para colmatar a ausência do candidato a líder do PSD, Mário Crespo teve uma ideia absolutamente brilhante e original: convidar Pedro Silva Pereira, o ministro da Presidência. Precisamente, o mesmo ministro que tem (quase) um lugar cativo na SIC-Notícias, nos programas de... Mário Crespo.
O pedido de entrevista foi célere, a resposta também. Mas desconfio que Mário Crespo não estivesse preocupado. Em carteira, ainda tinha Mário Lino, Jaime Silva, Nunes Correia, Luís Amado, Nuno Severiano Teixeira e alguns secretários de Estado. As duas senhoras do Governo, a da Educação e da Saúde, estavam fora das cogitações de Crespo: ele sabe que elas têm ordens para se manterem caladas.
O pedido de entrevista foi célere, a resposta também. Mas desconfio que Mário Crespo não estivesse preocupado. Em carteira, ainda tinha Mário Lino, Jaime Silva, Nunes Correia, Luís Amado, Nuno Severiano Teixeira e alguns secretários de Estado. As duas senhoras do Governo, a da Educação e da Saúde, estavam fora das cogitações de Crespo: ele sabe que elas têm ordens para se manterem caladas.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Alberto João Jardim, "el presidente eterno"
O que é que o líder madeirense e Muhammar Kadhafi têm em comum? São os dirigentes políticos há mais tempo no activo em todo o mundo.
Um fenómeno que o El País recorda e tenta explicar aos seus leitores. Algo que os portugueses (a começar pelos sucessivos governos centrais) tentam esquecer ou fingem não ver.
Um fenómeno que o El País recorda e tenta explicar aos seus leitores. Algo que os portugueses (a começar pelos sucessivos governos centrais) tentam esquecer ou fingem não ver.
domingo, 25 de janeiro de 2009
Mistério...
O filho do tio de José Sócrates é um primo do primeiro-ministro? Ou simplesmente "filho do meu tio", como se referiu o próprio José Sócrates na conferência de imprensa de ontem...
sábado, 24 de janeiro de 2009
Só acontece aos outros?
Não se trata de um acontecimento estratoesférico de poder mudar o mundo ou o rumo da governação. Daí que tenha uma importância ainda mais elevada, por ser apenas a história de algo que poderia acontecer a qualquer um de nós. Se esta história fosse passada nos EUA, teríamos heróis e heroínas e filmes para ver. Mas foi com uma portuguesa e está notavelmente contada neste blogue que promete trazer mais coisas saborosas como esta.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Veneno, puro e doce veneno...
Que nunca lhe falte este veneno, sempre na ponta da língua e dos dedos, é o que eu desejo.
No reino dos Céus
Mário Soares foi dissertar sobre a separação do Estado e da Igreja Católica, num jantar, esta noite, na Foz do Arelho. A missa foi ouvida com atenção e regozijo pela plateia. A maçonaria estava presente em peso.
Soares, o pregador
Mário Soares foi até Foz do Arelho, a convite do INATEL, recordar como a República tem vivido com a Igreja Católica. E não resistiu entrar na política pura e dura com um alvo apontado:
"O casamento de homossexuais é uma questão chamada de civilização. São problemas muito complicados. Mas não são esses problemas fundamentais que nós temos neste momento. Claro que há certos radicais que querem ir por aí para mostrarem que são de esquerda e etc. Têm o direito de o fazer(..)
Mas eu estaria mais inclinado, ou se estivesse na minha mão faria mais, agiria com mais prudência e interessava-me sobretudo por acabar com as desigualdades sociais, por dar mais valor ao trabalho, mais prestígio aos trabalhadores e aos sindicatos e mais respeito aos sindicatos do que justamente envolver-me nessas questões".
Eis mais uma lição de Mário Soares, com destinatários certos, entre eles, José Sócrates, mas sem nunca os nomear. O mesmo Mário Soares que foi, como todos sabem, aquele extraordinário primeiro-ministro sempre preocupado com os trabalhadores, com os sindicatos e com as desigualdades sociais. Talvez seja por isso que introduziu o "lay-off" e os recibos verdes. Para dar mais valor ao trabalho.
"O casamento de homossexuais é uma questão chamada de civilização. São problemas muito complicados. Mas não são esses problemas fundamentais que nós temos neste momento. Claro que há certos radicais que querem ir por aí para mostrarem que são de esquerda e etc. Têm o direito de o fazer(..)
Mas eu estaria mais inclinado, ou se estivesse na minha mão faria mais, agiria com mais prudência e interessava-me sobretudo por acabar com as desigualdades sociais, por dar mais valor ao trabalho, mais prestígio aos trabalhadores e aos sindicatos e mais respeito aos sindicatos do que justamente envolver-me nessas questões".
Eis mais uma lição de Mário Soares, com destinatários certos, entre eles, José Sócrates, mas sem nunca os nomear. O mesmo Mário Soares que foi, como todos sabem, aquele extraordinário primeiro-ministro sempre preocupado com os trabalhadores, com os sindicatos e com as desigualdades sociais. Talvez seja por isso que introduziu o "lay-off" e os recibos verdes. Para dar mais valor ao trabalho.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Chineses em Angola
Em 10 anos, passaram de pouco mais de 200 pessoas para as 40 mil actuais. É a população chinesa, na esmagadora maioria homens, que ajuda a fazer crescer Angola. São explorados, vivem em guetos e fazem dinheiro, muito dinheiro, para os bolsos de alguns (muito poucos). É um trabalho escravo que está a transformar Angola numa verdadeira potência e que é relatada pela jornalista Mariana Van Zeller, que tem a sorte de não trabalhar em Portugal e de poder fazer isto: um documentário sobre a vida dos chineses em Angola e como (não) se integram.
As piruetas
No congresso do CDS, foi mostrado um vídeo, feito pela prata da casa, que serviu para criticar o Governo de José Sócrates e dar ânimo ao que se seguia: o discurso de Paulo Portas, de quase uma hora, precisamente com o mesmo que dissera no dia anterior. Ainda assim, o video mereceu palmas. Vale a pena ver até porque alguém pode ficar inspirado pela ideia e editar coisa parecida, mas com as piruetas de... Paulo Portas.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
That's all, folks
Este é o momento em que o novo presidente dos Estados Unidos acompanhou o ex-presidente dos Estados Unidos ao helicóptero que o levou dali para fora.
Os comentadores da CNN sublinharam o significado de Obama se despedir de Bush desta forma.
Eu acho que ele foi apenas certificar-se de que W. se ia mesmo embora. E foi.
Viragem
Para os mais cépticos, Barack Obama, na primeira pessoa, no discurso na cerimónia de posse:
"Somos também uma nação de muçulmanos e judeus"
"A política não se faz com mísseis e tanques"
"Somos também uma nação de muçulmanos e judeus"
"A política não se faz com mísseis e tanques"
Emoções básicas
É difícil não ficar arrepiado a ouvir Aretha Franklin a cantar uma música com letra de Martin Luther King. Na posse de Barack Obama!
A casa de banho da vergonha
Na União Europeia, a resolução dos problemas e impasses assenta muitas vezes em intricados compromissos que, por sua vez, acabam por gerar novos problemas para os quais se torna necessário magicar intricados compromissos. Noutras ocasiões, atira-se umas pazadas de dinheiro e tapa-se o problema.
No caso da já célebre escultura checa, encontrou-se uma solução com um bocadinho de cada uma das abordagens referidas: a obra fica exposta, mas tapa-se o seu elemento mais polémico, a Bulgária representada como uma latrina turca (é o pano preto, ligeiramente à direita de Portugal e abaixo da caixa de carão do IKEA que representa a Suécia).
No caso da já célebre escultura checa, encontrou-se uma solução com um bocadinho de cada uma das abordagens referidas: a obra fica exposta, mas tapa-se o seu elemento mais polémico, a Bulgária representada como uma latrina turca (é o pano preto, ligeiramente à direita de Portugal e abaixo da caixa de carão do IKEA que representa a Suécia).
