quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Vale tudo

A manchete do DN de hoje é a verdadeira prova de que, se quisermos, 2+2 pode mesmo ser igual a 5.

Parte das considerações que o assunto merece pode ser substituída pela transcrição de algumas passagens do desmentido entretanto feito pela delegação da Comissão Europeia em Lisboa.

Publicou o Diário de Notícias na sua edição de hoje (23 de Setembro) uma noticia intitulada "Equipa da UE vem fiscalizar orçamento antes de ser apresentado", com destaque na primeira página.
Gostaríamos de chamar a atenção para o facto de que esta informação não corresponde à realidade.
De facto, o Comissário Janusz Lewandoski estará em Portugal entre os dias 12 e 15 de Outubro no âmbito de uma tour de capital (à semelhança do que aconteceu recentemente com a Lituânia e a França) para discutir as perspectivas financeiras da União Europeia pós-2013, e não o orçamento português, porque não são essas as suas competências.
Esta visita em nada está relacionada com o chamado "Semestre Europeu".
No quadro da repartição interna de competências no colégio de comissários, a análise dos orçamentos nacionais dos Estados-membros compete ao Comissário europeu para os assuntos económicos e monetários, Olli Rehn.
Todas estas informações e explicações foram dadas por mim própria ontem ao telefone ao jornalista HFC.
Daí estranharmos que o DN tenha publicado a informação de partida do jornalista e não tenha tido em conta as informações fornecidas.

E termina:

Esperamos poder contar com a continuação do interesse e disponibilidade do jornal às iniciativas da Comissão Europeia e à promoção do debate sobre os assuntos europeus junto dos seus leitores.

O que prova que até os eurocratas têm sentido de humor.

A estória tem por base informação facultada por “fontes parlamentares”, soma alguns factos (vai passar a haver um visto prévio europeu aos orçamentos nacionais, mas não importa que seja só a partir do próximo ano; o comissário europeu responsável pelo orçamento vai a Lisboa, mas não importa que ele seja apenas responsável pelo orçamento comunitário e não pelos nacionais; o comissário responsável pelas finanças por acaso até falou sobre Portugal esta semana), agita-se tudo muito bem e o resultado é uma espectacular e exclusiva manchete.

Só é pena não corresponder à realidade.

Intoxicação das “fontes parlamentares”? Vender papel a todo o custo? Talvez os cientistas da outra notícia da mesma primeira página do DN de hoje sejam capazes de descortinar as verdadeiras razões.

Podia dizer-se que bastava terem ligado para alguém na Comissão para perceber que talvez a estória não fosse bem assim, mas pelos vistos até o fizeram. No entanto, prevaleceu a célebre filosofia do “não deixes que a realidade te estrague uma boa estória”.

Talvez não mudasse grande coisa, mas e que tal se arranjassem um correspondente em Bruxelas?

Notícias de uma demissão (talvez) anunciada

Talvez Manuel Maria Carrilho tenha assinado a sua demissão a 21 de Março de 2009, quando escreveu sobre uma "cegueira tragicamente irresponsável". A dúvida que me assalta é esta: pode um embaixador, em funções no estrangeiro, criticar tão severamente o governo do Estado que representa? É uma mera dúvida, não passa disso mesmo.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mário Soares e o FMI: um amor antigo

Fala a experiência de quem, de finanças, percebe tanto como Fernando Pessoa: "Não era uma desgraça se o FMI viesse".

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Andamos a sustentar alguém

Só no mês de Setembro, vou pagar, de impostos 930 euros. Assim divididos: 420 de pagamento por conta, inventado por Manuela Ferreira Leite e mantido por José Sócrates, 290 de IMI e 220 de IRS, relativo ao ano passado. Este ano, já paguei outros 420 de pagamento por conta e mais 290 de IMI. Contas feitas, 2010 já me custou 1640 euros. E hoje descobri para onde vai esse dinheiro: para cobrir as despesas primárias do Estado que sobem, sobem, sobem, sobem, sobem, sobem....

O preço da fama



A polícia finlandesa procura um indivíduo suspeito de ter levado a cabo uma série de burlas. Para facilitar a detenção, lançou um apelo público e divulgou uma série de características do artista, sublinhando que apresenta uma enorme semelhança física com alguém que, aparentemente, os finlandeses conhecem de gingeira: o presidente da Comissão Europeia.

