Eras para ser uma TSF em papel: de notícias curtas, incisivas e em actualização permanente. Foi com este argumento que me convenceram a ajudar-te a nascer. A ilusão não demorou muito tempo a ser morta. Foste um bebé numa incubadora. E como metaforizava alguém, levaste pontapés. Desde o primeiro número que fizeste questão em obedecer a um velho ditado: quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Infelizmente, foi assim. Mas tal como uma criança, também me ensinaste muita coisa. Contigo aprendi a paginar, a ver a fotografia por outros ângulos, a contar os caracteres, a fintar a língua em malabarismos para caber a estória, a “ver” o outro lado da notícia. Aprendi, com a gente que te fez, a criar a primeira página, a sentir os limites das horas – a gráfica, a gráfica! – a percorrerem-me o corpo. Deixei-te por muitas razões. Mas ficaste sempre guardado, aqui. Afinal, contigo tornei-me mais jornalista, mais homem. E com a tua morte, morre também um bocado de mim. As muitas horas, que te dediquei, não as perdi: ganhei-as.
*Texto escrito para a última edição do 24horas
quarta-feira, 30 de junho de 2010
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