O mundo a seus pés
Hoje é o Dia. Hoje é um dia histórico para todos os emigrantes, em qualquer parte do Mundo; para todos os que defendem a liberdade e a igualdade; para todos os africanos que tiveram trisavôs, bisavôs e avôs a amargar nos campos de algodão dos EUA; para todos os africanos que tiveram trisavôs, bisavôs, avôs, pais, tios e até irmãos que viveram décadas sem direitos, sem liberdades, sem oportunidades, a serem escravizados e com forte tendência para serem condenados apenas por causa da cor da pele; para todos os que acreditam que existe um "american dream; para todos os optimistas; para todos os humanistas. O mundo está em festa. Barack Obama merece-o.
Hoje os EUA prestam homenagem a Nelson Mandela, Amílcar Cabral, Patrice Lumumba, Agostinho Neto, Franz Fannon, Martin Luther King, Kenneth Kaunda, Jomo Kennyata, Eduardo Mondlane, Steven Biko, Julius Nyerere e tantos, tantos outros.
Nunca é demais repetir: a partir de hoje, um filho de um imgrante africano e de uma branca de classe média-baixa, sem heranças, sem ser rico, sem ter o apoio das grandes multinacionais torna-se presidente da maior potência mundial.
Hoje os EUA prestam homenagem a Nelson Mandela, Amílcar Cabral, Patrice Lumumba, Agostinho Neto, Franz Fannon, Martin Luther King, Kenneth Kaunda, Jomo Kennyata, Eduardo Mondlane, Steven Biko, Julius Nyerere e tantos, tantos outros.
Nunca é demais repetir: a partir de hoje, um filho de um imgrante africano e de uma branca de classe média-baixa, sem heranças, sem ser rico, sem ter o apoio das grandes multinacionais torna-se presidente da maior potência mundial.
O Mundial que antes de ser... já era? - 2
Teixeira dos Santos disse o que pensa sobre a candidatura portuguesa ao Mundial de 2018 sem ter falado com Sócrates sobre o assunto.
Um assunto que deve valer a pena continuar a acompanhar, tendo em conta que:
-o futebol tem o peso que se sabe em Portugal e quem se mete com os homens da bola, leva;
-Sócrates foi o grande impulsionador político da candidatura ao Euro-2004;
-o ministro das finanças é adepto ferrenho do FCP e o primeiro-ministro é vermelho;
-em ano de eleições uma boa dose de pão e circo vinha mesmo a calhar, mesmo que a coisa acabe por dar em nada;
-entre os motivos para Campos e Cunha ter recebido guia de marcha deste governo estão as críticas que fez aos projectos “faraónicos”, como o TGV, a OTA e os estádios do Euro-2004;
-com o apuramento para o Mundial de 2010 em risco, o ministro está a ameaçar a possibilidade de uma qualificação directa para 2018.
Ou pode realmente haver réstias de bom senso no país e o assunto morrer aqui, juntamente com a dita candidatura.
Um assunto que deve valer a pena continuar a acompanhar, tendo em conta que:
-o futebol tem o peso que se sabe em Portugal e quem se mete com os homens da bola, leva;
-Sócrates foi o grande impulsionador político da candidatura ao Euro-2004;
-o ministro das finanças é adepto ferrenho do FCP e o primeiro-ministro é vermelho;
-em ano de eleições uma boa dose de pão e circo vinha mesmo a calhar, mesmo que a coisa acabe por dar em nada;
-entre os motivos para Campos e Cunha ter recebido guia de marcha deste governo estão as críticas que fez aos projectos “faraónicos”, como o TGV, a OTA e os estádios do Euro-2004;
-com o apuramento para o Mundial de 2010 em risco, o ministro está a ameaçar a possibilidade de uma qualificação directa para 2018.
Ou pode realmente haver réstias de bom senso no país e o assunto morrer aqui, juntamente com a dita candidatura.
O Mundial que antes de ser... já era?
Eis o que o ministro das finanças acaba de dizer, em Bruxelas, sobre a candidatura luso-espanhola à organização do Mundial de 2018:
“Eu não penso que essa deva ser a prioridade, neste momento, do país. Acho que há muitas outras iniciativas que serão com certeza bem mais relevantes para o reforço da nossa competitividade do que organizar um campeonato mundial de futebol.”
E ainda:
“Esta é a minha opinião pessoal, desconheço qualquer discussão a nível do governo sobre esta matéria, esta é a minha opinião como ciadadão, também como ministro, devo dizê-lo que acho que não me parece que essa seja uma iniciativa que neste momento deva estar no topo das nossas preocupações.”
Conhece a opinião do PM?
“Nunca lhe falei sobre o assunto”.
“Eu não penso que essa deva ser a prioridade, neste momento, do país. Acho que há muitas outras iniciativas que serão com certeza bem mais relevantes para o reforço da nossa competitividade do que organizar um campeonato mundial de futebol.”
E ainda:
“Esta é a minha opinião pessoal, desconheço qualquer discussão a nível do governo sobre esta matéria, esta é a minha opinião como ciadadão, também como ministro, devo dizê-lo que acho que não me parece que essa seja uma iniciativa que neste momento deva estar no topo das nossas preocupações.”
Conhece a opinião do PM?
“Nunca lhe falei sobre o assunto”.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Somos testemunhas da História!!! - 4
Estamos em vésperas do grande dia em que o povo dos Estados Unidos e o Mundo esperam o melhor. Em Washington, mais de dois milhões de pessoas vão assistir à festa ao vivo. Pelo resto do mundo, a hora é de celebração, de expectativa, de esperança e de análise, como esta feita por Serge Halimi, no "Monde Diplomatique":
"Politicamente, o novo presidente tem as mãos livres. A paisagem de escombros que herda vai condenar os seus adversários políticos a uma certa contenção. A sua eleição, amplamente conseguida, beneficiou do entusiasmo das forças vivas da nação, e em particular dos jovens. Por fim, tal como é em grande medida sugerido pelos dossiês especiais, muitas vezes hagiográficos, que a imprensa do mundo inteiro está a dedicar a Obama, a esperança suscitada pela sua chegada à Casa Branca é imensa. Isso não se explica apenas pelo facto de o presidente dos Estados Unidos ser negro. De repente, a «marca América» está novamente de pé. Algumas decisões com forte dimensão simbólica relativas ao encerramento de Guantanamo e à proibição da tortura vão fortalecer esta impressão de se estar numa nova era. «Devemos ser igualmente diligentes a conformarmo-nos aos nossos valores e a proteger a nossa segurança», anunciou o novo presidente".
(...)
"Contudo, nem tudo se resume a um homem, mesmo que novo. Até porque a novidade é muito menos visível quando se examina as escolhas feitas por Obama para o seu gabinete. Se há uma ministra do Trabalho próxima dos sindicatos, Hilda Solis, que promete uma ruptura com as políticas anteriores, há também uma ministra dos Negócios Estrangeiros, Hillary Clinton, cujas orientações diplomáticas cortam menos com o passado, e um ministro da Defesa, Robert Gates, simplesmente herdado da administração Bush. Quanto à diversidade da equipa, não é seguramente de natureza sociológica. Entre as trinta e cinco primeiras nomeações de Obama contam-se vinte e dois diplomados por uma universidade de elite americana ou por um distinto colégio universitário britânico… Faz lembrar um pouco o regresso à «competência», aos «best and brightest» (os melhores e os mais brilhantes) da administração Kennedy-Johnson. A imodéstia que caracteriza este género de indivíduos condu-los por vezes a fazerem presunções sobre as suas forças e a tornarem-se os arquitectos de catástrofes planetárias, como se observou durante a Guerra do Vietname. Nos tempos que correm, a ameaça mais temível nos Estados Unidos é o atolamento «centrista» e não a audácia do «Yes, we can»."
"Politicamente, o novo presidente tem as mãos livres. A paisagem de escombros que herda vai condenar os seus adversários políticos a uma certa contenção. A sua eleição, amplamente conseguida, beneficiou do entusiasmo das forças vivas da nação, e em particular dos jovens. Por fim, tal como é em grande medida sugerido pelos dossiês especiais, muitas vezes hagiográficos, que a imprensa do mundo inteiro está a dedicar a Obama, a esperança suscitada pela sua chegada à Casa Branca é imensa. Isso não se explica apenas pelo facto de o presidente dos Estados Unidos ser negro. De repente, a «marca América» está novamente de pé. Algumas decisões com forte dimensão simbólica relativas ao encerramento de Guantanamo e à proibição da tortura vão fortalecer esta impressão de se estar numa nova era. «Devemos ser igualmente diligentes a conformarmo-nos aos nossos valores e a proteger a nossa segurança», anunciou o novo presidente".
