Há um ditado africano que serve normalmente de alerta e que reza, mais ou menos, assim: “Se enfrentares um leão, não o firas, mata-o”. Este ensinamento foi aprimorado por Maquiavel para fazer uma série de recomendações a quem se move no mundo da política: “Ao teu inimigo, não o firas, mata-o, se não vira-se contra ti”.
Estes postulados servem à justa ao futuro de José Sócrates. Ou me engano muito ou o “animal ferido” irá, um destes dias, rugir.
José Sócrates anda na política há umas boas dezenas de anos, mas foi necessária a leve suspeita de que poderia ser candidato à liderança do PS para se iniciar campanhas sucessivas que ameaçam não parar. Até hoje. Mesmo antes de ser eleito secretário-geral do PS, Sócrates enfrentava um rumor sobre as suas preferências sexuais; em plena campanha eleitoral – que lhe deu maioria absoluta – suportou o início do caso Freeport; já eleito primeiro-ministro, e durante estes anos, vem defrontando insinuações rasteiras e outras alusões às casas de Guarda, à licenciatura, ao mestrado, à compra de casas, de novo, ao Freeport, a negócios na Covilhã; pelo meio, até houve direito a uma torpe insinuação feita por uma revista através de uma foto dele com o irmão; nem sequer escaparam os alegados envolvimentos, com outras tantas perfídias, da actual família – pai, mãe, tio, primo, irmão – até a antiga – ex-sogro, ex-mulher; só falta agora descobrir que os filhos roubam lápis de cor no colégio.
Não sei se me falha a memória, mas não me recordo de assistir a uma campanha metódica, ininterrupta, insidiosa e sufocante contra um político em Portugal como esta que se está a assistir. E, no entanto, não o mataram.
E enquanto o mundo da investigação jornalística se entretém com José Sócrates, vão escapando, por entre os pingos de chuva, ex-governantes que chegaram pobres aos seus anteriores cargos e hoje estão ricos.
Aquilo que assisti durante um ou outro fim-de-semana, com início nas noites de sexta-feira, enoja-me como jornalista. E envergonha-me. A Páscoa trouxe umas tréguas, mas desconfio que foi apenas um intervalo. A campanha começa dentro de momentos. Se não for com o freeport, há-de ser com outra coisa qualquer.
sábado, 11 de abril de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
13 comentários:
Tal e qual como me enojaa sua escrita!
Inteiramente de acordo.Tambem tenho vergonha desta perseguição caluniosa.
porque nao te calas???
ja ouviste alguma explicacão minimamente convincente dada pelo querido lider???
isso de campanhas negras nao vale
sabes bem que este grupelho de macau é useiro e vezeiro em parvoiçes destas
os portugueses ja nao sao tao saloios como a 20 anos atras
O que escreveu não é, no nosso actual jornalismo, politicamente correcto. Mas é corajoso, sincero e profundamente verdadeiro. Parabéns Emidio Fernando!
Com elogios destes...
Revejo-me por inteiro no que escreve.
Parabéns por ter a ousadia de vir aqui escrever um conjunto de verdades, doa a quem doer.
Um abraço
Depois do fiel Arons de Carvalho, falta um elogio do trauliteiro Santos Silva. Ou será, inviamente, o ex-democrata Arons de Carvalho o porta-voz?
.comSendo um leitor assíduo de todos os artigos que se vêm publicando acerca do Sr. Sócrates no caso Freeport lastimo que ele ainda não se tenha disposto ao serviço da justiça para ser ouvido pois,noutro País Democrático seria um gesto normal para além de reforçar a n/ já tão debilitada Democracia.A não ser que se esteja a pôr a jeito p/assim sob o manto da "campanha negra" se querer vitimar?!.Mas olhe que o Povo já não é estúpido.
Eu não chamaria ousadia, porque parece que, qual carneirada mole, temos que dizer sempre mal do Sócrates! Elogio o texto e partilho da sua opinião...
Parece que é moda...e as pessoas estão concentradas em mal-dizer o 1º ministro, a qualquer custo!
Meu caro subscrevo a sua posta.
