sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O atestado de incompetência

O governador civil de Lisboa, António Galamba, admite recorrer a empresas estrangeiras para solucionar o problema de mais de oito mil pessoas que continuam sem electricidade. Há três dias que houve uma quebra de energia eléctrica provocada pelo temporal.
Há três dias que a EDP não consegue arranjar soluções, num país que promete ter, em breve, carros eléctricos e mais de 1500 postos de abastecimento.
António Galamba confia tanto na empresa portuguesa que não vê outra solução se não o recurso ao estrangeiro.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Paulo Portas, mais uma vez, traído por um líder do PSD

Contra o que disse ao seu parceiro de coligação e a Jorge Sampaio, em Junho de 2004, Durão Barroso já estava com a cabeça e o coração na presidência da Comissão Europeia. A história é contada plo presidente do PPE, Wilfried Martens, a um jornalista do Expresso (por acaso, um dos carteiros desta casa) e está publicada na edição desta semana do jornal. Com este detalhe imperdível: na altura, Martens foi avisado, pelo próprio Durão, para não contar a ninguém. Se o fizesse, ele, Durão, negaria.
Durante um mês, o presidente da Comissão Europeia desfez-se em sorrisos para Paulo Portas, parceiro no Governo de coligação, ao mesmo tempo que se preparava para abandonar o barco.
O líder do CDS já começa a estar habituado às traições dos presidentes do PSD.

Irão para a sucata?


A REN confessou hoje que a noite do vendaval derrubou 22 postes de "muito alta tensão". Os materiais, a esta hora, estarão a enferrujar. São notícias que soam como música aos ouvidos de Manuel Godinho...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Afinal, o pacto era outro

Desmentindo notícias de um jornal diário, o cardeal-patriarca de Lisboa, José Policarpo, garante que nunca fez qualquer "pacto" ou "compromisso" com José Sócrates sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Numa carta dirigida aos párocos, o líder da Igreja Católica confirma que teve uma conversa com o primeiro-ministro no dia 20 de Outubro. E que até conversaram sobre o assunto, mas sem haver um compromisso.
No entanto, os dois acabaram por fazer um pacto: de ninguém divulgar que houve essa conversa. O cardeal patriarca garante, na carta, ter havido esse entendimento:

"Ficou assente entre ambos que não haveria declarações para o público sobre os assuntos nele abordados. O Patriarca de Lisboa foi fiel a este compromisso de discrição."

Ou seja, alguém quebrou esse compromisso já que houve, pelo menos, um jornal a saber da dita reunião. O cardeal sibilinamente jura que não foi ele. Bem, mas também anda a dizer há anos que uma virgem teve um filho há 2.000 anos...

domingo, 20 de dezembro de 2009

O jornalismo enigmático

A primeira página do jornal Público, deste domingo, brinda-nos com uma verdadeira preciosidade, digna de figurar em qualquer curso de jornalismo (na secção "por favor, não façam!").
Uma das "chamadas" de primeira página está assim composta em títulos:

Justiça
Líder do PS esteve ligado a gang, diz Relação

Confesso que mal vi a página, imaginei logo José Sócrates (o líder do PS) de gorro na cabeça, a atirar-se a uma caixa de multibanco. E logo a seguir, no texto que resume a grande história, fica desfeita a imagem de Sócrates a liderar o gang:

A Relação corroborou o Tribunal de Ponta Delgada e deliberou não levar a julgamento um jornalista acusado de atentar contra a honra de Ricardo Rodrigues.

Mas não há motivo para confusão. A nova directora tinha prometido um jornal diferente. E está a conseguir. Inaugurou o jornalismo enigmático que obrigue o leitor a preencher charadas.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Se o disparate matasse...


O deputado social-democrata Carlos Peixoto, cabeça-de-lista pelo distrito da Guarda, entende que a união, legal entre pessoas do mesmo sexo, abre as portas à legalização de outras uniões. Para reforçar a sua preocupação, não hesita em dar exemplos:


"No futuro, podemos admitir, seguindo o mesmo princípio, o casamento entre pais e filhos, entre primos direitos, entre irmãos".


