Em Angola, Cavaco Silva ouviu o presidente José Eduardo dos Santos a anunciar que o país estava disposto a pagar as dívidas a começar pelas pequenas e médias empresas". E logo os jornalistas - tanto os que acompanham a visita do chefe de Estado e os outros que ficaram por Lisboa - trataram de traçar loas aio sucesso de Cavaco Silva. Mas infelizmente o jornalismo vive de memórias curtas. Curtíssimas.
O plano da dívida angolana foi traçado em Março deste ano por Luanda e acordado com Teixeira dos Santos, em Abril, durante a visita do governante português a Luanda. Nesse plano, constava o pagamento em três fases. A primeira destinava-se precisamente às PME portuguesas. O anúncio foi feito por Carlos Feijó (na foto), ministro de Estado e Chefe da Casa Civil da Presidência, um dos homens com verdadeiro poder em Angola.
Mas ainda antes, Teixeira dos Santos anunciava a criação de uma linha de crédito a Angola para pagar as dívidas às PME portuguesas.
O que é curioso é a forma como se faz passar a mensagem que Cavaco Silva foi cobrar as dívidas, conseguindo um retumbante sucesso.
1 comentário:
Coisa positiva: além dos políticos portugueses já pusemos o todo-poderoso PR Angola a prometer coisas ás PME...
Coisa negativa: de facto, há milhares de empresas em risco de insolvência por causa do problema.
Conclusão: que interessa um plano em Março, que em Julho não passou - como outros - do papel? Deveriam os jornalistas não apenas comparar as coincidências, mas escrutinar se esse plano de Março foi aplicado, onde, com que números, em que empresas.
E depois sim, daqui a 60 dias, portanto a 19 de Setembro, cobrar dos PRs de Portugal e Angola as promessas feitas.
Tomara que não seja preciso, mas os empresários estão aflitos e já não acreditam nem em planos, nem em políticos.
E as comparações de quem conseguiu o quê são extemporâneas: afinal em tempo de grave crise, Governo e PR não devem trabalhar em conjunto e CONSEGUIR coisas?
Se é para os louros, e para o sound-byte, a malta já não lê, nem liga ao que se promete, só ao que se vê!
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