Estas campanhas têm sido muito bem orquestradas.
há muita gente que gostaria de ver Sócratres a rastejer, daí o valer tudo.
como diz, há quem se aproveite destas campanhas para passar ená muita coisa podre e que fede,mas há o Socrates para servir de bombo da festa. Eles não perdem por esperar.
JR
O Sócrates tem que ser criticado. E razões para isso não faltam. O Código del Lavoro, a promoção da riqueza de uns quantos à custa do aumento da exploração de quem trabalha, a crescente falta de liberdade sindical e política nas empresas, as privatizações que só servem interesses de minorias, a política de saúde e de educação, a promoção da precariedade laboral e social, o recurso sistemático à mentira e demagogia na propaganda da sua acção política, etc., etc., etc..
Mas os interesses - da classe e de grupos concorrentes dentro dessa classe - que dominam a comunicação social e assim minam a liberdade em Portugal não poderiam nunca ir por aí. Nisso, estão todos de acordo com a política (de direita) de Sócrates.
E por isso, vão por onde têm ido.
Não por acaso, o Jornal que mais porrada tem dado em Sócrates é o que menos tem falado de freeportes, e chama-se Avante.
Um Abraço,
MG
Meu querido Emídio
A tua dedicação comove-me. Mas andas a exagerar o que é sempre perigoso. A tua admiração por mim, a tua sensibilidade jornalística, és o melhor desde que a Vera Lagoa desencarnou, empurram-te para esse caminho, mas há que ter cuidado com as emoções. Deixa lá no limbo do esquecimento a licenciatura. Não é todos os dias, se calhar nunca tinha acontecido, alguém aviar cadeiras à velocidade a que as despachei, isso desperta invejas em quem é obrigado a estudar. O mestrado idem, deixa-o estar na paz do senhor. Não mexas no charco. Não é que não tenha orgulho na minha carreira académica, onde fui mais rápido que a minha própria sombra. Uma velocidade que deixa o Lucky Luke roxo de raiva.As casas na Guarda eu gosto muito delas, mas o meu assessor para a cultura, um dos nossos, diz-me que são para o pimba e como ele anda sempre banhado em vernizes pós-modernos, acha que não condizem com os meus fatos. Eu acho que sim. Visto tão bem como os mais destacados patos-bravos da nossa terra. À cautela esquece também as casas. Quer dizer se alguma estiver à venda aviso-te. Já entendi que adoras a arquitectura. Não digas nada a ninguém mas faz-se um bom negócio. Já percebeste que sou um ás a comprar casas. Consigo descontos substanciais e pagamentos especiais. É mais uma das minhas qualidades. Mas não fales mais em nenhum desses assuntos. Mesmo os outros é melhor deixá-los sossegados. Concentra-te contra a campanha negra do Freeport até tudo ficar arquivado, esquece o resto. Tenho a certeza que vais seguir o meu conselho, rapazinho xico-esperto. Garanto-te que te hei-de recompensar e não só afectivamente. Para já prometo-te um convite para um dos meus treinos de rugidos. Vamos brincar às feras e vais ver o que é um animal feroz.Desculpa o atraso e só agora te escrever, mas tenho andado num virote até ao Arons me chamar a atenção para a tua posta. A propósito, dei-o a ler à Fernanda para ver se ela segue o teu exemplo e se esforça mais a defender-me. Tu tens um estilo mais convincente, mais nova gente, hola, caras. Um estilo que me agrada muito mais, mas não vomites. Se ela não o fizer terei que fazer outras opções.
Adeus. Nunca esquecerei a tua dedicação.
Teuzé
Por acaso, detesto responder a cobardolas dos anónimos. Mas a simplicidade do cobarde do último comentário merece uma recomendação: leia o Avante! e repare como o leitor MG tem razão. O PCP não poderá ser acusado de andar com o Sócrates ao colo. Nas críticas que os comunistas fazem, no Avante e não só, não constam casas e casinhas, freeportes, cursos e cursinhos. É só um exemplo da elevação política. Pode ser que você, cobarde anónimo, perceba. Ma não tenho esperança.
Enviar um comentário