(...)
"Contudo, nem tudo se resume a um homem, mesmo que novo. Até porque a novidade é muito menos visível quando se examina as escolhas feitas por Obama para o seu gabinete. Se há uma ministra do Trabalho próxima dos sindicatos, Hilda Solis, que promete uma ruptura com as políticas anteriores, há também uma ministra dos Negócios Estrangeiros, Hillary Clinton, cujas orientações diplomáticas cortam menos com o passado, e um ministro da Defesa, Robert Gates, simplesmente herdado da administração Bush. Quanto à diversidade da equipa, não é seguramente de natureza sociológica. Entre as trinta e cinco primeiras nomeações de Obama contam-se vinte e dois diplomados por uma universidade de elite americana ou por um distinto colégio universitário britânico… Faz lembrar um pouco o regresso à «competência», aos «best and brightest» (os melhores e os mais brilhantes) da administração Kennedy-Johnson. A imodéstia que caracteriza este género de indivíduos condu-los por vezes a fazerem presunções sobre as suas forças e a tornarem-se os arquitectos de catástrofes planetárias, como se observou durante a Guerra do Vietname. Nos tempos que correm, a ameaça mais temível nos Estados Unidos é o atolamento «centrista» e não a audácia do «Yes, we can»."
Portugal e Espanha candidatam-se ao Mundial de futebol de 2018 - 2
"Madaíl alerta para candidatura… inglesa"
Sem querer fazer do senhor Courtois nenhum oráculo, aqui fica o que ele disse sobre este tema, antes de Gilberto Madaíl ter abordado o assunto:
“Há um provérbio flamengo que diz que quando dois cães se batem por um osso é o terceiro que fica com ele. Eu estou na política do cão. O que eu quero dizer com isto é que estas candidaturas são fortes, pois nós somos a candidatura dos pequenos países, o que não nos incomoda, mas que significa que nós somos a terceira candidatura: poderá haver Portugal e Espanha, já há Inglaterra, e depois aparecemos nós. Por isso repito, quando dois cães se batem por um osso, é o terceiro cão que fica com ele.”
Sem querer fazer do senhor Courtois nenhum oráculo, aqui fica o que ele disse sobre este tema, antes de Gilberto Madaíl ter abordado o assunto:
“Há um provérbio flamengo que diz que quando dois cães se batem por um osso é o terceiro que fica com ele. Eu estou na política do cão. O que eu quero dizer com isto é que estas candidaturas são fortes, pois nós somos a candidatura dos pequenos países, o que não nos incomoda, mas que significa que nós somos a terceira candidatura: poderá haver Portugal e Espanha, já há Inglaterra, e depois aparecemos nós. Por isso repito, quando dois cães se batem por um osso, é o terceiro cão que fica com ele.”
Portugal e Espanha candidatam-se ao Mundial de futebol de 2018 - 1
Eu sei que ele é parte interessada e, enquanto tal, deve ser escutado com o devido desconto. Mas isto foi o que disse Alain Courtois, o responsável pela candidatura belgo-holandesa à organização do Mundial de 2018 (cuja preparação envolve do lado belga uma equipa de cinco pessoas desde meados de 2007):
“Qualquer um pode ser candidato, mas é preciso o apoio total do governo, neste caso, dos governos. Tenho ouvido muita coisa, ouvi o Presidente da República portuguesa ao princípio dizer que o país tem outras prioridades. Eu digo sempre que toda a gente pode falar, mas é só quando o presidente e o primeiro-ministro dizem ‘vamos a isso’ que um país ‘vai mesmo’”.
“Qualquer um pode ser candidato, mas é preciso o apoio total do governo, neste caso, dos governos. Tenho ouvido muita coisa, ouvi o Presidente da República portuguesa ao princípio dizer que o país tem outras prioridades. Eu digo sempre que toda a gente pode falar, mas é só quando o presidente e o primeiro-ministro dizem ‘vamos a isso’ que um país ‘vai mesmo’”.
domingo, 18 de janeiro de 2009
Dinastias
O CDS é um partido que tem um factor estranho. Deve ser dos genes. Reparem nos apelidos dos novos dirigentes: José Cruz Vilaça, Miguel Morais Leitão, Bernardo Pires de Lima, Leonardo Mathias, Miguel Roquete, Henrique Campos Cunha, Cecília Anacoreta Correia, Filipe Anacoreta Correia.
As grandes ausências
A verdadeira notícia do congresso do CDS: Ismael Pimentel não foi candidato a nada. E ninguém pôs a vista em cima de Luís Nobre Guedes, durante o fim-de-semana.
360º
O CDS transformou-se em CDS-PP, depois foi só PP, voltou a ser CDS-PP e agora é... CDS.
Os jovens, que já foram centristas e agora são populares, ainda não perceberam nada, por isso, mantêm o nome da organização: Juventude Popular.
Os jovens, que já foram centristas e agora são populares, ainda não perceberam nada, por isso, mantêm o nome da organização: Juventude Popular.
Pensamentos profundos democratas-cristãos
As frases mais ouvidas, as mais belas e as que servem de guia para se chegar à direcção de Paulo Portas:
1 - Não escondo a minha felicidade
2 - Temos um grande respeito pelo líder do partido
3 - Este é um grande congresso
4 - Saímos daqui mais fortes, mais unidos, mais moralizados (esta é usada em todos os congressos
5 - O CDS é um partido democrata-cristão (esta, às vezes, desaparece de um congresso para o outro)
6 - Estamos a organizar o nosso congresso
7 - O nosso adversário é o engenheiro José Sócrates
8 - José Sócrates e os seus jeovás (foi uma inovação, talvez influência dos policarpos que por aqui gravitam)
9 - Temos um grande respeito pelo líder do partido (é repetida por causa das dúvidas)
10 - Conte connosco, conte connosco, conte connosco
11 - Credibilidade, credibilidade, credibilidade (dita com voz falsete e com uma mão levantada a acenar dá direito a entrada directa no Conselho Nacional)
12 - ........................................................ (entrar mudo e sair calado dá entrada directa na comissão exectutiva)
13 - É um orgulho pertencer a este partido (já ouvi da boca de quem não está hoje filiado no CDS) 14 - Tirámos alguns do anomimato e agora voltaram para o anonimato (dirigido a quem saiu do partido, mas que pode servir de aviso às vedetas de hoje e pode ter um efeito de ricochete)
1 - Não escondo a minha felicidade
2 - Temos um grande respeito pelo líder do partido
3 - Este é um grande congresso
4 - Saímos daqui mais fortes, mais unidos, mais moralizados (esta é usada em todos os congressos
5 - O CDS é um partido democrata-cristão (esta, às vezes, desaparece de um congresso para o outro)
6 - Estamos a organizar o nosso congresso
7 - O nosso adversário é o engenheiro José Sócrates
8 - José Sócrates e os seus jeovás (foi uma inovação, talvez influência dos policarpos que por aqui gravitam)
9 - Temos um grande respeito pelo líder do partido (é repetida por causa das dúvidas)
10 - Conte connosco, conte connosco, conte connosco
11 - Credibilidade, credibilidade, credibilidade (dita com voz falsete e com uma mão levantada a acenar dá direito a entrada directa no Conselho Nacional)
12 - ........................................................ (entrar mudo e sair calado dá entrada directa na comissão exectutiva)
13 - É um orgulho pertencer a este partido (já ouvi da boca de quem não está hoje filiado no CDS) 14 - Tirámos alguns do anomimato e agora voltaram para o anonimato (dirigido a quem saiu do partido, mas que pode servir de aviso às vedetas de hoje e pode ter um efeito de ricochete)
Congresso assim dá um 31 dos diabos
Para se perceber o congresso do CDS, é preciso sentir as línguas mais venenosas da blogosfera. Se a comunicação social tivesse comentadores destes, em vez dos monolíticos de sempre, não haveria tanto zapping.
Ao nível da escola secundária
Já passa das 2.30 da manhã e os delegados ao congresso no CDS ainda votam. O presidente da mesa, Luís Queiró, farta-se de pedir para que os votantes não abandonem a sala enquanto votam.