Mais do que ficar incomodado com a comparação ou com o atrevimento da polícia finlandesa (que presta assim uma bela homenagem ao fino humor que caracteriza este país), Durão Barroso bem pode começar a tentar perceber o segredo da sua popularidade por aquelas paragens e tentar exportar a receita para o resto da Europa.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O estudo como desporto do cérebro, O-U-V-I-R-A-M ?!!!


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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Não mata, mas enoja

É arrepiante a forma fácil e leviana que alguns jornais tentam assassinar o carácter de alguém. Com a ajudinha de quem faz da política, um mero jogo de interesses pessoais. A mais recente vítima é André Figueiredo, dirigente nacional do PS, que tem a ‘veleidade’ de ser também chefe de gabinete de José Sócrates e de estar no topo da organização do partido. E isso custa-lhe caro. Já houve, em tempos, uma leve tentativa de o envolver em processos do tempo em que era um jovenzito. Agora, tentam colar-lhe, através de uma suposta notícia, o carimbo do rapaz que inventa ter uma licenciatura.
A dita notícia, publicada pelo mesmo jornal que já sentenciou Duarte Lima, nem sequer tem o cuidado de respeitar as regras mais básicas do jornalismo: ouvir todos os envolvidos e, já agora, consultar alguns arquivos. O dito “jornalista”, autor do libelo, ficou tão embevecido em contar a estória que lhe sopraram ao ouvido que nem sequer se apercebeu da verdadeira notícia. Mas não serei eu que o vou ajudar. Há, por aí, algumas escolas de jornalismo com capacidade para o fazer.
Quem contou ao jornal o que contou, por acaso, nem tinha intenção de beliscar mais alguém se não apenas André Figueiredo. Mas a forma como o dito jornal “pegou” na estória, temo o pior: que venha por aí um chorrilho de mentiras, inventado à secretária da redacção. Não só para atingir o próprio André Figueiredo, como especialmente para apontar um outro alvo: José Sócrates.
Basta aliás ler uns blogues e a facilidade com que relacionam as licenciaturas de um e de outro. E todos comentam com uma facilidade estonteante, sem se perguntarem se aquilo tem alguma consistência. Ou se, pelo menos, ao lerem a notícia, não repararem que faltam elementos essenciais.

Declaração de interesses que não muda uma vírgula ao que penso sobre a "notícia": sou amigo do André Figueiredo, frequento a casa dele, conheço os pais dele (e a integridade deles todos) e sei bem o que estas notícias indignam e o que devem estar a sentir.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

'Good news' também significam, de facto, 'good news'

Rui Cardoso Martins venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE), com a romance Deixem Passar o Homem Invisível. Ricardo Costa foi nomeado director do Expresso. Duas excelentes notícias, que têm o mérito de 'só' colocarem no local certo dois grandes jornalistas (um deles hoje mais escritor). E 'limpam' a imagem de uma geração que, nos últimos tempos, no jornalismo, só tem causado desgostos (para usar uma palavra mais simpática).

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

HORTA e CALHA

Na véspera da reunião da Federação, em que se diz que Carlos Queiroz vai cair, Miranda Calha(antigo secretário de estado do desporto)-o Laurentino Dias de há uns anitos- e Luis Horta (esse mesmo, o sr.anti-dopagem) almoçaram. Hoje, portanto.
Foi uma espécie de briefing sobre os acontecimentos que já são públicos. Sim, ouvi parte da conversa, sem esforço, diga-se. E não vou contar o que ouvi. Rgisto apenas que os dois trocaram umas ideias sobre o ASSUNTO. Calhando, pode ter sido apenas uma conversa entre dois amigos, conhecidos. Who cares? Mas como há uns anos se falava no nome de Miranda Calha para suceder a Gilberto Madaíl, quem sabe? Diz-se( quem se mexe nestes bastidores) que mudanças na FPF só depois da candidatura ibérica a um dos próximos campeonatos, depois de Dezembro!
Fica o registo d0 encontro para memória futura . E já agora, sem registo de calão que valha qualquer inconfidência.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Em vésperas de abertura de um novo ano lectivo

