sábado, 26 de junho de 2010

"Atitude construtiva" ou a memória selectiva

Comentando as declarações de Cavaco Silva, sobre a situação "insustentável", Mário Soares veio reivindicar que um "presidente deve dar sugestões construtivas". Esta candura de Mário Soares até poderia dar ideia de que ele nunca esteve em Belém. Mas, para os mais desmoriados, é preciso lembrar que ele andou por lá durante 10 anos e a "atitude construtiva", com Cavaco Silva a primeiro-ministro, resumia-se a isto:
- presidências abertas;
- veto aos projectos de erradicação de barracas
- veto à redução de número de oficiais nas Forças Armadas
- obstáculos às relações do Governo português com Angola, quando se pretendia atingir a paz , praticando até uma diplomacia paralela.
- organização de um congresso para "bater no Governo" que, vá lá, serviu para Cavaco Silva mostrar o Pulo do Lobo ao país e com Jorge Lacão (hoje ministro) a escrever que Soares queria "imiscuir-se na vida do PS" e "ajustar contas com Cavaco Silva".
- ameaça de dissolução do Parlamento que tinha maioria absoluta do PSD, feita num jantar no restaurante Avis, no Chiado
- defesa do "direito à indignação", logo a seguir ao bloqueio da Ponte 25 de Abril
- aceitar e depois rejeitar nomeações nas Forças Armadas
- tentativa de rejeitar a alterações na composição do Governo
- apoio público a cidadãos estrangeiros que ficaram retidos no aeroporto por tentarem entrar ilegalmente em Portugal
Eis, num resumo, algumas "atitudes construtivas" seguindo a cartilha de Mário Soares.

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