Foram precisos quase 15 minutos para que os delegados compreendessem como votar, numa questão simples: a eleição directa para a liderança do partido continua nos estatutos; ou não. E depois, se essa eleição seria antes de um congresso; ou depois. Assuntos muito complicados para pouco mais de 500 delegados (os que ficaram na sala).
Foram precisos quase 15 minutos para que os delegados compreendessem como votar, numa questão simples: a eleição directa para a liderança do partido continua nos estatutos; ou não. E depois, se essa eleição seria antes de um congresso; ou depois. Assuntos muito complicados para pouco mais de 500 delegados (os que ficaram na sala).
Maior do que a própria vida
Paulo Portas quer entrar, à força, na História. Daí não teve dúvidas esta noite durante o congresso do CDS:
"Tenho orgulho de ter feito as maiores reformas do Ministério da Defesa do século XXI".
Será ilusão minha ou o século só tem nove anos?
"Tenho orgulho de ter feito as maiores reformas do Ministério da Defesa do século XXI".
Será ilusão minha ou o século só tem nove anos?
sábado, 17 de janeiro de 2009
Uma certa maneira de ser vermelho
O deputado do CDS, Pedro Mota Soares, subiu a tribuna do congresso nas Caldas para garantir que o CDS é o partido que defende "os mais desfavorecidos, os mais pobres e os excluídos da sociedade". Seguiram-se, de imediato, as intervenções do consultor jurídico e membro de vários órgãos executivos de empresas, António Lobo Xavier, e do presidente da Comissão Executiva da UNICER, António Pires de Lima.
Minutos depois, um outro congressista chamou "malandros" a todos aqueles que recebem o rendimento mínimo de inserção social.
Minutos depois, um outro congressista chamou "malandros" a todos aqueles que recebem o rendimento mínimo de inserção social.
A máquina do Ministério da Defesa avariou
A organização do congresso do CDS não distribui, para os jornalistas, a totalidade das seis moções porque "é um excesso de fotocópias".
Estranho, não?
Um dos congressistas, Filipe Anacoreta Correia, subscritor de uma moção subiu ao palco para pedir a José Sócrates que "aceite" as propostas do CDS "para afastar José Sócrates e o PS do poder".
Por cá, estou extremamente inquieto a aguardar a resposta de Sócrates. Aceitará o desafio?
Por isso é que o mesmo Filipe Anacoreta Correia explica que um congresso não serve apenas para se bater palmas. Já se percebeu: serve para se lançar propostas arrojadas.
Por cá, estou extremamente inquieto a aguardar a resposta de Sócrates. Aceitará o desafio?
Por isso é que o mesmo Filipe Anacoreta Correia explica que um congresso não serve apenas para se bater palmas. Já se percebeu: serve para se lançar propostas arrojadas.
Mini-festa do Avante nas Caldas
Comentário de uma delegada ao congresso do CDS, feito nos corredores do Centro Cultural das Caldas da Rainha:
"Eu só vim cá pelo convívio"
"Eu só vim cá pelo convívio"
Que partido mais estranho!
Discurso de Paulo Portas no congresso do CDS:
"Meus amigos e minhas amigas:
Lá fora e cá dentro estão milhares de agricultores (...). "Lá fora e aqui dentro estão centenas de antigos combatentes (...). Lá fora e aqui dentro estão dezenas de deficientes das forças armadas".
"Meus amigos e minhas amigas:
Lá fora e cá dentro estão milhares de agricultores (...). "Lá fora e aqui dentro estão centenas de antigos combatentes (...). Lá fora e aqui dentro estão dezenas de deficientes das forças armadas".
Só lhes falta tocar piano
O congresso do CDS mostrou um vídeo com uma saudação do PPE, em francês e sem legendas. Mas toda a gente percebeu quando o Joseph Daul disse "merci".
O CDS ainda é o que era
O congresso do CDS ainda não começou, apesar de estar marcado o início para as 10 horas. O presidente da mesa, Luís Queiró, já apelou aos congressistas para entrarem na sala. Mas o CDS não deixa a tradição por mãos alheias: nem metade dos delegados chegou às Caldas.
E Luís Queiró já vai no segundo apelo, recordando que a agenda é comprida. Mas começar, começar talvez lá para tarde.
E Luís Queiró já vai no segundo apelo, recordando que a agenda é comprida. Mas começar, começar talvez lá para tarde.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Foi você que pediu um Pinho?
A Comissão Europeia organizou hoje em Bruxelas uma reunião informal para discutir a situação do sector automóvel, na qual participaram ministros de vários Estados-Membros. De acordo com a agenda distribuída à imprensa, o encontro teria início às 10 da manhã e terminaria às 14:00.
Certamente para não perder pitada de uma discussão que tanto tem mobilizado o governo, Manuel Pinho achou melhor chegar a Bruxelas na quinta-feira à noite. Mas conseguiu entrar no edifício da Comissão já depois das 10:30 (contactada por um jornalista pouco antes das 10, a assessora de imprensa que o acompanhou desde Lisboa informou que o ministro estava a começar a tomar o pequeno-almoço nesse momento...) e sair do mesmo pelas 12:15, com a reunião ainda a decorrer.
A prova de que o governo leva a sério a forma como o sector está a ser afectado pela actual crise foi dada logo à entrada, quando o ministro reconheceu candidamente estar a leste da intenção da Peugeot de dispensar 400 trabalhadores da fábrica de Mangualde. À saída, tropeçou por acaso nos jornalistas que o esperavam apenas mais tarde, mas achou melhor não fazer declarações.
Tudo isto com viagem, hotel e ajudas de custo do ministro e da assessora pagos pelo dinheiro de todos nós.
O sol brilha na Casa Branca
Vinda directamente dos EUA, chegou à minha caixa de correio esta estória:
One sunny day in January, 2009 an old man approached the White House from Across Pennsylvania Avenue, where he'd been sitting on a park bench
He spoke to the U.S. Marine standing guard and said, "I would like to go in and meet with President Bush."
The Marine looked at the man and said, "Sir, Mr. Bush is no longer president and no longer resides here."
The old man said, "Okay", and walked away.
The following day, the same man approached the White House and said to the same Marine, "I would like to go in and meet with President Bush."
The Marine again told the man, "Sir, as I said yesterday, Mr. Bush is no longer president and no longer resides here."
The man thanked him and, again, just walked away.
The third day, the same man approached the White House and spoke to the very same U.S. Marine, saying "I would like to go in and meet with President Bush."
The Marine, understandably agitated at this point, looked at the man and said, "Sir, this is the third day in a row you have been here asking to speak to Mr. Bush. I've told you already that Mr. Bush is no longer the president and no longer resides here. Don't you understand?"
The old man looked at the Marine and said, "Oh, I understand. I just love hearing it."
The Marine snapped to attention, saluted, and said, "See you tomorrow, Sir".
O sol já brilha com outra intensidade na Casa Branca.
One sunny day in January, 2009 an old man approached the White House from Across Pennsylvania Avenue, where he'd been sitting on a park bench
He spoke to the U.S. Marine standing guard and said, "I would like to go in and meet with President Bush."
The Marine looked at the man and said, "Sir, Mr. Bush is no longer president and no longer resides here."
The old man said, "Okay", and walked away.
The following day, the same man approached the White House and said to the same Marine, "I would like to go in and meet with President Bush."
The Marine again told the man, "Sir, as I said yesterday, Mr. Bush is no longer president and no longer resides here."
The man thanked him and, again, just walked away.
The third day, the same man approached the White House and spoke to the very same U.S. Marine, saying "I would like to go in and meet with President Bush."
The Marine, understandably agitated at this point, looked at the man and said, "Sir, this is the third day in a row you have been here asking to speak to Mr. Bush. I've told you already that Mr. Bush is no longer the president and no longer resides here. Don't you understand?"
The old man looked at the Marine and said, "Oh, I understand. I just love hearing it."
The Marine snapped to attention, saluted, and said, "See you tomorrow, Sir".
O sol já brilha com outra intensidade na Casa Branca.