As declarações foram proferidas na Rádio Altitude, mas a pérola também pode ser ouvida na TSF.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O cargo mais caro da História

A Câmara Municipal de Lisboa chegou finalmente a um acordo com o empreiteiro do túnel do Marquês. Vai pagar qualquer coisa como 18,5 milhões de euros, porque as obra foi embargada graças a uma providência cautelar.
Foi precisamente essa providência cautelar que permitiu a José Sá Fernandes saltar do anonimato para o estrelato. Por consequência e graças ao habitual oportunismo do Bloco de Esquerda, a mesma providência permitiu a Sá Fernandes chegar a vereador. Coisa que acabou por custar à Câmara de Lisboa os tais 18,5 milhões de euros.
José Sá Fernandes continua vereador. Na altura do túnel, era vê-lo por lá, em cima, em baixo, no meio, rodeado de televisões e microfones. Não havia dia que Sá Fernandes não fizesse um esforço para aparecer a debitar sábias opiniões sobre as deficiências do túnel.
Passados estes anos, e com a inevitabilidade da indemnização, os jornalistas tentaram arrancar um comentário do vereador que quis travar o túnel. Debalde. Sá Fernandes nem quer ouvir falar em tal coisa e nem sequer está interessado em debitar as tais doutas opiniões.
Para a História, fica apenas o cargo político mais caro de sempre. Ao nível de um jogador de futebol.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Azulejos anti-crise



No conselho de ministros de agricultura e pescas que costuma assinalar o final do ano comunitário (e que decorre desde ontem em Bruxelas), os representantes dos 27 têm instituída a tradição de trocar prendas entre si. Tratando-se das gentes da terra e do mar, predominam os vinhos, os queijos, os enchidos, com cada ministro a tentar impressionar os demais com as respectivas iguarias nacionais.

Apesar de ser novato nestas andanças, António Serrano alinhou na tradição, mas com uma novidade. Em vez de géneros alimentares, ofereceu a cada um dos seus pares um azulejo português. Comprado à Bordalo Pinheiro. A empresa que foi salva da falência pela Visabeira, num negócio apadrinhado pelo governo. Que agora lhe dá mais um empurrãozinho e lhe compra azulejos...

A culpa é do microfone?

No final do Conselho Europeu da semana passada, José Sócrates sentou-se na mesa da conferência de imprensa, com o secretário de estado dos assuntos europeus a seu lado. Antes de dar início à conferência de imprensa propriamente dita, os dois cochicharam longamente até que Pedro Lourtie se levantou para consultar um assessor, voltou para junto do primeiro-ministro e os sussurros prosseguiram até Sócrates dar início à conferência de imprensa. Tudo com uma pequena floresta de microfones plantada à sua frente.

Parece estranho que os políticos continuem a duvidar das capacidades tecnológicas e da sensibilidade indiscreta destes pequenos aparelhos. Digamos apenas que deu para ficar com a impressão de que Sócrates terá aprendido mais naqueles dois minutos do que nos dois dias de Cimeira em que os 27 discutiram a ajuda financeira a dar aos países em desenvolvimento para que estes se possa comprometer com metas ambientais ambiciosas.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Votar a pensar na morte da bezerra ou um "namoro" ao Costa?

O vereador do PCP na Câmara de Lisboa, Rúben de Carvalho, votou favoravelmente o protocolo assinado entre a autarquia e a Liscont - o tal que vai permitir um belíssimo negócio à Mota-Engil com os contentores de Alcântara. Mas depois negou que o tenha feito. O próprio PCP está, aparentemente, contra o projecto. Só que Pedro Santana Lopes anda atento e não perdoou. Até obrigou os vereadores a ouvirem as gravações.
Por onde andaria a cabeça de Rúben de Carvalho na altutra? Talvez a seguir o conselho do seu líder Jerónimo de Sousa, dado na Assembleia da República, que "os portugueses deviam ser como Paulo Portas: com um olho no burro e outro no cigano". Em versão mais autárquica, seria com um olho num pelouro, outro na oposição.