Segunda-feira, 31 de Outubro

"Aproveitei a ocasião para lhe dizer que era muito imprudente querer que o Euan fosse para o Oratory (...) Disse-me que eles tinham chegado à conclusão que essa era a melhor escola para o Euan e ponto final. Sentia que ele ia ter um problema político com essa escolha (...) A imprensa diria que essa escolha não era coerente com as suas ideias sobre a educação. Mas insistiu que tendo ou não tendo subvenção do Estado , era a escola em que ele deveria entrar, e achava que o publico compreenderia que queria o melhor para os seus filhos. «Não vou sacrificar a educação dos meus filhos em nome do politicamente correcto. Ainda por cima não é um colégio privado. É uma escola apoiada pelo Estado». «Até certo ponto» disse eu. Pedi-lhe para imaginar o discurso de Heseltine sobre o líder trabalhista que queria que as crianças comuns fossem para as escolas locais, mas que fazia os seus filhos atravessar Londres inteira para frequentarem uma escola subvencionada pelo Estado, exactamente o tipo de escola a que o seu partido se opunha. Ele disse que os conservadores mandavam os filhos para escolas privadas. Respondi que eles acreditavam na educação privada,mas nós não. Perguntei-lhe se as escolas locais eram assim tão más, e disse-me que tudo o que ele sabia era que a Oratory era a melhor escola para o Euan. Imagine como seria exaltante para a escola local se os seus filhos a frequentassem, disse eu. Ele afirmou que esse era o meu primeiro argumento persuasivo, mas não ia mudar de opinião. Já tinham feito a sua escolha."

Alastair Campbell, "Os anos Blair", pág. 48

Uma Festa de contradições

Quem visitou a Festa do Avante, que decorreu neste domingo, não pode acreditar nas ferozes críticas comunistas à situação do país: em crise, dizem eles, com gente a passar fome. Só se for no resto do país, menos na Atalaia. Em tempos da tal crise apregoada, os preços praticados pelo PCP eram assustadores. Um simples pratinho, em versão reduzida, comido no chão e servido em caixas de plásticos, custava o mesmo que uma refeição completa num restaurante médio e servida à mesa. A tradicional imperial rivalizava com os preços usados em hotéis. A feira do livro tinha tinha os ditos mais caros ou ao mesmo preço de uma livraria. Havia DVDs a cinco e 10 euros, mesmo que tenham custado, nas promoções do jornal "Público" uns 1,95 euros.
O PCP pode argumentar que a Festa serve de fonte de receita. E é e ainda bem para o PCP. Mas é bem capaz de haver um exagero na recolha da dita receita. Ou então, o PCP, bem no seu íntimo, acredita que o país não está assim tão em crise.
No mapa das contradições, há outras que chocam. Ter na Festa um "stand" do MPLA é o mesmo que ter um do PS ou do PSD. Basta aliás ler a nova Constituição de Angola, aprovada pelo mesmo MPLA, para se perceber que, há muito, o partido governamental angolano é liberal, com uma ideologia a milhares quilómetros/luz do que o PCP diz defender. A História e o passado não justificam manter um "casamento" falso. É para isso que servem as rupturas, que só poderiam reforçar alguma coerência. O que também não se percebe o MPLA estar enfileirado com o partido da Coreia do Norte. Enfim, opções, entre outras, que fazem da Festa, uma festa (também) de contradições.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

EU COMENTO...


E no entanto, que outra coisa pode ocorrer a uma mulher que não seja fazer limpezas, estando próxima do padre Lino Maia?
Que me perdoe o senhor, mas é mesmo o único comentário que me ocorre e que apesar de tudo, ainda (julgo eu) mantêm uma certa, vá lá, elegância!
Vem isto a propósito do que nos re-conta a Susana-dois posts abaixo- " o padre disse que as mulheres faziam muita falta na igreja, para fazer...limpezas"e que ainda me deixa outra interrogação. E entre os jovens laranjinhas da Universidade de Verão não há mulheres, jovens que em vez de rir lhe respondessem. A ver se o padre dava a outra face!