A importância da política de Defesa
A Assembleia da República discute hoje, com o ministro da Defesa, três leis que o ministro considera serem fundamentais para a estratégia de Defesa em Portugal. A mesma opinião têm os deputados de todas as bancadas. Não se percebe então as razões para a Assembleia estar a meio gás, mas ouve-se um barulho de fundo irritante: são as conversas paralelas que acontecem em todas as bancadas. Formam-se mesmo grupos em tertúlias. Alguns deputados já assinaram o livro do ponto e sairam da sala. O PSD começou o debate com 11 deputados, mas agora estão 20. O CDS tem quatro representantes. A bancada comunista está completa, mas à conversa. Do Bloco, estão cimco, mas três conversam. A bancada do PS nem tem metade dos deputados. E os que estão presentes conversam. Os dois parlamentares do partido "Os Verdes" já assinaram, estiveram na sala meia-hora e retiraram-se.
O entusiasmo, nas bancadas, é tanto que só falta mesmo assistirmos a uns jogos de cartas ou, quem sabe?, ao chinquilho.
O entusiasmo, nas bancadas, é tanto que só falta mesmo assistirmos a uns jogos de cartas ou, quem sabe?, ao chinquilho.
Somos testemunhas da História!!! - 3
O tipo já se despediu. Finalmente. Agora ficamos a aguardar a desclassificação dos documentos da CIA e de outras organizações dos Estados Unidos para sabermos, de ciência certa, o lugar dele na História. É pena só ser daqui a 30 anos.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Eu é que sou o verdadeiro contemporâneo
Cavaco Silva, ontem, em declarações aos jornalistas:
"Não tenho vocação para a intriga político-partidária"
Ninguém se riu, os jornalistas foram uns estóicos!
"Não tenho vocação para a intriga político-partidária"
Ninguém se riu, os jornalistas foram uns estóicos!
Homenagem a D. José Policarpo
A última vez que alguém, na Europa, teve o mesmo pensamento que o cardeal-patriarca de Lisboa deu nisto: juntos, juntos, só no cemitério.
Quando andei em reportagens pela guerra da Bósnia escrevi isto que agora dedico aos josés policarpos desta vida:
Três miúdos, entre os seis e os dez anos, fazem um “slalom” num dos jardins principais do centro de Sarajevo. Montados em trenós, fintam uma campa e outra e mais outra, deslizando sempre sobre a neve espessa e alta até chegarem à beira da estrada. Fazem autênticas razias sobre os pequenos montes com cruzes ou pedaços de madeira que prestam homenagem aos mortos. Sob a neve e debaixo da terra repousam meros cadáveres. Em vida, eram crentes muçulmanos, ortodoxos, católicos. A guerra dividiu-os, a morte juntou-os. Já não cabiam nos cemitérios - o maior da cidade já apresenta a lotação esgotada e até as imediações do estádio olímpico, que acolheu os Jogos de Inverno, em 1980, foram ocupadas. Não resta outra solução do que começar a enterrar os mortos nos jardins da cidade. Ou em qualquer espaço livre que estiver mais perto.
A foto é do maior cemitério de Sarajevo. Chegou a ser tão grande que foi obrigado a ocupar o estádio da cidade, campos de futebol incluídos.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Afinal, os bifes eram checos
A presidência checa da União encomendou a um artista local uma instalação que incluísse contributos de artistas de todos os países do clube europeu.
Ao que parece, David Cerny não esteve para se chatear e, em vez de arranjar 27 trabalhos de 27 artistas, fez ele próprio a maior parte das obras e até inventou alguns artistas, como parece ser o caso da portuguesa Carla de Miranda. Com direito a currículo imaginário e declarações sonhadas.
Embaraçada, a presidência checa sacode a água do capote e promete para breve anunciar o destino da instalação que ornamenta a entrada do edifício do Conselho de Ministros, em Bruxelas.
A presidência checa soma e segue. Esperava-se controvérsia, mas não tanta, nem em tão pouco tempo (recorde-se que ao nível político as coisas também não começaram bem, com Praga a começar por classificar, em nome dos 27, o ataque israelita a Gaza como “uma acção mais defensiva do que ofensiva”, para depois se retractar).
É mais uma história curiosa que Cerny até já conta/explica no seu site, onde também denuncia um compatriota seu, galerista, que alegadamente lhe deve dinheiro. Tudo gente fina. A menos que seja tudo arte.
Marujo ao mar!
O rapaz queria andar de barquinho e tinha que tirar a carta de marinheiro - talvez para passar debaixo da sua Lusoponte. Não contava é que desse raia e andasse hoje nas bocas do mundo!
Este ao menos não está no Conselho de Estado!
Este ao menos não está no Conselho de Estado!
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
As habilidades de Manuel Pinho
Manuel Pinho continua a fazer das suas.
Antes da reunião extraordinária que juntou hoje em Bruxelas os responsáveis europeus pela energia, vários especialistas portugueses começaram a divulgar a tese de que Portugal pode vir a ser uma alternativa à Rússia e à Ucrânia no abastecimento de gás à Europa.
O assunto nem sequer estava na agenda do encontro, mas Manuel Pinho ao chegar a Bruxelas não se desmanchou e explicou como é que Portugal iria contribuir para salvar a Europa.
No final, quando os jornalistas quiseram saber junto do ministro mais pormenores sobre a dita apresentação, teve lugar este diálogo:
Jornalista: Chegou a mencionar isso?
Manuel Pinho: Absolutamente, nas minhas discussões com o Conselho.
Jornalista: E quais foram as reacções do Conselho?
Manuel Pinho: Não sabemos, estavamos muito preocupados era com estas questões de curto prazo (do conflito russo-ucraniano) e muito boa tarde para todos.
O ministro deu meia volta e meteu-se no carro que o levou dali para fora.
Um desempenho a fazer lembrar um episódio ocorrido em Junho do ano passado quando, depois de exigir que os 27 incluíssem na agenda uma discussão sobre o aumento do preço do petróleo (e divulgar profusamente essa iniciativa junto da comunicação social portuguesa), Manuel Pinho abandonou a reunião antes de o assunto chegar a ser discutido.
Bife à portuguesa - até os comemos?
Cada vez que um país assume a presidência da União Europeia, ganha o direito de 'decorar' o edifício do Conselho de Ministros dos 27, em Bruxelas, a seu gosto.
No segundo semestre de 2007, Portugal apresentou algumas peças de Joana Vasconcelos. A República Checa decidiu exibir um 'puzzle', com 27 obras de outros tantos artistas, de outros tantos Estados-Membros da União, tendo como ponto de partida os preconceitos e estereótipos sobre cada país.
A Entropa pretende, segundo os organizadores, mostrar que “os estereótipos são barreiras que devem ser demolidas”.
O contributo nacional ficou a cargo de Carla de Miranda (de qem nunca ouvi falar e sobre quem não encontrei qualquer referência na net): Portugal é uma tábua com vários bifes suculentos em cima. Se repararmos mais atentamente, cada bife tem a forma de uma ex-colónia. Até os comemos? Explica a artista no catálogo: “Não gosto de gordura e não gosto do colonialismo. (…) Quais foram as experiências dos colonizados e dos colonizadores?”.
Estranho? Chocante? Interessante? Desadequado? Brilhante? Estúpido? Provocador?
Podia ser pior: a Bulgária é apresentada como uma casa de banho turca.
É o maiore!
Homem dos mil ofícios, Armando Vara é um homem ....mágico! Caído em desgraça no tempo de Guterres, voltou à mó de cima através de um programa ocupacional muito especial -certamente arranjado pelo Instituto de Emprego e Formação profissional - que permitiu ganhar o subsídio de reinserção como administrador da CGD. Noticia hoje o Público que, além dos seus dotes mágicos, também tem o dom da ubiquidade: o nosso menino conseguiu ser promovido na Caixa depois de ter saído para a administração do BCP.
É mesmo o maiore!
sábado, 10 de janeiro de 2009
Pragmatismo
Pragmático, versátil, com uma tremeda capacidade física para desdobrar e rodopiar, sem perder a compostura e o sorriso, imparável apesar de todos os obstáculos que enfrenta pelo caminho, eis José Sócrates numa versão única e divertida.
Afinal isto já é antigo
Apesar de o Presidente Cavaco Silva ter afirmado que "não desistiu de ter duas eleições em simultâneo este ano" o porta-voz da maioria, Vitalino Canas, rejeitou a possibilidade de as eleições legislativas e autárquicas se realizarem no mesmo dia, o Correio Preto pensava que isto não era medo ... até ter acesso à imagem do dia em que realizaram no mesmo dia duas trocas de roupa de cama no infantário do pequeno vita!
