quinta-feira, 2 de julho de 2009

Vendedor de banha da cobra cor-de-rosa


O líder da bancada socialista no PE, o alemão Martin Schulz (é o brincalhão do lado direito), deu hoje um triste espectáculo, ao tentar explicar a posição do seu grupo em relação a Durão Barroso.

No dia 19 de Junho, depois de os líderes dos 27 terem decidido dar a Barroso o apoio político unânime para um segundo mandato (sem formalizarem a nomeação para poderem proceder a consultas com o PE), Schulz considerou a decisão “totalmente inaceitável”, por não prever “uma consulta completa e oficial” com o PE. Agora, plagiando a posição do grupo liberal, lá reparou que “a proposta é apenas política, não é formal”, pelo que o PE… não pode proceder à votação.

Afirmou de forma solene e categórica que recusará qualquer entendimento com o PPE que envolva o novo grupo conservador anti-federalista, criado em torno dos tories britânicos. Mas esqueceu-se dos inúmeros acordos e votações conjuntas que levou a cabo com o PPE nas legislaturas anteriores, quando este grupo incluía… os tories e outros partidos que também participam no novo grupo.

O PSE perdeu as eleições europeias (o SPD de Schulz averbou o pior resultado de sempre), os socialistas fazem parte de meia dúzia dos 27 governos da União. Ainda assim, não se coibiu de exigir que, na futura Comissão, as pastas da indústria, ambiente, social, desenvolvimento, comércio e mercado interno sejam entregues a socialistas. E, já que estamos a pedir, porque não acrescentar a presidência da Comissão à lista?

Garantiu a pés juntos que, em 2004, Barroso foi nomeado na Cimeira da Primavera (que decorre em Março) e o PE teve vários meses para proceder a audições e o votar em Julho. Quando na realidade Barroso foi nomeado numa cimeira extraordinária convocada exclusivamente para esse efeito no final de Junho. E o PE, socialistas incluídos, aceitou proceder à votação passadas duas semanas, sem programas, nem nada do que agora se exige.

Schulz diz que não gosta de Barroso, nem das suas políticas, por isso… votará contra Durão caso o PE decida proceder a este voto já em Julho. E se o voto for adiado para depois do Verão, como defende o PSE? Bem, então logo que se vê.

Será que esta determinação e coragem têm alguma coisa a ver com o facto de Schulz não querer antagonizar completamente o PPE (maior grupo do PPE, que apoia Barroso e o quer votar já em Julho), na esperança de renovar o tradicional “acordo técnico” com os democratas-cristãos, garantido assim a presidência do PE para a sua pessoa na segunda metade do mandato? Depois de 15 anos no quase anonimato de Estrasburgo, este é um devaneio tão legítimo como qualquer outro.

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