quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O "show" encolhido


Em Junho, já se sentia um calor abrasador e meio Portugal fervia com os fogos, três ministros decidiram avançar com o projecto de colocar desempregados a limpar as matas. Diz o povo que em "casa arrombada, tracam-se as portas". Decisão tomada, o Governo não se limita a colocar em papel e de proceder aos mecanismos para que a ideia fosse colocada em marcha.

Três ministros (3) - Rui Pereira, António Serrano e Helena André - juntaram-se no Salão Nobre do Ministério da Administração Interna, acompanhados de um exército de assessores e mais uns governadores civis e outros directores-gerais (enfim, casa cheia), e anunciaram a medida, com direito a três discursos e mais entrevistas no final da cerimónia.

Soube-se hoje que afinal a medida pariu um rato. Nem um único desempregado está inscrito no programa. À notícia, seguiu-se uma cortina de silêncio. Ninguém quis explicar o que acontecera: o Ministério da Agricultura (de António Serrano) remeteu para o Ministério da Administração Interna (MAI). O Ministério do Trabalho (de Helena André) atirou para o MAI. O MAI (de Rui Pereira) optou por silêncio. Agora, a voz, a pompa e o estilo falharam.

Num episódio de "yes minister", o chefe de gabinete recomenda a um assessor que opte sempre pelo silêncio até que os jornalistas desistam. A escola, por cá, tem sido bem aplicada.

3 comentários:

Eduardo Miguel Pereira disse...

Teriam feito ainda melhor, se tivessem colocado reclusos a limpar as matas, que é coisa que há muito eu defendo.

Anónimo disse...

Eu imagino os gajos a tentar fugir como coelhos...
Trabalhar faz calos, só com incentivo$ é que o pessoal lá vai.

Anónimo disse...

E se em vez de colocar desempregados a limpar matas, tivessem criado postos de trabalho a limpar matas e criado postos de trabalho na vigilância florestal?

Ainda ajudavam a combater o desemprego.

E aos comentadores que acham que a solução era os outros irem trabalhar de borla, sugiro que se despeçam dos empregos que têm e vão limpar matas - não está proibido, e se o Estado nem a ferramenta lhes fornecer, eu ofereço.

Um abraço,

MG