A propósito da cobertura jornalística da Casa Pia

A VERDADE, por Luís Fernando Veríssimo
Uma donzela estava um dia sentada à beira de um riacho deixando a água do riacho passar por entre os seus dedos muito brancos, quando sentiu seu anel de diamante ser levado pelas águas. Temendo o castigo do pai, a donzela contou em casa que fora assaltada por um homem no bosque e que ele arrancara o anel de diamante do seu dedo e a deixara desfalecida sobre um canteiro de margaridas.
O pai e os irmãos da donzela foram atrás do assaltante e encontraram um homem dormindo no bosque, e o mataram, mas não encontraram o anel de diamante. E a donzela disse:
- Agora me lembro, não era um homem, eram dois.
- E o pai e os irmãos da donzela saíram atrás do segundo homem e o encontraram, e o mataram, mas ele também não tinha o anel. E a donzela disse:
- Então está com o terceiro!
Pois se lembrara que havia um terceiro assaltante. E o pai e os irmãos da donzela saíram no encalço do terceiro assaltante, e o encontraram no bosque. Mas não o mataram, pois estavam fartos de sangue. E trouxeram o homem para a aldeia, e o revistaram e encontraram no seu bolso o anel de diamante da donzela, para espanto dela.
- Foi ele que assaltou a donzela, e arrancou o anel de seu dedo e a deixou desfalecida - gritaram os aldeões. - Matem-no!
- Esperem! - gritou o homem, no momento em que passavam a corda da forca pelo seu pescoço. - Eu não roubei o anel. Foi ela que me deu!
E apontou para a donzela, diante do escândalo de todos.
O homem contou que estava sentado à beira do riacho, pescando, quando a donzela se aproximou dele e pediu um beijo. Ele deu o beijo. Depois a donzela tirara a roupa e pedira e pedira que ele a possuísse, pois queria saber o que era o amor. Mas como era um homem honrado, ele resistira, e dissera que a donzela devia ter paciência, pois conheceria o amor do marido no seu leito de núpcias. Então a donzela lhe oferecera o anel, dizendo "Já que meus encantos não o seduzem, este anel comprará o seu amor". E ele sucumbira, pois era pobre, e a necessidade é o algoz da honra.
Todos se viraram contra a donzela e gritaram: "Rameira! Impura! Diaba!" e exigiram seu sacrifício. E o próprio pai da donzela passou a forca para o seu pescoço.
Antes de morrer, a donzela disse para o pescador:
- A sua mentira era maior que a minha. Eles mataram pela minha mentira e vão matar pela sua. Onde está, afinal, a verdade?
O pescador deu de ombros e disse:
- A verdade é que eu achei o anel na barriga de um peixe. Mas quem acreditaria nisso? O pessoal quer violência e sexo, não histórias de pescador.

Na Universidade de Verão do PSD

O padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, saiu-se com esta "anedota" há dias em Castelo de Vide: "Costumo dizer q a igreja precisa mto das mulheres... senão quem é q fazia as limpezas?!" Os jovens laranjinhas aplaudiram.
Sem comentários...


(contado no Facebook pela Celia de Sousa, jornalista na Antena 1)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Angustiado e pobre inocente Blair

Finalmente, o livro de memórias de Tony Blair vai ser lançado. Alguma imprensa britânica já tratou de antecipar alguns excertos. Ao que parece, o homem anda angustiado com o número de mortes no Iraque e por não ter previsto "o pesadelo" que aquilo iria transformar-se. Deveria sofrer de alguma infantilidade: pensava que as guerras não matavam e que seriam combates com pistolas de plástico. Sempre tive essa curiosidade de saber o que sentem os políticos quando sujam as mãos com sangue. Como foi o caso. Um dia, perguntei, de gravador ligado, a Durão Barroso como se sentia quando ouvia e lia as notícias dos atentados e sucessivas mortes diárias. Como resposta, obtive um longo silêncio e um empurrão de um segurança.
Picante, picante é ainda Tony Blair classificar o comportamento de Gordon Brown como "mafioso" e detentor de uma "inteligência emocional nula". Quem leu o livro de Alastair Campbel, o ex-assessor de imprensa de Blair, deve estar a "ferver" à espera da resposta do antigo primeiro-ministro que agora garante diz querer alcançar a paz no Médio Oriente.