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Ai se a moda pega...
José Sócrates foi hoje questionado, em plena sessão de propaganda desta vez dedicada ao apoio a jovens artistas, por uma música. Nervosa, Paula Azguime, flautista, perguntou, alto e bom som, que apoios tinham os outros artistas, os mais velhos. As filas traseiras aplaudiram. As da frente, enxameadas de assessores, consultores e directores, engoliram em seco. Sócrates respondeu que estava a dar "o primeiro passo" no apoio a cultura.
Ah... mas se a moda pega! Já imagino nas iniciativas da apresentação do "magalhães", na entrega de diplomas das "novas oportunidades", na apresentação de barragens e obras públicas, alguém a saltar da assistência, recordando ao primeiro-ministro o que falta fazer! Mais umas duas ou três como esta e acaba a propaganda!
Ah... mas se a moda pega! Já imagino nas iniciativas da apresentação do "magalhães", na entrega de diplomas das "novas oportunidades", na apresentação de barragens e obras públicas, alguém a saltar da assistência, recordando ao primeiro-ministro o que falta fazer! Mais umas duas ou três como esta e acaba a propaganda!
O seu a seu dono
Segundo o "Público" de hoje, o "Portátil Magalhães faz disparar facturação da JP Sá Couto para os 600 milhões de euros este ano".
Tendo em conta que, deste montante (o triplo de 2008), "dois terços serão graças ao Magalhães, que vai ser exportado para vários países" o mínimo sentido de justiça mandaria a empresa em causa recompensar devidamente o principal responsável por este êxito além fronteiras.
Tendo em conta que, deste montante (o triplo de 2008), "dois terços serão graças ao Magalhães, que vai ser exportado para vários países" o mínimo sentido de justiça mandaria a empresa em causa recompensar devidamente o principal responsável por este êxito além fronteiras.
O regresso das meninas
São venenosas na quantidade certa, atentas a tudo o que as rodeia, elegantes quando falam nas suas embirrações, andaram pela blogosfera, mas resolveram fechar a porta e agora regressam com os seus lavores. Imperdíveis e, tal como o Correio Preto, vão contar (quase) tudo o que sabem, ouvem e vêem. Bem vindas, portanto.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Humor britânico
Tony Blair, que foi primeiro-ministro do Reino Unido durante 10 anos e que muito se esforçou para fazer do seu país um verdadeiro farol e um dos principais beneficiários do sistema económico vigente, anda agora a apregoar a necessidade de se moralizar o dito sistema financeiro internacional. Duas tiradas suas, no colóquio “Novo Mundo, Novo Capitalismo”, a decorrer em Paris até amanhã:
“Se queremos manter o nosso mundo económico aberto e não cair num proteccionismo fácil, devemos torná-lo mais justo”.
“Para que o sistema financeiro um dia se restabeleça, temos que poder voltar a ter confiança nele. Para reencontrar essa confiança, todo o sistema deve ser ancorado noutros valores além do lucro máximo a curto prazo. Deve tratar-se de mais qualquer coisa, além da simples especulação”.
Ah, é verdade. Blair é igualmente o enviado especial do Quarteto para o Médio Oriente. A sua acção tem sido tão eficaz que, apesar do que por lá se passa nestes dias, não parece que alguém tenha dado pela sua falta.
“Se queremos manter o nosso mundo económico aberto e não cair num proteccionismo fácil, devemos torná-lo mais justo”.
“Para que o sistema financeiro um dia se restabeleça, temos que poder voltar a ter confiança nele. Para reencontrar essa confiança, todo o sistema deve ser ancorado noutros valores além do lucro máximo a curto prazo. Deve tratar-se de mais qualquer coisa, além da simples especulação”.
Ah, é verdade. Blair é igualmente o enviado especial do Quarteto para o Médio Oriente. A sua acção tem sido tão eficaz que, apesar do que por lá se passa nestes dias, não parece que alguém tenha dado pela sua falta.
A imaginação no poder
Depois de ter “desviado” vários socialistas para cargos importantes (como Dominique Strauss-Kahn no FMI) e de ter integrado outros no seu governo (como Barnard Kouchner, à frente dos negócios estrangeiros) e partido (Eric Besson, ex-secretário nacional do PS e actualmente secretário de estado pode brevemente ser promovido a ministro e a secretário-geral adjunto da UMP), Nicolas Sarkozy mostra que, além das personagens, também não tem problemas em apropriar-se dos slogans da esquerda.
Começou hoje e termina amanhã em Paris um colóquio patrocinado pelo presidente francês destinado a discutir a “refundação do capitalismo” e que se chama “Novo Mundo, Novo Capitalismo”. A fazer lembrar o “Outro Mundo é Possível”, tão caro aos movimentos anti-globalização.
Começou hoje e termina amanhã em Paris um colóquio patrocinado pelo presidente francês destinado a discutir a “refundação do capitalismo” e que se chama “Novo Mundo, Novo Capitalismo”. A fazer lembrar o “Outro Mundo é Possível”, tão caro aos movimentos anti-globalização.
Quatro décadas volvidas sobre o Maio de 68, a imaginação chegou mesmo ao poder.
A vergonha
O PS conseguiu vencer a batalha no Parlamento, garantindo que a avaliação dos professores não fosse suspensa. Para isso, contou com uma preciosa ajuda de... Manuel Alegre. Pois, o deputado votou ao lado da oposição, mas assegurou que, pelo menos, uma parlamentar do seu pequeno grupo votasse de outra forma para que o Partido Socialista não fosse prejudicado.
Mesmo assim, não se livrou - ele e as outras quatro deputadas - de ouvir este mimo de Augusto Santos Silva:
"A minha opinião dirige-se a todas e todos deputadas que manifestaram a sua opinião. Limito-me a constatar como particularmente reveladora de que o que estava menos em causa aqui era avaliação dos professores que os deputados que o fizeram não hesitaram em votar a favor de um projecto de lei (dos partidos da oposição) que a ser aprovado constituia uma vergonha para o parlamento democrático português".
A votação ficou assim: 114 contra a suspensão, 113 a favor e uma... abstenção. A amiga, nesta caso, foi Matilde Sousa Franco que optou pela abstenção.
Mesmo assim, não se livrou - ele e as outras quatro deputadas - de ouvir este mimo de Augusto Santos Silva:
"A minha opinião dirige-se a todas e todos deputadas que manifestaram a sua opinião. Limito-me a constatar como particularmente reveladora de que o que estava menos em causa aqui era avaliação dos professores que os deputados que o fizeram não hesitaram em votar a favor de um projecto de lei (dos partidos da oposição) que a ser aprovado constituia uma vergonha para o parlamento democrático português".
A votação ficou assim: 114 contra a suspensão, 113 a favor e uma... abstenção. A amiga, nesta caso, foi Matilde Sousa Franco que optou pela abstenção.
Candura de uma ministra
Como o Governo já percebeu que a gripe e o respectivo vírus dão tempos de antena, há que aproveitá-lo. Por isso, Ana Jorge, a ministra da Saúde, foi hoje à conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros repetir o que disse ontem, o que declarou a semana passada e o que anda a aconselhar há mais de duas semanas.
Entre as declarações de hoje, saiu esta pérola:
"O vírus gosta do frio".
É como as abelhas, no olhar dos meninos da primária, também gostam das flores para fazer o mel.
Entre as declarações de hoje, saiu esta pérola:
"O vírus gosta do frio".
É como as abelhas, no olhar dos meninos da primária, também gostam das flores para fazer o mel.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Para bom entendedor
Na apresentação do curso de MBA, das universidades Nova e Católica com o apoio do MIT, António Rendas, reitor da Universidade Nova, resolveu citar um longo texto de Charles Darwin e um curtíssimo de Almada Negreiros.
Na primeira fila, estava sentado José Sócrates, impecavelmente vestido com o seu fato cinzento. Nas filas de trás, os também enfatuados António Mexia, Fernando Nogueira, João de Mello, Fernando Ulrich, Ricardo Salgado e António Costa.
António Rendas "puxou" então por Almada Negreiros:
"Isto de ser moderno é como ser elegante. Não é o bem vestir, mas uma maneira de ser"
Na sala, nem se viu um sorriso, por mais tímido que fosse.