Esoterismo socrático

No final do Conselho Europeu que hoje terminou em Bruxelas, José Sócrates congratulou-se com a posição dos 27, segundo a qual as medidas de apoio à economia devem ser mantidas “até a crise a passar”.

Questionado sobre como e quando se poderia saber que a crise já tinha passado, o primeiro-ministro entabulou uma das suas tentativas frustradas de humor:

“Eu acho que não é preciso tirar um curso de filosofia nem um seminário sobre… aahm… aahhm… sobre… literatura esotérica para perceber o que é a crise passar. Crise passar é…” e lá prosseguiu numa explicação longa e repetitiva sobre crescimento e previsões, para concluir que “a crise ainda não passou”.

Tal como ainda não passou a incapacidade do nosso primeiro de disfarçar a irritação com perguntas que considera “preconceituosas”.

É só esperar que ninguém faça as contas...

José Sócrates anunciou que Portugal vai contribuir com 36 milhões de euros para o bolo de 7,2 mil milhões com que a União Europeia vai, ao longo dos próximos três anos, ajudar os países menos desenvolvidos a financiar as respectivas reduções de CO2.

Os tempos não estão para grandes generosidades. E embora a parte portuguesa corresponda a apenas 0,5% do total, Sócrates considerou-a “justa e razoável”, até porque, como explicou, “corresponde exactamente à percentagem de Portugal” nas emissões de dióxido de carbono da União Europeia.

No entanto, de acordo com dados da Comissão Europeia, em 2007 Portugal foi responsável por... 1,6% do total de emissões de CO2 da UE. Ou seja, para que a realidade bata certo com a promessa do primeiro-ministro, ele tem que dar num ano o que prometeu para três.

Os socialistas à procura de um Portas com "juizinho"

O PS prepara-se para convidar o CDS a fazer um acordo de princípio que torne viável a governação de José Sócrates. E, para isso, tem havido nos últimos tempos conversas paralelas entre centristas e socialistas e têm, sobretudo, surgido muitas pressões por parte de dirigentes do PS.
É pública e notória a insatisfação socialista com a guerra que toda a oposição tem feito na Assembleia da República ao Governo. É a tal "coligação negativa" que os socialistas tanto repetem ao mesmo tempo que vão lamentando estarem a governar um país... "ingovernável".
Muitos dirigentes socialistas, dos mais importantes e alguns até detentores de altos cargos, já vão defendendo um acordo de princípio - ou mesmo uma coligação - com o CDS de forma a conseguir viabilizar o programa que afinal saiu vitorioso das últimas legislativas. Mas com as necessáras adaptações.
Os socialistas temem ainda que todos os diplomas, apresentados pelo PCP, CDS, PSD e rejeitados na anterior legislatura, regressem nos próximos tempos à Assembleia da República.
Caso haja um possível acordo com o CDS, resta saber como Paulo Portas vai desfazer as juras que fez durante a campanha eleitoral. Talvez recorrendo aos velhos chavões "em nome da estabilidade" e a "bem da Nação".

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A táctica RR: repeat and remind

De novo, tal como o ano passado, o Governo na apresentação das baterias eléctricas.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O pitbull e... o terrier


Quando uma assessora de imprensa - ou um assessor que, para o caso, não interessa - protege caninamente o "seu" ministro, de forma a que nem o deixe falar aos jornalistas, mesmo que ele queira, demonstra uma das duas coisas (ou ambas): a assessora não confia minimamente no "patrão" ou o ministro - ou a ministra que, para o caso, nao interessa - é apenas um boneco. Ou um yorkshire terrier a ser controlado por um pitbull.