O mais difícil com a morte de Osama bin Laden é não conseguir perceber a euforia que vai pelo mundo ocidental. E não conseguir encontrar razões por que gente avisada como funciona a Al-Qaida aplauda com entusiasmo o seu desaparecimento.
Vivo, bin Laden, há muito, que não tinha qualquer papel relevante na estrutura e na ação da organização que ele ajudou a criar. Era apenas um homem acossado, a fintar alguns agentes dos Serviços Secretos paquistaneses que não simpatizam com a Al-Qaida, a refugiar-se em casas no único país que, de facto, o poderia acolher, a viver com medo da própria sombra e sem sequer poder usar comunicações. A Al-Qaida, mesmo em menor escala, continou a funcionar da forma como foi idealizada pelo seu "pai", o egípcio Sayyid Qutb, e colocada em prática por bin Laden: a exportar a "revolução", apoiando, com gente e com dinheiro, organizações terroristas islâmicas pelo mundo.
Morto, bin Laden transformou-se num herói, num mártir e, acima de tudo, numa razão acrescida para mais atentados. A vingança será um prato poderá ser servido banhado de sangue. Bin Laden, morto, vai conseguir acender mais a fé radical islâmica do que fez nestes últimos anos. A semente do radicalismo continua inamovível e até, nalguns casos, sempre a dar frutos: nas escolas e faculdadades islâmicas do Egito, nas 'madrassas' do Paquistão, nalgumas escolas e rádios da Tunísia, em muitas mesquistas da Bósnia, da Síria, do Iraque, da Nigéria, do Iémen...
Morto, bin Laden serve apenas para o mundo ocidental como um troféu, uma bandeira, um símbolo. E nada mais do que isso. O terrorismo islâmico não foi decapitado. Retiraram-lhe apenas o alfinete da lapela. E nem sequer conseguiram sugar-lhe o espírito.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
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