Na primeira fila, estava sentado José Sócrates, impecavelmente vestido com o seu fato cinzento. Nas filas de trás, os também enfatuados António Mexia, Fernando Nogueira, João de Mello, Fernando Ulrich, Ricardo Salgado e António Costa.
António Rendas "puxou" então por Almada Negreiros:
"Isto de ser moderno é como ser elegante. Não é o bem vestir, mas uma maneira de ser"
Na sala, nem se viu um sorriso, por mais tímido que fosse.
O melhor da diplomacia - 2
Oportunamente, os ministros dos negócios estrangeiros dos 27 realizam uma reunião informal, amanhã, em Praga.
Da agenda fazem parte vários temas quentes da actualidade: a situação no Médio Oriente, a segurança energética (com a guerra russo-ucraniana em torno do gás ao rubro), e as relações com os EUA (a dias de Obama tomar posse e uma primeira ocasião para Portugal defender a sua proposta de acolher detidos de Guantánamo em países europeus).
Estranhamente, em vez de Luís Amado, Portugal estará representado pela secretária de estado dos assunto europeus, Teresa Ribeiro (quem?).
Da agenda fazem parte vários temas quentes da actualidade: a situação no Médio Oriente, a segurança energética (com a guerra russo-ucraniana em torno do gás ao rubro), e as relações com os EUA (a dias de Obama tomar posse e uma primeira ocasião para Portugal defender a sua proposta de acolher detidos de Guantánamo em países europeus).
Estranhamente, em vez de Luís Amado, Portugal estará representado pela secretária de estado dos assunto europeus, Teresa Ribeiro (quem?).
De Portugal ao Médio Oriente, Sócrates não falha uma
Não é só em relação à economia portuguesa que as previsões e promessas de Sócrates aterram, digamos assim… um pouco ao lado da realidade.
Isto foi o que o primeiro-ministro disse sobre a reunião que o Quarteto para o Médio Oriente (que junta EUA, Rússia, ONU e UE) realizou Lisboa, sob os auspícios da presidência portuguesa da União, no dia 19 de Julho de 2007:
“Marca, de facto, de certa forma, o relançamento do processo de paz no Médio Oriente. Marca também o momento antes e depois para o Médio Oriente”.
Claro que Sócrates pode sempre dizer, tal como em relação à crise, que ninguém podia prever que isto ia ser assim (que o digam os tipos de Gaza).
Mas a crítica só se aplica à primeira frase, pois em relação à segunda Sócrates acertou em cheio: tal como em tudo na vida, há sempre um momento antes e um depois (até quando se diz um disparate, há um momento antes e um depois) , tal como houve um antes e haverá um depois de Sócrates.
Isto foi o que o primeiro-ministro disse sobre a reunião que o Quarteto para o Médio Oriente (que junta EUA, Rússia, ONU e UE) realizou Lisboa, sob os auspícios da presidência portuguesa da União, no dia 19 de Julho de 2007:
“Marca, de facto, de certa forma, o relançamento do processo de paz no Médio Oriente. Marca também o momento antes e depois para o Médio Oriente”.
Claro que Sócrates pode sempre dizer, tal como em relação à crise, que ninguém podia prever que isto ia ser assim (que o digam os tipos de Gaza).
Mas a crítica só se aplica à primeira frase, pois em relação à segunda Sócrates acertou em cheio: tal como em tudo na vida, há sempre um momento antes e um depois (até quando se diz um disparate, há um momento antes e um depois) , tal como houve um antes e haverá um depois de Sócrates.
Nostraconstâncio
"Este ano e o próximo não serão fáceis para os portugueses", afirmou ontem o governador do Banco de Portugal.
A sério? Obrigado pelo aviso atempado!
A sério? Obrigado pelo aviso atempado!
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Uma frase que resume toda uma entrevista
José Sócrates, ontem à noite, na entrevista à SIC:
"Oh, Ricardo Costa, está a escrever um editorial ou a fazer uma pergunta?"
A frase e o contexto deveriam integrar todos os programas de ensino de jornalismo. Na parte dos géneros.
"Oh, Ricardo Costa, está a escrever um editorial ou a fazer uma pergunta?"
A frase e o contexto deveriam integrar todos os programas de ensino de jornalismo. Na parte dos géneros.
Um bocadinho menos...sff!
Já foi! A entrevista do primeiro ministro foi anunciada com pompa e circunstância pela SIC e daí ter sido transmitida em simultâneo pela SIC generalista e pelo canal de noticias - não percebo muito bem porquê, afinal uma pessoa que tenha SIC Noticias não têm o 3º canal? - mas ok nestas coisas o excesso é comum quando toca ao nosso primeiro. Agora a RTP N estar a transmitir a entrevista de Sócrates com um comentador a acompanhar como se estivesse a fazer um relato, parece-me excessivo até para a RTP.
De Gaza ao gás, a Europa no seu melhor
O colorido da capacidade de intervenção externa da União Europeia ficou bem patente com a esquizofrenia demonstrada em relação à guerra em Gaza, descrita aqui.
A crise do gás entre russos e ucranianos está a dar aos europeus outra grande oportunidade para serem levados a sério a nível internacional.
Ontem, a Comissão Europeia dizia que a disputa entre os dois países era “puramente comercial”, que não iria mediar um problema que devia ser resolvido entre as duas partes e que os consumidores europeus podiam estar descansados, pois os aprovisionamentos em gás eram suficientes “para várias semanas”.
Hoje, Bruxelas diz que a situação é “totalmente inaceitável”, que o fornecimento a alguns países “diminuiu substancialmente” (a Bulgária diz que tem reservas apenas para uma semana) e que uma delegação europeia composta pela presidência checa e pela Comissão esteve ontem em Kiev e reúne hoje em Berlim com representantes da Gazprom para “prosseguir o diálogo com as duas partes para que cheguem a acordo imediatamente” (o dicionário da Porto Editora define 'mediação' como “interferência de um terceiro no sentido de levar duas pessoas a concluir determinado negócio”).
Vista de Telavive ou de Moscovo, a Europa até deve ter uma certa piada.
Diferenças de estatura
Quando, no passado mês de Dezembro, Sarkozy foi a Londres reunir com Brown para discutir a resposta europeia à crise mundial, houve dois factos que suscitaram críticas: a ausência ostensiva de Merkel e a presença alegre e algo incompreensível de Barroso (o presidente da Comissão Europeia costuma ser convidado para estes encontros em 'petit comité' para justificar a ausência de convites aos demais países da União, pois a CE supostamente representa o “interesse geral”).
Esta semana, Sarkozy organiza em Paris um “colóquio” internacional de alto nível (baptizado com o curioso título "Novo Mundo, Novo Capitalismo") para discutir a crise, com a presença de muitos líderes mundiais e especialistas de renome, entre os quais vários prémios Nobel. Dois factos chamam a atenção neste encontro co-presidido por Tony Blair: o convite de última hora dirigido a Merkel, que estará presente, e a ausência de Barroso entre os convidados (aspecto de que, pelo menos até agora, ninguém se queixou).
Os homens e as mulheres não se medem aos palmos, mas os políticos sim. E de que maneira.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Nada muda, como se pode verificar pelas notícias de Janeiro de 2019
O primeiro-ministro António José Seguro dá hoje uma entrevista a um canal de televisão, em que poderá anunciar que medidas vai tomar para combater a crise financeira e a recente subida do petróleo. Na entrevista, Seguro deverá ainda reagir à mensagem de Ano Novo do Presidente da República, José Sócrates. "Mais optimismo, mais apoio a empresas e a criação de mais computadores" foram as sugestões deixadas por Sócrates para combater o pessimismo dos portugueses, o mais elevado da Europa dos 40.
A mensagem do PR mereceu o repúdio de toda a oposição. A líder do PSD, Leonor Beleza, disse que esperava mais; o secretário-geral do PCP, Bernardino Soares, exigiu "uma nova política" em Belém e em São Bento; o presidente do CDS, Paulo Portas, recentemente reeleito, admitiu que Sócrates foi brando; e a líder do Bloco de Esquerda, Ana Drago, critica Sócrates por ter ignorado as minorias.
