O economista João Salgueiro foi recebido em Belém, esta segunda-feira, na qualidade de "cidadão preocupado com o país". Cavaco Silva deve ter aberto uma nova forma de presidir e agora arrisca-se a não ter agenda para receber tantos "cidadãos preocupados" com o país. Desde o taxista ao director de empresa, não há (quase) um português que não se lamente. É um sentimento atávico. E se Cavaco Silva abre as portas de Belém, como o fez a João Salgueiro, terá de fazer uma tremeda engenharia horária. Só à conta de Vasco Pulido Valente e de Medina Carreira, nem as 24 horas diárias serão suficientes. E o que eles dizem do país e de José Sócrates, devem, de acordo com o entendimento das audiências de Cavaco Silva, merecer uma passadeira vermelha. Ou um quarto de hóspedes no Palácio de Belém.
Mas o presidente português, como bom aluno que sempre foi, deve estar a aplicar o que aprendeu com o outro presidente, já lá vão quase 15 anos. No entanto, nessa altura, Cavaco Silva não hesitava em responder às lamúrias e no discurso sobre o estado da Nação, em 1993, tentava acertar o passo a Mário Soares:
"A cooperação institucional é uma estrada de duas vias e implica reciprocidade e respeito pelas competências de cada um".
E, depois disso, escreveu na sua autobiografia, sobre precisamente Mário Soares:
"A sua conduta não era marcada pela isenção e independência em relação às forças politico-partidárias, actuava como contrapoder relativamente ao Governo, dificultava o desenvolvimento de um clima de confiança favorável à recuperação económica"
Ou Cavaco Silva quer repetir as lições do professor Soares, ou apenas João Salgueiro tem um carro novo. E quer ir rodá-lo um destes dias. Alguém disse, por aí, que a História não se repete?
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
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