O Futebol Clube do Porto recuperou ontem o primeiro lugar na Liga Magalhães e abre a possibilidade de se sagrar pela 15ª vez campeão nacional, só neste século.
Israel voltou a atacar ontem a Faixa de Gaza. Foram mortas mais de 500 pessoas, metade da população daquele território. Todos os líderes mundiais, incluíndo a presidente dos EUA, Michelle Obama, pediram um cessar-fogo imediato.
A leitura do processo Casa Pia deverá ser feita esta semana.
O tribunal de Torres Vedras aceitou que "Esmeralda" casasse duas vezes para permitir que os dois pais, o biológico e adoptivo, pudessem estar presentes em cada uma das cerimónias.
O "Diário Económico" revela, na edição de hoje, que o "Governo vai criar mais 150 mil postos de trabalho" e que António José Seguro tem "feito a economia portuguesa crescer num ritmo elevado".
Contra qualquer tipo de avaliação, o Sindicato dos Professores anunciou, para este mês, uma manifestação nacional.
A filha do antigo presidente de Angola, Ana Paula Santos, comunicou hoje que comprou a GALP e a Caixa Geral de Depósitos, detendo, com outros parceiros angolanos, a maioria das grandes empresas portuguesas.
A mensagem do PR mereceu o repúdio de toda a oposição. A líder do PSD, Leonor Beleza, disse que esperava mais; o secretário-geral do PCP, Bernardino Soares, exigiu "uma nova política" em Belém e em São Bento; o presidente do CDS, Paulo Portas, recentemente reeleito, admitiu que Sócrates foi brando; e a líder do Bloco de Esquerda, Ana Drago, critica Sócrates por ter ignorado as minorias.
O Futebol Clube do Porto recuperou ontem o primeiro lugar na Liga Magalhães e abre a possibilidade de se sagrar pela 15ª vez campeão nacional, só neste século.
Israel voltou a atacar ontem a Faixa de Gaza. Foram mortas mais de 500 pessoas, metade da população daquele território. Todos os líderes mundiais, incluíndo a presidente dos EUA, Michelle Obama, pediram um cessar-fogo imediato.
A leitura do processo Casa Pia deverá ser feita esta semana.
O tribunal de Torres Vedras aceitou que "Esmeralda" casasse duas vezes para permitir que os dois pais, o biológico e adoptivo, pudessem estar presentes em cada uma das cerimónias.
O "Diário Económico" revela, na edição de hoje, que o "Governo vai criar mais 150 mil postos de trabalho" e que António José Seguro tem "feito a economia portuguesa crescer num ritmo elevado".
Contra qualquer tipo de avaliação, o Sindicato dos Professores anunciou, para este mês, uma manifestação nacional.
A filha do antigo presidente de Angola, Ana Paula Santos, comunicou hoje que comprou a GALP e a Caixa Geral de Depósitos, detendo, com outros parceiros angolanos, a maioria das grandes empresas portuguesas.
Europa unida jamais será entendida
O ministro dos Negócios Estrangeiros da República Checa, Karel Schwarzenberg, que preside à União Europeia, garante ter um plano para obter um cessar-fogo imediato em Gaza e vai apresentá-lo num périplo pelo Médio Oriente. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que já não preside à União Europeia, marcou uma série de encontros pelos países do Médio Oriente, à parte do checo e começou por tomar o pequeno almoço com o seu homólogo do Egipto. Javier Solana agendou também uma ronda negocial pelos países árabes. Tony Blair, que já não tem funções executivas, anda por lá a desenvolver contactos.
Cada um tem um plano, uma agenda e muitas conferências de imprensa para dar.
Cada um tem um plano, uma agenda e muitas conferências de imprensa para dar.
O melhor da diplomacia
Luís Amado hoje em declarações aos jornalistas sobre a guerra na Faixa de Gaza:
"Vai haver um cessar-fogo mais tarde ou mais cedo".
Tem razão o ministro português dos Negócios Estrangeiros. Até pode haver o cessar-fogo daqui a uns cinco anos. Ou mesmo quando não sobrar ninguém vivo em Gaza.
"Vai haver um cessar-fogo mais tarde ou mais cedo".
Tem razão o ministro português dos Negócios Estrangeiros. Até pode haver o cessar-fogo daqui a uns cinco anos. Ou mesmo quando não sobrar ninguém vivo em Gaza.
Quiosque em casa
Um quiosque muito útil: um único toque dá acesso às manchetes de todos o jornais e revistas que se publicam em Portugal.
domingo, 4 de janeiro de 2009
Facadas jornalísticas
Em duas páginas da edição deste domingo do Diário de Notícias, três títulos para a posteridade:
“Esfaqueou a família e entregou-se na esquadra descalço e em cuecas”
“Mulher agredida em assalto por homem com faca”
“Percorreu 150 quilómetros com uma faca espetada no pescoço”
São os chamados títulos à facada, ou outra forma de contar a estória de alguém que, um dia, esfaqueou a família (incluindo a mulher), despiu-se, espetou a faca algures entre a própria traqueia e o esófago e ainda teve que percorrer 150 kms até chegar à esquadra mais próxima…
“Esfaqueou a família e entregou-se na esquadra descalço e em cuecas”
“Mulher agredida em assalto por homem com faca”
“Percorreu 150 quilómetros com uma faca espetada no pescoço”
São os chamados títulos à facada, ou outra forma de contar a estória de alguém que, um dia, esfaqueou a família (incluindo a mulher), despiu-se, espetou a faca algures entre a própria traqueia e o esófago e ainda teve que percorrer 150 kms até chegar à esquadra mais próxima…
Dúvida
Alguém sabe o que é que o homem que ia/vai salvar o mundo pensa sobre o que se está a passar em Gaza?
sábado, 3 de janeiro de 2009
Ravel nas favelas
A Orquestra Juvenil Simon Bolívar foi criada por iniciativa de Hugo Chávez. O conceito é simples: colocar jovens a tocar música, todo o tipo de música. O recrutamento da orquestra é feito nos bairros pobres de Caracas e obedece a um esquema também simples. Cada jovem pode aparecer tocando o que sabe: viola, guitarra, latas, instrumentos tradicionais, o que for. Depois é dado a cada um deles a formação musical completamente gratuita. Os melhores são integrados na Orquestra que até participa em festivais internacionais, de Viena a Toronto.
Há também o recrutamento feito pelos próprios jovens músicos que estudam na orquestra. Vão aos bairros pobres em busca de talentos ou simplesmente desafiando outros jovens e miúdos a integrar a escola.
Os instrumentos, de violoncelo à harpa, passando pelo violino e saxofone, são grátis. Ninguém paga um único instrumento musical! É assim que a Orquestra é formada por jovens brancos, índios, negros, mestiços que reflectem a sociedade venezuelana. É emocionante ouvi-los tocar. Pela própria emoção, dedicação e entusiasmo que transmitem. Por exemplo, como neste concerto transmitido pela BBC: orgulhosos das suas origens, os jovens vestidos com as cores da bandeira da Venezuela. E reparem na alegria e na força do maestro Gustavo Dudamel (nas fotos).
Em cada concerto, além dos clássicos, como Ravel, Handel, Mozart e outros, a Orquestra Símon Bolívar faz questão de apresentar as obras de compositores latino-americanos, como o argentino Alberto Ginastera ou o mexicano Arturo Marquez.
O fundador José António Abreu explicou recentemente no canal Mezzo que houve uma ideia a presidir a criação da Orquestra:
"Vencer a pobreza material com a riqueza espiritual"
Também ao canal Mezzo, Gustavo Dudamel confessava ter o sonho de "pôr todos os jovens venezuelanos a tocar música" enquanto o director da Orquestra de Berlim concluía:
"Esta é escola de música mais extraordinára que alguma vez vi na vida. Se alguém quiser saber o que realmente se passa no mundo da música tem de vir à Venezuela".
Por Portugal, terra em que o ensino da música é um verdadeiro luxo destinado a uns poucos, já andou um dos músicos venezuelanos a tentar introduzir o mesmo conceito de criar uma orquestra a partir de gente que vive nos bairros mais pobres. Mas desconfio que falta o interesse e vontade.
Adenda: Fiquei a saber que a Orquestra Juvenil Simon Bolívar vai estar no Coliseu, de Lisboa, dia 25 de Abril. A não perder!
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